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PROCESSO PENAL - FONTES FUNÇÃO E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Desafio Você, advogado criminalista, foi contratado por Marcos Paulo, para realizar sua defesa no curso de um inquérito policial e, também, na ação penal. Seu cliente é indiciado pela prática de um roubo praticado com o uso de arma de fogo. Oferecida a denúncia por roubo majorado pelo uso de arma de fogo, você apresentou defesa preliminar, na qual solicitou a realização de perícia na arma utilizada, que encontra-se em poder da autoridade policial, para ameaçar a vítima, pedido esse que não foi atendido pelo juiz. Ao final do processo, sobreveio sentença penal condenatória com a pena de seis anos de reclusão. Ainda no prazo para o oferecimento da apelação, o juiz de primeiro grau determina a prisão do seu cliente. Diante dessa situação, quais seriam os argumentos que você utilizaria para realizar a defesa do seu cliente? Resposta Padrão: Para a defesa do cliente nesse caso, é possível utilizar os seguintes argumentos: 1. No momento em que o douto magistrado indeferiu o pedido de realização de perícia na arma utilizada para ameaçar a vítima, claro está o cerceamento de defesa, visto que essa prova é essencial para o esclarecimento da verdade, visto que ela pode comprovar se o cliente é o verdadeiro autor do fato em questão. Dessa forma, não tendo sido realizada a prova que poderia levar à resposta do questionamento a respeito da autoria do fato, foi ferido o princípio da ampla defesa, previsto no artigo, 5º, inciso LV da Constituição Federal. Também alega-se o desrespeito ao princípio da verdade real, segundo o qual o juiz deve investigar como os fatos realmente ocorreram. 2. Com relação à determinação de prisão logo após o proferimento da sentença penal condenatória, não há razão para o cumprimento e para a manutenção de tal ordenamento, visto que não existe sentença condenatória transitada em julgado, o que, de acordo com o princípio da presunção de inocência, é requisito para que o autor de um delito sofra a restrição de sua liberdade ou de seus bens, conforme o mandamento do artigo 5º, inciso LVII da Constituição Federal. É importante destacar que tal prisão não é cabível diante de qualquer entendimento jurisprudencial. Exercícios 1. São fontes do Direito Processual Penal a lei entendida de forma ampla, incluindo a Constituição Federal e os tratados internacionais, os costumes e os princípios gerais de Direito. Nesse sentido, o costume, entendido é aquele que representa: A. Regras de conduta praticadas de forma não usual, por parte da população, com a convicção de obrigatoriedade jurídica. B. Regras de conduta praticadas de modo individual, por uma pessoa que entenda ser obrigatória a aplicação. C. Regras de conduta praticadas de modo geral, constante e uniformemente, com a convicção de discricionariedade nas aplicações. D. Regras de conduta praticadas de modo geral, esporadicamente, com a convicção de obrigatoriedade jurídica. Você acertou! E.Regras de conduta praticadas de modo geral, constante e uniformemente, com a convicção de obrigatoriedade jurídica. Costume é o que se chama de praxe forense. São regras de conduta praticadas de modo geral, constante e uniformemente, com a convicção de obrigatoriedade jurídica, pois essa obrigatoriedade é exatamente o que o diferencia de um simples hábito, no qual não existe nenhuma obrigação na sua prática. 2. Existem vários princípios de Processo Penal, que tratam sobre diversos aspectos, tais como presunção de inocência, a pessoa que irá julgar a ação, a pessoa que irá acusar, a pessoa que irá defender, as provas, etc. Com relação às provas, os princípios processuais penais garantem que: A. Desde que sejam necessárias, as provas ilícitas poderão ser produzidas e aproveitadas no processo. B. A confissão do acusado tem valor absoluto e quando ocorre acaba levando à desconsideração dos demais elementos de prova. Você acertou! C. O ônus da prova cabe à acusação. Com relação às provas, os princípios processuais penais garantem que: o ônus da prova cabe à acusação; as provas ilícitas não são admitidas; a confissão do acusado não tem valor absoluto, devendo ser apreciada juntamente com as demais provas produzidas; à parte deve ser dada a possibilidade de se manifestar com relação às provas apresentadas pela outra parte; a ausência de provas da existência do delito e se sua materialidade é motivo para a absolvição do réu. D. Não deve ser dada a possibilidade da parte se manifestar com relação às provas apresentadas pela outra parte. E. A ausência de provas da existência do delito e se sua materialidade não é motivo para a absolvição do réu. 3. Um dos Princípios de Direito Processual Penal é o princípio da inexigibilidade de incriminação ou da autodefesa. Esse princípio visa delimitar o poder punitivo do Estado e informa que o réu não é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Com base nesse princípio, o acusado: A. Pode ser torturado com vistas à obtenção da confissão. Você acertou! B. Pode manter-se calado e pode não falar a verdade. De acordo com o princípio da inexigibilidade de incriminação ou autodefesa, o réu não é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Então, ele pode permanecer calado, pode não falar a verdade e não pode ser torturado para a obtenção da confissão. C. Não pode se omitir de responder ao que lhe for perguntado. D. Se falar, deverá falar a verdade. E. Mesmo que se prejudique, o acusado precisará contar a versão verdadeira dos fatos. 4. O Princípio do Juiz Natural determina que só se pode ser processado por magistrado competente, (artigo 5º, inciso LIII da Constituição Federal), proibindo, dessa forma, a criação casuística de tribunais depois da ocorrência do fato, para apreciarem um caso específico. Desse princípio, decorrem dois outros: Você acertou! A. Princípios do Promotor Natural e do Defensor Natural. Decorrem do Princípio do Juiz Natural o do Promotor Natural e o do Defensor Natural, os quais determinam, respectivamente, que o promotor e o defensor devem ser aqueles previstos na lei e não podem ser escolhidos especialmente para atuar em um processo determinado. B. Princípios do Promotor Natural e da Ampla Defesa. C. Princípios do Julgador Natural e do Acusador Natural.. D. Princípios do Acusador Natural e do Devido Processo Legal. E. Princípios do Favor Rei e da Autodefesa. 5. Com relação aos princípios do Processo Penal, quais deles garantem, respectivamente, que um cidadão não possa perder a sua liberdade sem que exista um processo de acordo com a lei, e que nesse processo haja uma sentença condenatória transitada em julgado? A. Princípios do contraditório e da ampla defesa. B. Princípios da ampla defesa e do devido processo legal. C. Princípios do contraditório e da presunção de inocência. Resposta correta. D. Princípios do devido processo legal e da presunção de inocência. A existência de um processo em que sejam respeitados todos os mandamentos constitucionais e legais, de acordo com o artigo 5º, inciso LIV é a previsão do Princípio do Devido Processo Legal. Já com relação à existência de sentença condenatória transitada em julgado, a Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso LV determina que "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória". Essa disposição traduz o princípio chamado de Presunção de Inocência. E. Princípios da autodefesa e do juiz natural.