Prévia do material em texto
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA (INTEGRAL) BRUNA MARIA DOS SANTOS GONÇALVES DAVI JHOSEFER MAÇACOTE SOARES ISABELA DE PAULA MENEZES ISABELY DUARTE QUARESMA RAFAELA MARIA CARNEIRO COSTA SOFIA NASARET CALEGARI TRABALHO PRÁTICO II EDUCAÇÃO GREGA CAMPO GRANDE - MS MAIO - 1º SEMESTRE - 2022.1 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA (INTEGRAL) BRUNA MARIA DOS SANTOS GONÇALVES DAVI JHOSEFER MAÇACOTE SOARES ISABELA DE PAULA MENEZES ISABELY DUARTE QUARESMA RAFAELA MARIA CARNEIRO COSTA SOFIA NASARET CALEGARI TRABALHO PRÁTICO II EDUCAÇÃO GREGA Trabalho Prático II apresentado para fins de avaliação parcial da disciplina de Filosofia da Educação, no primeiro semestre de 2022, ministrada pela Profª Drª Margarita Victoria Rodríguez pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. CAMPO GRANDE - MS MAIO - 1º SEMESTRE - 2022.1 3 SUMÁRIO ORIENTAÇÕES.....................................................................................................................04 CAPÍTULO 1 - PLATÃO.......................................................................................................05 1.1- Papel da Educação..............................................................................................................05 1.2 - Virtudes.............................................................................................................................06 1.3 - Conhecimento....................................................................................................................07 1.4 - Estado................................................................................................................................07 1.5 - Homem..............................................................................................................................07 1.6 - Papel da família e da mulher na formação humana…………………………………...….07 CAPÍTULO 2 - ARISTÓTELES...........................................................................................08 2.1 - Papel da Educação.............................................................................................................08 2.2 - Virtudes.............................................................................................................................08 2.3 - Conhecimento....................................................................................................................08 2.4 - Estado................................................................................................................................09 2.5 - Homem..............................................................................................................................09 2.6 - Papel da família e da mulher na formação humana……………………………...….……09 CAPÍTULO 3 - DIFERENÇAS ENTRE AS CONCEPÇÕES EDUCATIVAS GREGAS E ROMANAS…………………………………...………………………...……....……………10 REFERÊNCIAS......................................................................................................................14 4 Acadêmicos: Bruna Maria Dos Santos Gonçalves, Davi Jhosefer Maçacote Soares, Isabela De Paula Menezes, Isabely Duarte Quaresma, Rafaela Maria Carneiro Costa, Sofia Nasaret Calegari. Curso: Pedagogia (integral) Disciplina: Filosofia da Educação Professora: Margarita Victoria Rodríguez Trabalho Prático II a) Faça leitura dos seguintes textos: 1. GILES, Thomas Ransom. Filosofia da Educação. 5a.ed. São Paulo: EPU, 1987. (p.63-69) 2. CAMBI, Franco. História da pedagogia. São Paulo: ed. da Unesp, 1999. (p.87-93) (103- 114) 3. PLATÃO. A República. (Fragmentos selecionados) http://www.eniopadilha.com.br/documentos/Platao_A_Republica.pdf. 4. Aristóteles A Política. (Fragmentos selecionados) <https://docviewer.yandex.com/view/0/?*=6ZCQaSHEMy1gLdZRyg%2Bbg2%2FBGNx 7InVybCI6InlhLWRpc2stcHVibGljOi8vb09yNVFXV0dJUStZQnkrUlFrSXFxdjRCWVh OV2hFVWZSalhRRkJiL3NDRT0iLCJ0aXRsZSI6IkxpdnJvIEEgUG9saXRpY2EgLSBBc mlzdG90ZWxlcy5wZGYiLCJ1aWQiOiIwIiwieXUiOiI2NjAyMTY1MjcxNDkzMjQzNjY 3Iiwibm9pZnJhbWUiOmZhbHNlLCJ0cyI6MTQ5NDg1NzA5NzU1MH0%3D> b) Assista os seguintes vídeos. -Sabedoria e Antiguidade: Gregos [dublado] Documentário Discovery Civilization. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=ABl0e9boP2o> -O Pensamento Grego. Documentário História da História Universal. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VFns_c-2AiY c) Discuta no grupo e analise o projeto educativo em Grécia e destaque o pensamento de Platão e Aristóteles com relação a: a) Papel da Educação, b) Virtudes, c) Conhecimento, d) Estado, e) Homem, f) Papel da família e da mulher na formação humana. d) Explique as principais diferenças entre a concepção educativa grega e a romana. 5 CAPÍTULO 1 – PLATÃO 1.1 – Papel da Educação O ideal socrático se desenvolve no pensamento do seu discípulo PLATÃO. Também para este a educação é um processo de descobrimento gradativo da Verdade que já se encontra na alma do educando, e é de acordo com essa Verdade que deve viver. (GILES, 1937, p. 65). Sócrates1 (470 – 399 a.C) é uma figura importantíssima dentro da História e da Filosofia, indispensável para a ampla divulgação e construção de conhecimentos, buscava a proximidade com os interessados em aprender. Assim, ia para os lugares públicos de Atenas explicando sobre os mais variados assuntos, preferencialmente para os mais jovens. A primeira parte do método socrático chama-se ironia (do grego eironeia, “perguntar, fingindo ignorar”), processo negativo e destrutivo de descoberta da própria ignorância. A segunda parte, a maiêutica (de maieutiké, “relativo ao parto”), é construtiva e consiste em dar à luz novas ideias. (ARANHA, 2006, p. 69). Dono da famosa frase “Só sei que nada sei”, Sócrates reconhece que o indivíduo inicia seu processo de sabedoria a partir do momento que reconhece a sua própria ignorância. Além disso, considera que o conhecimento está dentro do indivíduo e precisa ser clareado conforme os estímulos que lhe são dados ao longo da vida. Dessa forma se faz notório, dentro dos postulados de Platão2, a herança filosófica de seu mestre Sócrates. Nessa perspectiva, Platão constituiu seu sistema filosófico com base no idealismo, ou seja, o plano das ideias estava acima da experiência. Por isso, tomou a educação como um “[...] processo de descobrimento gradativo da verdade que já se encontra na alma do educando, e é de acordo com essa Verdade que deve viver.”(GILES, 1937, p. 65). Portanto, assim como Sócrates, Platão acredita que tanto a verdade quanto o conhecimento já estão presentes na alma do educando. Nesse sentido, a função do educador para ele “consiste em despertar no educando a consciência da presença das ideias, formas ou 1 Sócrates (470 - 399 a.C) - filósofo ateniense que se torna mestre de todos, desinteressado e impelido por uma forte motivação ético-antropológica , que libera as consciências com seu diálogo e que depois universaliza e radicaliza seu pensamento, que nesta época de despertar interior e de liberação do indivíduo se choca com o poder político e religioso da pólis, até que esta o condena à morte por corromper as consciências e os jovens [...]. (CAMBI, 1999, p. 88). 2 Arístocles era o verdadeiro nome de Platão (428-347 a.C.), assim apelidado talvez por possuir ombros largos. Ateniense de família aristocrática, sentiu-se atraído por política, apesar de ter sofrido pesados reveses ao tentar pôr em prática suas teorias. Por exemplo, após ser bem recebido na Sicília por Dionísio, o Velho, foi vendido como escravo, mas porsorte um rico armador o reconheceu e libertou. Em Atenas, lecionou durante quarenta anos na Academia, um dos ginásios de ensino superior da cidade. Seus Diálogos reproduzem muitas das discussões efetuadas por Sócrates, seu mestre. No entanto, o vigor e a originalidade do seu pensamento nos fazem questionar o que de fato se deve a Sócrates e o que é de sua criação pessoal. (ARANHA, 2006, p. 70). 6 reflexos do mundo ideal, dos quais este mundo material em que vivemos é apenas uma sombra, uma cópia.” (GILES, 1937, p. 66). Dessa maneira, entende-se tanto o papel da educação quanto o ato de educar como um processo de ativação/despertar aquilo que o indivíduo já sabe, ou seja, se trata de um movimento de dentro para fora e não o contrário, “proporcionando ao corpo e à alma a realização do bem e da beleza que eles possuem e não tiveram ocasião de manifestar.” (ARANHA, 2006, p. 72). O educador deve levar o educando a reconhecer a semelhança entre o objeto encontrado neste mundo e o original, a Ideia, a Forma, que se encontra no Mundo Ideal, por um processo de rememoração daquilo que a sua alma já contemplava antes de se encarcerar na prisão que é o corpo. A meta do processo do diálogo, do questionamento, é levar o educando a reconhecer essas Ideias; esta é função do educador, que assim contribui para formar o homem pleno e virtuoso. (GILES, 1937, p. 66). Sendo assim, Platão entenderá a educação como autoeducação a partir de um aluno ativo, responsável pela construção de seu próprio conhecimento já existente em sua alma, levando ao autoconhecimento, e por isso, com base na divisão do trabalho divide a educação em três tipos: “ [...] a dos produtores, que ocorre no local de trabalho como aprendizado técnico; a dos guardiões-guerreiros (phylakes-polemikoi), destinada a favorecer a formação da coragem e da moderação; a dos governantes filósofos, que é formação especulativa através da dialética.” (CAMBI, 1999, p.90). 1.2 – Virtudes Platão entende que toda virtude é conhecimento, incluindo a própria virtude de justiça, pois “[...]essa virtude de justiça resume-se em proferir a verdade e em restituir o que se tomou de alguém [...].” (A República, [trechos selecionados], p.8). Nesse viés, segundo ele, a busca pela virtuosidade deverá acompanhar o indivíduo sobre toda a sua vida, cabendo a pessoa virtuosa conhecer o bom e o belo. Portanto, a educação não pode ser limitada à juventude. Assim, em A República, ele lista as quatro virtudes: sabedoria, temperança, coragem e justiça. Essas virtudes são responsáveis por refletir a verdadeira natureza. 7 1.3 – Conhecimento Platão acredita que tanto a verdade quanto o conhecimento já estão presentes na alma do educando, ou seja, para ele a escrita ou até mesmo o bem falar são essenciais, porém são secundários em comparação ao reconhecimento da ignorância e o despertar da sabedoria, pois “antes de aprender retórica para convencer um oponente, é preciso esforçar-se por conhecer a verdade, porque só o conhecimento dará estrutura orgânica e ordenação lógica ao discurso. Caso contrário, este se torna mero amontoado de banalidades e equívocos”. (ARANHA, 2006, p. 73). 1.4 – Estado Para Platão a educação é tarefa do Estado, ou seja, “a educação é tarefa pública, do Estado, e não privada. Ao Estado compete formar homens de acordo com as necessidades de cada classe social e do conjunto da sociedade. Nisto consiste a garantia do reino da justiça.” (GILES, 1937, p. 66). 1.5 – Homem Platão acreditava na noção de homens bons, ou seja, o homem bom era aquele que possuía e buscava ter sabedoria, temperança, coragem e justiça, em outras palavras, o homem iria se consolidar através da virtuosidade, da política, do conhecimento. Portanto, em sua obra A república, Platão revela que “se surgisse uma cidade de homens bons, é provável que nela se lutasse para fugir do poder, como agora se luta para obtê-lo, e tornar-se-ia evidente que, na verdade, o governante autêntico não deve visar ao seu próprio interesse, mas ao do governado;” (p. 39 [fragmentos selecionados]). 1.6 – Papel da família e da mulher na formação humana Platão entende a família como alicerce para a sabedoria, vendo na mulher uma aliada pedagógica que irá trabalhar a moralidade dos filhos, os ensinamentos culturais, ou seja, ela terá em suas mãos, de uma maneira sutil, o destino de seus filhos. 8 CAPÍTULO 2 – ARISTÓTELES 2.1 – Papel da Educação Aristóteles3 , irá trazer novas bases ao processo educativo, entendendo que a “[...] educação parte da imitação e visa levar o educando a adquirir hábitos que formarão nele uma segunda natureza.” (GILES, 1937, p. 66). Nesse sentido, é acrescentado ao processo educativo um viés prático, material se contrapondo ao idealismo de Platão. 2.2 – Virtudes Para Aristóteles a virtude não é pertencente ao sujeito, é necessário buscá-la através da aquisição do conhecimento, ou seja, o homem educado é virtuoso. Nesse sentido, em sua obra A Política, a virtude toma lugar fundamental para formar o bom cidadão, “[...]todos têm, portanto, virtudes morais, mas a temperança, a força, a justiça não devem ser, como pensava Sócrates, as mesmas num homem e numa mulher. A força de um homem consiste em se impor; a de uma mulher, em vencer a dificuldade de obedecer”. (p. 20 [fragmentos selecionados). 2.3 – Conhecimento Para Aristóteles o conhecimento deixa de ser somente idealizado e passa a ser material, portanto, a experienciação andará em conjunto com a razão, conduzindo o sujeito, sendo assim “[...] o fato e a experiência, tanto quanto a razão, nos conduzirão aqui ao conhecimento do direito.” (A Política, [fragmentos selecionados], p. 10). 3 Aristóteles (384-332 a.C.) nasceu na cidade de Estagira, ao norte da Grécia. Dirigindo-se a Atenas, foi discípulo de Platão, tendo permanecido por vinte anos na Academia. Posteriormente teria sido preceptor do futuro imperador Alexandre, o Grande. Mais tarde fundou em Atenas sua própria escola, o Liceu, no ginásio de Apolo Lício, em uma dependência chamada peripatos, daí o fato de sua filosofia ser conhecida como peripatética. Segundo hipótese corrente, Aristóteles daria suas aulas andando pelos jardins da escola, no peripatos (de peri, “ao redor”, e pateo, “passear”). [...] Superando a influência do mestre, Aristóteles elaborou um sistema filosófico original, que abrangia os mais diversos aspectos do saber do seu tempo, inclusive das ciências. Filho de médico, herdou o gosto pela observação, tendo classificado cerca de 540 espécies de animais, o que mostra a importância dada à investigação científica, também valorizada na sua concepção pedagógica. (ARANHA, 2006, p. 74). 9 2.4 – Estado Aristóteles defende que o Estado é o responsável por manter a educação pública de maneira integral, pois em sua obra A Política Aristóteles define o Estado como “o sujeito constante da política e do governo''. (p. 21 [fragmentos selecionados]), é ele que tem a responsabilidade de formar os homens, o bom homem. Por isso, “o Estado precisa de temperança, mas ainda mais de coragem e de paciência.” (A Política, p. 34 [fragmentos selecionados]). 2.5 – Homem Em sua obra A Política Aristóteles irá entender que “O homem é naturalmente feito para a sociedade política.” (p. 7 [fragmentos selecionados]), ou seja, “O homem é um animal cívico, mais social.” (p. 8 [fragmentos selecionados]). Nesse sentido, dentro de sua concepção, o homem se dá pela busca da sabedoria, especificamente a política, para se consagrar homem. 2.6 – Papel da família e da mulher na formação humana O papel da família e da mulher dentro da formação humana era essencial na visão de Aristóteles, pois para ele essas esferas contribuem, em conjunto com o Estado, diretamente no âmbito político e com a formação do homembom. Nesse sentido, o pai seria o responsável por prover, ser o esteio da família, e a mãe de constituir a formação moral do indivíduo, proporcionando amor, carinho, afetividade, atos que desembocam futuramente na formação do homem virtuoso. 10 CAPÍTULO 3 – DIFERENÇAS ENTRE AS CONCEPÇÕES EDUCATIVAS GREGAS E ROMANAS O modelo que agora surge é o do homem que procura a sabedoria sem jamais possuí- la totalmente [...]. (GILES, 1937, p. 63). Os gregos atribuíram um outro sentido ao que se entende por projeto educativo, é com eles que o homem toma a imagem-ideal de ser livre e responsável, ou seja, o homem passa a ser aquele que leva em conta o seu passado, mas busca construir o seu presente, podendo inclusive colocar à prova o seu destino. [...] a partir dos gregos surge outra imagem-ideal e consequentemente outro conceito do processo educativo. Este visa o homem como ser livre e responsável, como aquele que constrói o seu próprio presente sem, no entanto, negar o seu passado; o homem que pode até desafiar o próprio destino. (GILES, 1937, p. 63). Nesse sentido, a concepção educativa grega entende o homem como um sujeito que precisar procurar/encontrar a sabedoria, esta que nunca será adquirida por completo, ou seja, o homem ao invés de “transmitir conhecimentos, desperta no outro o ideal de quem procura, prepara o educando para a vida considerada como aventura, e não como quadro estratificado; como encruzilhada de interesses e de decisões.” (GILES, 1937, p. 63 - 64). Dentro dessa perspectiva grega, o educar passa a ligar-se com a perspectiva de uma educação integral do indivíduo a nível físico, moral, estético e religioso. Portanto, alguns nomes essenciais podem ser citados, tais como: Homero e Hesíodo. [...] HOMERO, foi o educador de Hellas. No caso, o processo educativo visa a levar o educando a pronunciar palavras e realizar ações, visa à cultura do espírito e do corpo. Na Ilíada o educando aprende a ver sua própria história, seu código religioso e moral. Seu guia na guerra. É dela que aprende quanto deve ser dito e feito. o processo educativo fundamenta-se sobretudo no exemplo dos deuses e dos heróis. HESÍODO acrescenta ao processo educativo a valorização do trabalho, que é também feito de heroísmo. Ademais o trabalho é o de caminho para alcançar a virtude. (GILES, 1937, p. 64). Sendo assim, é com base na evolução do que entende por processo educativo e nos ideais propostos por Licurgo que Esparta irá entender o quão influente o Estado pode ser no âmbito educacional. Nesse viés, a partir de uma visão não só política como militar, o Estado espartano começa a promover uma educação pelo e para o Estado. É o Estado que deve educar a criança em escola pública, pois esta lhe pertence desde o nascimento. O processo educativo, no caso, assume caráter nitidamente militar, acentuando-se a emulação e a rivalidade, recomendando-se a delação como meio de provar a lealdade para com o Estado. Até as meninas são obrigadas a submeterem-se a um processo educativo rude, para também desenvolverem o culto da honra e da fortaleza, pois é dever de todos amar a pátria até o heroísmo. (GILES, 1937, p. 64). 11 Em contraposição, Atenas seguiu rumos diferentes, para os atenienses o homem deveria ser formado a partir de uma liberdade pessoal. Além disso, defendia-se que a educação deveria ter influência do Estado somente no nível secundário, considerando que a formação era majoritariamente masculina, pois entendiam que as mulheres deveriam se preparar para o matrimônio, no entanto, as moças de famílias mais privilegiadas poderiam se dedicar a outro tipo de formação. Em Atenas surge outro ideal da educação que visa a formação do homem dentro de uma liberdade pessoal. O Estado só intervém no processo educativo a partir do nível secundário. Quanto à formação intelectual da mulher, Atenas entende que a sua missão consiste em se preparar para ser boa esposa, e só as moças da mais alta classe se dedicam a outro tipo de formação. (GILES, 1937, p. 64 - 65). Nesse sentido, podemos dizer que a educação em Atenas irá se dar através da formação moral, valorizando as habilidades desportivas e posteriormente a filosófica, envolta pela presença do belo, do harmonioso. Os valores que norteiam a educação ateniense são os da formação moral, tendo por fundamente a habilidade desportiva. Posteriormente incluir-se-á a Filosofia, ou seja, o cultivo do bom e do belo, ápice da sabedoria que visa uma exigência integrada e harmoniosa. (GILES, 1937, p. 64 - 65). Nesse cenário, os sofistas são figuras extremamente importantes, pois eram responsáveis por passar seus ensinamentos em lugares públicos, exercendo a boa retórica, a arte de convencer, que se fez necessário com o surgimento da democracia. Por isso, os sofistas contribuíram de maneira decisiva com o processo educativo de Atenas. Além disso, posteriormente, outros nomes importantes surgiram, tais como: Sócrates, Platão, Isócrates e Aristóteles. Sócrates irá trazer o caráter moral para o processo educativo, o pensador acreditava que conhecimento se dava a partir da prática das virtudes e do próprio conhecimento preexistente no homem, para ele a imoralidade se tratava do fruto da ignorância. Além disso, defendia a ideia de uma única verdade para todos os indivíduos, descartando a subjetividade. Platão, discípulo de Sócrates, partirá do mesmo pensamento socrático, acrescentando a concepção de processo educativo as capacidades políticas e a própria oratória, trazendo como contribuição a ideia de a educação ser tarefa do Estado, ou seja, “a educação é tarefa pública, do Estado, e não privada. Ao Estado compete formar homens de acordo com as necessidades de cada classe social e do conjunto da sociedade. Nisto consiste a garantia do reino da justiça.” (GILES, 1937, p. 66). Em contrapartida, Isócrates irá contra alguns pressupostos platônicos e irá entender a palavra como ponto central do processo educativo, pois é “o veículo de administração da justiça, 12 de expressão dos triunfos da civilização e o meio de sua promoção; é o meio de inculcar no educando os valores morais dentro dos quadros cívicos e patrióticos.” (GILES, 1937, p. 66). Por fim, Aristóteles irá trazer novas bases ao processo educativo, “para Aristóteles, a educação parte da imitação e visa levar o educando a adquirir hábitos que formarão nele uma segunda natureza.” (GILES, 1937, p. 66). Nesse sentido, é acrescentado ao processo educativo um viés prático, material. Além disso, Aristóteles defende que o Estado é o responsável por manter a educação púbica de maneira integral. Nesse sentido, o processo educativo grego irá se diferenciar do romano, a partir do momento que o processo educativo romano advém desde a educação domiciliar. “Trata-se de uma educação pela vida e para a vida.” (GILES, 1937, p. 67), tendo como núcleo de conhecimento a família, ou seja, a família era a responsável por despertar na criança o amor à pátria, os valores religiosos, o culto aos deuses e o desenvolvimento de virtudes como a piedade, a honestidade e a austeridade. Dessa maneira, é através do cotidiano que os jovens irão adquirir os conhecimentos necessários para serem bons cidadãos. Vale ressaltar, que esta formação era para os meninos, pois acompanhavam o pai nos afazeres civis, já as meninas ficavam sobre a vigilância materna, aprendendo e dominando ações da vida doméstica. Entretanto, segundo as crescentes complexidades da vida, surge outro tipo de processo educativo ao lado da educação familiar, a saber, as escolas elementares. Estas terão por finalidade complementar a educação familiar por uma formação utilitária e realista, visando a socialização do educando e sua integração nas tradições patrióticas da Cidade. (GILES, 1937, p. 67). Entretanto, com o surgimentodas escolas elementares e o contínuo contato com outras culturas de outros povos, influenciado pelo processo de helenização, o processo educativo romano tomou outros segmentos, surge “[...] uma educação que transborda os limites de interesses puramente locais e nacionais. Visam-se valores que dizem respeito ao homem como ser humano, valores que transcendem os povos e os tempos individuais.” (GILES, 1937, p. 68). Sendo assim, o educando deveria se formar a nível universal cosmopolita e humanista. Dentro deste cenário alguns nomes foram essenciais para a construção teórica do novo processo educativo romano, tais como: Marco Túlio Cícero, Quintiliano e Sêneca. Sendo Marco Túlio Cícero o responsável por entender que o “[...] homem humanista é o orador, que deve ser perfeito em todos os sentidos, homem íntegro que conhece e pratica a virtude, o cidadão que zela pelo bem comum do Estado e está pronto a sacrificar-se por ele, caso precisar.” (GILES, 1937, p. 68). 13 Quintiliano, contribuiu com a ideia que o processo educativo deveria começar desde a primeira idade, principalmente a nível moral do sujeito. Além disso, em conjunto com os pressupostos de Sêneca e do próprio Aristóteles foi possível entender o processo educativo como o responsável por “[...] enfatizar a individualidade do educando e sobretudo a sua libertação do domínio dias paixões, o que supõe a harmonia com a Natureza. Toda a verdadeira educação fundamenta-se no fato de uma intima união do homem com a Natureza, mediante a razão.” (GILES, 1937, p. 68). 14 REFERÊNCIAS ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia: geral e Brasil. 3. Ed. São Paulo: Moderna, 2006. ARISTÓTELES. A Política. (Fragmentos selecionados). Disponível em: <https://docviewer.yandex.com/view/0/?*=6ZCQaSHEMy1gLdZRyg%2Bbg2%2FBGNx7In VybCI6InlhLWRpc2stcHVibGljOi8vb09yNVFXV0dJUStZQnkrUlFrSXFxdjRCWVhOV2hF VWZSalhRRkJiL3NDRT0iLCJ0aXRsZSI6IkxpdnJvIEEgUG9saXRpY2EgLSBBcmlzdG90Z Wxlcy5wZGYiLCJ1aWQiOiIwIiwieXUiOiI2NjAyMTY1MjcxNDkzMjQzNjY3Iiwibm9pZn JhbWUiOmZhbHNlLCJ0cyI6MTQ5NDg1NzA5NzU1MH0%3D> CAMBI, Franco. História da pedagogia. São Paulo: ed. da Unesp, 1999. (p.87-93) (103-114). GILES, Thomas Ransom. Filosofia da Educação. 5a.ed. São Paulo: EPU, 1987. (p.63-69). O PENSAMENTO GREGO. Documentário História da História Universal. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=VFns_c-2AiY> PLATÃO. A República. (Fragmentos selecionados). Disponível em: <http://www.eniopadilha.com.br/documentos/Platao_A_Republica.pdf.> SABEDORIA E ANTIGUIDADE: Gregos [dublado] Documentário Discovery Civilization. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=ABl0e9boP2o>