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1. ESTOMATOLOGIA Durante o exame clínico do paciente José dos Santos, foram observadas lesões em região de freio labial e mucosa jugal esquerda com coloração ora eritematosa, ora amarelada, indolores e com tempo de evolução indeterminado. Não havia qualquer fator traumático local. Quando questionado sobre presença de lesões em outras localizações, o paciente negou. Entretanto, lembrou que, há cerca de 1 mês, surgira uma úlcera em região de palato dolorosa e que cicatrizou espontaneamente após 10 dias. Com isso, a dentista da UAPS pediu que o paciente usasse Nistatina por 14 dias e retornasse para reavaliação. Na sessão de reavaliação, as lesões não apresentavam qualquer alteração. Dra. Joana solicitou uma série de exames hematológicos, na qual VDRL e FTA-Abs vieram positivos, portanto, o diagnóstico é sífilis. A Sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). É transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada, por transfusão sanguínea ou ser transmitida para a criança durante a gestação ou parto (transmissão vertical). A sífilis primária é caracterizada por uma ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 e 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias e é chamada de “cancro duro”. Normalmente, ela não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha. Essa ferida desaparece sozinha, independentemente de tratamento, fica em sua fase latente, mas ainda pode transmitir para o bebê. Na fase secundária, os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial. Podem surgir manchas no corpo, erupção cutânea maculopapular difusa e indolor, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Essas lesões são ricas em bactérias. Ainda que a erupção cutânea possa resultar em cicatrizes e hiperpigmentação ou hipopigmentação nas áreas afetadas, na maioria dos pacientes ela cicatriza sem deixar marcas. Ocasionalmente, lesões papilares que podem lembrar papilomas virais surgem nesse período e são chamadas de condilomata lata. Durante essa fase, os sintomas sistêmicos em geral surgem. Os mais comuns são linfadenopatia indolor, dor de garganta, mal-estar, cefaleia, perda de peso, febre e dor musculoesquelética. As lesões desaparecem em 3 a 10 semanas, independentemente de tratamento, trazendo a falsa impressão de cura. Em algumas situações, especialmente na presença de imunocomprometimento, a sífilis secundária pode apresentar-se em uma forma explosiva e disseminada conhecida como lues maligna. Tal forma apresenta sintomas prodrômicos de febre, cefaleia e mialgia, seguidos pela formação de ulcerações necróticas, as quais comumente envolvem a face e o couro cabeludo. As lesões orais estão presentes em mais de 30% dos pacientes afetados A progressão para a sífilis terciária é de 1/3 dos pacientes infectados que não fizeram o tratamento. Ocorre um período de latência que pode durar de 1 a 30 anos. Esta fase inclui as complicações mais sérias da doença. O sistema vascular pode ser afetado significativamente pelos efeitos da arterite prévia. Pode ocorrer aneurisma da aorta ascendente, hipertrofia ventricular esquerda, regurgitação aórtica e insuficiência cardíaca congestiva. O envolvimento do sistema nervoso central (SNC) pode levar a tabes dorsalis, paralisia generalizada, psicose, demência. paresia e morte. Lesões oculares como irite, coroidoretinite e pupilas de Argyll Robertson (não respondem à luz, mas mantêm o reflexo da acomodação) podem ocorrer. Menos significativos, porém mais característicos, são os focos dispersos de inflamação granulomatosa, que podem afetar a pele, mucosa, tecidos moles, ossos e órgãos internos. Esse sítio ativo de inflamação granulomatosa, conhecido como GOMA, apresenta-se como uma lesão endurecida, nodular ou ulcerada, que pode causar extensa destruição tecidual. Lesões intraorais geralmente acometem o palato e a língua. Quando o palato é envolvido, a ulceração com frequência o perfura em direção à cavidade nasal. A língua pode ser difusamente envolvida pelas gomas e apresenta-se aumentada, lobulada e com formato irregular. Este padrão lobular é chamado de glossite intersticial e acredita-se que seja resultado da contratura da musculatura lingual após a cicatrização das gomas. A atrofia difusa e perda das papilas do dorso lingual produzem uma condição chamada de glossite luética. A sífilis congênita, é uma doença transmitida da mãe não tratada ou tratada de forma não adequada para criança durante a gestação (transmissão vertical). Por isso, é importante fazer o teste para detectar a sífilis durante o pré-natal e, quando o resultado for positivo (reagente), tratar corretamente a mulher e sua parceria sexual, para evitar a transmissão. É caracterizada pela tríade de Hutchinson: dentes de Hutchinson, ceratite ocular intersticial, surdez associada ao comprometimento do oitavo par de nervos cranianos. A infecção altera a formação dos incisivos (incisivos de Hutchinson) e dos molares (molares em amora, molares de Fournier, molares de Moon). Os incisivos de Hutchinson apresentam diâmetro mesiodistal maior no terço médio da coroa. O terço incisal afunila-se em direção à margen incisal, resultando em um dente que lembra a parte ativa de uma chave de fenda. As crianças infectadas com sífilis podem manifestar sinais dentro de 2 a 3 semanas do nascimento. O diagnóstico precoce da Sífilis é benéfico para a mãe, para o pai e, principalmente, para o bebê. Isso porque a detecção rápida e o devido tratamento podem reduzir as chances de a criança nascer prematura, com incapacidades permanentes e complicações graves ou simplesmente nascer sem vida. Estão disponíveis para a sífilis vários testes sorológicos de triagem inespecíficos e sem alta sensibilidade (não-treponêmicos). Estes testes incluem o Venereal Disease Research Laboratory (VDRL) e a reagina rápida do plasma (RPR). Após as três semanas iniciais da infecção, os testes de triagem são fortemente positivos durante todo o período das duas primeiras fases. Após o desenvolvimento da latência, a positividade em geral decresce com o tempo. Como parte de um acompanhamento pré-natal apropriado, todas as gestantes devem realizar um dos exames de triagem inespecíficos para sífilis. O Ministério da Saúde recomenda que o teste diagnóstico seja feito em pelo menos três momentos do acompanhamento gestacional: - Na primeira consulta do pré-natal (idealmente, no 1º trimestre da gestação); - No início do 3º trimestre (28ª semana); - No momento do parto ou em caso de abordo/natimorto, independentemente de exames anteriores. Testes sorológicos específicos (treponêmicos) e altamente sensíveis para a sífilis também estão disponíveis. Estes testes incluem a absorção de anticorpos treponêmicos fluorescentes (FTAABS), ensaios de hemaglutinação do T. pallidum (TPHA), ensaios de aglutinação de partículas do T. pallidum (TPPA) e ensaios de micro-hemaglutinação para anticorpos contra T. pallidum (MHA-TP). Os resultados destes testes tornam se positivos na época do desenvolvimento da lesão da sífilis primária e permanecem positivos por toda a vida. Tal positividade persistente limita seu uso para o diagnóstico de um segundo episódio da doença. Assim, nos casos de possível nova infecção, os micro-organismos devem ser demonstrados dentro dos tecidos ou exsudatos. O tratamento da sífilis é realizado com a penicilina benzatina, antibiótico que está disponível nos serviços de saúde do SUS. A dose de penicilina que deve ser utilizada vai depender do estágio clínico da sífilis. A penicilina é o tratamento de escolha para sífilis, outros antibióticos devem ser avaliados para casos específicos de acordo com a avaliação criteriosa do profissionalde saúde. Após o tratamento completo, é importante continuar o seguimento com coleta de testes não treponêmicos para ter certeza da cura. Todas as parcerias sexuais dos últimos 3 meses devem ser testadas e tratadas para quebrar a cadeia de transmissão. Quando a sífilis é detectada na gestante, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, com a penicilina benzatina. Esse é o único medicamento capaz de prevenir a transmissão vertical (passagem da sífilis da mãe para o bebê). A parceria sexual também deverá ser testada e tratada para evitar a reinfecção da gestante que foi tratada. São critérios de tratamento adequado da gestante: · Administração de penicilina benzatina. · Início do tratamento até 30 dias antes do parto. · Esquema terapêutico de acordo com o estágio clínico da sífilis. · Respeito ao intervalo recomendado das doses (a cada 7 dias, de acordo com o esquema terapêutico). Para a sífilis primária, secundária ou latente recente, uma dose única de penicilina G benzatina parenteral de ação prolongada é realizada. Para a fase de sífilis latente tardia ou para a sífilis terciária, a penicilina intramuscular é administrada três vezes, com intervalo semanal. Para o paciente com alergia comprovada à penicilina, a doxiciclina é segunda linha de tratamento. Gestantes tratadas para sífilis devem ser testadas outra vez na vigésima oitava semana e, novamente, no parto. Crianças nascidas de mães soropositivas são tratadas com penicilina IV. Os pacientes imunossuprimidos, como aqueles com AIDS, podem não responder bem ao regime antibiótico padrão, e vários relatos documentam a evolução para neurossífilis apesar do tratamento aparentemente apropriado de dose única. SANTOS, SÁ E LAMARK. Manifestações orais da sífilis: revisão sistematizada da literatura. Arch Health Invest., v.8, n.8, 2019. NEVILLE, Brad W. et al. Patologia oral e maxilofacial. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. 912 p. BRASIL. Ministério da saúde. Infecções sexualmente transmissíveis – SÍFILIS. Brasília, 2021. 1. ESTOMATOLOGIA Dur ante o exame clínico do paciente José dos Santos , foram observadas lesões em região de freio labi al e mucosa jugal esquerda com coloração ora eritematosa, ora amarelada, indolores e com tempo de evolução indeterminado. Não havia qualquer fator traumático local. Quando questionado sobre presença de lesões em outras localizações, o paciente negou. Entretanto, lembrou que, há cerca de 1 mês, surgira uma úlcera em região de palato dolorosa e que cicatrizou espontaneamente após 1 0 dias. Com isso, a dentista da UAPS pediu que o paciente usasse Nistatina por 14 dias e retornasse para reavaliação. Na sessão de reavaliação, as lesões não apresentavam qualquer alteração. Dra. Joana solicitou uma série de exames hematológicos, na qual VDRL e FT A - Abs vieram positivos , p ortanto, o diagnóstico é sífilis . A Sífili s é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária) . É transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada, por transfusão sanguínea ou ser transmitida para a criança durante a gestação ou parto ( transmissão vertical). A sífilis primária é caracter izada por uma f erida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, col o uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 e 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias e é chamada de “cancro duro”. Normalmente, ela não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas ( caroços) na virilha. Essa ferida desaparece sozinha, independentemente de tratamento , fica em sua fase latente, mas ainda pode transmitir para o b e b ê . Na fase secun dária , o s sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial. Podem surgir manchas no corpo, erupção cutânea maculopapul ar difusa e indolor, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Essas lesões são ricas em bactérias. Ainda que a erupção cutânea possa re sultar em cicatrizes e hiperpigmentação ou hipopigmentação nas áreas afetadas, na maioria dos pacientes ela cicatriza sem deixar marcas. Ocasionalmente, lesões papilares que podem lembrar papilomas virais surgem nesse período e são chamadas de cond ilomata lata. Durante essa fase , os sintomas sistêmicos em geral surgem. Os mais comuns são linfadenopatia indolor, dor de garganta, mal - estar, cefaleia, perda de peso, febre e dor musculoesquelética . As lesões desaparecem em 3 a 10 semanas, independentemente de tratamento, trazendo a falsa impressão de cur a. Em algumas situações, especialmente na presença de imunocomprometimento, a sí ? lis secundária pode apresentar - se em uma forma explosiva e disseminada conhecida como lues maligna. Tal forma apresenta sintomas prodrômicos de febre, cefaleia e mi algia, seguidos pela formação de ulcerações necróticas, as quais comumente envolvem a face e o couro cabeludo. As lesões orais estão presentes em mais de 30% dos pacientes afetados A progressão para a sífilis terciária é de 1/3 dos pacientes infectados que não fizeram o trata mento. Oco rre um período de latência que pode durar de 1 a 30 anos . Esta fase inclui as complicações mais sérias da doença. O si stema vascular pode ser afetado signi ? cativamente pelos efeitos da arterite prévia. Pode ocorrer aneurisma da aorta ascendente, hipertro ? a ventricular esquerda, regurgitação 1. ESTOMATOLOGIA Durante o exame clínico do paciente José dos Santos, foram observadas lesões em região de freio labial e mucosa jugal esquerda com coloração ora eritematosa, ora amarelada, indolores e com tempo de evolução indeterminado. Não havia qualquer fator traumático local. Quando questionado sobre presença de lesões em outras localizações, o paciente negou. Entretanto, lembrou que, há cerca de 1 mês, surgira uma úlcera em região de palato dolorosa e que cicatrizou espontaneamente após 10 dias. Com isso, a dentista da UAPS pediu que o paciente usasse Nistatina por 14 dias e retornasse para reavaliação. Na sessão de reavaliação, as lesões não apresentavam qualquer alteração. Dra. Joana solicitou uma série de exames hematológicos, na qual VDRL e FTA-Abs vieram positivos, portanto, o diagnóstico é sífilis. A Sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). É transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada, por transfusão sanguínea ou ser transmitida para a criança durante a gestação ou parto (transmissão vertical). A sífilis primária é caracterizada por uma ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 e 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias e é chamada de “cancro duro”. Normalmente, ela não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha. Essa ferida desaparece sozinha, independentemente de tratamento, fica em sua fase latente, mas ainda pode transmitir para o bebê. Na fase secundária, os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial. Podem surgir manchas no corpo, erupção cutânea maculopapular difusa e indolor, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Essas lesões são ricas em bactérias. Aindaque a erupção cutânea possa resultar em cicatrizes e hiperpigmentação ou hipopigmentação nas áreas afetadas, na maioria dos pacientes ela cicatriza sem deixar marcas. Ocasionalmente, lesões papilares que podem lembrar papilomas virais surgem nesse período e são chamadas de condilomata lata. Durante essa fase, os sintomas sistêmicos em geral surgem. Os mais comuns são linfadenopatia indolor, dor de garganta, mal-estar, cefaleia, perda de peso, febre e dor musculoesquelética. As lesões desaparecem em 3 a 10 semanas, independentemente de tratamento, trazendo a falsa impressão de cura. Em algumas situações, especialmente na presença de imunocomprometimento, a sí?lis secundária pode apresentar-se em uma forma explosiva e disseminada conhecida como lues maligna. Tal forma apresenta sintomas prodrômicos de febre, cefaleia e mialgia, seguidos pela formação de ulcerações necróticas, as quais comumente envolvem a face e o couro cabeludo. As lesões orais estão presentes em mais de 30% dos pacientes afetados A progressão para a sífilis terciária é de 1/3 dos pacientes infectados que não fizeram o tratamento. Ocorre um período de latência que pode durar de 1 a 30 anos. Esta fase inclui as complicações mais sérias da doença. O sistema vascular pode ser afetado signi?cativamente pelos efeitos da arterite prévia. Pode ocorrer aneurisma da aorta ascendente, hipertro?a ventricular esquerda, regurgitação
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