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Faculdade Fidelis Gestão de Políticas de Saúde Daiane Emanuelle Nakaione R. Barbosa Curitiba - Pr RESENHA SAÚDE MENTAL E COLETIVA/ FILME NICE “Nise: O coração da loucura”, conta a história da psiquiatra Nise da Silveira, que inovou o tratamento oferecido para as pessoas com problemas mentais. Ela se recusou a usar as técnicas de lobotomia e eletrochoque aos pacientes considerados mais sérios, e foi designada para o setor que em sua época não era valorizado, de Terapia Ocupacional. No lugar das práticas violentas e desumanas, passou a adotar formas alternativas de tratamentos com base na arte, no convívio, atividades fora prédio, e principalmente, em ver o “paciente” que ela passou a chamar de cliente - “nós estamos aqui a serviço dessas pessoas, nós que temos que ser seus pacientes, eles são nossos clientes” Trecho do filme – como seres humanos, valorizando o sujeito e sua subjetividade. Em comparação do capítulo 19 do livro “Tratado de Saúde Coletiva” onde é mostrado a história da Saúde Mental e o processo das reformas psíquicas, pode-se concluir que Nice da Silveira é umas das mais influentes precursoras do movimento da Reforma Psiquiátrica brasileira. Ela, assim como Franco Basaglia, percebera que antes de um esquizofrênico; um alienado; incapaz de Razão e Consciência; havia uma pessoa com nome, história e sonhos. O sujeito não podia ser reduzido apenas a sua doença, e por isso, passar a ouvi-lo, entende-lo, dar ferramentas para se expressar; o ajudaria a se autoconhecer e ressignificar sua vida, trazendo resultados muito mais significativos. Nos anos de 1960 a 1980, os hospitais tinham centenas e até milhares de pacientes internados com poucos funcionários, condições sanitárias precárias, sem direitos humanos e de cidadania. Os profissionais responsáveis não se importavam em conhecer a biografia do sujeito, as regularidades do contexto que vivia, seus pensamentos, e muito menos seus potenciais subjetivos e de autonomia. Com a construção do Sistema Único de Saúde, os hospitais psiquiátricos passaram a ser criticados, e assim, começaram as reformas psiquiátricas. Percebeu-se que era possível cuidar de pessoas que sofrem mentalmente sem os recursos dos manicômios. Ícones como Nice, Osvaldo Di Loretto, Oswaldo Santos, contribuíram para toda essa evolução. Eles nos deixaram ensinamentos valiosos que hoje são bases para todos os profissionais da saúde, como: olhar de verdade o outro; ajuda-los a ressignificar seus sintomas e sofrimentos; praticar o acolhimento através da escuta, do interesse e do cuidado; afinal, como disse Nice em uma de suas falas no filme: “ouça, observe, eles são a matéria prima do nosso trabalho”.
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