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Antes da constituição federal de 1988, o Brasil não possuía uma política de saúde estruturada. A saúde era excludente e contributiva. VIII Conferência de saúde (1986) Foi importante para colocar em prática três aspectos importantes da reforma sanitária: o conceito amplo de saúde, a saúde como um direito de todos e dever do estado e um sistema e instituições pautado em princípios que visavam a universalidade, integralidade e equidade. Constituição federal de 1988 A partir da constituição federal de 1988, a saúde passou a ser um dever constitucional de todas as esferas de governo e o conceito de saúde foi ampliado, passando a ser vinculado a políticas sociais e econômicas, a assistência passa a ser concebida de uma forma mais integral, curativa somada prevenção e promoção da saúde. Um ponto inovador foi a gestão participativa da comunidade assim como pontos de comandos e fundos financeiros únicos para cada esfera de governo. Título VIII da “Ordem social", capítulo da seguridade social (artigo 196-200) Seguridade social é o conjunto integrado de ações de iniciativas dos poderes públicos e da sociedade destinado a assegurar os direitos relativos à saúde (seção II), previdência (seção III) e assistência social (seção IV). Novo Modelo-SUS Concepção atrelada aos conceitos de saúde e doença, assim como a compreensão sobre seus determinantes. Romper ➔ Trabalhador: hospitais e serviços de saúde; ➔ Pobre: hospitais filantrópicos e de caridade; ➔ Rico: pagava pelo serviço médico. Objetivo ➔ Melhorar a qualidade de atenção à saúde; ➔ Romper com o passado de descompromisso e irracionalidade tecnico-administrativa; ➔ Servir de norte ao trabalho do Min. da saúde e das secretarias estaduais e municipais de saúde. Princípios Preceito, regra, lei. serve de base. São de ordem ideológica e filosófica, a partir de valores humanos e direitos da cidadania. Princípios Doutrinários ➔ Universalidade: garantia de assistência à saúde para todos os cidadãos; ➔ Integralidade: garantia de ações de promoção, prevenção, cura e reabilitação; ➔ Equidade: os recursos serão disponibilizados de acordo com a necessidade de cada um. Diretrizes Instruções para se traçar um plano. São as estratégias para se conseguir alcançar os princípios. ➔ Descentralização: distribuir responsabilidade entre as três esferas de governo; ➔ Hierarquização: serviços organizados em níveis de complexidade tecnológico crescente, disposto numa área geográfica delimitada e com uma população definida; ➔ Regionalização: distribuir de forma racionalizada e equânime os recursos assistenciais disponíveis; ➔ Resolutividade: o serviço de saúde deve apresentar resolutividade até o nível de sua competência; ➔ Participação popular: conselhos e conferências de saúde; ➔ Setor privado complementar: quando por insuficiência do setor público; obedecendo os princípios e diretrizes do SUS; preferência por instituições não lucrativas e filantrópicas. Arcabouço Jurídico do SUS Constituição Federal ➔ Art. 196: a saúde é direito de todos e dever do estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução dos riscos de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação; ➔ Art. 197: são de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por essa pessoa física ou jurídica de direito privado. ➔ Art. 198: as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e consultem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I- Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II- Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III- Participação da comunidade. ➔ Art. 199: a assistência à saúde é livre à iniciativa privada. 1-As instituições privadas poderão participar de forma complementar de sistema único de saúde, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. 2-É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas; 3-É vedada a participação direta o indireta de empresa ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no país, salvo nos casos previstos em lei; 4-A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização. ➔ Art. 200: ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: I- Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II- Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; III- Ordenar a formação de recursos humanos na área da saúde: IV- Participar da formulação da política e da execução da s ações de saneamento básico; V- Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; VI- Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; VII- Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxico e radioativo; VIII- Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido a do trabalho. Leis Orgânicas da Saúde (LOS) ➔ Lei 8.080/90 - Dispõe sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, organização e funcionamento dos serviços; - O SUS compreende o conjunto de todas as ações e serviços de saúde prestados por instituições públicas federais, estaduais e municipais e comparticipação complementar da iniciativa privada; - Subordinação de todos os prestadores de serviços às diretrizes do SUS. ➔ Lei 8.142/90 - Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS; - Transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. Esferas de Governo Conselhos e Conferências Usuários (50%) Trabalhadores da saúde (25%) Gestores e prestadores de serviços (25%) Conselhos Tem caráter permanente e deliberativo; São órgãos colegiados compostos por representantes do governo, dos prestadores de serviço, dos profissionais de saúde (50%) e dos usuários (50%); Atuam na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros. São formas de participação social: - Na elaboração das diretrizes gerais da política de saúde; - Na formulação de estratégias de implementação dessa política; - No controle sobre a utilização de recursos; - No controle sobre a execução; - Na mobilização da população. Conferência de Saúde Reuni-se a cada 4 anos com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo poder executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo conselho de saúde. Comissão Intergestora Bipartite (CIB) Tem o objetivo de assegurar a gestão compartilhada (municípios e estados) da execução da política de saúde para: - Evitar a duplicidade ou a omissão na execução de ações; - Criar um espaço onde os gestores do SUS passam permanentemente a negociar, decidir e firmar pactos. Normas Operacionais Básicas (NOB) Avança nas estratégias de implementação do SUS ( Descentralização-Municipalização) ➔ NOB SUS 01/91 - criada a comissão intergestores tripartite(CIT) e a comissão intergestores bipartite (CIB); - Criado os sistemas de informação hospitalar (SIH) e o sistema de informação ambulatoratorial (SIA); - Estabelece o repasse de recursos por meio de convênio. ➔ NOB-SUS 01/92 - Criado o conselho nacional de secretaria de saúde (Conass) e o conselho nacional de secretarias municipais de saúde (Conasems); - Normalizado o fundo nacional de saúde. ➔ NOB-SUS 01/93 - Estágios para a gestão municipal (incipiente, parcial e semiplena); - Estágios para a gestão estadual (parcial e semiplena). ➔ NOB-SUS 01/96 - Estabeleceu padrão de gestão municipal: ★ Gestão plena da atenção básica; ★ Gestão plena do sistema municipal. - Estabeleceu padrão de gestão estadual: ★ Gestão avançada do sistema estadual; ★ Gestão plena do sistema estadual. - Criou piso salarial da atenção básica (PAB) e a PPI. Normas Operacionais de Assistência à Saúde (NOAS) Visava um novo modelo de organização dos serviços de saúde, com vista a descentralização, reduzir as desigualdades no acesso, promover a equidade e integralidade e otimizar os recursos disponíveis. Avança nas estratégias de implementação do SUS (Regionalização e integralidade). ➔ NOAS-SUS 01/2001 - Elaborar o plano diretor de regionalização (PDR); - Ampliar o acesso e a qualidade da atenção básica; - Qualificar as microrregiões na assistência à saúde; - Organizar os serviços de média complexidade; - Programar a política de atenção de alta complexidade. ➔ NOAS-SUS 01/2002 - Ampliação da descentralização. Pacto Pela Saúde (2006) Pacto pela Vida 1. Atenção integral à saúde do idoso; 2. Controle do câncer de colo de útero e de mama; 3. Redução da mortalidade materna e infantil; 4. Fortalecimento da capacidade de resposta as d. emergentes e endêmicas, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária e influenza; 5. Promoção de saúde, com ênfase na atividade física e alimentação; 6. Fortalecimento da atenção básica. Pacto em Defesa do SUS 1. Repolitização da saúde, como um movimento que retoma a reforma sanitária brasileira aproximando-a dos desafios atuais do SUS; 2. Promoção da cidadania como estratégia de mobilização social tendo a questão da saúde como um direito; 3. Garantia de financiamento de acordo com as necessidades do sistema. Pacto de Gestão 1. Descentralização; 2. Regionalização; 3. Financiamento; 4. Planejamento; 5. Programação pactuada e integrada-PPI; 6. Regulação; 7. Participação e controle social; 8. Gestão do trabalho; 9. Educação na saúde. Decreto 7.508/11 - A organização do SUS (regiões de saúde e hierarquização) - O planejamento da saúde; - A assistência à saúde; - A articulação interfederativa (comissões intergestoras e de contrato organizativo da ação pública da saúde) e dá outras providências. Regiões de Saúde- Cada região deve oferecer serviços de atenção primária, urgência e emergência, atenção psicossocial, atenção ambulatorial especializada e hospitalar e, por fim, vigilância à saúde. Hierarquização- As portas de entrada do SUS: de atenção primária; de atenção de urgência e emergência; de atenção psicossocial e, especiais de acesso aberto. Financiamento SUS Lei 8.080 90 Os recursos financeiros do SUS serão depositados em cona especial, os fundos de saúde, em cada esfera de atuação e serão movimentados sob a fiscalização dos conselhos de saúde. Emenda Constitucional N 29 2000 Criada para garantir o recurso mínimo de financiamento nas três esferas de governo para o SUS: Município- 15%; Estado- 12% e União- recurso utilizado no ano anterior é acrescido de variação nominal, anual do produto interno bruto (PIB). Constituição Federal Art. 195 (Seguridade Social) Lei de Diretrizes Orçamentárias ➔ Participam: - Saúde; - Previdência social; - Assistência social. ➔ Recursos próprios: - Município; - Estado; - União; - Outras fontes suplementares contempladas no orçamento da seguridade social. Lei Complementar N. 141, 13/01/2012 Considera como despesas: - Ações e serviços de saúde aquelas voltadas para a promoção, proteção e recuperação da saúde; - Sejam destinadas às ações e serviços públicos de saúde de acesso universal, igualitário e gratuito; - Estejam em conformidade com objetivos e metas explicitados nos planos de saúde de cada ente da federação; - Sejam de responsabilidade específica do setor da saúde. Fundos de Saúde Os recursos do SUS devem ser destinados aos fundos de Saúde e sua fiscalização e controle devem ser feitos pelos conselhos de saúde, pela assembleia legislativa e câmaras municipais. Fundo Nacional de Saúde O repasse dos recursos fica definido, pelo menos, 70% aos municípios, afetando-se o restante aos estados. Só que para receberem devem contar com: 1. Fundo de saúde; 2. Conselho de saúde; 3. Plano de saúde; 4. Relatórios de gestão; 5. Contrapartida de recursos previstos no orçamento; 6. Plano de carreira, cargos e salários (PCCS). Controle Social no SUS 1937- Primeiro conselho nacional de saúde CNS (era Vargas); 1941- Primeira conferência nacional de saúde: “situação sanitária assistencial dos estados”. 1950- Segunda conferência nacional de saúde: “Legislação referente a higiene e segurança do trabalho”. 1953- Criação do Min. da Saúde; CNS regulamentado por decreto. 1962- Quadros técnicos do próprio MS ou de outras esferas governamentais, ou representavam determinadas categorias profissionais. 1963- Terceira conferência nacional de saúde: “Descentralização na área da saúde”. 1964- Regime militar. 1970/80- Movimento da reforma sanitária. O movimento da Reforma Sanitária Seu marco fundamental foi a 8a conferência nacional de saúde, realizada em 1986, entre os dias 17 e 21 de março. Principais temas de debates do que se convencionou chamar de reforma sanitária brasileira: ➔ A universalidade do acesso; ➔ A concepção de saúde como direito social e dever do estado; ➔ A reestruturação do setor, pela estratégia do sistema unificado de saúde; ➔ A descentralização do processo decisório para as esferas estadual e municipal; ➔ O financiamento efetivo; ➔ A democratização do poder local pela determinação de novos mecanismos de gestão. Detalhes importantes ➔ O controle social do sistema de saúde democratiza o sistema nacional de saúde, por meio da descentralização da saúde e da participação da sociedade; ➔ Atende ao objetivo da consolidação da democratização do sistema, proposta na constituição federal; ➔ A participação da população garante espaço para a opinião do usuário dos serviços de saúde e dos trabalhadores da saúde, garantindo, ao mesmo tempo, o direito de participar nas decisões ➔ A contribuição da comunidade na gestão do sistema único de saúde foi regulamentada, por meio das conferências e dos conselhos: são permanentes e compostos por membros com direito a voto, onde é assegurada a participação da sociedade nas formulações e desenvolvimento das políticas e práticas de saúde. Lei 8.142/90 No segundo parágrafo, estabelece que: O contexto de saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde na formulação de estratégias e no controle da execução das políticas de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões homologadas pelo chefe do poder legalmente constituída em cada esfera do governo. Gestão do SUS: Participação social ➔ A sociedade começou, efetivamente, a participar da gestão do sistema de saúde; ➔ A população, por meio dos conselhos de saúde, passou a exercer o controle social participando: - Do planejamento das práticas públicas; - Fiscalizando as ações do governo; - Verificando o cumprimento das leis relacionadas ao SUS; - Analisando as aplicações financeiras realizadas pelo município ou pelo estado no gerenciamento da saúde. Conselho de Saúde ➔ Colegiadoé composto por pessoas que representavam diferentes grupos da sociedade, sendo 50% delas representantes de usuários do SUS e 50% gestores (25%) + Trabalhadores (25%); ➔ Permanente tem sua existência garantida em qualquer circunstância. Para ser extinto é preciso haver uma lei; ➔ Deliberativo toma decisões que devem ser cumpridas pelo poder jurídico. A resolução n 330/2003, da CNS, aprova as diretrizes para criação, reformulação, estruturação e funcionamento dos conselhos de saúde. Representação do Conselho de Enfermagem Conselheiros: ➔ Usuários; ➔ Profissionais de saúde; ➔ Prestadores de serviço; ➔ Governo. Escolha dos conselheiros de saúde - Para atender ao critério de representatividade, visto no item anterior, entidades e movimentos sociais indicam, por escrito, representantes para atuarem como conselheiros de saúde, de acordo com o número de vagas existentes; - Tanto a entidade quanto o movimento social tem autonomia para escolher os seus representantes pela forma que achar mais conveniente; - ATENÇÃO! O governo não pode interferir nesse processo de escolha, nem pode vetar qualquer indicação; - O mandato dos conselheiros é definido pelo regulamento de cada conselho; - Como a função do conselheiro é de relevância pública, sua atuação no conselho não é remunerada. Participação do Usuário Acontece por indicação de: - Entidades de movimentos comunitários; - Sindicatos; - Portadores de deficiência e patologia; - Associações de moradores; - Associações de idosos; - Associações de defesa do consumidor; - Pastorais e outros. Atuação do Conselheiro de Saúde - Apresentar propostas para melhoria dos serviços: - Fiscalizar as ações em andamento e sua eficácia; - Fiscalizar as despesas feitas na saúde pelo gestor; - Cobrar providências quando for o caso. Coerências de Saúde ➔ Competência do conselho de saúde: Promover conferências de saúde; ➔ § 1° A conferência de saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo poder executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo conselho de saúde; ➔ As conferências estaduais e municipais são realizadas antes da conferência nacional de saúde (CNS) em todo o país.