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Desenvolvimento Econômico Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Marcello de Souza Marin Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Introdução ao Desenvolvimento Econômico • Introdução; • A História do Crescimento Econômico; • Desigualdade histórica; • Modelos de Crescimento; • Politícas Econômicas; • Dados de Crescimento e de Desenvolvimento. · Trazer à tona o assunto tópico desta Matéria, que é o desenvolvi- mento econômico. Assim, dividiremos o que podemos entender por Desenvolvimento Econômico e por Crescimento Econômico. · Trazer uma perspectiva histórica do assunto e seus desdobramentos no mundo moderno e discutiremos, ainda, alguns modelos de estu- diosos para a medição do desenvolvimento econômico. OBJETIVO DE APRENDIZADO Introdução ao Desenvolvimento Econômico Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Introdução ao Desenvolvimento Econômico Introdução Para iniciarmos nosso estudo, o principal é definirmos o que é o Crescimento Econômico aqui discutido. Estudiosos definem que o crescimento é relacionado ao crescimento de modo mais amplo, enquanto a questão do Desenvolvimento Econômico é mais pontual, e é relativa somente a diferença entre nações. A questão aqui é um pouco maior, pois, em muitos casos, podemos tratar países com um ótimo crescimento per capita (PIB), mas com índices alarmantes de desenvolvimento social dentro de suas fronteiras. A questão deve levar em conta as mais diversas variáveis para que se tenha uma boa visão sobre o tema. Da mesma maneira, podemos ter o inverso, com países com PIB baixo, mas com um bem-estar social bastante elevado. Podemos constatar isso em países de economias fechadas, quando ocorre sua abertura. O nível per capita tende a não se elevar rapidamente, mas a satisfação social é latente e pode ser notada com muita ênfase. Nesta unidade, discorreremos, ainda, sobre os modelos de crescimento econô- mico conhecidos, sobre a história do crescimento econômico, as desigualdades durante a história e as políticas econômicas, entre outros importantes temas. Traremos à tona, também, a questão das duas principais dimensões do desen- volvimento econômico, o crescimento e a equidade, em que descreveremos his- toricamente como se deu o descolamento dessas dimensões. Com nosso estudo, abordaremos itens do contexto histórico econômico, como a famosa pergunta do historiador econômico David S. Landes “Por que somos tão ricos e eles tão pobres?” A frase foi proferida no encontro anual de 1989 da American Economic Association. Claro que não responderemos perguntas que nem os mais famosos e ilustres estudiosos conseguiram responder, mas a Unidade serve para que possamos abrir a nossa mente para conceitos novos, para entender esse desenvolvimento econômico e também para que possamos buscar elementos capazes de nos elevar de patamar dentro do nosso conhecimento. Vamos estudar grandes economistas e estudiosos que sempre estiveram à frente de seu tempo com suas teorias e afirmações sempre precisas, muito bem elaboradas e desenvolvidas. Vamos conhecer um mundo novo! 8 9 A História do Crescimento Econômico Para iniciarmos nossa discussão histórica do crescimento econômico, devemos nos ater a uma pergunta que vale para os dias de hoje também: a diferença per capita entre os países sempre foi dessa maneira gritante e enorme, ou ela já foi mais igualitária durante um período histórico? Por incrível que pareça, essa pergunta tem duas respostas – sim e não. Sim, durante a maioria do nosso tempo, ou durante 99% do tempo, como explicam Veloso et al. em sua obra, os povos foram mais iguais do que imaginávamos, mas eles eram igualmente miseráveis, a renda per capita mundial ao longo da História sempre foi muito baixa, vivia-se em uma pobreza generalizada e constante. Isso pode parecer extremamente estranho, ao se comparar tudo que os povos antigos deixaram de legado para nós, mas era muito claro como funcionava a Eco- nomia no início. As sociedades eram extremamente ricas para si mesmas, mas não havia excedentes que fossem comercializados e gerassem mais riquezas para os povos. Normalmente, o que era criado, era consumido e, dessa maneira, o padrão de vida da sociedade em geral não aumentava. O nivelamento por baixo, pela pobreza, começou a se alterar nos últimos 200 anos, quando sociedades, principalmente na Europa, começaram a ter poder e cres- cimento que justificavam o aumento de padrão de vida dessas pessoas; isso fez com que surgissem elites que usufruíam de grandes status e também grandes mordomias. Nós tínhamos no começo o crescimento extensivo, que se dava sobre fatores de produção (trabalho e terra), mas o crescimento não era notado, pois a população aumentava da mesma maneira, e não era possível crescer o PIB per capita. O contexto principal é que a população estava crescendo ou mais ou igual aos meios de subsistência necessários. Isso foi comum até próximo da Revolução Indus- trial e, por esse contexto, não era possível visualizar o crescimento do PIB. As únicas economias que conseguiram crescer seus valores per capita, mesmo durante essa estagnação, foram Inglaterra e Holanda, que conseguiram expandir a sua forma de produção e conseguiram crescimentos na faixa 0,15% a 0,25%. E, após a Revolução Industrial, podemos perceber um divisor de águas, pois sem o limitador energético que era visualizado anteriormente, as sociedades modernas come- çaram a crescer e a prosperar de maneira nunca antes imaginada, conseguindo cresci- mento per capita e maior conforto para a sociedade e para sua elite, principalmente. Em um contraponto enorme, o que a Economia não cresceu em 99% do tempo, ela conseguiu crescer nos últimos 200 anos, e vem crescendo cada vez mais. Dessa forma, está aumentando a renda per capita dos países desenvolvidos, e hoje, sim, podemos afirmar que há uma diferença enorme entre as Economias desenvolvidas e as em desenvolvimento. 9 UNIDADE Introdução ao Desenvolvimento Econômico Contudo isso, é correto afirmar que até o século XIX vivemos uma estagnação econômica, e que após esse período, com a Revolução Industrial, crescemos mais do que em qualquer outra época anterior.A Tabela a seguir demonstra esse crescimento em todo o mundo: Tabela 1 1820-70 1870-1913 1913-50 1950-73 1973-90 1990-2008 Europa Ocidental 0,98 1,33 0,76 4,05 1,98 1,72 Europa Oriental 0,63 1,39 0,60 3,81 0,50 2,54 Antiga URSS 0,63 1,06 1,76 3,35 -0,01 0,76 Western Offshoots* 1,41 1,81 1,56 2,45 1,92 1,66 Estados Unidos 1,34 1,82 1,61 2,45 1,96 1,66 América Latina -0,03 1,82 1,43 2,58 0,67 1,78 Brasil 0,20 0,30 1,97 3,73 1,41 1,50 Ásia -0,10 0,53 0,08 3,87 2,89 3,97 Japão 0,19 1,48 0,88 8,06 2,96 1,08 China -0,25 0,10 -0,62 2,86 4,73 7,11 Índia 0,00 0,54 -0,22 1,40 2,66 4,56 África 0,35 0,57 0,92 2,00 0,16 1,24 Mundo 0,54 1,30 0,88 2,92 1,38 2,17 *Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia Fonte – Veloso et al., 2013, p. 72. Na Tabela, é possível verificar que o crescimento se deu de maneira muito forte após o período de 1870, teve uma pequena diminuição durante as duas Grandes Guerras, e um estouro durante o período de 1950-1973. Ao longo dos anos, tivemos muitas mudanças da distribuição do PIB pelas diversas regiões do Globo Terrestre. A Ásia, que era a região mais poderosa no ano de 1870, perdeu espaço ao longo dos períodos para recuperar sua hegemonia mais tarde, em 2008, e tivemos essa gangorra de aumento e diminuição na distribuição do PIB global, como podemos ver na Tabela a seguir. Tabela 2 1820 1870 1913 1950 1973 1990 2008 Europa Ocidental 23,0% 33,0% 33,0% 26,2% 25,6% 22,2% 17,1% Europa Oriental 3,6% 4,5% 4,9% 3,5% 3,4% 2,4% 2,0% Antiga URSS 5,4% 7,5% 8,5% 9,6% 9,4% 7,3% 4,4% Western Offshoots* 1,9% 10,0% 21,3% 30,7% 25,3% 24,6% 21,5% Estados Unidos 1,8% 8,9% 18,9% 27,3% 22,1% 21,4% 18,6% América Latina 2,2% 2,5% 4,4% 7,8% 8,7% 8,3% 8,0% Brasil 0,4% 0,6% 0,7% 1,7% 2,5% 2,7% 2,5% Ásia 59,5% 38,4% 24,9% 18,6% 23,5% 31,9% 45,7% Japão 3,0% 2,3% 2,6% 3,0% 7,8% 8,6% 5,7% China 32,9% 17,1% 8,8% 4,5% 4,6% 7,8% 17,5% 10 11 1820 1870 1913 1950 1973 1990 2008 Índia 16,0% 12,1% 7,5% 4,2% 3,1% 4,1% 6,7% África 4,5% 4,1% 2,9% 3,8% 3,4% 3,3% 3,4% Mundo 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% *Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia Fonte – Veloso et al., 2013, p. 80. Esses últimos dois séculos apresentaram importantes mudanças no cenário eco- nômico mundial, mudança na distribuição de renda e na forma como cresce cada região, e isso alterou a equidade mundial. No nosso próximo item, falaremos sobre as diferenças históricas e a desigualda- de mundial. Desigualdade histórica As desigualdades de renda nos últimos séculos são enormes e gritantes, mas como se deu isso ao longo do tempo? Essa desigualdade era menor no período em que o PIB per capita era menor também. Vamos tentar elucidar isso a seguir e, para tanto, vamos conhecer 3 conceitos que os autores do livro Desenvolvimento Econômico Uma Perspectiva Brasileira trazem em sua obra: • Conceito 1: Desigualdade internacional não ponderada; nesse caso, cada país entra com uma renda per capita única; • Conceito 2: Permanece a hipótese de que todos os habitantes de determinado país recebem o equivalente à sua renda per capita; • Conceito 3: A unidade de análise não é mais os países, mas os indivíduos. Os conceitos 1 e 2 tratam de desigualdade entre nações, enquanto o conceito 3 trata da desigualdade entre os indivíduos. Com essas análises, podemos constatar que as diferenças entre países realmente variaram muito ao longo do tempo, e vêm num crescente desde 1820; já a variação per capita teve uma elevação em sua curva, e cresceu de acordo com o crescimento da renda dos países. O que podemos perceber é que, desde a Revolução Industrial, a população como um todo teve sua riqueza elevada, mas também cresceram as diferenças entre os indivíduos: um país mais rico gera indivíduos mais ricos, e com isso as diferenças globais aumentam e se evidenciam. No próximo item, vamos conhecer um pouco sobre alguns modelos econômicos de crescimento. 11 UNIDADE Introdução ao Desenvolvimento Econômico Desigualdade: renda per capita varia até 342% entre os estados brasileiros RIO – Em 2015, os brasileiros nos estados mais ricos do país ganharam até 342,4% a mais que os habitantes das regiões mais pobres. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE, esta é a diferença entre a renda domiciliar per capita no Distrito Federal, de R$ 2.252 — maior entre as 27 unidades da federação —, e a do Maranhão, de R$ 509, última colocada do ranking. Embora continue alta, a diferença é menor que a registrada no ano anterior, quando a distância entre os dois polos da tabela era de 345,7%. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, e não levam em consideração a inflação do período, nem os diferentes índices de preços de cada unidade da federação do país. Por Marcello Corrêa. Para ler o artigo na íntegra, acesse: https://goo.gl/Y4h6kW Ex pl or Modelos de Crescimento O primeiro modelo que vamos apresentar aqui é o modelo de Solow que é simples, mas inovador. A seguir, vamos detalhá-lo. Observe os resultados mais importantes da pesquisa de Solow, conforme Veloso et al. p. 41: Variáveis como taxa de poupança, crescimento populacional e deprecia- ção do estoque de capital afetam o nível da renda por habitantes no longo prazo, mas alterações em seus valores têm impacto apenas transitório sobre a taxa de crescimento. Controlando-se para características que afetam o estado estacionário, o modelo prevê convergência condicional entre os países. Convergência condicional significa crescimento mais rápido por parte dos países menos desenvolvidos, controlando-se para as variáveis que determinam seu nível de PIB per capita no longo prazo. A diferença em relação à convergência absoluta é importante: esta última diz que países menos desenvolvidos, sempre devem crescer mais rapidamente que os desenvolvidos, indepen- dentemente dos parâmetros que determinam seu estado estacionário. No longo prazo, o modelo prevê que o crescimento do PIB por habitante é igual à taxa de progresso tecnológico. Os conceitos levantados por Solow são extremamente importantes e relevan-tes quanto à questão de a poupança não aumentar perenemente; o crescimento é por conta de ela gerar maior consumo nos dias atuais, levando a menos consumo no futuro. A questão do crescimento dos países mais pobres ser maior do que a dos países mais ricos, vem ocorrendo há mais de 50 anos, e é facilmente explicada por conta de que esses países, em sua maioria, ainda estão sob o efeito do cres- cimento econômico. Os países desenvolvidos já surfaram na onda do crescimento pós Revolução Industrial, mas os países mais pobres, por serem mais atrasados, ainda estão sob esse efeito. 12 13 Os países ricos já têm a sua estabilidade muito bem postada, mas os países mais pobres ainda estão em busca de uma estabilidade. Outro modelo a ser estudado aqui é o modelo de Ramsey, que nada mais é do que o modelo de Solow mais sofisticado. Ele propõe que a taxa de poupança vem de um problema de maximização intemporal da utilidade de um agente econômico representativo. Nos dois casos, o crescimento está ligado ao crescimento total dos fatores de produtividade, que não está explicado como se dá. Por isso os dois modelos apre- sentam um defeito em comum, levantado por Veloso et al. em sua obra: “[...] nesses modelos de crescimento, o único fator relevante na explicação das taxas de crescimento de longo prazo, segundo os próprios modelos, não se insere no bojo de sua própria lógica interna.” A questão que se levanta sempre com base nesses modelos é como ter melhor entendimento desses fatores de produtividade, e muitas pesquisas vêm sendo feitas a respeito. Nos modelos de crescimento endógenos se questionam por que investir em capital físico é uma decisão ótima, mas investir em tecnologia não é. Essa questão tem mudado desde o ano de 1990, quando estudiosos levantaram esse ponto como sendo importante para o crescimento e o desenvolvimento econômico. O último modelo sobre o qual vamosfalar aqui, é o modelo AK, de Paul Romer. Nesse estudo, o autor expõe que o progresso tecnológico vem acoplado ao processo de acumulação de Capital. Apesar de ser inovador em termos da formulação da Teoria do Crescimento, o modelo ainda não trata a tecnologia como elemento primordial para o crescimento e o desenvolvimento; ele apenas propõe o assunto e traz que o principal item é a externalidade positiva. Na sequência de nossa Unidade, conheceremos um pouco mais sobre Políticas Econômicas e suas Instituições. Robert Solow – Nova Iorque, 23 de agosto de 1924 – É um economista estadunidense de pensamento neoclássico. É a principal fi gura da área de Economia do Desenvolvimento. Seu principal contributo fi cará eternamente gravado por meio do famoso Modelo de Solow- -Swan, um modelo econômico que procura responder, entre outras, a esta simples pergunta: “Por quê uns países são mais ricos que outros?”. Foi laureado com a Medalha John Bates Clark, em 1961, e com o Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, em 1987. Paul Romer – É um economista americano e pioneiro da Teoria do Crescimento Endógeno. Atualmente, é economista-chefe e vice-presidente sênior do Banco Mundial, estando de licença de seu cargo de professor de Economia na Stern School of Business, da Universidade de Nova York . Antes disso, Romer era professor de Economia na Graduate School of Business, da Universidade de Stanford e colega sênior do Centro de Desenvolvimento Internacional de Stanford, do Stanford Instituto for Economic Police Research e da Hoover Institution, bem como colega no Centro de Desenvolvimento Global. Ex pl or 13 UNIDADE Introdução ao Desenvolvimento Econômico Politícas Econômicas É muito simplista condenarmos um país ao fracasso por conta de seu passado e de suas instituições mal resolvidas. É fácil dizer que muitos países são atrasados por conta do colonialismo mal feito e da escravatura, entre outros fatores. Mas não é só isso que faz com que um país cresça ou deixe de crescer. As Po- líticas Econômicas bem elaboradas podem ajudar a resolver problemas básicos de crescimento e melhorar diversos índices. Podemos exemplificar isso utilizando dois países da América Central, Jamaica e Barbados. Os dois foram colonizados pela Inglaterra, os dois têm características geográficas parecidas, mas a Jamaica cresceu a uma taxa de 0,8% ao ano, enquanto Barbados crescia a uma taxa de 2,2% ao ano. O que fez isso foram as Políticas Macroeconômicas adotadas, em Barbados, polí- ticas de apertar os cintos e passar por crises de forma sensata, enquanto na Jamaica, atitudes populistas e muito protecionismo a estatais levaram a essa incrível diferença. O quadro a seguir evidencia algumas políticas econômicas comuns: Quadro 1 Maior abertura comercial gera maiores níveis de desenvolvimento econômico, via ganhos de escala, importação de insumos intermediários de melhor qualidade, aprendizado tecnológico etc. Inflação muito alta (acima de 20% em termos anuais) é prejudicial ao crescimento da Economia, possivelmente por gerar migração de recursos escassos para atividades defensivas destinadas à proteção contra a perda inflacionária e, também, por nublar os sinais emitidos dos preços relativos da Economia. Déficits públicos elevados por muito tempo estão negativamente associados ao crescimento do PIB, possivelmente pela instabilidade econômica associada (mudanças de taxação inesperadas, inflação alta e volátil etc.0 – se bem que tanto aqui, quanto no caso do item anterior, estudos têm maior dificuldade de estabelecer uma relação de casualidade. Desigualdade elevada está associada a crescimento subsequente mais baixo, embora o canal ligando as duas variáveis ainda não esteja bem estabelecido na pesquisa empírica. Maior desenvolvimento dos mercados de crédito causa crescimento econômico mais acelerado, possivelmente por permitir melhor diversificação e, assim, assunção maior de riscos associados à atividade de inovar, alocar eficientemente a poupança da economia e, finalmente, atenuar os impedimentos à acumulação de capital humano e físico associados à desigualdade de renda. Fonte – Veloso et al., 2013, p. 57. Em tudo que vimos acima, a Política Pública e as Políticas Econômicas são fer- ramentas primordiais para o crescimento econômico. No nosso próximo item, veremos um pouco sobre dados econômicos do cresci- mento e do desenvolvimento. Política econômica As medidas adotadas pelo Governo para controle da Economia. As relativas ao orçamento, por exemplo, afetam todas as áreas da Economia e constituem políticas de tipo macroeconômico; outras afetam exclusivamente algum setor específico, como, por exemplo, o agrícola e con- stituem políticas de tipo microeconômico. Estas últimas são dirigidas a um setor, a uma in- dústria, a um produto ou ainda a várias áreas da atividade econômica e criam a base legal em que devem operar os diferentes mercados, evitando que a competição gere injustiças sociais. Para ler o artigo na íntegra, acesse: https://goo.gl/XQuB2v Ex pl or 14 15 Dados de Crescimento e de Desenvolvimento O mundo é formado por diversas Economias; existem as Economias dos países muito ricos, que crescem lentamente, mas crescem; e temos a Economia dos países muito pobres, que mesmo crescendo mais do que a dos países ricos, ainda assim continuam pobres. Sempre que pensamos em desenvolvimento econômico, é importante levarmos em conta os ricos, os pobres e aqueles que se movimentam rapidamente entre eles, seja para cima ou para baixo. No quadro que veremos na sequência, há algumas verdade e fatos, que não podem ser negados, nem questionados. • Fato 1: Há uma grande variação na renda per capita das Economias. Os pa- íses mais pobres tem rendas per capita que são inferiores a 5% da renda per capita dos países mais ricos” (JONES, 2000, p. 3). O quadro demonstra os seguintes itens, em 1990: • PIB per capita; • PIB por trabalhador; • Taxa de Participação da mão de obra; • Taxa média anual de crescimento; • Anos necessários para duplicar o PIB. A seguir temos o quadro que demonstra como os países estavam, de 1960 até 1990: Tabela 3 PIB per capita, 1990 (em US$) PIB por trabalhador, 1990 (em US$) Taxa de participação da mão-se-obra, 1990 (%) Taxa média anual de crescimento, 1960-90 (%) Anos necessários para duplicar o PIB (%) Países “riscos” EUA 18.073 36.810 0,49 1,4 51 Alemanha Ocidental 14.331 29.488 0,49 2,5 28 Japão 14.317 22.602 0,63 5,0 14 França 13.896 30.340 0,46 2,7 26 Reino Unido 13.223 26.767 0,49 2,0 35 Países “pobres” China 1.324 2.189 0,60 2,4 29 Índia 1.262 3.230 0,39 2,0 35 Zimbabwe 1.181 2.435 0,49 0,2 281 Uganda 554 1.142 0,49 -0,2 -281 15 UNIDADE Introdução ao Desenvolvimento Econômico PIB per capita, 1990 (em US$) PIB por trabalhador, 1990 (em US$) Taxa de participação da mão-se-obra, 1990 (%) Taxa média anual de crescimento, 1960-90 (%) Anos necessários para duplicar o PIB (%) “Milagres de crescimento” Hong Kong 14.854 22.835 0,65 5,7 12 Cingapura 11.698 24.344 0,48 5,3 13 Taiwan 8.067 18.418 0,44 5,7 12 Coréia do Sul 6.665 16.003 0,42 6,0 12 “Desastres de crescimento” Venezuela 6.070 17.469 0,35 -0,5 -136 Madagascar 675 1.561 0,43 -1,3 -52 Mali 530 1.105 0,48 -1,0 -70 Chade 400 1.151 0,35 -1,7 -42 Fonte – Jones, 2000, p. 4 Interessante analisar os dados. Os EUA eram o país mais rico, sem novidades, mas tínhamos algumas “estrelas”, como Hong Kong, Cingapura, Taiwan e Coreia do Sul e, o mais interessante, tínhamos os países ditos pobres, China, Índia, Zim- bábue e Uganda. Como as coisas mudam, dependendo da Política Econômica e do país, a China hoje é um dos países ricos. A principal coluna que devemos utilizar é a coluna de renda per capita, em conjunto com a renda per capita por trabalhador. Isso posto, temos o segundo fato; • Fato 2: As taxas de crescimento econômico variam substancialmente entre um país e outro” (JONES, 2000, p. 8). Isso é vistoanalisando os casos de países emergentes naquela época, e agora também. E com isso temos os fatos 3 e 4; • Fato 3: As taxas de crescimento não são necessariamente constantes ao lon- go do tempo” (JONES, 2000, p. 9); • Fato 4: A posição relativa de um país na distribuição mundial de renda per capita não é imutável. Os países podem passar de “pobres” a “ricos” e vice- versa. (JONES, 2000, p. 10). Isso é muito comum, e estamos vendo essa realidade com a China, que até a década de 1990 era considerado um país pobre, entrou para o grupo dos BRICS e hoje é considerada uma potência. 16 17 Nesta Unidade, vimos a definição de crescimento e de desenvolvimento eco- nômico, pudemos entender um pouco mais sobre as Políticas Econômicas, tam- bém sobre Teorias e Modelos de grandes estudiosos e, por fim, verificar alguns índices e estatísticas de crescimento. Para ver uma breve explicação sobre o que é o BRICs e como se deu sua formação: https://goo.gl/pouDG4Ex pl or 17 UNIDADE Introdução ao Desenvolvimento Econômico Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Introdução A Teoria do Crescimento Econômico JONES, Charles I.; Vollrath, Dietrich. Introdução A Teoria do Crescimento Econô- mico. 3.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. Vídeos Crescimento Econômico – Uma curta história https://youtu.be/z3mXQz-xkoY Leitura Teorias de Desenvolvimento Econômico: Problemas Metodologicos https://goo.gl/QFaWxR Do Crescimento Econômico ao Desenvolvimento Sustentável: Conceitos em Evolução https://goo.gl/8tEwWn 18 19 Referências FERREIRA, P. et al. Desenvolvimento Econômico: Uma Perspectiva Brasileira. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. JONES, I, C. Introdução à teoria do crescimento econômico. Rio de Janeiro: Campus, 2000. Sites consultados <https://oglobo.globo.com/economia/desigualdade-renda-per-capita-varia-ate- 342-entre-os-estados-brasileiros-18754237>. Acesso em: 5 dez. 2017. <http://www.economiabr.net/teoria_escolas/politica_economica.html>. Acesso em: 5 dez. 2017. <https://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Solow>. Acesso em: 5 dez. 2017. <https://www.suapesquisa.com/pesquisa/bric.htm>. Acesso em: 5 dez. 2017. <https://en.wikipedia.org/wiki/Paul_Romer>. Acesso em: 12 jun. 2017. 19
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