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Contestação de dano Morais

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DE 
BELÉM-PA 
 
 
Autos n.º 12015/2009 
 
 
MARANICE, já qualificado nos autos do processo em epígrafe no procedimento 
de INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, que lhe move MARIANA, por sua 
Advogada ao final assinado, Guizela Oliveira, Brasileira, advogada, inscrita no Cadastro 
de Pessoa Físicas do Ministério da Fazenda sob o n.º 000.000.000-00, Inscrita na 
Ordem dos Advogados do Brasil Secção Paraná sob o n.º 00.000, com escritório 
profissional na Rua: Dos Alfeneiros n.º 20 - Lirolwind – Curitiba - Paraná, vem 
respeitosamente à honrosa presença de Vossa Excelência, apresentar 
 
CONTESTAÇÃO 
 
No incidente de indenização por danos morais, pelos fatos e fundamentos que 
passa expor: 
 
PRELIMINARMENTE DA INÉPCIA DA INICIAL 
 
Nos termos do artigo 283 e 284 do Código de Processo Civil, in verbis: 
Art. 283: A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à 
propositura da ação; 
Art. 284: Verificando o juiz que a petição não preenche os requisitos exigidos 
nos artigo 282 e 283, ou que apresente defeitos e irregularidades capazes de dificultar 
o julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo 
de 10 dias. 
Parágrafo único: Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição 
inicial. 
É de se ver que a exordial, não foi instruída com os documentos essenciais que 
comprovem o que é alegado pelo requerente, não consta em momento algum o 
Boletim de Ocorrência que prove que o Requerente foi “acusado” pelo requerido. 
A doutrina e jurisprudência são unânimes no que concerne a esta questão, 
senão vejamos: 
No que se refere ao disposto no artigo 283 do Código de Processo Civil, 
importa esclarecer que há sensível diferença entre os conceitos de “documentos 
indispensáveis à propositura da ação” e de documentos essenciais à prova do 
direito alegado. Assim, a ausência de documento indispensável à propositura da ação 
enseja o indeferimento da petição inicial e, conseqüentemente, a extinção do processo 
sem resolução do mérito, nos termos dos artigos 267, I, do Código de Processo Civil. 
A falta de documentos essenciais à prova do direito alegado conduz à questão de 
mérito resvalando na improcedência do pedido. 
“documentos indispensáveis à propositura da ação compreendem 
não somente os substâncias à propositura da ação, isto é, aqueles que a lei 
expressamente exige para que a ação possa ser proposta, mas também os 
fundamentais, vale dizer, os indispensáveis, na espécie, não porque a lei os 
exija e sim porque o autor a eles se refira na ação como fundamento de seu 
pedido e pretensão.”(Primeiras Linhas de Direito Processual Civil – V. 2 – 
Moacir Amaral dos Santos – pág.140) 
 
Observa-se no caso em tela que o requerente se refere à falsa acusação de fato 
delituoso, porém, não junta a exordial o Boletim de Ocorrência e/ou Notícia Crime do 
fato, não há que se falar então em Calúnia, como já a diz a máxima: “o que não esta 
nos autos não consta do mundo do processo”. 
Neste caso o mérito esta prejudicado, haja vista, o requerente não conseguir 
provar o que alega, ônus da prova cabe a quem alega e na aplicação in casu não houve 
prova alguma do alegado. 
Também os nossos tribunais vêm decidindo da mesma forma: 
 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL. AUSÊNCIA DO 
CONTRATO. DOCUMENTO INDISPENSÁVEL À PROPOSITURA DA AÇÃO 
PETIÇÃO INICIAL INEPTA. EXTINÇÃO DO PROCESSO. 1 - Na ação em que se 
pretende a revisão de contrato, com a decretação de nulidade de cláusulas, 
é evidente que o mesmo é documento indispensável e deve acompanhar a 
petição inicial, sob pena de seu indeferimento. Sem que o contrato seja 
juntado aos autos, não se pode saber, ao certo, qual o percentual de juros 
cobrados e contratados, se há anatocismo, se estão sendo cobradas taxas e 
encargos abusivos, se há e se é legal a capitalização de juros, enfim, não há 
como se analisar o pedido de revisão da avença. 2- Cabe à autora proceder à 
necessária instrução de seu pedido, com o documento indispensável à 
compreensão da matéria objeto da lide. Na hipótese de não estar o 
documento em seu poder, deve buscá-lo através de procedimento cautelar 
preparatório de exibição judicial de documento, nos termos do artigo 844, II, 
do CPC. (TJMG - 1.0079.06.290012-5/001 (1) – Relator: Paulo Bernardes - 
14/04/2009 - 
 
 
Conforme se extrai do acórdão acima citado, têm-se que não há como se 
suscitar algo que não foi provado a contento, algo que não existe nos autos e por 
conseqüência não existe no processo, na aplicação in casu como se falar em calúnia 
se não há prova nos autos, o requerente alega ter sido chamado de ladrão, porém, não 
há, frise-se não há prova de tal imputação. Necessário, melhor indispensável seria 
juntada de pelo menos o boletim de ocorrência, onde deveria constar que orequerido 
acusou sem provas o requerente. 
 
I – DOS FATOS 
 
O requerente alega em sua exordial, que foi injustamente acusado pelo 
requerido de prática delituosa, descrita no artigo 155 do Código Penal Brasileiro, 
observe-se, porém, que se trata de uma manobra ardilosa com o animus de obter para 
si vantagem manifestamente inescrupulosa. 
 
Conforme se extrai do Boletim de Ocorrência anexo (doc. 02) o requerido 
apenas valeu-se de seu direito de cidadão ao pedir a tutela jurisdicional do Estado para 
que se investigasse fato delituoso. 
Consta do Boletim de Ocorrência anexo, que o requerido ao relatar os fatos 
apenas indicou o requerente como suspeito, por este estar próximo ao local do delito 
e em hora que o delito foi cometido. 
Observe-se também que o requerente seque em ação criminal contra a 
requerido, ação esse com objetivo de prejudicar a requerente em juízo constrito de 
intimidar a requerente. 
 
II – DO DIREITO 
 
O requerente agiu revestido de Exercício regular de direito, portanto a 
responsabilidade civil neste caso deve ser afastada, vejamos: 
“a expressão direito é empregada em sentido amplo, abrangendo todas as 
espécies de direito subjetivo (penal e extrapenal). Desde que a conduta se 
enquadre no exercício regular de direito... 
(...) o código fala em exercício regular de direito, pelo que é necessário que o 
agente obedeça, rigorosamente, os requisitos traçados pelo poder público. (...) (Direito 
Penal – Damásio E. De Jesus – pág.400) 
“Muitas são as pessoas autorizadas a apresentar notícia criminis à autoridade 
competente. Em todas as hipóteses pode ser ela oferecida por meio de requerimento 
do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo (art. 5.º II, segunda parte 
§§ 4. E 5º do CPP). (Julio Fabrinni Mirabete - Processo Penal – pág.87). 
Ora meritíssimo esta mais que provado que não há responsabilidade civil a ser 
suscitada neste caso, por ter o requerido agido revestido pelo Exercício Regular de 
Direito. 
Conforme se infere no acórdão abaixo, não há responsabilidade civil neste caso: 
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E 
MATERIAIS - NOTITIA CRIMINIS E POSTERIOR AÇÃO PENAL COM SENTENÇA 
ABSOLUTÓRIA - EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO DO NOTICIANTE - 
RESPONSABILIDADE CIVIL AFASTADA - RECURSO DESPROVIDO. 
(2001.017383-2 - Des. Relator: Desª. Salete Silva Sommariva - 31/08/2004). 
RESPONSABILIDADE CIVIL - INDENIZAÇÃO - CALÚNIA - 
DESCONFIANÇA DA PRÁTICA DE FURTO - EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO - 
DANO MORAL NÃO VERIFICADO. RECURSO DESPROVIDO. (Apelação cível n. 
04.002116-0, de Laguna, Rel. Des. Dionízio Jenczak, j. Em 02.03.2004) 
 
Em princípio, o pedido feito à autoridade policial para que apure a existência ou 
autoria de um delito se traduz em legítimo exercício de direito, ainda que a pessoa 
indiciada em inquérito venha a ser inocentada. Desse modo, para que se viabilize 
pedido de reparação, fundado na abertura de inquérito policial, faz-se necessário que 
o dano moral seja comprovado, mediante demonstração cabal de que a instauraçãodo procedimento, posteriormente arquivado, se deu de forma injusta e despropositada, 
refletindo na vida pessoal do autor, acarretando-lhe, além dos aborrecimentos 
naturais, dano concreto, seja em face de suas relações profissionais e sociais, seja 
em face de suas relações familiares. 
Neste norte, acerca da responsabilidade civil pela acusação de um crime, os 
julgados mais atuais já se posicionaram em aceitar a notícia criminis e o inquérito 
policial como causa de indenização, mas somente quando o comunicante age com 
dolo ou má-fé, na intenção única de prejudicar o noticiado. Caso contrário, existindo 
fundadas suspeitas, estará simplesmente atuando no exercício regular do seu direito. 
Portanto, a verba indenizatória somente será merecida se, no corpo probante dos 
autos, restar comprovado dolo de quem requereu abertura de inquérito. Tal intento 
deve ser verificado de maneira concreta, com base nos elementos colhidos, 
averiguando se houve, ou não, uma efetiva intenção, um verdadeiro propósito de 
desmoralizar alguém com essa atitude. O que efetivamente não aconteceu neste caso. 
 
III - DO PEDIDO 
 
I – Que seja a preliminar acolhida e o feito seja julgado improcedente sem o 
julgamento do mérito; 
II – Não sendo acolhida preliminar, que seja o feito julgado totalmente 
improcedente; 
III – Que sejam ouvidas as testemunhas abaixo arroladas; 
IV- Que seja o requerente condenado ao pagamento de honorários no valor 
20% do valor da causa. 
 
Neste termo, se pede deferimento 
 
Ananindeua-PA, 24/05/2022

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