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Refere-se a irritação e inflamação do tubo digestivo, incluindo o estomago e o intestino. Gastrenterocolite Aguda (GECA): aumento na frequência, quantidade ou diminuição da consistência das evacuações, com ou sem comprometimento gástrico (náuseas e vômitos) ou sistêmico (febre, durando, no máximo, 2 semanas. 3 ou + evacuações de fezes amolecidas ou liquidas com duração de até 14 dias. Tipos de diarreia: Disenteria: fezes mucossanguinolentas de pequeno volume associadas a tenesmo e urgência. Comum em inflamação no cólon. Autolimitada: dura 7 a 14 dias. Persistente: dura mais de 14 dias. Podem ser não infecciosas ou infecciosas causadas por vírus, bactérias e protozoários, que no geral rompem a barreira gastrointestinal e aderem-se à mucosa, levando a 4 formas de diarreia: osmótica, secretora, inflamatória e de alteração da motilidade. Osmótica: é a diarreia não infecciosa (deficiência de lactase, uso de laxantes) ou viral. Há retenção de líquidos no lúmen intestinal devido a inabsorção de solutos osmoticamente ativos, levando a fezes explosivas, liquidas e volumosas que causam grande perda hidroeletrolítica. Secretora: causada por cólera, salmonela ou toxinas da E. coli, está pouco associada a sintomas sistêmicos. Há aumento da concentração intracelular de nucleotídeos cíclicos, levando ao aumento da secreção ativa de água e eletrólitos pelos enterócitos, resultando em fezes volumosas com concentração elevada de sódio e, consequentemente, desidratação rápida. Inflamatória: também chamada de invasiva, é a causada por salmonela, shigella, yersínia, campylobacter e E.coli invasiva. Os patógenos lesam as células do epitélio intestinal impedindo a absorção de nutrientes e aumentam a secreção deste. Está associada a febre mal-estar, vômitos, cólica abdominal e disenteria (fezes mucossanguinolentas). Alteração na motilidade: movimentos peristálticos tornam-se mais intensos impedindo a reabsorção de água. Gera fezes líquidas com pedaços de quimo, associada a cólica abdominal. Se não tratada, a criança pode evoluir com hipoperfusão, insuficiência renal, instabilidade cardiovascular, distúrbio hidroeletrolítico, podendo chegar à acidose e óbito. Em maioria, são virais e autolimitadas, não necessitando de exames complementares para tratar. Caso seja necessário coletar, deve ser feito após a fase inicial de reposição hidroeletrolítica. Prevenção: aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses de vida, alimentação adequada e medidas de higiene e sanitárias. Vacinação contra rotavírus diminuiu as internações e a mortalidade infantil. Diagnóstico Anamnese: momento em que devemos caracterizar o quadro, identificar sintomas associados, uso de medicamentos, antibióticos recente e tipo de alimentação, se possui doenças prévias, se teve contato com alguém doente ou se viajou a pouco tempo. Exame físico: atentar-se para presença de outros quadros infecciosos e avaliar o estado nutricional e de hidratação. Avaliação da desidratação Pela perda de peso: é o melhor critério, entretanto é necessário saber o peso anterior da criança e conseguir pesa-la no momento da admissão. Não é o parâmetro sugerido pela OMS. Leve: até 5% do peso. Moderada: 5 a 10% do peso. Grave: mais de 10% do peso. Avaliação clínica: observamos e examinamos a criança e então classificamos em A, B e C. É o que guia a reposição hidroeletrolítica. Desidratação com distúrbios de sódio Isonatremias: Na 135 a 150 mEq/L de sangue. Acontece na maioria das diarreias por gastroenterites, pois existe perda proporcional entre água e Na mantendo o gradiente osmótico entre os compartimentos extra e intra celular. Hiponatremias: Na < 135 mEq/L de sangue. Há diminuição da osmolaridade dos fluidos corporais, pois existe um desvio osmótico de água do meio extra celular para o intracelular, o que irá intensificar os Júlia Malta Braga MED 01 FCM-TR sinais de desidratação, sendo portando necessário repor o NA também. Hipernatremias: NA > 150mEq/L de sangue. Nesses casos a perda de água é maior que a de sódio devido ao aumento de osmolaridade acontecer no espaço extracelular, permitindo um desvio de água para esse espaço. Tratamento É voltado para a reidratação e manutenção nutricional, tendo a via oral como preferencial e sendo realizado de acordo com a classificação em A, B e C. A via endovenosa (EV) é usada apenas quando há falha na reposição oral, vômitos intratáveis, diarreia profusa, alterações no nível de consciência, choque hipovolêmico ou na desidratação grave. Terapia de reidratação oral: é realizada com soluções hiposmolares, preconizada pela OMS devido a absorção mais eficaz, já que utiliza o transporte ativo de sódio-glicose-água que é preservado em diarreias de todas as etiologias. Composição do SRO hiposmolar: 75 a 60 mOsm/L Na + 20 mOsm/L K + 65 a 60 mOsm/L Cl + 75 mOsm/L glicose. Plano A 1. Oferecer mais líquidos que o habitual + ofertar SRO após evacuações diarreicas. - Água, chá, suco, sopa - Evitar líquidos açucarados e refrigerantes. - Quantidades de SRO após: Até 1 ano de vida: 50 a 100 mL 1 a 10 anos: 100 a 200 mL Acima de 10 anos: o quanto aceitar. 2. Manter alimentação habitual da criança. 3. Orientar retorno se não houver melhora em 2 dias ou se sinais de alerta - Sinais de alerta: piora na diarreia, vômitos repetidos, muita sede, recusa de alimentos, sangue nas fezes e diminuição da diurese. 4. Iniciar zinco 1x/d por 10 a 14d. - < 6 meses de vida: 10 mg - > 6 meses de vida: 20 mg Plano B 1. Manter aleitamento materno e suspender a alimentação no período de reidratação. 2. Terapia de Reidratação oral na unidade sob supervisão. - 50 a 100 mL/kg - Oferecer a cada 20 min em copo ou colher e após cada evacuação diarreica, por 4 a 6h. - Reavaliar a criança a cada 2h. - Se vômitos persistentes, usar sonda nasogástrica. 3. Se sinais de desidratação desaparecem: iniciar plano A. 4. Se sinais de desidratação pioram: iniciar plano C. Plano C 1. Puncionar veia calibrosa ou 2 acessos ou via intraóssea. 2. Iniciar fase de expansão da correção da hidratação por via parenteral: - RNs ou cardiopatas graves menores de 5 anos: SF 10mL/kg correr em 30 min - Menores de 5 anos: SF 20mL/kg correr em 30 min - Maiores de 5 anos: SF 30mL/kg correr em 30 min + Ringer Lactato 70mL/kg correr em 2h e 30 min - Reavaliar frequentemente. - Se não houver melhora, aumentar a velocidade de infusão e/ou repetir a quantidade até que esteja hidratada. - Se melhora da êmese, iniciar TRO associada. 3. Iniciar fase de manutenção: SG 5% + SF 0,9% na proporção 4:1. - Até 10 kg: 100mL/kg - 10 a 20 kg: 1000mL + 50 mL/kg que exceder 10 kgs - Acima de 20 kg: 1500mL + 20 mL/kg que exceder 20 kg. - Devemos associar KCl 10% (2mL/100mL) ou KCl 19,1% (1mL/100mL). 4. Fase de Reposição: SG 5% + SF 0,9% na proporção 1:1. - 50mL/kg/dia - Reavaliar essa quantidade de acordo com as perdas do paciente. Alimentação deve ser reintroduzida assim que possível, sem necessidade de alteração do padrão habitual. A partir do momento que a hidratação for retomada e a criança conseguir manter a hidratação oral, pode ser iniciado o Plano B. Correções de Na: utilizamos o cálculo Na dosado x 0,6 peso em kg. - Se hiponatremia: reposição de NaCl 3%. - Se hipernatremia: reposição com solução salina 0,45%. Antieméticos: em casos de diarreia aguda não são preconizados pelo MS, uma vez que tem ação autolimitada e provocam sonolência, podendo reduzir a ingestão hídrica e aumentar a desidratação. Em casos de vômitos associados, podem ser usados. - Ondasentrona VO 0,1mg/kg – até 4mg. Antibióticos: devem ser usados apenas se sangue nas fezes (disenteria por shigella),cólera ou anemia falciforme. - Ciprofloxacino VO 15mg/kg 2x/dia/3d ou Ceftriaxone EV 5 a 10 mg/dia por 3 a 5 dias ou Azitromicina 10 a 12mg no 1º dia + 5 a 6 mg/dia por 4 dias. Probióticos: diminuem, em média, a intensidade e a duração da diarreia em 24h. Não é preconizado pelo MS, mas é por sociedades de pediatria. - Saccharomyces boulardii (repoflor) e Lactobacillus reuteri DSM 179381 (ProVance) por 5 a 7 dias. Racecadotrila: reduzem a secreção intestinal de água e eletrólitos que está aumentada na diarreia aguda. Segundo a diretriz Ibero-latino-americana pode ser usado como adjuvante na diarreia aguda, pois não interfere na motilidade intestinal. - Tiorfan 1,5mg/kg VO 8/8h - Contraindicado para menores de 3 meses de vida.
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