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Ginecologia e Obstetrícia Patologias do 3º e 4º Períodos do Parto · FASES CLÍNICAS DO PARTO: - A assistência no 3ºe 4º período é muito importante porque é nesse momento que se consegue prevenir a hemorragia puerperal, segunda maior causa de morte materna no Brasil. - 4 períodos: 1º período: fase de dilatação (latente e ativa). 2º período: fase de expulsão (6 tempos). 3º período: fase de dequitação. 4º período: primeira hora pós-parto. · 3º PERÍODO DO PARTO: - Denominado: secundamento, delivramento ou decedura. - O nascimento do feto até a expulsão da placenta e membranas. - Contrações uterinas pouco dolorosas. - Fundo uterino passa a se localizar abaixo do nível da cicatriz umbilical e, com essa diminuição, diminuirá a área de implantação da placenta e forçará que ela seja expulsa do útero, o que é facilitado pela estrutura frouxa da decídua esponjosa. - Forma-se um hematoma. - Existem 2 mecanismos de dequitação, conforme o local: Baudelocque-Schultz: descolamento central da placenta, o sangue vem depois. Baudelocque-Duncan: descolamento lateral da placenta, o sangue vem primeiro. - Ocorre perda de sangue de aproximadamente 300 a 500ml. - Cessará após a expulsão da placenta. - Média de 5 a 10 minutos em 80% dos casos. - Sendo considerado prolongado se acima de 30 minutos. Se não descolar em 30 minutos: retenção placentária. - Há duas opções de conduta para o 3º período: conduta ativa e conduta fisiológica. ==> CONDUTA ATIVA: - Uso rotineiro de substâncias uterotônicas, clampeamento e secção precoce do cordão umbilical e tração controlada do cordão umbilical após os sinais de separação placentária. - As evidências hoje apontam que a conduta ativa é a mais indicada para assistência durante o 3º período porque está associada a menor risco de hemorragia puerperal e de transfusão de sangue. - Profilaxia medicamentosa com ocitocina – 10 UI IM. - Clampeamento oportuno do cordão umbilical (entre 1 a 3 minutos). - Tração controlada do cordão associada a Manobra de Brandt-Andrews. - Manobra de Brandt-Andrews: Tração suficiente para mante uma gentil tensão no cordão, mas incapaz de desconectar o cordão umbilical da placenta. Possíveis complicações como rompimento do cordão umbilical e inversão uterina. Usa um Kelly ou Kocher para fazer a tração gentil. - Manobra de Jacobs: rotaão da placenta para total retirada das membranas fetais. - Revisão da placenta: cotilédones íntegros e membranas completas. ==> CONDUTA FISIOlÓGICA: - Não há uso de uterotônicos, a dequitação da placenta é fisiológica e o clampeamento do cordão umbilical pode ser feito após um minuto ou quando cessar a pulsação, a saída da placenta ocorre por esforço materno ou gravidade. · 4º PERÍODO DO PARTO: - Denominado de quarto período de Greenberg. - Corresponde à primeira hora após a dequitação. - Retração uterina com a formação de coágulos e prevenção fisiológica do sangramento do leito uteroplacentário. - O miotamponamento: contração do útero, pós-dequitação, provocando obliteração dos vasos miometriais pela contração muscular denominado de ligadura vivas de Pinard. Isso provoca um tamponamento correto. - O trombotamponamento: formação de trombos intravasculares que oblieral os grandes vasos uteroplacentários e de coágulos que preenchem a cavidade uterina. - Após 1h do parto, o útero evoluirá com a fase de contração uterina fixa, por adquirir maior tônus, mantendo a hemostasia. · O QUE AVALIAR: - Pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória. - Tônus uterino. - Sangramento. Pensar em choque hipovolêmico - sangramento vaginal e baixo tônus uterino. · PATOLOGIAS DO 3º PERÍODO DO PARTO: - Retenção placentária. - Inversão uterina. - Laceração do canal de parto. - Rotura uterina no puerpério. · RETENÇÃO PLACENTÁRIA: - Não ocorre a dequitação em 30 minutos. - Necessita de anestesia e curetagem. - Anestesia raqui. - Retirada manual da placenta e posterior curetagem puerperal. · INVERSÃO UTERINA: - Invaginação do fundo uterino. - Rara e ocorre devido à má assistência do 3º período. A maioria é iatrogênica. O útero desce pelo canal vaginal. - Graus de inversão do útero: A. Depressão do fundo. B. Inversão parcial. C. Inversão completa. TRATAMENTO DA INVERSÃO UTERINA: - Reposição manual imediata. - Petidina para a dor. - Antibioticoterapia profilática. - Relaxante uterino (se manobra anterior falhar). - Nitroglicerina – 1mg. Pode repetir até 3 doses. - Reinicia uterotônicos. - Em último caso - terapêutica cirúrgica. Após a reversão da inversão, administra uterotônico para impedir que ele volte a sair. · LACERAÇÃO DO CANAL DE PARTO – CONTROVERSO: - Revisão rotineira de canal de parto – controverso. Não faz a revisão rotineira devido ao incomodo da mulher. Canal de parto: colo do útero, vagina e períneo. - Grau I – mucosa. - Grau II - fáscia, plano muscular. Se na de 1º grau não sangrar, não é necessário fazer sutura. A partir do 2º grau é necessária a sutura. - Grau III – esfíncter retal. - Grau IV – mucosa retal. · ROTURA UTERINA NO PUERPÉRIO: - Manifestação da hemorragia após ao nascimento. - Suspeita-se de rotura uterina no puerpério em mulheres com: Cesariana anterior que apresentam dor abdominal. Hemorragia pós-parto sem melhora após medidas farmacológicas para atonia uterina. - Exploração cirúrgica abdominal deve ser realizada rapidamente. Mais fácil romper em pacientes com cesárea previa, pois, a cicatriz uterina é fibrosada e não "estica" tão bem. Pode ser rotura completa ou segmentar. Pode dar ponto na laceração ou dependendo do grau faz histerectomia. · PATOLOGIAS DO 4º PERÍODO DO PARTO – HEMORRAGIA PÓS-PARTO (HPP): - A HPP é a segunda causa de morte materna no Brasil. - Estima-se que 01 caso de HPP a cada 10 partos. - 14.000.000 de casos de HPP no mundo por ano. - 140.000 mortes por HPP no mundo por ano. - A maioria das mortes são evitáveis. - A HPP é uma importante causa de morbimorbidade materna. · DEFINIÇÂO DE HEMORRAGIA PÓS-PARTO: - É a perda sanguínea acima de 500ml após parto vaginal ou acima de 1000ml após parto cesárea nas primeiras 24h ou qualquer perda de sangue pelo trato genital capaz de estabilidade hemodinâmica. · CLASSIFICAÇÂO: - HPP primária: é a HPP que ocorre nas primeiras 24h pós-parto. - HPP secundária: é a HPP que ocorre após 24h até 6 semanas pós-parto. · CAUSAS DA HPP – 4Ts: - Tônus (atonia uterina). - Trauma no canal de parto. - Tecido placentário retido. - Trombina (coagulopatias). · PREVENÇÃO DA HPP: - A principal estratégia de prevenção da HPP é o uso universal da ocitocina pós-parto. - Considera-se má prática obstétrica não a realizar rotineiramente em uma maternidade, pois reduz em aproximadamente 50% o risco de HPP (atonia). Manobra de Kristeller: subir em cima da barriga da mãe e empurrar. Favorece rotura uterina e de órgãos maternos. Uso racional da ocitocina: evita fadiga muscular. · DIAGNÓSTICO E ESTIMATIVA DA PERDA VOLÊMICA: ÍNDICE DE CHOQUE: MOVE: monitorização (PA, FC, FR), oxigênio, veia/volume e exames (tipagem sanguínea, hemograma, coagulograma, NA, K, Cl) – deve ser feito em todo trauma. · TRATAMENTO: - O mnemônico 4Ts devem ser sempre lembrados durante avaliação do foco sangrante. Pode ocorrer situações de associação dos fatores causais. Sempre investigar o foco de sangramento. - Em todos os protocolos deve usar ácido tranexâmico – um estabilizador de trombo. · ATONIA: Massagem bimanual: uma mão dentro da vagina comprimindo o fundo da vagina (colo do útero) e a outra mão pressionando a sínfise púbica. Tudo para preservar o útero. TRAJE ANTICHOQUE NÃO-PNEUMÁTICO (TAN): “O sucesso do uso do traje está associado a um protocolo de hemorragia pós-parto”. - O que é? É uma nova tecnologia do controle transitório do sangramento em casos de HPP. É uma vestimenta de neoprene segmentada, que realiza uma compressão circunferencial, comprimindo os vasos abdominais, pélvicos e membros inferiores. - Indicação: Pacientes com instabilidade hemodinâmica ou em iminência de choque hipovolêmico. - Benefícios: Reduz o sangramento local e redireciona o fluxo para as partes superioresnobres do organismo. Tal efeito pode determinar tempo adicional até o tratamento definitivo (útil em transferências). - Cuidados: O TAN deve ser posicionado no sentido do segmento 1 ao segmento 6. Sua retirada deve ser gradual, na mesma sequência (do segmento 1 ao 6) e sob monitoramento contínuo pelo risco de reativação do sangramento e choque. BALÃO DE BAKRI: Coloca dentro do útero, infla 500ml de soro aquecido, deixa 24h, vai desinflando e avalia o sangramento pelo quanto sai. Após 24h vai desinflando o balão de 20/20 minutos para avaliar sangramento. B-LYNCH: - São suturas hemostáticas. Faz um suspensório no útero para controlar e diminuir o sangramento. · TRAUMA: · TECIDO: Acretismo placentário: normalmente a placenta só adere a mucosa, se aderir a outras camadas é chamado de acretismo placentário. · TRATAMENTO – TROMBINA (coagulopatia): - Coagulopatia na paciente com HPP é geralmente um quadro grave. - A gestantes tendem a fazer um quadro de hipofibrinogenemia precoce. - Deve-se manter os níveis de fibrinogênio acima de 200 mg/dl. - Tratar a coagulopatia com hemoderivados e hemocomponentes específicos. · RESUMO: · RESUMO: - A hemorragia pós-parto é a 2ª causa de morte materna. - Assistência adequada ao 3º e 4º período do parto. - Causas – 4Ts: Tônus. Trauma. Tecido. Trombo. - Indice de choque. - Tratar a causa: ácido tranexâmico.
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