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DIREITO PÚBLICO LUSO-BRASILEIRO
	Direito Público Luso-brasileiro diz respeito a uma ciência que estuda o direito público utilizando o método comparativo entre o ordenamento jurídico português e o brasileiro. Dessa forma, não há que se falar em uma família jurídica luso-brasileira, na medida em que o direito público português e brasileiro não reflete um conceito próprio de Direito. Adota-se, então, a terminologia “Comparação do Direito Público Luso-Brasileiro”, vez que ela permite agrupar ambos sistemas jurídicos lusófonos numa comunidade jurídica própria, que partilha idênticos valores, regras e princípios, em resultado de afinidades jurídicas e culturais existentes entre esses sistemas. 
	Mesocomparação: comparação entre famílias de Direitos (romano-germânico ou civil law, commow law).
	Macrocomparação: comparação entre ordens constitucionais consideradas na sua globalidade, mas pertencentes à mesma família de Direitos.
	Microcomparação: comparação de institutos jurídicos afins, com as suas próprias normas e princípios respectivos em ordens jurídicas diferentes (ex. comparar o controle de constitucionalidade no Brasil e em Portugal). 
MATRIZ FRANCESA:
FR, BELGA, ESP, DE PAÍSES SUL-AMERICANOS CASTELHANOS
MATRIZ GERMÂNICA:
ALEMÃO, SUÍÇO, AUSTRÍACO.
FAMÍLIA ROMANO GERMÂNICA/ CIVIL LAW
	O Direito português integra a família romano-germânica. Pois, uma: por sua matriz histórica, já que o direito romano vigorou em Portugal como direito subsidiário até o século XIX, como também influenciou significativamente o direito privado português; duas: pelo sistema de fontes de direito, em que avulta a lei como fonte primordial de direito; e três: pelo método de resolução de casos concretos, que se dá por regras gerais e abstratas. 
	O Direito Português Privado pertence à matriz germânica da civil law.
	Quanto ao Direito Público, o Direito Português sofreu influência tanto da matriz francesa, quanto da germânica. 
Desse modo, qualifica-se o direito português como um sistema híbrido, situado entre o francês e o alemão.
I. Influência de matriz francesa no Direito Público Português: 
a. Direito Constitucional: Na sua gênese, o constitucionalismo português recebeu essencialmente o modelo francês (no período liberal, recebeu, por exemplo, as ideias de garantias dos direitos do homem, da soberania nacional e da separação de poderes). Posteriormente, a CRP de 1976 sofreu influencia da Constituição francesa de 1958 quanto à(ao): dimensão universalista dos direitos fundamentais; sistema de governo semipresidencialista, com eleição direta do presidente da república por maioria absoluta; a existência de um órgão constitucional com funções de assegurar o regular funcionamento dos poderes: presidente da república; a responsabilidade política do governo perante o Parlamento; existência de limites circunstanciais de revisão constitucional. Em suma, o constitucionalismo português da CRP de 1976 se agrega à matriz francesa.
b. Direito Administrativo: Na gênese do direito administrativo português, há uma forte influencia francesa que determinou a formação de regras especiais aplicáveis à administração pública, marcando a autonomização do direito administrativo enquanto ramo jurídico dogmático do direito público. A França é o berço de inúmeros institutos de Direito Administrativo. Essa influencia francesa também determinou a existência de uma jurisdição administrativa autônoma e independente da jurisdição comum. Assim, há tribunais administrativos e ficais em Portugal, nos quais são julgadas as ações que tenham por objeto dirimir os litígios emergentes das relações administrativas e ficais. Os juízes desses tribunais formam um corpo único e estão contemplados pelo disposto na CRP quanto à independência, inamovibilidade, etc. Possuem Estatutos próprios e Conselho próprio de fiscalização.
II. Influência de matriz germânica no Direito Público Português:
(a) Direito Constitucional: A CRP de 1976 se aproxima da matriz germânica em alguns aspectos: quanto à centralidade axiológica conferida à dignidade da pessoa humana, cuja influência advém da Constituição de Bona de 1949; regime de eficácia em relação a terceiros dos direitos, e liberdades e garantias; exigência de reserva de lei para a restrição aos direitos fundamentais; consagração do princípio non bis idem; instituição de um Tribunal Constitucional dotado de poderes para fiscalização concentrada ou abstrata de constitucionalidade das normas. 
(b) Direito Administrativo: Nas últimas décadas, é visível a relevância prática do direito alemão administrativo no direito português, sobretudo em razão da codificação do Procedimento Administrativo Geral.
O Direito brasileiro, a sua vez, situa-se hoje na fronteira entre o commow law e o civil law.
Em que pese o constitucionalismo português e brasileiro estivessem, na gênese, umbilicalmente unidos, ocorrera uma cisão importante na CF de 1891, que consagrou diversos aspectos do modelo constitucional norte-americano: modelo federal do Estado; sistema de governo presidencialista; papel atribuído ao poder judiciário, com seu vértice no STF. Esse modelo se replicou, embora atenuado, para as CF posteriores. Para além disso, na época da CF 1891, o Commow Law e a Equity valiam como Direito Subsidiário nos casos submetidos aos tribunais federais brasileiros. 
Gradualmente o constitucionalismo brasileiro foi se aproximando ainda mais do norte-americano com, p.ex.: controle incidental e difuso de constitucionalidade pelos tribunais; jurisdição constitucional exercida segundo modelo de suprema corte; impeachment fundado em crimes de responsabilidade; habeas data; mandado de injunção. Há, também, na CF 1988 diversas outras influências para além da norte-americana, como: controle abstrato de constitucionalidade (austríaco), inconstitucionalidade por omissão (portuguesa), mandado de injunção (mexicano), habeas corpus (inglês). 
No âmbito do direito administrativo, o sistema brasileiro não reconheceu a jurisdição administrativa como autônoma e independente da comum, adotando, tal qual os EUA, a unidade de jurisdição. Quanto ao direito substantivo, não se filiou ao commow law, haja vista que submete as questões de direito administrativo a uma disciplina jurídica própria, em muito proveniente do regime jurídico administrativo de estilo francês (p.ex.: teoria dos atos administrativos, contratos administrativos, etc.).
Brasil e Portugal: diferenças
Há duas diferenças fundamentais: uma de ordem processual, outra de ordem administrativa. A primeira revela que, em Portugal, os tribunais administrativos gozam da mesma natureza dos tribunais judiciais, regendo-se tanto pelo direito da organização judiciária, quanto pelo direito processual administrativo, o que garante a autonomia processual administrativa. A segunda, por sua vez, revela que o direito administrativo, em Portugal, é codificado, enquanto no Brasil há a existência de uma infindável quantidade de leis esparsas sobre a matéria. Em Portugal há três códigos fundamentais que simbolizam a autonomia procedimental, substantiva e processual do direito administrativo e processual administrativo: (I) Código de Procedimento Administrativo, 1991; (II) Código de Contratos Públicos, 2008; e (III) Código de Processo nos Tribunais Administrativos, 2002. 
Brasil e Portugal: similitudes. 
Em ambos países, a fonte primordial do Direito é a lei, há que se comentar também do princípio republicano como questão convergente em ambas ordens jurídicas, tal qual o princípio da socialidade, o estímulo ao cooperativismo, fiscalização da inconstitucionalidade por omissão, etc. Com o advento do constitucionalismo democrático, as constituições dos países (1976 e 1988) apresentaram muitos traços em comum: extensão das matérias com ênfase constitucional, direitos sociais, descentralização, normas programáticas. 
	
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Laura Holz

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