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Coqueluche: Infecção Respiratória

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COQUELUCHE OU “TOSSE COMPRIDA” 
DEFINIÇÃO: Infecção respiratória que afeta as VAS, traqueia e brônquios, cuja característica é a tosse paroxística. Alta taxa de transmissibilidade e ↑ índices de morbimortalidade, especialmente entre crianças. 
ETIOLOGIA 
A doença é provocada pela Bordetella pertussis. 
EPIDEMIOLOGIA 
Infecção altamente transmissível. Naqueles completamente 
imunizados, a infecção é subclínica em 80% dos casos. Nem a doença 
natural nem a vacinação completa garantem a imunidade permanente. 
TRANSMISSÃO 
O homem é o único reservatório natural. TRANSMISSÃO: contato com 
gotículas de orofaringe eliminadas pela fala, tosse e espirro do indivíduo 
contaminado. PERÍODO DE TRANSMISSÃO: desde o 5º dia após o 
contato com o doente até a 3ª semana do início da crise paroxística. 
CLÍNICA 
A coqueluche evolui em três fases sucessivas: 
(1) fase catarral (1-2 semanas): após um período de incubação de 3-12 
dias, iniciam-se sintomas leves, como febre baixa, rinorreia, espirros, 
tosse e lacrimejamento, semelhante a um “resfriado”; 
(2) fase paroxística (2-6 semanas): intensificação da tosse e 
desaparecimento dos sintomas catarrais. A tosse é seca, irritativa e 
intermitente ou paroxística (em acessos ou crises). O quadro clínico 
típico é de uma criança aparentemente bem, quando subitamente 
apresenta fácies de ansiedade, e inicia uma tosse seca e irritativa, com 
5-10 tossidas em uma única expiração. Durante os acessos de tosse, o 
paciente coloca a língua para fora, fica com a face avermelhada ou 
cianótica pelo esforço, podendo ser seguida por apneia ou vômitos. A 
seguir, ocorre uma inspiração forçada com a glote parcialmente 
fechada, o que gera um som de “guincho”. Os paroxismos de tosse 
podem ocorrer até 30x em 24 horas, principalmente à noite; 
(3) fase de convalescença (2-6 semanas): desaparecimento dos 
paroxismos de tosse e aparecimento da tosse comum, que pode 
prolongar-se por até 3 meses. Infecções respiratórias de outra natureza 
podem afetar o indivíduo e causar reaparecimento dos paroxismos de 
tosse. Os lactentes jovens (< 3 meses) não apresentam estas fases 
clássicas. A fase catarral pode durar poucos dias e não ser percebida, e 
no lugar da tosse paroxística surgem acessos de engasgos, dificuldade 
de respirar e pletora facial. Pode ocorrer apneia e cianose sem tosse. 
Período neonatal, a apneia com cianose é comum. Paradoxalmente, 
nos lactentes a tosse e o guincho podem se tornar mais típicos na fase 
de convalescença. Na coqueluche, os achados semiológicos de IVAI, tais 
como taquipneia, dispneia, estertores e sibilos estarão presentes 
apenas se houver pneumonia associada, que poderá ser causada pela 
própria B. pertussis ou outras etiologias. Hemorragias conjuntivais e 
petéquias no tronco superior podem ser observadas. 
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA 
< 6 MESES: todo indivíduo, independentemente do estado vacinal, que 
apresente tosse de qualquer tipo há ≥10 dias associada a ≥1 sintomas: 
» Tosse paroxística – tosse súbita incontrolável, com tossidas rápidas e 
curtas (5-10), em uma única expiração; 
» Guincho inspiratório; » Vômitos pós-tosse; » Cianose; » Apneia; » 
Engasgo. 
≥ 6 MESES: independentemente do estado vacinal, apresente tosse de 
qualquer tipo há 14 dias ou mais associada a ≥1 dos seguintes sintomas: 
» Tosse paroxística – tosse súbita incontrolável, com tossidas rápidas e 
curtas (5-10), em uma única expiração; 
» Guincho inspiratório; » Vômitos pós-tosse. 
AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR 
Coleta de material de nasofaringe e isolamento da B. pertussis por 
cultura ou PCR, realizadas antes do ATB ou até 3 dias depois. 
Leucograma: leucocitose (15.000 a 100.000/mm3) com linfocitose, 
bastante característico da fase catarral. A eosinofilia não ocorre. 
CURSO GRAVE: leucocitose extrema e trombocitose muito acentuada. 
RAIO-X DE TÓRAX: geralmente normal, mas em lactentes internados → 
infiltrado peri-hilar com aspecto de asa de borboleta/ "coração 
borrado"/ "coração franjado" → consolidação (pneumonia associada). 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Bronquiolite viral aguda, traqueobronquites, laringites e com os agentes 
que provocam uma síndrome “coqueluchoide” clinicamente similar à 
coqueluche, tais como: Bordetella parapertussis, M. pneumoniae, C. 
trachomatis, C. pneumoniae e adenovírus (1, 2, 3 e 5). 
COMPLICAÇÕES 
1) RESPIRATÓRIAS: pneumonia por B. pertussis, pneumonias por outras 
etiologias, ativação da tuberculose latente, atelectasias, pneumotórax, 
ruptura de diafragma; 
2) neurológicas: encefalopatia aguda, convulsões, coma, hemorragias 
intracerebrais, estrabismo e surdez; 
3) outras: hemorragias subconjuntivais, otite média por B. pertussis, 
epistaxe, edema de face, úlcera de frênulo lingual, hérnias (umbilicais, 
inguinais e diafragmáticas), conjuntivite, desidratação e desnutrição. 
TRATAMENTO 
1ª ESCOLHA: azitromicina 1x/dia por 5 dias (pode ser usada em < 1 ano) 
2ª ESCOLHA: claritromicina 12/12h por 7 dias. 
CONTRAINDICAÇÃO MACROLÍDEOS: sulfametoxazol + trimetoprima. 
QUIMIOPROFILAXIA 
Os pacientes internados com coqueluche deverão ser mantidos em 
isolamento por gotículas até 5 dias após o início do ATB macrolídeo. 
CRIANÇAS E PROFISSIONAIS COM COQUELUCHE: ausentar de escolas e 
creches por 5 dias após o início do ATB. 
QUIMIOPROFILAXIA: azitromicina →mesmo esquema do TTO → 
indicada nas seguintes situações: 
1. idade < 1 ano, independentemente da situação vacinal. Os RNs 
devem ser avaliados pelo médico; 
2. idade entre 1-7 anos não vacinados, com situação vacinal 
desconhecida ou que tenham tomado menos de 4 doses de vacina com 
componentes pertussis; 
3. A partir de 7 anos de idade que tiveram contato íntimo e prolongado 
com um caso suspeito de coqueluche, se: 
● Tiveram contato com o caso-índice no período de 21 dias que 
precederam o início dos sintomas do caso até 3 semanas após o início 
da fase paroxística; ou 
● Contato com um comunicante vulnerável no mesmo domicílio. 
4. Que trabalham em serviço de saúde ou com crianças. 
CONSIDERAM-SE COMUNICANTES VULNERÁVEIS: 
● RNs que tenham contato com sintomáticos respiratórios; 
● < 1 ano, com menos de 3 doses de vacina pentavalente ou 
tetravalente ou DTPa; 
● < 10 anos de idade, não imunizadas ou com esquema vacinal 
incompleto (menos de 3 doses de vacina com componentes pertussis); 
● Mulheres no último trimestre de gestação; 
● Pessoas com comprometimento imunológico; 
● Pessoas com doença crônica grave. 
COMUNICANTES: familiares ou pessoas que vivem na mesma casa ou 
que frequentam a moradia. Aqueles que passam a noite no mesmo 
quarto, como pessoas institucionalizadas e trabalhadores que dormem 
no mesmo espaço físico. Outras exposições: proximidade entre as 
pessoas (±1 metro) na maior parte do tempo e rotineiramente (escola, 
trabalho ou outras circunstâncias que atendam a este critério), dentro 
do intervalo entre o início do período catarral até três semanas após o 
início do período paroxístico da doença (período de transmissibilidade).

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