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Aula 1 Descoberta do café e sua distribuição no mundo Profª Dsc. Roseli dos Reis Goulart Meta: Apresentar a histórica da cafeicultura desde a sua origem até a atualidade, considerando sua distribuição e sua influência no desenvolvimento do Brasil. Objetivos: Ao final da disciplina o aluno deverá ser capaz de: 1- Descrever como o café foi descoberto e sua trajetória até chegar ao Brasil. 2- Identificar os pontos negativos e positivos da chegada do café no Brasil. 3- Argumentar sobre a crise financeira ocorrida na cafeicultura no passado. Introdução à cafeicultura Caro aluno é um prazer iniciar esse módulo de Introdução à cafeicultura. Será uma longa “viagem”, mas um tanto prazerosa, pois partiremos desde a descoberta do café até os dias atuais, enfatizando sua importância e utilização. Espero que seja bastante proveitoso para você e que a nossa troca de experiência possa fazer dessa disciplina uma experiência agradável. O café, planta da família das Rubiáceas, é uma das culturas mais importantes para o nosso país e para o mundo, possui nome cuja origem não é bem definida. Rotineiramente, a palavra CAFÉ é utilizada em nosso meio, tanto para denominar a bebida em si, como a planta ou o fruto (grão) propriamente dito. Mas vale ressaltar que o correto é se referir a CAFEEIRO quando se deseja falar da planta. Dulce Rodrigues Planta da família Rubiaceae Qual a origem da palavra café? A palavra CAFÉ pode ter sido originada da palavra Kaffa, como era chamado na Abissínia, atual Etiópia, ou Karah (ou Garah), considerada pelos Árabes como se fosse um vinho, ou então da palavra kahwah (ou cahue), simbolizando força. A palavra café pode ainda ter originado de koveh ou kaveh, também considerado como vinho para os turcos. Independente de qual seja a origem do nome café, o importante é que o café se espalhou por todo o mundo e hoje é uma das principais bebidas consumidas por todos. Conhecendo a origem do café Quando o café foi descoberto, diversas lendas foram contadas, a mais comentada diz que nos anos 800, um pastor, chamado Kaldi, cuidava de suas cabras nas regiões montanhosas da Abissínia (atual Etiópia) quando de repente observou que suas cabras estavam alegres e saltitantes após terem se alimentado de folhas e frutos de um determinado arbusto, na verdade era uma planta de café. As cabras eram capazes de caminhar quilômetros em locais de subida sem demonstrar cansaço. “Abissínia: Região montanhosa da África, atualmente chamada de Etiópia, considerada como o centro de origem do café.” Fonte: https://www.ourodekaffa.com.br/lenda-de-kaldi Imagine você a empolgação destas cabras após comerem frutos de café. www.sxc.hu O que levou as cabras a mudarem de comportamento? Você tem idéia? https://www.ourodekaffa.com.br/lenda-de-kaldi http://www.sxc.hu/browse.phtml?f=download&id=182714 Não sei o que passou pela sua cabeça, mas acredito que você deva ter pensado no efeito estimulante da cafeína presente no café. Na verdade está relacionado com a cafeína mesmo. Para saber mais sobre e o efeito da cafeína no nosso corpo, leia o material complementar anexado. Voltando a história do pastor, ele ficou curioso diante do comportamento das cabras e resolveu também experimentar frutos de café, percebendo mais tarde que a sua disposição para o trabalho aumentou bastante. A partir daí começou a mascar frutos de café todos os dias, principalmente para resistir ao sono durante as noites de oração. www.colegiosaofrancisco.com.br Passado esse episódio, esse arbusto passou a ser explorado dia a dia, nas mais diferentes regiões, em algumas delas com ótima aceitação em outras nem tanto. O conhecimento do efeito do fruto de café se espalhou pelo norte da África até chegar ao mundo árabe. Fonte: Google maps Na verdade, os árabes foram os primeiros povos a fazerem uso do café, por volta do ano de 1440. No início, eles utilizavam os frutos na forma de pasta, com a intenção de ficarem mais fortes e dispertar o sono nos momentos de oração. Nessa mesma época, a religião muçulmana proibia bebidas alcoólicas, fato esse que ajudou bastante a aumentar o consumo do café. Curiosidade Apesar do café não ser originário da Arábia, porque uma das principais espécies de café cultivada nos dias atuais é chamada de Coffea arabica? Porque, além dos Árabes terem sido os primeiros povos a cultivarem e a consumirem o café, eles consideravam a bebida como “o vinho das arábias” O famoso efeito dos frutos de café foi se disseminando até que chegou aos mosteiros, onde os monges o tomavam como chá, através da infusão das folhas e frutos de café. Fonte: ABIC Certo dia, um fato interessante aconteceu, um monge pegou um ramo de café, composto por folhas e frutos, colocou próximo ao fogo com a intenção Você pode estar pensando, jeito esquisito de tomar café: Mascar frutos, tomar infusão de folhas e frutos. Mas afinal, quando o café passou a ser consumido na forma que tomamos hoje ou algo parecido? Prossiga a leitura do texto de secá-los para que depois pudesse armazená-lo nos períodos de chuva, porém, o monge se distraiu até que, de repente, sentiu um cheiro bastante agradável que exalava dos grãos torrados pelo fogo. Os monges, curiosos com o ocorrido, retiraram esses grãos torrados, trituraram até que se formasse um pó, depois o utilizaram para o preparo da bebida. Foi a partir desse fato que surgiu essa forma de tomar café, como ocorre até os dias de hoje. Rapidamente a bebida foi difundida no mundo árabe, passando a fazer parte do dia-a-dia das pessoas. Fonte: ABIC Primeiros cultivos de café Os primeiros cultivos de café comercial se iniciaram nos séculos XIV e XV na região do Iêmem, país árabe, onde o fruto era consumido in natura. Lá os doutores da época receitavam o café para combater problemas de digestão, alegrar o espírito e ainda afastar o sono. No século XVI o café já havia atingido a região de Estambul, maior cidade da Turquia. Depois o café chegou ao Cairo, capital do Egito, tornando- se o maior mercado de distribuição do produto. Fonte: Google maps Fonte: ABIC Ambição dos árabes Até o século XVII, só os árabes produziam café, povos Alemães, Italianos e Franceses procuravam a qualquer custo uma forma de cultivar café em suas colônias. Até o século XVII somente os árabes produziam café. Alemães, Franceses e Italianos buscavam desesperadamente uma forma de desenvolver o plantio em suas colônias. Mas foram os Holandeses os primeiros a conseguirem as primeiras mudas de café, os quais passaram a cultivá-la nas estufas do jardim botânico de Amsterdã. Os árabes queriam manter o monopólio da produção de café somente no seu poder. Na época, o café era um produto guardado a sete chaves. Sabe o que eles faziam para impedir que outras regiões viessem a produzir o grão? Ferviam os frutos antes de exportá-los para que os grãos não germinassem em outras terras. Isso demonstra o quanto era grande a ambição das pessoas pelo café. Este fato fez com que a bebida se tornasse uma das mais consumidas pelos europeus. A partir dessas plantas iniciaram-se experimentos em Java,o que encorajou outros países a fazerem o mesmo. Enquanto na Europa, muitos se maravilhavam com o efeito decorativo da planta de café, os holandeses aumentavam suas áreas de plantio em Sumatra. Já pensou em presentear alguém com uma muda de café? Quem não gostaria de ter essas maravilhas no jardim de casa? Ou quem sabe decorar a cozinha da sua casa com uma planta de café? www.revistacafeicultura.com.br www.panoramio.com Os franceses, por sua vez, ao receberem mudas de café como presente, utilizavam-nas para fazer testes nas Ilhas Sandwich e Bourbon. A experiência dos Holandeses e Franceses fizeram com que o cultivo de café se espalhasse para outras colônias européias, e de lá para países africanos. www.iac.sp.gov.br http://www.revistacafeicultura.com.br/ http://www.panoramio.com/photos/original/6250589.jpg Apesar do grande destaque do café na Europa, no início a bebida sofreu certa recusa. A princípio o café era usado como remédio para vários males, mas conforme o café começou a ser consumido como bebida, muitos mitos foram criados devido aos efeitos que provocava nas pessoas. Na Inglaterra as mulheres julgavam que o café deixava seus maridos inférteis e inúteis. Esse preconceito tomou tal dimensão que elas lançaram na Europa um panfleto dizendo mal sobre o café, taxando a bebida como: “Água suja, nauseante, amarga e escura”. A repulsa pela bebida foi tão grande que chegou ao ponto do consumo do café ser proibido pelos cristãos. Na Itália, os cristãos fanáticos consideravam a bebida como uma invenção de satanás e queriam que o Papa Clemente VIII a condenasse. Já ouviu aquele ditado popular “o feitiço virou contra o feiticeiro” Foi exatamente o que aconteceu, pois o Papa ao degustar a bebida declarou: Mas espera aí, o café foi sempre aceito com esta facilidade toda? http://www.sxc.hu/browse.phtml?f=download&id=1152762 “Esta bebida é tão deliciosa que seria um pecado deixá-la somente para os infiéis”. E se não bastasse isso, o papa abençoou a bebida e disse: “Vençamos satanás, dando-lhe nossa bênção e tornando-a verdadeiramente cristã” Depois dessa bênção, o café se proliferou por Gênova e Veneza e no final do século XVII já se encontrava por todo o país. Embora o café tenha sofrido certa rejeição por parte de algumas pessoas, hoje é uma das bebidas mais consumidas no mundo e tornou-se uma bebida universal de ricos e pobres, sem distinção de raça, religião ou cultura. Você imaginava que uma bebida tão agradável e amplamente consumida tivesse passado por tantos entraves no passado? Acredito que não. Vejamos como foi a chegada do café no Brasil Fonte: Jornal do café Chegada do café no Brasil Fonte: http://fotosfatoseafins.blogspot.com/2008_08_01_archive.html Para pensar..... Quanto tempo o café levou para chegar às terras brasileiras? Já parou para pensar ??? Somente cerca de nove séculos após a sua descoberta o café chegou às terras brasileiras, no ano de 1727. Você viu que após a descoberta do café na Etiópia, o grão se espalhou rapidamente para outros países. Mas agora eu te pergunto: http://fotosfatoseafins.blogspot.com/2008_08_01_archive.html O café chegou ao Suriname através dos holandeses, depois em São Domingos, Cuba, Porto Rico e nas Guianas. E foi a partir das Guianas que o café foi introduzido no Brasil. Fonte: Google maps Como o café chegou ao Brasil? A rota do café no Brasil iniciou-se no estado do Pará, quando o sargento- mor Francisco de Melo Palheta foi ao país da Guiana Francesa, com o pretexto de resolver assuntos relacionados à fronteira e trouxe uma muda de café. Teixeira, 2008. Pensa que foi fácil? Essa foi uma tarefa bastante difícil, uma vez que, lá eles não permitiam o acesso de estrangeiros nos locais onde as mudas ficavam. Ora, mas como Palheta conseguiu pegar as mudas de café então? Pois é, o sargento foi esperto, aproximou-se da esposa do governador de Caiena, capital da Guiana Francesa, conquistando sua confiança. E ela o presenteou com uma pequena porção de sementes de café arábica, a qual foi trazida clandestinamente ao Brasil escondida em suas bagagens. O café plantado inicialmente em Belém do Pará adaptou-se ao solo desta região, mesmo o clima não sendo tão favorável a cultura. Em 1731, o café já era plantado em extensas áreas próximas a capital. No ano seguinte, cria-se em Nova Iork, a Bolsa de valores de café, a partir disso o café passa a ser comercializado como COMMODITY. O que é uma commodity? “O termo commodity provém da língua inglesa, e quer dizer mercadoria. Se refere a produtos de base, como matéria prima bruta ou produto com pequeno grau de industrialização produzido em grandes quantidades ”. Rota do café no Brasil http://www.acbb.com.br/img/historia-cafe-2.jpg O café, após sua chegada no norte do Brasil, partiu para o nordeste, passando pelo Maranhão, Ceará, Pernambuco e Bahia, até chegar ao Rio de Janeiro, em 1773. No final do século XVIII, o Brasil aumentou significativamente a produção de café. Um ponto que contribuiu positivamente para a expansão da cafeicultura do Brasil foi a crise que ocorreu no Haiti, principal país exportador mundial de café naquela época. No primeiro embarque, em 1779, foram exportadas 79 arrobas. Já em 1806, houve um aumento significativo nas exportações, atingindo 80 mil arrobas. No começo as grandes plantações de café se firmaram no Rio de Janeiro, onde as matas da Tijuca deram lugar aos cafezais, depois o café seguiu para Angra dos Reis, Parati, até que chegou a São Paulo por Ubatuba. Em muito pouco tempo o vale do Paraíba se transformou na grande região produtora de café do Brasil, uma vez que, essa região oferecia altitude e clima excelente para o seu cultivo. Quando o café atingiu a província de São Paulo e a região fronteira de Minas Gerais, o Porto do Rio de Janeiro era o centro financeiro que escoava a produção de café. Nestas regiões o café era cultivado em locais muito declivosos e sem o mínimo cuidado com a conservação do solo, o que levou a um intenso processo erosivo. Com as terras esgotadas, a cultura do cafeeiro migrou para o oeste de São Paulo, centralizando-se na região de campinas, se estendendo até Ribeirão Preto. A região de Campinas tornou-se o grande pólo de produção de café. As plantações cobriam extensas áreas a perder de vista, era como se fosse um “mar de café”. Nessa região o esgotamento do solo era menor, pois a região era plana. Para favorecer o escoamento da produção, uma boa rede de estradas rodoviárias e ferroviárias foi construída. A partir deste novo pólo, toda a produção do oeste paulista era levada para São Paulo e depois exportada através do porto de Santos. Revista cafeicultura O café do Brasil foi ganhando tanto destaque no mercado internacional, que em 1830 tornou-se o principal produto de exportação, superando o algodão e o açúcar. Os primeiros cafezais plantados no Brasil eram descendentes de uma única espécie, “Coffea arabica”. Aos poucos, as cultivares de café de São Paulo, assim como a de outras regiões do Brasil, foram se diversificando. Em 1852 chegou ao Brasil, sementes de café do cultivar Bourbon vermelho (C. arabica cv. Bourbon Vermelho), com boas referências de produtividade e qualidade. Em seguida chegou a cultivar Sumatra, rústica, de boa bebida, porém, sua produtividade nãoera muito animadora. Conforme a cafeicultura foi expandindo algumas variedades de café foram surgindo, como resultado de mutações que ocorriam naturalmente, outras surgiram a partir de cruzamentos espontâneos entre as cultivares. Foi assim que, em 1871, surgiu na cidade de Botucatu - São Paulo, pela primeira vez, cafeeiro com frutos amarelos. www.iac.sp.gov.br O café e as mudanças no Brasil Após a independência, o café teve papel importantíssimo no desenvolvimento e na modernização do Brasil, já que, para escoar a produção do café foram construídas estradas de ferro, substituindo o transporte animal, possibilitando a comercialização de outras mercadorias entre as regiões. Houve a abertura de novos portos, assim como também o aumento do número de bancos, acelerando o comércio. www.sxc.hu O café atraiu grandes quantidades de imigrantes para o Brasil, promoveu a expansão da classe média, diversificou investimentos e até mesmo intensificou os movimentos culturais. A cultura do café invadiu vales e montanhas, favorecendo o aparecimento de algumas cidades, provocou a dinamização de importantes centros urbanos por todo o interior do Estado de São Paulo, Sul de Minas Gerais e Norte do Paraná. http://www.sxc.hu/browse.phtml?f=download&id=1104040 http://www.sxc.hu/browse.phtml?f=download&id=1104040 http://www.sxc.hu/browse.phtml?f=download&id=800539 http://www.sxc.hu/browse.phtml?f=download&id=800539 O café no século XVIII e XIX No período entre 1840 – 1889, o império brasileiro ficou conhecido como O IMPÉRIO DO CAFÉ, já que o governo D. Pedro II atendia de forma marcante aos interesses dos grandes produtores de café do Vale do Paraíba. Durante muito tempo as fazendas de café concentraram toda a riqueza brasileira. Quem dera nos dias atuais nossos cafeicultores tivessem tal prestígio. Fonte: ABIC O café era plantado como monocultura em grandes propriedades, todo o serviço nas lavouras era feito por trabalhadores escravos, mais tarde estes começaram a ser substituídos por trabalhadores assalariados. http://br.geocities.com/fcpedro/vidaesc.html Para aumentar a produção de café no estado de São Paulo, administradores de fazendas começaram a estimular a imigração de europeus, principalmente Italianos, fornecendo auxílio formal desde o seu domicílio na Europa até as fazendas de café no Brasil. Isso fez com que o estado de São Paulo se desenvolvesse rápido, pois eles começaram a explorar áreas que antes não eram exploradas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Imigra%C3%A7%C3%A3o_italiana_no_Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/Imigra%C3%A7%C3%A3o_italiana_no_Brasil A novela TERRA NOSTRA exibida pela TV globo anos atrás retratou a imigração italiana para trabalhar nas lavouras cafeeiras do Brasil . Revista: Enfoque http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/36/Italiani.JPG A mão-de-obra dessa imigração impulsionou a cultura do café no Brasil. Durante muito tempo, quase toda a riqueza do país se concentrava na agricultura cafeeira. O Brasil respondia por 70% da produção mundial, dessa forma, era quem ditava as regras do mercado. O café teve papel importante não só na economia do país como também em questões sociais e políticas. Os grandes fazendeiros produtores de café enriqueceram e ficaram tão famosos que ficaram conhecidos como os BARÕES DO CAFÉ, considerados como elite social e política da época. http://www.brasilescola.com/historiab/republica-oligarquica-revoltas-populares.htm A riqueza proporcionada pelo café era evidenciada nas grandes mansões dos fazendeiros. As fazendas de café ficavam muito famosas, pois a arquitetura típica e os equipamentos utilizados chamavam muita atenção. Essas casas eram enormes, com infraestrutura composta por tanques, utilizados na lavagem de café, terreiros de secagem, máquinas de beneficiamento, senzalas onde ficavam os escravos. O café do Brasil ficou tão famoso em todo o mundo que ficou conhecido como CAFÉ TIPO SANTOS, devido sua qualidade e devido ao Porto de Santos ser um dos principais a exportar o café. Impasse na cafeicultura Brasileira www.sxc.hu Em 1929, a crise financeira mundial levou a quebra da bolsa de Nova York, desestabilizando completamente a economia cafeeira. Nesta época, o preço do café caiu muito, então na tentativa de conter a queda do preço do café e controlar o excedente, no governo de Vargas, milhões de sacas de café foram queimadas, assim como milhões de pés de café foram erradicados. “Parece tudo perfeito não é? Riqueza, desenvolvimento, café famoso, mansões, etc, etc, etc. Prossiga o texto e verá o que acontece” Foto: Revista cafeicultura Passados dois anos da quebra da bolsa, ainda era possível sentir seus efeitos em todo o mundo e no Brasil. No mês de junho de 1931, uma enorme nuvem de fumaça cobria a cidade de Santos no litoral de São Paulo, esta fumaça vinha de uma gigantesca fogueira montada nas festas juninas, a qual permaneceria até o final do ano. O cheiro da fumaça liberada do café torrado era tão forte que atravessava as fronteiras dos municípios. Apenas a encosta da Serra do mar era capaz de contê-la. A economia encontrava-se muito abatida, pois as exportações que atingiram US$ 445 milhões em 1929, caíram para US$ 180 milhões em 1930. O café que era vendido por 200 mil réis em agosto de 1929 passou a ser cotado a 21mil réis em janeiro de 1930. No interior de São Paulo e no Paraná, os próprios fazendeiros resolveram seguir o modelo de Vargas queimando seus cafés. Toda a cadeia do café foi afetada pela crise, fazendeiros, comerciantes, banqueiros e trabalhadores rurais (em sua maioria imigrantes). Em consequência da crise, o desemprego no campo foi acelerado, fazendo com que muitas pessoas migrassem da zona rural para a cidade, principalmente para a cidade de São Paulo. A situação ficou crítica, pois o capital externo que era investido no país foi interrompido. Sem esse dinheiro, o déficit cambial agravou ainda mais, a moeda nacional se desvalorizou, as exportações diminuíram e a inflação aumentou. Enfim, um caos total. O governo Vargas, na tentativa de amenizar esta crise, aumentou a compra do excesso de café durante quase toda a década de 30. Nem mesmo a queima do excedente de café foi capaz de amenizar a crise. Historiadores acreditam que a crise de 1930 não foi fruto só da quebra da bolsa, mas também do tipo de política adotada durante a expansão da cultura do café no Brasil. O setor já vinha passando por certa dificuldade há algum tempo, pois o aumento das áreas de produção levou a um excesso de produção, em consequência disso os preços do café já vinham sofrendo queda. A atitude do governo em comprar o excedente do café era bastante criticada por seguidores da política liberal, para eles isso resolveria o problema apenas a curto prazo, mas não a longo prazo. Se não bastasse tudo isso, crescia a concorrência internacional, principalmente da Colômbia. Países como a França, Estados Unidos, Itália, Holanda e Alemanha, que eram os principais compradores da produção brasileira (cerca de 80%), começaram a diversificar seus fornecedores, alegando que o café brasileiro tinha mistura de impurezas e era café de baixa qualidade. Dessa forma, conclui-se que a crise internacional foi apenas o golpe final para que uma agricultura centrada na monocultura do café entrasse em colapso. O governo não tinha outra saída a não ser enfrentar a crise. A primeira estratégia foi substituir as importações pelo investimento na indústria local. Embora a cafeicultura estivesseem decadência, gerou recursos suficientes para impulsionar a industrialização, favorecendo a formação de um mercado interno. Assim, a indústria brasileira conseguiu crescer rapidamente. Até mesmo os cafeicultores, após atravessar a crise, passaram a investir no setor industrial. Vargas começou a investir em empresas estatais. Uma delas foi a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), privatizada em 1993, e a Companhia Vale do Rio Doce, privatizada em 1997. No seu segundo mandato criou a Petrobrás. A política econômica criada por Vargas criou raízes profundas no Brasil, mesmo durante o governo militar esta política foi mantida. Hoje, percebe-se que as medidas tomadas por Vargas favoreceram o desenvolvimento de um parque industrial considerável no Brasil. Depois de um longo período de crise a cafeicultura se reorganizou e, produtores, a indústria e os exportadores passaram a ter esperanças novamente no café. As exportações brasileiras de café voltaram a ter sua posição de destaque. O café na atualidade Hoje nosso parque cafeeiro encontra-se numa posição bastante privilegiada. O Brasil é considerado o maior produtor mundial de café, responsável por cerca de 30% do mercado internacional. O Brasil além de maior produtor é também o segundo maior consumidor de café do mundo, perde apenas para os Estados Unidos. As áreas de cultivo de café estão localizadas no centro sul do país, onde quatro estados se destacam entre os demais: Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Paraná. No nordeste brasileiro se destaca o estado da Bahia, e no norte o estado de Rondônia. Mas vale ressaltar que as espécies de café arábica e café robusta se distribuem de forma diferenciada nestas regiões, pois dependem das condições climáticas locais e altitude. O café arábica se concentra nos estados: Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Bahia e parte do Espírito Santo. E o café robusta: É cultivado principalmente no Espírito Santo e no estado de Rondônia. O Paraná já possuiu um grande parque cafeeiro, cerca de 1,8 milhões de hectares. Hoje, possui apenas 156 mil hectares, envolvendo 210 municípios no estado. Na Bahia, o café se instalou desde 1970 e teve uma participação muito grande no desenvolvimento econômico de certos municípios. Das regiões produtoras, a região de cerrado no oeste baiano se destaca pelo emprego de irrigação de alta tecnologia, o que tem contribuído para a expansão da cafeicultura para áreas não tradicionais e tem mantido o estado como o quinto maior produtor de café. Sendo 76% de café arábica (95% da variedade catuaí) e 24% de café robusta. http://www.revistacafeicultura.com.br/index.php?tipo=edi&numedi=11&subedi=29 O Espírito Santo é referência na produção de café robusta no Brasil. A variedade representa 73% do parque cafeeiro do estado e 64,8% da produção brasileira. O estado é responsável pela posição do Brasil como o segundo maior produtor mundial de café Conillon. O estado de Rondônia apesar de estar em sexto lugar na produção de café no Brasil, ocupa a posição de segundo maior produtor de café Robusta, com uma produção de 2,1 milhões de sacas da variedade Conilon. Na aula seguinte estudaremos com detalhes o aspecto econômico da cafeicultura mundial e brasileira. Não perca e até lá. Bibliografia Consultada: http://pt.wikipedia.org/wiki/Commodity Acesso no dia 10/05/09 http://www.cicbr.org.br/cafe-historia.php Acesso no dia 21/03/09 http://www.abic.com.br/scafe_historia.html Acesso no dia 20/03/09 http://www.revistacafeicultura.com.br/index.php?tipo=edi&numedi=11&subedi=29 http://pt.wikipedia.org/wiki/Commodity http://www.cicbr.org.br/cafe-historia.php http://www.abic.com.br/scafe_historia.html http://www.abic.com.br/estat_exporta_ppaises.html Acesso no dia 20/03/2009 http://www.revistacafeicultura.com.br/index.php?tipo=ler&mat=18840 Acesso no dia 9/03/2009 https://www.google.com/maps/search/guiana+ao+brasil/@-15.1336693,- 67.333612,6.38z Acesso no dia 30/03/2020 http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/reportagens/931- francisco-palheta-e-o-cafezinho-do-brasil Acesso no dia 30/03/2020 http://professormarcianodantas.blogspot.com/2014/06/a-regiao-do-vale-do- paraiba.html Acesso no dia 30/03/2020 http://www.abic.com.br/estat_exporta_ppaises.html http://www.revistacafeicultura.com.br/index.php?tipo=ler&mat=18840 https://www.google.com/maps/search/guiana+ao+brasil/@-15.1336693,-67.333612,6.38z https://www.google.com/maps/search/guiana+ao+brasil/@-15.1336693,-67.333612,6.38z http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/reportagens/931-francisco-palheta-e-o-cafezinho-do-brasil http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/reportagens/931-francisco-palheta-e-o-cafezinho-do-brasil http://professormarcianodantas.blogspot.com/2014/06/a-regiao-do-vale-do-paraiba.html http://professormarcianodantas.blogspot.com/2014/06/a-regiao-do-vale-do-paraiba.html
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