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Montes Claros/MG - 2014
Admilson Eustáquio Prates
Harlen Cardoso Divino
Shirlene dos Passos Vieira Santos
Cosmovisão das 
religiões Africanas e 
Orientais
2014
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão processados na forma da lei.
EDITORA UNIMONTES
Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro
s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)
Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089
Correio eletrônico: editora@unimontes.br - Telefone: (38) 3229-8214
Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes
Ficha Catalográfica:
Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES
REITOR
João dos Reis Canela
VICE-REITORA
Maria Ivete Soares de Almeida
DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES
Humberto Velloso Reis
EDITORA UNIMONTES
Conselho Editorial
Prof. Silvio Guimarães – Medicina. Unimontes.
Prof. Hercílio Mertelli – Odontologia. Unimontes.
Prof. Humberto Guido – Filosofia. UFU.
Profª Maria Geralda Almeida. UFG.
Prof. Luis Jobim – UERJ.
Prof. Manuel Sarmento – Minho – Portugal.
Prof. Fernando Verdú Pascoal. Valencia – Espanha.
Prof. Antônio Alvimar Souza - Unimontes.
Prof. Fernando Lolas Stepke. – Univ. Chile.
Prof. José Geraldo de Freitas Drumond – Unimontes.
Profª Rita de Cássia Silva Dionísio. Letras – Unimontes.
Profª Maisa Tavares de Souza Leite. Enfermagem – Unimontes.
Profª Siomara A. Silva – Educação Física. UFOP.
CONSELHO EDITORIAL
Ana Cristina Santos Peixoto
Ângela Cristina Borges
Betânia Maria Araújo Passos
Carmen Alberta Katayama de Gasperazzo
César Henrique de Queiroz Porto
Cláudia Regina Santos de Almeida
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Jânio Marques Dias
Luciana Mendes Oliveira
Maria Ângela Lopes Dumont Macedo
Maria Aparecida Pereira Queiroz
Maria Nadurce da Silva
Mariléia de Souza
Priscila Caires Santana Afonso
Zilmar Santos Cardoso
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Carla Roselma
Waneuza Soares Eulálio
REVISÃO TÉCNICA
Karen Torres C. Lafetá de Almeida 
Viviane Margareth Chaves Pereira Reis
DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Andréia Santos Dias
Camilla Maria Silva Rodrigues
Fernando Guilherme Veloso Queiroz
Magda Lima de Oliveira
Sanzio Mendonça Henriiques
Wendell Brito Mineiro
Zilmar Santos Cardoso
ISBN - 978-85-7739-534-7
Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/
Unimontes
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Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/Unimontes
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Chefe do Departamento de Estágios e Práticas Escolares
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Chefe do Departamento de Métodos e Técnicas Educacionais
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Chefe do Departamento de Política e Ciências Sociais/Unimontes
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Presidente Geral da CAPES
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Vice-Governador do Estado de Minas Gerais
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Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
narcio rodrigues da Silveira
Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes
João dos reis Canela
Vice-Reitora da Universidade Estadual de Montes Claros - 
Unimontes
Maria ivete Soares de Almeida
Pró-Reitor de Ensino/Unimontes
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Diretor do Centro de Educação a Distância/Unimontes
Jânio Marques Dias
Coordenadora da UAB/Unimontes
Maria Ângela lopes Dumont Macedo
Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes
Betânia Maria Araújo Passos
Autores
Admilson Eustaquio Prates
Doutorando em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – 
PUC/SP. Mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP. Especialista em Filosofia e Existência 
pela Universidade Católica de Brasília – UCB. Especialista em Bioética pela Universidade 
Federal de Lavras. Graduado em Filosofia pela Universidade Estadual de Montes Claros – 
Unimontes. Professor no departamento de Filosofia da Universidade Estadual de Montes 
Claros – Unimontes. Coordenador do Grupo de Extensão Filosofia na Sala de Aula – Pró-
reitoria de Extensão/Unimontes. Autor dos seguintes livros: “Sala de Espelhos: inquietações 
filosófica” - Editora Unimontes e “Exu a esfera metamórfica” - Editora Unimontes. 
Organizador dos seguintes livros: “O fazer Filosófico” - Editora Unimontes; “Filosofia: 
educação infantil ao ensino médio. Temas e estratégias desenvolvidas em sala de aula” - 
Editora Unimontes.
Harlen Cardoso Divino 
Graduado em Ciências da Religião pela Universidade Estadual de Montes Claros 
- Unimontes. Pós-Graduando em Didática e Metodologia do Ensino Superior pela 
Unimontes. Aperfeiçoamento em Tutoria de Educação a Distância - EaD. Atualmente 
Docente Formador (UAB - Unimontes). Cursando o Aperfeiçoamento em Educação 
Científica pelo CAED/UFMG e Centro Pedagógico da Escola de Educação Básica e 
Profissional - CP/UFMG. 
Ex-Bolsista (FNDE) do Programa de Educação Tutorial em Ciências da Religião - PETCRE/
Unimontes [Capacitado como Professor Pesquisador, tendo experiência de atuação nas 
temáticas de: Religião, Religiosidade, Religiões de matriz Afro-brasileira e Oriental, Ação 
Social das Instituições Religiosas, Vida Humana, Cinema comentado, Produção audiovisual 
e de materiais didáticos]. 
Shirlene dos Passos Vieira Santos
Mestre em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-PUC/SP. 
Especialista em Ciências das Religiões: Metodologia e Filosofia do Ensino pela Faculdades 
Integradas de Jacarepaguá- FIJ em Rio de Janeiro - RJ. Graduada em Ciências da Religião 
pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. Graduada em História 
pelas Faculdades Integradas do Norte de Minas em Montes Claros - MG. Professora da 
Universidade Estadual de Montes Claros no Departamento de Filosofia, Curso de Ciências 
da Religião. Professora da Secretaria Municipal de Educação - Disciplina: Ensino Religioso. 
Coordenadora do PIBID Interdisciplinar do Sub Projeto: Educar para a complexidade: 
formação de habilidades cognitivas e sociais.
Sumário
Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9
Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
Cosmovisão das Religiões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.2 Exploração conceitual: cosmovisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
1.3 Exploração conceitual: religião . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
1.4 Exploração conceitual: cosmovisão das religiões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
Unidade2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
Religiões primitivas ou tribais e religiões africanas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
2.2 Religiões primitivas ou tribais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
2.3 O desenvolvimento das religiões primitivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
2.4 Sistema simbólico e ritos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
2.5 O pensamento reflexivo nas religiões tribais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
2.6 O mito e a mística nas religiões tribais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
2.7 A tradição oral do conhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.8 Religiões tradicionais africanas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25
Religiões orientais: Hinduísmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2 O Hinduísmo e sua localização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.3 Evolução do Hinduísmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26
3.4 Práticas espirituais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27
3.5 Deuses e lugares sagrados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
3.6 Símbolo sagrado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
3.7 Os textos sagrados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
3.8 As crenças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
Budismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
4.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
4.2 Budismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31
4.3 Antropologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42
Unidade 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
Confucionismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
5.2 Confucionismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45
5.3 História . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
5.4 Sistema simbólico e ritos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47
5.5 Pensamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
5.6 Mística. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49
5.7 Antropologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51
Unidade 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53
Taoísmo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53
6.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53
6.2 Taoísmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53
6.3 História . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
6.4 Sistema simbólico e ritos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
6.5 Pensamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
6.6 Mística. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59
6.7 Antropologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .63
Referências básicas e complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .65
Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .67
9
Ciências da Religião - Cosmovisão das Religiões Africanas e Orientais
Apresentação
Caro(a) acadêmico(a), o presente material sobre cosmovisão das religiões tem como pro-
pósito apresentar o possível conceito de religião e estrutura simbólica, mística e ritualística das 
religiões africanas e orientais, tendo como perspectiva epistemológica e metodológica a Ciências 
da Religião.
Os autores.
11
Ciências da Religião - Cosmovisão das Religiões Africanas e Orientais
UniDADE 1
Cosmovisão das Religiões 
Admilson Eustáquio Prates
1.1 Introdução
Prezados acadêmicos, este capítulo discu-
tiráa noção de cosmovisão, especificamente 
cosmovisão das religiões. Vamos começar con-
ceituando o que é cosmovisão, o que é religião, 
e, logo após esse exercício, aproximaremos os 
dois termos que formam um terceiro: cosmo-
visão das religiões. Somos conhecedores da 
tensão epistemológica em trabalhar o conceito 
de cosmovisão e religião, pois ambos os termos 
trazem consigo lentes circunstâncias limitadas 
ao tempo e ao espaço. Dessa maneira, utilizare-
mos a nomenclatura exploração conceitual para 
tentar construir uma paisagem mental que pos-
sa representar o termo cosmovisão e religião.
1.2 Exploração conceitual: 
cosmovisão
A estrutura humana não consegue viver, 
sobreviver em um ambiente caótico. A exis-
tência humana, como poder ser percebido em 
várias culturas, é uma luta constante em negar 
o caos, a desordem. Não é uma negação no 
sentido que o caos não existe, mas uma ne-
gação na tentativa em construir uma ordem 
sabendo da existência, da presença do caos. 
Desde os primórdios até os dias de hoje o in-
divíduo procura encontrar uma ordem, uma 
regularidade nas coisas, na natureza. Enfim, as 
pessoas desejam a existência de uma ordem, 
mesmo que seja um ordenamento incognoscí-
vel, fantástico, mirabolante.
É comum encontrar, nas culturas, grupos 
sociais, narrativas, relato sobre o caos e como, 
a partir do caos, nasceu a ordem. Então, o que 
é o caos? Pode do caos nascer uma ordem? 
Como pode o caos produzir ordem?
Entende-se por caos a desordem. Russ 
define caos da seguinte maneira: 
(...) abismo, espaço tenebroso que precede a aparição das coisas.
A. Sentido filosófico geral: confusão ou desordem radical, estado de indiferen-
ciação em que se confundem as potências criadora e destruidora. 
B. Religião: confusão e vazio anterior à criação. (...) “ideia de caos é, inicialmen-
te, uma ideia energética: traz em seus flancos efervescência, cintilação, turbu-
lência. O caos é um ideia que precede a distinção, separação, uma ideia, pois, 
de indistinção, de confusão entre potência destruidora e potência criadora, en-
tre ordem e desordem (...) (RUSS, 1994, p. 29)
Inicialmente, podemos explorar a concep-
ção de caos como algo tenebroso, assustador, 
algo sem forma e vazio. Mas é desse vazio sem 
forma, confuso, desordenado anterior a toda 
a criação que surge a ordem. Podemos com-
preender o caos como princípio primordial de 
tudo, princípio absoluto. Ele, o caos, vem do 
verbo grego que quer dizer “abrir-se, entrea-
brir-se, significa abismo insondável (...) massa 
informe e confusa.” (BRANDÃO, 2009, p. 194)
O caos é a desordem, a destruição e deve 
existir uma força maior e mais poderosa para 
conter a destruição e assim manter a regulari-
dade do cosmo. 
Na tradição chinesa, o caos é o espaço homogêneo, anterior à divisão em qua-
tro horizontes, que equivale à fundação do mundo. Essa divisão marca a passa-
gem ao diferenciado e a possibilidade da orientação. É a base de toda organi-
12
UAB/Unimontes - 2º Período
zação do cosmo. Ser desorientado significa tornar a entrar no caos. Dele não se 
sai senão pela intervenção de um pensamento ativo, que introduz contornos e 
separações no elemento primordial (...) (CHEVALIER; GHEERBRANT, 1993, p. 183)
Na perspectiva chinesa será a intervenção 
de um pensamento ativo que dará a separa-
ção do princípio primordial e a configuração 
do mundo. 
A busca pela ordem fez com que o ser 
humano inventasse estruturas simbólicas 
mágicas a partir daquilo que estava próximo 
a ele. Ou seja, é difícil sonhar, sentir, pensar 
além do ambiente no qual se vive. Dessa 
forma, arquitetaram-se mitos, ritos, símbolos 
mágicos, mística.
Entendemos pelos exemplos apresenta-
dos que a primeira compreensão e organiza-
ção que o ser humano tem acerca do mundo 
é mítica. Isto é, o mito é uma narrativa sagra-
da sobre a origem do mundo e de tudo que 
nele existe, com o propósito de organizar, no 
sentido de tranquilizar as pessoas perante 
o medo que a natureza provoca. Isto é, esta 
ordem não tem como base estruturante ex-
plicar as coisas e o mundo, mas acalmar. As 
cosmogonias e as teogonias têm como fun-
ção principal promover uma constelação sim-
bólica de acolhimento e segurança. 
BOX 1
O mito
[...] O verdadeiro substrato do mito não é de pensamento, mas de sentimento. O mito e 
a religião primitiva não são, de maneira alguma, totalmente incoerentes, nem destituídos de 
senso ou de razão; mas sua coerência depende muito mais da unidade de sentimento que de 
regras lógicas. Esta unidade é um dos impulsos mais vigorosos e profundos do pensamento 
primitivo. Se o pensamento científico desejar descrever e explicar a realidade será obrigado 
a empregar seu método geral, que é o de classificação e sistematização. A vida é dividida em 
províncias separadas, que se distinguem nitidamente uma da outra. As fronteiras entre os rei-
nos das plantas, dos animais, do homem – as diferenças entre as espécies, famílias e gêneros 
– são fundamentais e indeléveis. Mas a mente primitiva ignora e rejeita todas elas. Sua visão 
da vida é sintética e não analítica; não se acha dividida em classes e subclasses. É percebida 
como um todo ininterrupto e contínuo, que não admite restrições bem definidas e incisivas. 
Os limites entre as diferentes esferas não são barreiras intransponíveis, mas fluentes e flutuan-
tes. Não existe diferença específica entre os vários reinos da vida. Nada possui forma definida, 
invariável, estática: por súbita metamorfose qualquer coisa pode transformar-se em qualquer 
coisa. Se existe algum traço característico e notável no mundo mítico, alguma lei que o go-
verne, é o da metamorfose. Mesmo assim, dificilmente poderemos explicar a instabilidade do 
mundo mítico pela incapacidade do homem primitivo de apreender as diferenças empíricas 
das coisas. Nesse sentido, o selvagem, muito frequentemente, demonstra sua superioridade 
em relação ao homem civilizado, por ser suscetível a inúmeros traços distintivos, que esca-
pam a nossa atenção. Os desenhos e pinturas de animais, que encontramos nos estádios mais 
baixos da cultura humana, na arte paleolítica, foram amiúde admirados pelo seu caráter na-
turalista. Revelam assombroso conhecimento de toda sorte que formas animais. A existência 
inteira do homem primitivo depende, em grande parte, de seus dotes de observação e discri-
minação: se for caçador, deverá estar familiarizado com os menores detalhes da vida animal 
e ser capaz de distinguir os rastros de vários animais. Tudo isto está pouco de acordo com a 
presunção de que a mente primitiva, por sua própria natureza e essência, é indiferenciada ou 
confusa, pré-lógica ou mística. 
O que caracteriza a mentalidade primitiva não é sua lógica, mas seu sentimento geral da 
vida. O homem primitivo não vê a natureza com os olhos do naturalista que deseja classificar 
coisas com a finalidade de satisfazer uma curiosidade intelectual, nem dela se acerca com um 
interesse puramente pragmático ou técnico. Não a considera mero objeto de conhecimento 
nem o campo de suas necessidades práticas imediatas. Temos o hábito de dividir nossa vida 
nas duas esferas da atividade prática e da teórica. Nessa divisão, somos propensos a esque-
cer que existe um estrato inferior debaixo de ambas. O homem primitivo não é vítima deste 
tipo de esquecimento; seus pensamentos e sentimentos estão ainda encerrados nesse estrato 
original inferior. Sua visão da natureza não é meramente teórica nem meramente prática; é 
simpática. Se deixarmos escapar este ponto, não poderemos abordar o mundo mítico. O traço 
mais fundamental do mito não é uma direção especial de pensamento nem uma direção es-
pecial da imaginação humana; é fruto da emoção e seu cenário emocional imprime, em todas 
as suas produções, sua própria cor específica.
GlOSSáriO
Autóctones: adj.m. e 
adj.f. Que é natural da 
região ou do territó-rio em que habita; 
aborígene, indígena; 
nativo. Diz-se daquilo 
que é natural da região 
onde ocorre. Originário 
do país em que habita 
e cujos ancestrais aí 
sempre habitaram: os 
berberes são popu-
lações autóctones da 
África do Norte.
linguística: Diz-se da 
língua que primeiro foi 
falada num país, numa 
região, bem como suas 
particularidades. 
Medicina: Que se 
formou ou teve origem 
no lugar em que foi 
encontrado: cisto
Autóctone: s.m. e s.f. 
Pessoa nativa da região 
ou do território em 
que habita; aborígene, 
indígena. (Etm. do gre-
go: authócton.on, pelo 
latim: autochthon.onis)
AtiViDADE
Sabemos que cosmo-
gonia e cosmovisão 
não são sinônimos. 
Faça uma pesquisa 
apresentando as carac-
terísticas e os conceitos 
de cada termo.
13
Ciências da Religião - Cosmovisão das Religiões Africanas e Orientais
O homem primitivo não carece, de maneira nenhuma, da capacidade de apreender as dife-
renças empíricas das coisas. Mas, em sua concepção da natureza e da vida, todas as diferenças 
são apagadas por um sentimento mais forte: a profunda convicção de uma fundamental e in-
delével solidariedade da vida, que transpõe a multiplicidade e a variedade de suas formas 
isoladas. Não atribui a si mesmo um lugar único e privilegiado na escala da natureza. [...] 
Fonte: (CASSIRER, 1972, p. 134-136.)
Além de tranquilizar, o mito tem algumas funções, conforme Campbell:
Cada indivíduo deve encontrar um aspecto do mito que se relacione com sua 
própria vida. Os mitos têm basicamente quatro funções. A primeira é a função 
mística e é disso que venho falando, dando conta da maravilha que é o uni-
verso, da maravilha que é você, e vivenciando o espanto diante do mistério. 
Os mitos abrem o mundo para a dimensão do mistério, para a consciência do 
mistério que subjaz a todas as formas. Se isso lhe escapar, você não terá uma 
mitologia. Se o mistério se manifestar através de todas as coisas, o universo se 
tornará, por assim dizer, uma pintura sagrada. Você está sempre se dirigindo ao 
mistério transcendente, através das circunstâncias da sua vida verdadeira. A se-
gunda é a dimensão cosmológica, a dimensão da qual a ciência se ocupa, mos-
trando qual é a forma do universo, mas fazendo-o de tal maneira que o misté-
rio, outra vez, se manifeste. Hoje, tendemos a pensar que os cientistas detêm 
todas as respostas. Mas os maiores entre eles dizem-nos: Não, não temos todas 
as respostas. Podemos dizer-lhe como a coisa funciona, mas não o que é. Você 
risca um fósforo. O que é o fogo? Você pode falar de oxidação, mas isso não me 
dirá nada. A terceira função é sociológica, suporte e validação de determina-
da ordem social. E aqui os mitos variam tremendamente, de lugar para lugar. 
Você tem toda uma mitologia da poligamia, toda mitologia da monogamia. 
Ambas satisfatórias. Depende de onde você estiver. Foi essa função sociológica 
do mito que assumiu a direção do nosso mundo e está desatualizada. A quarta 
função do mito, aquela, segundo penso, com que todas as pessoas deviam ten-
tar se relacionar a função pedagógica, como viver uma vida humana sob qual-
quer circunstância. Os mitos podem ensinar-nos isso. (CAMPBELL, 1990, p. 32).
Mesmo com todo avanço e conhecimento relacionados à ciência, a tecnologia e as socieda-
des se estruturam e se organizam em torno do mito e seus ritos para manter a coesão social.
1.3 Exploração conceitual: religião
Faremos neste tópico o exercício de ex-
ploração conceitual acerca do que possa ser 
religião. Inicialmente, quando nos referimos à 
religião, associamos imediatamente ao cristia-
nismo e depois às religiões monoteístas: juda-
ísmo e islamismo.
Quando um ocidental pergunta ou se re-
fere ao conceito de religião, ele traz consigo na 
pergunta a herança sociocultural da sociedade 
judaíca-cristã filosófica, que comumente a cha-
mamos de civilização ocidental. Esta cultura 
tem como pilares as matrizes judaica, cristã e a 
filosofia. Esses pilares constroem as lentes com 
as quais olham os outros e a si mesmo. É uma 
lente reducionista e limitada quando olha, por 
exemplo, o mundo asiático, as nações indíge-
nas no Brasil e os povos da África Negra.
A cultura é construída a partir da relação 
que os indivíduos travam com o meio em que 
vivem. E os conceitos, os costumes, os com-
portamentos, as crenças estão condicionadas 
a esta herança formativa, isto é, a compreen-
são de certo ou errado, justo ou injusto, sagra-
do ou profano, deuses ou demônios, tabus ou 
permissões, a noção de honra e de desrespei-
to, enfim, ao seu ordenamento simbólico. As-
sim, a herança conceitual que possuímos de 
religião é: 
Lat. religio, prática religiosa, culto, religião - de relegere, colher novamente, reu-
nir, ou de religare, ligar, vincular. 
A. Subjetivamente: sentimento interior do Sagrado, com crença na divindade 
e fé.
B. Objetivamente: instituição cujo objeto é honrar e prestar homenagem a 
Deus. Conjunto de práticas e ritos relativos a uma realidade sagrada, separada 
do profano. (RUSS, 1994, p. 251)
14
UAB/Unimontes - 2º Período
É um ótimo conceito quando se refere 
à dimensão e compreensão do mundo a par-
tir da cosmovisão cristã. Pois, conforme esta 
cosmovisão, o ser humano havia desligado de 
Deus, ou seja, há uma separação entre o sagra-
do e profano. Mas esse conceito não consegue 
apreender a concepção de mundo para o bu-
dista, o taoista, o hinduísta, por exemplo. 
Freud, em sua obra O Futuro de uma ilu-
são, apresenta religião como sendo uma neu-
rose obsessiva, isto é, “A religião seria a neuro-
se obsessiva universal da humanidade: como 
a da criança, ela deriva do complexo de Édipo, 
das relações da criança com o pai” (FREUD, 
1996, p. 61). Dessa forma, Freud percebe a reli-
gião como relíquias neuróticas.
Em Durkheim, na obra As Formas Ele-
mentares da Vida religiosa, ele define reli-
gião como “um sistema de solidário de cren-
ças e práticas relativas a coisas sagradas, isto 
é, separadas, proibidas, crenças e práticas 
que unem numa mesma comunidade moral, 
chamada Igreja, todos os que a ela aderem.” 
(DURKHEIM, 1979, p. 65). Na definição, ele liga 
religião ao sagrado, dizendo que é um siste-
ma de crença com dimensão sagrada e co-
mum a um determinado grupo.
Para Marx, a religião está relacionada à 
sanção moral ou a um código de conduta, à 
compreensão geral do mundo e à dimensão 
fantástica do indivíduo. Assim escreve Marx: 
Religião é a teoria geral deste mundo, sua soma enciclopédica, sua lógica sob 
forma popular, seu ponto de honra espiritualista, seu entusiasmo, sua sanção 
moral, seu complemento solene, sua consolação e sua justificação universais. É 
a realização fantástica do ser humano, porque o ser humano não possui verda-
deira realidade. (MARX; ENGELS, 1988, p. 41)
Por outro lado, Marx entende que a re-
ligião “(...) é o suspiro da criatura oprimida, a 
alma de um mundo sem coração, como ela é 
o espírito de condições sociais de onde o es-
pírito é excluído. É o ópio do povo” (MARX; 
ENGELS, 1988, p. 48). Isto quer dizer que é na 
esfera da religião que o ser humano consegue 
realizar os seus desejos e anseios como dimen-
são do suspiro dos oprimidos.
Inicialmente havíamos dito que definir 
religião seria algo complicado. E nosso pen-
samento continua o mesmo, segundo Brelich 
(1982, p.7): “nenhuma língua dos povos primi-
tivos, ou das civilizações arcaicas, nem mes-
mo o grego e o latim possuem esse termo”. 
A antropóloga Paula Montero explica 
como a palavra religio surge:
No caso das sociedades indígenas, ainda que se façam distinções práticas en-
tre as funções dos xamãs e dos feiticeiros, por exemplo, elas não implicam 
em uma distinção correlata entre os fatos religiosos e outras ordens de fatos. 
Sua reificação enquanto “entidade de interesse especulativo” tampouco exis-
tia no mundo romano. Religiono latim referia-se à existência de um poder 
fora do homem (mas não transcendente), ao qual ele estava obrigado: o sen-
timento de piedade que os homens tinham com relação a esse poder ordena-
va os comportamentos corretos diante da res publica. Essa noção tinha, pois, 
uma dimensão jurídica, já que designava um conjunto de observância, regras 
e interdições que regulavam as relações humanas, sem referência à adoração 
de divindade ou a ritos. (MONTERO, 2006, p. 250) 
O cristianismo incorpora a palavra reli-
gio, adicionando nela a cosmovisão cristã, por 
exemplo, a ideia de transcendente.
Após trilhar os possíveis conceitos de 
religião, o leitor pode ficar com a seguinte 
pergunta: posso aplicar ou não posso aplicar 
o conceito religião oriundo da matriz ociden-
tal? Entendemos que o termo religião será 
aplicado no fenômeno religioso conforme a 
cultura geradora, mantendo-se, assim, uma 
coerência entre o fenômeno e o conceito: 
religião. 
1.4 Exploração conceitual: 
cosmovisão das religiões
Podemos entender por cosmovisão das 
religiões a maneira pela qual os indivíduos, 
reunidos em sociedade ou em grupo ou em 
uma comunidade, organizam e interpretam o 
mundo e tudo que existe. Além disso, organi-
zam e interpretam a vida e sua relações com a 
DiCA
Conheças várias 
religiões acessando 
o site <http://www.
mundoeducacao.com/
geografia/as-religioes-
-no-mundo.htm>
15
Ciências da Religião - Cosmovisão das Religiões Africanas e Orientais
natureza e com os outros seres humanos.
Então, cosmovisão da religião é uma 
saber, uma ferramenta que possibilita à dis-
ciplina Ciência da Religião entender e com-
preender o mundo tendo como lente cosmo 
– ordem – a visão das religiões. Para isto, não 
entramos no mérito se Deus ou deus ou deu-
ses existe(m) ou não; se a ideia de sagrado é 
correta ou não. O que nos interessa é poder 
alargar nossa compreensão de mundo olhan-
do para o outro como um ser humano que de-
seja, sente, pensa e age assim como qualquer 
ser humano do planeta Terra.
O estudo da cosmovisão das religiões nos 
permite entrar na dimensão mais íntima do ser 
humano: na sua identidade. 
Referências 
BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia Grega. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
BRELICH, Ângelo. In: PUECH, HC (org.). Histoire dês religions – Encyclopédie de la pêiade. Pa-
ris: Gallimard, 1982.
CAMPBELL, J. O Poder do Mito. São Paulo: Palas Athenas, 1990. 
CASSIRER, Ernst. Antropologia filosófica.São Paulo, Mestre Jou, 1972.
CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos. 7. ed. Rio de Janeiro: José Olym-
pio, 1993.
DURKEIM, Émile. As Formas Elementares de Vida religiosa: o sistema totêmico na Austrália. 
São Paulo; Ed.. Paulinas, 1979
FREUD, S. O mal-estar na civilização (1930). In: ______. O futuro de uma ilusão, o mal-estar na 
civilização e outros trabalhos (1927-1931). Direção-geral da tradução de Jayme Salomão. Rio 
de Janeiro: Imago, 1996, p. 67-153. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas 
de Sigmund Freud, 21). 
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do partido comunista. 7. ed. São Paulo: Global, 1988.
MONTERO, Paula. Religião, modernidade e cultura: novas questões. In: TEIXEIRA, Faustino, MENE-
ZES, Renata (orgs). As religiões no Brasil. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
RUSS, Jacqueline. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Scipione, 1994.
PArA SABEr MAiS
As Ciências da Religião 
estudam o fenômeno 
religioso nos seus 
múltiplos contextos 
histórico, social e cul-
tural. Partindo da con-
tribuição dos diversos 
instrumentais teóricos, 
oriundos das ciências 
humanas, procura, de 
forma interdisciplinar, 
analisar as diferentes 
manifestações, nas suas 
múltiplas contextuali-
dades, que as religi-
ões assumem na sua 
relação com a cultura e 
a sociedade.
Fonte: Disponível em 
<http://www.unicap.br/
pos/ciencias_religiao/
apresentacao.htm> 
acesso em 18 ago. 
2013.
17
Ciências da Religião - Cosmovisão das Religiões Africanas e Orientais
UniDADE 2
Religiões primitivas ou tribais e 
religiões africanas 
Shirlene dos Passos Vieira Santos
2.1 Introdução
Desde os primórdios de sua existência, 
o ser humano teve sua evolução e desenvol-
vimento social vinculados às suas crenças. 
Com o tempo, essas crenças foram se desen-
volvendo e se diferenciando através do sur-
gimento de novas teorias e das diferentes in-
terpretações do que já existia, Dando origem, 
assim, a uma série de religiões, que muitas 
vezes se misturam compartilhando ideias ou, 
ao contrário, gerando conflitos. Hoje são clas-
sificadas como religiões primitivas ou tribais 
as primeiras formas de manifestação religio-
sa e, nesse contexto, enquadra-se a religiões 
primitivas africanas, classificadas nessa cate-
goria e pertencentes a esse grupo. Faremos, 
portanto, a descrição dando um quadro geral 
e destacando aspectos das religiões primi-
tivas ou tribais com a finalidade de encerrar 
abordando o contexto das religiões tradicio-
nais africanas.
2.2 Religiões primitivas ou tribais
As religiões tribais ou primais são aquelas 
que os estudiosos chamavam de “religiões pri-
mitivas”. São encontradas em culturas ágrafas 
entre as tribos de populações da África, Ásia, 
América do Norte e do Sul e Polinésia. O que 
caracteriza essas religiões são a crença em es-
píritos e deuses que podem transformar o co-
tidiano, em geral apresentado por um conjun-
to de mitos, estórias contadas de forma oral e 
que explique a realização dos ritos.
As religiões tribais remontam de um pas-
sado de cerca de três milhões de anos. São 
compostas de pequenos grupos de pessoas 
que trazem seus conhecimentos e os trans-
mitem oralmente, já que a escrita lhes é des-
conhecida. Esses povos vivem em pequenas 
comunidades, divididos por clãs ou tribos, 
por isso o uso do termo tribal. Sobreviviam 
da agricultura de subsistência. “As ciências 
naturais nos ensinam que o mundo, a terra e 
o homem se desenvolveram lentamente ao 
longo de milhões e bilhões de anos!” (KUNG, 
2004, p. 19).
Nesses povos não há aspectos separados 
da vida social, ou seja, as políticas e as religi-
ões estão imbuídas de uma mesma justificati-
va, consolidadas pela tradição. Em termos cro-
nológicos, essas religiões representam apenas 
uma ponta do iceberg religioso presente no 
mundo, de acordo com Smith (1986), em seu 
livro “As religiões do mundo”.
Religiões primitivas ou tribais possuem 
características similares entre si, já que elas 
dedicam exclusiva atenção aos seus mortos. 
O homem ao se dedicar a essas práticas tinha 
como objetivo chamar a atenção de entidades 
superiores. Quanto à questão dos mortos, des-
de o início do desenvolvimento das sociedades 
ainda não existia diferença entre o poder secu-
lar e o poder espiritual, apesar de que alguns 
aspectos dessas descobertas não estarem to-
talmente esclarecidos. Verifica-se, através dos 
antropólogos que trabalham nas escavações 
do habitat de antigas tribos, que o cuidado 
com os mortos demonstra a crença em uma 
sobrevivência individual após a morte.
Na opinião da antropologia e dos etnó-
logos, a religião dos primeiros povos consistia 
em práticas mágicas, cujo objetivo era aplacar 
as forças da natureza, dos espíritos dos mortos 
ou criar vínculos mágicos com animais caçados 
pelas tribos. Por isso houve muitas tentativas 
de explicar como surgiram as religiões. Uma 
dessas explicações foi a de que o homem teve 
18
UAB/Unimontes - 2º Período
suas primeiras percepções através do seu coti-
diano, relacionando fenômenos individuais aos 
fenômenos naturais, ou seja, seus sentimentos 
como frio, fome, prazer e dor estavam direta-
mente ligados aos fenômenos da natureza, 
sobre os quais ele não tinha nenhum controle. 
Também quando ele começou a obter noções 
de tempo, através de certa periodização comodia e noite, luz e escuridão. 
Já as primeiras manifestações concretas 
foram os registros simbólicos. O símbolo re-
presentava aquilo que os seres humanos acre-
ditavam.
 O símbolo surgiu como a primeira forma 
de expressão e comunicação da humanida-
de. De acordo com Croatto (2001, pag. 81), “o 
símbolo é a chave da linguagem inteira da ex-
periência religiosa.” Destacaremos com mais 
evidência os sistemas simbólicos no texto à 
frente. 
 No aspecto social não há possibilidade 
de separar a religião da vida social. Sua história 
remonta a desde o aparecimento do primeiro 
ser humano, com os cultos da fertilidade. Seu 
sistema simbólico e ritual está centralizado e 
representando por um corpo de crenças co-
muns ao grupo.
O grupo tribal, de acordo com Gaarder 
(2005, p. 40), carecia de um pensamento abs-
trato que lhe permitisse uma postura mental 
reflexiva. Sua mística consistia numa forma 
de se situar no mundo, isto é, de encontrar o 
seu lugar entre os demais seres da natureza. 
Para explicar essa questão, tomemos como 
exemplo as culturas ágrafas que registrava os 
fenômenos naturais ou mesmo ou fatos de sua 
construção cultural através de seus desenhos. 
De acordo com Mircea Eliade (1978), pinturas 
rupestres da França e Espanha, datando de 
cerca de 30.000 a 14.000 anos a.C., represen-
tam aspectos desse relacionamento mágico-
-religioso que nossos antepassados tinham 
com a natureza.
Podemos citar como exemplo: Na Aus-
trália, o gigantesco monólito do Uluru, cha-
mado atualmente de Ayer’s Rock; vestígios de 
vida humana, esqueletos, utensílios e pedra e 
pinturas rupestres dão conta que é possível o 
homo sapiens ter evoluído lá. Os aborígenes, 
seus habitantes originários, deixaram seus 
símbolos nas pinturas rupestres e os renova-
vam constantemente. Com cerca de 230 mil 
aborígenes na Austrália, poucos tentam viver 
da forma tradicional, como viviam os antepas-
sados há dez mil anos – caça, colheitas, frutos 
selvagens, raízes e pequenos animais são sua 
dieta (KUNG, 2004, p. 19-20). Outro exemplo 
descrito por Kung (2004) é com relação à ima-
gem dos homens que vivem na Austrália. Ele 
descreve que William Dampier, pirata e des-
cobridor inglês, vê os habitantes da região 
“como as pessoas mais miseráveis do mundo, 
sem vestuário e sem casas.” Ele destaca que 
viviam em solidariedade, “mas seriam feios, 
quase não se diferenciando dos animais.” 
(KUNG, 2004, p. 20).
PArA SABEr MAiS
Leitura do autor: KUNG, 
Hans. Religiões do 
mundo: em busca de 
pontos comuns, Cam-
pinas, Versus editora, 
2004.
Figura 1: Aborigenes 
australiano
Fonte: Disponível em 
indios.htmlhttp://tvchar-
mosa.blogspot.com.
br/2010/06/aborigenes-
-australianos-e-indios.
html Acessado em 09 jan. 
2014.
►
GlOSSáriO
tribo: (do latim: tribu) 
é o nome que se dá a 
cada uma das divisões 
dos povos antigos, 
possuindo um território 
e com algum tipo de 
comando, possuindo 
em comum a mesma 
ancestralidade.
Fonte: Disponível em 
http://pt.wikipedia.org/
wiki/Tribo acessado em 
09 jan. 2014.
19
Ciências da Religião - Cosmovisão das Religiões Africanas e Orientais
Em relação à vida religiosa destes povos, 
enfocaremos com mais redundância nos pró-
ximos itens, destacamos apenas que suas re-
ligião concebe uma infinidade de forças que 
controlam o cotidiano. Através de espíritos e 
deuses podem indicar ações, como cultos aos 
antepassados e ritos de passagem. Em geral, a 
figura do sacerdote é unificada e também é o 
líder político (GAARDER, 2005, p. 40). 
2.3 O desenvolvimento das 
religiões primitivas
Foi no final do Paleolítico que surgiram os 
cultos da fertilidade, cujas deusas, de formas 
voluptuosas, foram representadas em diversas 
estatuetas esculpidas em ossos de urso e rena.
A partir do período Neolítico, há cerca de 
8.000 anos, quando em determinadas regi-
ões (Oriente Médio, noroeste da Índia e sul da 
China) começa a ser praticada regularmente a 
agricultura, surgem as religiões organizadas. 
Estas já haviam evoluído para uma organiza-
ção permanente, dispondo de um corpo sa-
cerdotal, ritos estabelecidos, local de culto fixo 
e organização patriarcal. 
Os reis foram considerados os primeiros 
deuses senhores da terra. A crença em deuses 
se desenvolveu letamente com o início das ati-
vidades agrícolas e com a fixação no solo. Eles 
eram corporificados e concentravam sua auto-
ridade sagrada e poder disciplinar para a evo-
lução das primeiras sociedades. Um exemplo 
citado por Cupitt – filosofo inglês da religião 
e estudioso de teologia cristã, que se dedicou 
ao estudos da origem das sociedades, no seu 
livro ” Depois de Deus”é quanto a Faraó do 
Egito, que, além de rei, era personificação de 
um deus. E dos reis da Babilônia, China e Mé-
xico que eram filhos de deuses. Don Cupitt 
ainda declara que a transição das crenças dos 
povos nômades vai acontecer com o início do 
sedentarismo em que surgem as religiões dos 
centros urbanos.
Apesar do poder de dominação dos cor-
pos e das mentes, nem sempre a ideologia re-
ligiosa foi integralmente hegemônica. Todas 
as culturas, grupos e indivíduos criticaram a 
religião estabelecida ou as crenças sobrena-
turais, de maneira geral. Em 2000 a.C. surgem, 
em diversas regiões, movimentos de crítica às 
religiões dominantes (Egito, Babilônia, Irã, Gré-
cia). Segundo Mircea Eliade:
“Esse desespero não surge de uma meditação sobre a inutilidade da existên-
cia humana, mas da experiência da injustiça generalizada: os maus triunfam e 
as orações não surtem efeito; os deuses parecem indiferentes aos problemas 
humanos. ”(ELIADE, 1978. pag. 122).
Nem todos eram submissos ao poder instituído. Sempre nasciam resistências por parte de 
pequenos grupos que se consideravam injustiçados com a estrutura de poder e acabavam se re-
belando e criando novas formas de crenças.
2.4 Sistema simbólico e ritos
Como descrito no texto acima, o surgi-
mento dos símbolos foi a primeira forma de 
expressão e comunicação da humanidade. 
As marcas deixadas nas paredes das cavernas 
eram, uma tentativa de compreender o mun-
do. 
Sob o aspecto social, a religião cimenta 
a união entre grupos humanos; sejam tribos, 
povos ou países. Com isso, vieram formas de 
manifestação dessas crenças através dos ri-
tos e símbolos. Representando um corpo de 
crenças comuns ao grupo, com as quais este 
se identifica, a religião atua como elemento 
de coesão social, mantendo as relações sociais. 
Ao mesmo tempo, a religião legitima estrutu-
ras sociais, leis, costumes e práticas políticas. 
Símbolo: sua etimologia provém do gre-
go sum-ballo, ou sym-ballo, e refere-se à união 
de duas coisas. Era um costume grego que, ao 
se fazer um contrato, fosse quebrado em duas 
partes um objeto de cerâmica, então cada pes-
soa levava um dos pedaços. Uma reclamação 
20
UAB/Unimontes - 2º Período
posterior era legitimada pela reconstrução 
(por junto= symbollo) da cerâmica destruída, 
cujas metades deveriam coincidir. A união das 
partes permitia reconhecer que a amizade 
permanecia intacta (CROATTO, 2001, p.85).
Sobre este aspecto da crença, David 
Hume, em “Diálogos sobre a Religião Natural”, 
observou: “Que privilégio peculiar tem esta 
pequena agitação no cérebro, que nós chama-
mos de pensamento, que precisamos fazê-la 
o modelo de todo o universo?” (Hume, Dialo-
gues, parte II). Porém, determinar que a reli-
gião seja apenas um conjunto de crenças de 
determinado grupo é simplificá-la.
A complexidade das diferentes teologias 
religiosas, as elaboradas cosmologias e os va-
riados rituais de culto têm uma riqueza muito 
maior e representam muito mais do que um 
simples conjunto de crenças. Não podemos 
deixar de considerar o quanto as religiões in-
fluenciam as sociedades nas quais são prati-
cadas, em seus diversos aspectos: artes,moral, 
costumes, tecnologias, práticas econômicas, 
entre outros.
Considerada como um lugar mágico e 
misterioso, as cavernas proporcionavam aos 
homens uma proteção dos perigos externos. 
Esses perigos e os eventos naturais foram iden-
tificados como divinos, pois justificavam os fa-
tos acontecidos e, numa tentativa de apaziguar 
seu sofrimento, o homem procurava interagir 
com eles, criando a linguagem simbólica.
O símbolo foi empregado de forma a re-
presentar essas divindades e ainda criar um 
meio de comunicação com elas. A linguagem 
simbólica, traz uma luz de entendimento, lu-
gares que contam histórias, imagens com 
emoção que expressam o mistério da vida e 
da morte e representam a certeza de que esta-
mos vivos. Os símbolos também representam 
a conquista de um homem ou de um povo, ex-
primem suas vidas, tudo que as palavras não 
conseguem dizer, história de um povo, que vai 
permanecer viva. 
Com o tempo, o homem se organizou em 
sociedade e compartilhou ideias e pensamen-
tos, criando elementos simbólicos representa-
tivos expressos no rito.
Rito, etimologicamente, provém da pala-
vra latina ritus e é próxima da palavra sanscri-
to – vedica rta(rita), que significa a força da or-
dem cósmica sobre a qual velam divindades. O 
rito não é uma ação puramente humana ou in-
ventada por uma pessoas qualquer, conforme 
declara Croatto. Ele é , de alguma forma, uma 
ação divina , uma imitação dos que fizeram os 
Deuses. Por isso, deve ser repetido como uma 
ação divina chamada ritual.
O ritual é uma forma generalizada de 
comportamento religioso que surgiu nas cul-
turas primitivas. Com culturas que expressa 
por rituais e ritualizada em ações. Os rituais 
possuem formas e funções variadas. Podem 
ser realizados para assegurar a favor do divi-
no, para afastar o mal, ou para marcar uma 
mudança cultural no estado. Na maioria, é um 
mito etiológico que fornece a base para o ri-
tual em um ato divino ou de injunção. Geral-
mente, eles expressam grandes transições na 
vida humana como: nascimento, puberdade 
(o reconhecimento e expressão sexual no es-
tado), casamento (a aceitação de um adulto 
papel na sociedade) e morte (o regresso ao 
mundo dos antepassados). Eles variam na for-
ma, na importância e na intensidade de uma 
cultura, porque são vinculados a vários outros 
significados e rituais.
Nas religiões tribais, a puberdade e o ca-
samento são rituais que simbolizam o fato de 
que as crianças estão adquirindo papéis adul-
tos no sistema de parentesco, em particular, 
e na cultura, em geral. A maioria das culturas 
Figura 2: Pinturas 
Rupestres 
Fonte: Disponível em 
http://cultura.cultura-
mix.com/curiosidades/
pinturas-rupestres&docid 
Acessado em 09 jan. 2014. 
►
21
Ciências da Religião - Cosmovisão das Religiões Africanas e Orientais
primitivas considera os rituais em torno desses 
eventos muito importantes.
 Outros rituais são associados com o iní-
cio do novo ano e com a plantação e a colhei-
ta em sociedades agrícolas. Outros rituais são 
encontrados na caça - e – no recolhimento da 
caça pelas sociedades, estas têm por objetivo 
aumentar o jogo e dar o maior caçador proe-
za. Outra classe dos rituais está relacionada a 
eventos pontuais, como a guerra, secas, catás-
trofes ou eventos extraordinários. Esses ritu-
ais são habitualmente destinados a apaziguar 
forças sobrenaturais ou seres divinos que po-
deriam ser a causa do evento, ou para desco-
brir qual o poder divino que está causando o 
evento e por quê. Enquanto alguns rituais co-
municam convite para participação, outros são 
restritos por sexo, idade e tipo de atividade. 
Assim, ritos para iniciação de machos e fêmeas 
são separados, e só caçadores podem partici-
par das caças rituais. Há também ritual limita-
do aos guerreiros, ferreiros, mágicos e adivi-
nhos. Nessa perspectiva, o homem começa a 
desenvolver uma postura mental reflexiva.
2.5 O pensamento reflexivo nas 
religiões tribais
O homem, no início da civilização, care-
cia de um pensamento abstrato que lhe per-
mitisse uma postura mental reflexiva, e, com 
um desenvolvimento psíquico ainda muito 
rudimentar, mantinha suas percepções tão 
somente da realidade física que o cercava. 
Incapaz, pela ausência de conhecimento, de 
conceber um ser imaterial, sem forma determi-
nada, atuando sobre a matéria, conferiu-lhe o 
homem atributos da natureza corpórea, isto é, 
uma forma e um aspecto. Desde então, tudo o 
que parecia exceder os limites da inteligência 
comum era, para ele, uma divindade. Tudo o 
que não compreendia devia ser obra de uma 
energia sobrenatural. De acordo com Guari-
nello (2003), historiador e antropólogo, no seu 
livro “Uma morfologia da história”, a evolução 
se deu através da preparação e imitação de es-
tratégias para caçar, coletar alimentos e se de-
fender, a capacidade de reconhecer terrenos 
e deslocar por eles usando referências visuais 
como montanhas, a diferenciação das plantas 
e do solo e a observação das estrelas, a neces-
sidade de cultivar alimentos e desenvolver fer-
ramentas e armadilhas, usadas também para 
a caça e para a guerra.
A fala foi desenvolvida, inicialmente, atra-
vés de grunhidos, chiados e imitando os sons 
de outros animais. No princípio, os homens 
agiam basicamente por instinto: eram caça-
dores e coletores nômades. Com o tempo, seu 
comportamento foi evoluindo e passaram à 
prática agrícola. A partir desse momento, eles 
começaram a criar assentamentos de forma a 
proteger sua lavoura de saqueadores.
As formas que eles usaram para transmitir 
o conhecimento humano foram a imitação, o 
desenvolvimento da fala, a formação e trans-
missão dos arquétipos, a formulação de regras 
e princípios místicos que se formaram basea-
dos em sua relação e observação da natureza 
e, posteriormente, pela descoberta das rela-
ções matemáticas, numéricas e geométricas 
do ambiente, sendo nossas primeiras referên-
cias históricas os sumérios, os egípcios, os assí-
rios, os babilônios e os gregos. 
2.6 O mito e a mística nas religiões 
tribais
Eliade (2001), define mito como aquilo 
que não se deixa integrar na realidade. Para 
ele, o mito seria um produto da imaginação 
de um estado imperfeito da linguagem. Já 
para Wundt (1980), fundador da psicologia 
moderna, o mito reproduz as representações 
do espírito popular, enquanto condicionado 
por sentimentos e impulsos. Tylor (1832) de-
clara que a mitologia nasce com a passagem 
da magia a religião. Chegamos em Maria Lúcia 
de Arruda Aranha, e, Maria Helena Pires Mar-
tins, no artigo “Temas de Filosofia”, que define 
mito da seguinte forma: “mito entre os povos 
primitivos, é uma forma de se situar no mun-
DiCA
rito: Em primeira apro-
ximação, o rito aparece 
como uma norma que 
guia o desenvolvimen-
to de uma ação sacra. 
O rito é uma prática 
periódica, de caráter 
social, submetida a 
regras precisas. Em sua 
exterioridade, porém, a 
norma é uma “rubrica” e 
não define realmente o 
que é um mito (CROAT-
TO. 2001, p. 330).
22
UAB/Unimontes - 2º Período
do, isto é, de encontrar o seu lugar entre os 
demais seres da natureza” e sobre mística elas 
apontam que “explicam parte dos fenômenos 
naturais ou mesmo a construção cultural, mas 
que dão, também, as formas da ação huma-
na”. Continua da seguinte forma: “Devemos 
salientar, entretanto, que, não sendo teórica, 
a verdade do mito não obedece a lógica nem 
da verdade empírica, nem da verdade cientí-
fica. É verdade intuída, que não necessita de 
provas para ser aceita”.
Já o antropólogo Levi- Strauss (1957), 
que estudou os povos primitivos, ajuda-nos 
a entender que os chamados selvagens não 
são atrasados ou menos evoluídos, selvagens 
nem primitivos, apenas operam com o pen-
samento mítico. A mística (mito) e o rito, es-
creve Lévi-Strauss, “não são simples lendas 
fabulosas,mas uma organização da realidade 
a partir da experiência sensível enquanto tal”. 
E, para explicar a composição do mito, ele or-
ganizou três características principais: função 
explicativa, o presente é explicado por alguma 
ação passada cujos efeitos permaneceram no 
tempo; função organizativa, o mito organiza 
as relações sociais (de parentesco, de sexo, de 
aliança, de poder, de identidade etc.) de modo 
a legitimar e garantir a permanência de um 
sistema complexo de proibições e permissões; 
e, por fim, uma função compensatória, em 
que o mito narra uma situação passada, que 
é a negação do presente e que serve tanto 
para compensar os homens de alguma perda 
como para garantir-lhes que um erro passado 
seja corrigido no presente, de modo a oferecer 
uma visão estabilizada e regularizada da natu-
reza e da vida comunitária que tem no tempo 
um termômetro da vida.
Afogado no tempo místico, um vasto 
oceano sem margens e marcos, o mito é a 
representação fantástica do passado na con-
cepção do desenrolar da vida, isso predomina 
até nos gestos mais prosaicos do soberano 
do povo tribal sob a forma de costumes, dos 
tempos imemoriais. Nessa situação, o tempo 
não é a duração capaz de dar ritmo a coletivi-
dade, o tempo engloba e integra a eternidade 
em todos os sentidos, a causalidade atua em 
todas as direções: o passado sobre o presente, 
e o presente sobre o futuro. Essa concepção 
mítica e coletiva era tal que o tempo tornava-
-se um atributo da soberania dos líderes. O 
sentimento de autor-regulação da autonomia 
da comunidade era vivo e poderoso, justifi-
cando as ações através da repetição dos atos 
dos ancestrais.
2.7 A tradição oral do 
conhecimento 
Uma sociedade oral reconhece a fala não 
apenas como um meio de comunicação diária, 
mas como meio de preservação da sabedoria 
dos ancestrais. A tradição oral pode ser defini-
da como um testemunho transmitido verbal-
mente de uma geração para outra. A palavra 
tem um poder misterioso, de acordo com J. 
Vansina, pois palavras criam coisas. 
A oralidade é uma atitude diante da reali-
dade e não ausência de uma habilidade. A tra-
dição requer um retorno contínuo à fonte. Está 
caracterizada no verbalismo e na sua maneira 
de transmissão, na qual difere das fontes escri-
tas. Ela absorve tudo que é importante para o 
perfeito funcionamento de suas instituições 
e a compreensão dos vários status sociais e 
seus respectivos papéis para os direitos e obri-
gações de cada um, tudo é cuidadosamente 
transmitido. A palavra, diz A. Hampaté Ba, es-
tudioso da tradição, tem um poder criador , 
mas também a dupla função de conservar e 
destruir. Está baseada na concepção do ho-
mem, do seu lugar e do seu papel no universo. 
Tudo está ligado, tudo é solidário e é o com-
portamento do homem em relação a si mes-
mo o objeto de regulação da vida. Dentro des-
se contexto de religiões primitivas e tribais se 
encontram as religiões tradicionais africanas.
2.8 Religiões tradicionais africanas 
A religião está impregnada em toda a 
vida individual do africano, que é um ser pro-
fundamente religioso. Religião não é simples-
mente um conjunto de crenças, mas um modo 
de vida, fundamentado na cultura, na identi-
dade e nos valores morais dos africanos. É um 
23
Ciências da Religião - Cosmovisão das Religiões Africanas e Orientais
elemento essencial que contribui na ação cria-
dora. A sociedade africana está ancorada na 
religião tradicional, mesmo tendo se expandi-
do as influências cristãs e islâmicas. 
O cristianismo e o islamismo na áfrica se 
instalaram sem renunciar os valores funda-
mentais da religião tradicional africana ou a 
experiência histórica africana. Será abordada 
essa questão nos escritos sobre o islã e o cris-
tianismo na África. 
A religião tradicional africana consiste 
em explorar as forças da natureza conforme 
vimos acima quando descrevemos sobre re-
ligiões primitivas, uma vez que elas estão en-
quadradas nessa categoria, e sistematizam 
os novos conhecimentos sobre ambiente 
humano e físico. Seu desejo sempre foi com-
preender os inúmeros aspectos da natureza e 
de fazer frente a eles, conforme declara Ajayi 
(1985), historiador da religião africana. Ela não 
é uma religião de proselitismo e sim aberta a 
todos, já que tolera a inovação religiosa como 
manifestação de um novo saber, sempre es-
perando interpretar mais e interiorizar estes 
conhecimentos no âmbito da cosmologia tra-
dicional.
As religiões tradicionais africanas mani-
festam o respeito pelos ancestrais através das 
libações, crê-se, ainda, que eles intervêm na 
vida de seus sucessores e que existem forças 
do bem e do mal que são passíveis de mani-
pulação pela acessão direta às divindades, por 
meio das orações e do sacrifício. Acreditam 
que os talismãs e os amuletos são eficazes 
para afastar o mal. A fé nos espíritos ou na bru-
xaria nas relações sociais consiste em um fator 
importante. Essas práticas, deixando de ser 
elemento religioso, também são consideradas 
costumes, tradição e elementos do patrimônio 
cultural. Constata-se, com isso, uma solidarie-
dade em meio a numerosas famílias expan-
didas e clãs ou comunidades em torno dos 
espíritos ancestrais que são venerados periodi-
camente nos ritos conduzidos por sacerdotes.
Nas questões de saúde, a sociedade afri-
cana amplia sua visão envolvendo o bem- es-
tar na vida cotidiana, o sucesso da vida fi-
nanceira, o trabalho, a saúde das crianças, a 
felicidade, a escolhas dos parceiros, a questão 
religiosa. Os males físicos representam uns 
deficiência derivada da cólera de uma força 
malévola a qual pode, ela mesma, provir de 
algum malefício ou da má qualidade das rela-
ções do interessado com seus vizinhos, com 
um ancestral ou com uma divindade. Para su-
perar a saúde do enfermo, o curandeiro devia 
interrogar o doente sobre o conjunto das rela-
ções e, mediante a oração, o sacrifício ou am-
bos, ele soluciona o problema, podendo tam-
bém fazer uso de ervas e ou feitiços. 
Referências 
AJAYI, J. F. A.—“L’education dans l’Afrique contemporaine: historique et perspectives”, em: Le 
processus d’education et l’historiographie en Afrique, Historia Geral da Africa, Estudos e docu-
mentos, n. 9, Paris, UNESCO,1985.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. temas de Filosofia. Editora Mo-
derna: São Paulo, 1993.
CROATTO. Jose Severiano. As linguagens da Experiência religiosa: Uma introdução a fenome-
nologia da religião. São Paulo: Paulinas, 2001.
DESCHAMPS, H. Historia Geral da áfrica, vol. II, Paris, PUE, 1971.
ELÍADE, Mircea. O sagrado e o Profano - a essência das religiões. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
________. História das Crenças e das ideias religiosas. 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 
1978.
________. Mito e realidade. São Paulo: Editora Perspectiva, 2006.
GAARDER, Jostein. HELLERN, Victor. NOTAKER, Henry. O livro das religiões. São Paulo, Compa-
nhia das letras, 2005.
GUARINELLO, Norberto Luiz. Uma morfologia da história: as formas da História Antiga. 2003.
KUNG, Hans. religiões do mundo: em busca de pontos comuns, Campinas, Versus editora, 
2004.
AtiViDADE 
O estudo desta unidade 
descreve a evolução 
e desenvolvimento 
social do ser humano 
vinculados às suas 
crenças. Elabore uma 
síntese desse desenvol-
vimento, apontando, 
de acordo com os texto, 
os seguintes aspectos: 
o conceito de tribal ou 
primitivo, seu desen-
volvimento e suas ca-
racterísticas e práticas. 
Você poderá pesquisar 
a temática para melhor 
desenvolver essa ativi-
dade. E, posteriormen-
te, você deverá discutir 
com os colegas, no 
fórum de discussão, em 
nossa sala virtual, sobre 
a temática. Em seguida, 
aponte a relação entre 
sistema simbólico, rito 
e religiões primitivas e 
africanas. 
24
UAB/Unimontes - 2º Período
LÉVI-STRAUSS, Claude. tristestrópicos. São Paulo: Anhembi, 1957.
SMITH. Huston. As religiões do Mundo: Nossas grandes Tradições de Sabedoria. São Paulo, Cul-
triz. 1986TYLOR, Edward Burnett .Primitive culture: researches into the development of mytholo-
gy, philosophy, religion, art, and custom. Plenum Press, 1832.
WUNDT. Wilhelm. And the making of ascientific psychology. New York / London: Plenum 
Press, 1980
25
Ciências da Religião - Cosmovisão das Religiões Africanas e Orientais
UniDADE 3
Religiões orientais: Hinduísmo
Shirlene dos Passos Vieira Santos
3.1 Introdução 
Os hindus são seguidores de uma religião conhecida como Hinduísmo. Esse nome foi criado 
por estudiosos ocidentais no século XIX. Os hindus denominam se conjunto de crenças “sanata-
na dharma”, que significa “lei eterna” ou “ensinamento perpétuo”. O nome hindu foi usado ini-
cialmente pelos antigos persas para designar o povo que vivia no leste do rio Indo. O hinduismo 
é uma das religiões mais antigas e mais difundidas no mundo. Surgiu há milhares de anos na Ín-
dia, onde ainda vive a maior parte de seus seguidores. Trata-se de uma religião prática e flexível, 
permitindo que pessoas façam culto de diversas maneiras, segundo suas necessidades. 
3.2 O Hinduísmo e sua localização 
Dois terços dos hindus vivem na 
Índia e nos países vizinhos como Pa-
quistão, Nepal, Butão, Sri Lanka Ban-
gladesh e Mianmar, mas há comunida-
des hindus por todo o mundo. Cerca 
de 1.000 anos atrás viajantes levaram 
o Hinduísmo para Malásia, a Tailândia 
e outras partes do sudeste asiático, 
onde muitos hindus vivem e traba-
lham. Países como Inglaterra, Canadá 
e Estados Unidos têm recebido gran-
des números de hindus para viver e 
trabalhar. Já na África e Índias ociden-
tais, os hindus são descendentes de 
trabalhadores que se estabeleceram 
nesses países no século XIX. Existem 
cerca de 700 milhões de hindus em 
todo o mundo. 
Originalmente, hinduismo indi-
cava uma região geográfica. Por esse 
motivo, alguns grupos indianos mais 
tradicionalistas defendem que a reli-
gião é mais adequadamente chama-
da de Sanatana Dharma, significan-
do “Religião Eterna”. É considerada a 
mais velha religião ainda existente no 
mundo. Ao contrário de outras gran-
des religiões do mundo, o Hinduísmo 
não possui apenas um único fundador 
e estáa baseado em vários textos religiosos 
desenvolvidos por vários séculos que contém 
insights espirituais e providem um guia prática 
para a vida religiosa. Entre tais textos, os anti-
gos Vedas são normalmente considerados os 
mais autoritários. As outras escrituras incluem 
os dezoito Puranas, e os épicos Mahabharata e 
Ramayana. O Bhagavad Gita que está contido 
Figura 3: Mapa da Índia 
Fonte: Disponível em 
http://upload.wiki-
media.org/wikipedia/
commons/c/c1/India-CIA_
WFB_Map_%282004%29.
png. Acessado em 9 jan. 
2014.
▼
26
UAB/Unimontes - 2º Período
no Mahabharata, é um ensinamento ampla-
mente estudado que nos dá uma destilação 
das verdades superiores dos Vedas.
A esmagadora maioria vive na Índia, onde 
oito entre dez pessoas são hindus. Diz-se que 
se nasce hindu: não se pode torna-se um de-
les. Mas os não hindus são livres para seguir 
os ensinamentos do Hinduísmo e utilizá-los 
como um guia de vida. Os hindus sempre le-
vam suas crenças consigo.
3.3 Evolução do Hinduísmo
Não há data que marque seu começo. 
Suas raízes datam de mais de 4.000 anos, no 
tempo da civilização do vale do indo, no oeste 
da Índia. Foram encontradas muitas imagens 
de argila entre as ruínas das cidades desse 
vale, algumas representando deuses e deusas 
semelhantes aos venerados ainda pelos povos 
hindus. 
A civilização do vale do Indo desmoronou 
por volta de 2000 a.C. cCerca de 500 anos mais 
tarde, o povo ária começou a chegar a Índia 
em grupos vindos do noroeste. Essa civilização 
do vale Indo encontra-se no apogeu. Seus dois 
centros são as cidades de Harappa e Mohejo-
Daro. Sua religião misturou-se com a religião 
do vale Indo, formando a base do Hinduísmo. 
Os árias (homens) veneravam muitos deuses, 
a maioria vinculada à natureza e ao mundo ao 
redor deles. Os hinos religiosos cantados por 
seus sacerdotes ainda estão entre os textos 
mais sagrados dos hindus. O Hinduísmo hoje 
difundido remonta sua origens ao ano de 1500 
a.C., a religião hindu foi estabelecida pelos in-
vasores arianos da Índia. 
O mundo, conforme a concepção des-
ta época, foi formado a partir da organização, 
GlOSSáriO
Insight: s.m. Inglês 
(Estados Unidos) Psico-
logia. Descoberta sú-
bita da solução de um 
problema, da estrutura 
de uma figura ou de 
um objeto percebido; 
compreensão repen-
tina de uma situação; 
intuição.
DiCA 
As duas grandes 
cidades da civilização 
do vale do Indo eram 
Harappa e Mohenjo 
Daro. Os arqueólogos 
começaram a escavá-
-las nos anos 20. Cada 
uma delas tinha um for-
te no alto de um morro, 
ou cidadela usada 
como templo e sede 
do governo. Entre os 
artefatos encontrados, 
há centenas de selos 
de pedra usados para 
marcar mercadorias. 
Muitos deles represen-
tam cenas religiosas ou 
animais sagrados, como 
touros e elefantes.
Figura 4: Os Indianos 
(animais sagrados)
Fonte: Disponível em 
www.passeiweb.com/
na_ponta_lingua/
sala_de_aula/historia/his-
toria_geral_idade_antiga/
os_indianos/civil_india-
na_7_proto. Acessado em 
9 jan. 2014.
►
27
Ciências da Religião - Cosmovisão das Religiões Africanas e Orientais
por força divina, de um caos pré-existente.  Os 
textos védicos antigos descreviam um universo 
cercado de água. De 1500 a.C. a 1000 a.C., o Rig 
Veda e os outros três vedas são usados pelos 
sacerdotes árias em seus rituais. Nesse período 
desenvolve-se o sistema de castas, que abor-
daremos mais adiante. A explicação para essas 
divisões sociais era encontrada nos Vedas (livro 
Sagrado do Hinduísmo): da cabeça do deus 
primordial saíram os brâmanes (casta social 
dominante), dos braços saíram os guerreiros, 
das pernas os produtores e dos pés os servos 
(não -árias, ou «não -homens”). Em 800 a.C. são 
compostos os textos Upanishads que só serão 
escritos séculos depois. De 400 a.C. a 400 d.C. 
são compostos grandes partes dos dois poe-
mas épicos, o Mahabharata e o Ramayana. 
Entre 320-550 d.C. a Índia passa a ser go-
vernada pelos reis grupta e desfruta da cha-
mada de “idade de ouro” do hinduismo. De 
700 d.C. a 800 d.C. se estabelece o reinado 
Hindu. O grande filósofo hindu Shankarachar-
ya escreve os Upanisshads e os divulga. Em 
900 d.C. os reinos cholas governam o sul da Ín-
dia. Nesse período são construídos muitos dos 
mais belos templos. 
3.4 Práticas espirituais 
Existem diversas maneiras de ser hindu. 
Alguns praticam seus cultos diariamente, ou-
tros não tomam parte de nenhum lugar for-
mal. Assim, não existe regras estabelecidas, 
porém a maioria dos hindus compartilha das 
mesmas crenças. Uma crença importante e a 
da reencarnação que significa que sua alma 
renascerá em outro corpo, humano ou animal, 
depois da morte. A samsara é um ciclo de mor-
te e renascimento. Tendo uma vida de bonda-
de, a pessoa pode renascer numa forma mais 
adiantada e aproximar-se de moksha, isso de-
pende das ações e dos resultados delas, o que 
é conhecido como carma.
Quanto às práticas religiosas, nos tempos 
remotos, os árias realizavam rituais elaborados 
para satisfazer os deuses, de modo que lhes 
concebessem bênçãos como uma boa saúde 
e uma boa colheita. No centro dos rituais mais 
importantes encontravam-se o fogo do sacri-
fício, onde o sacerdote lançava oferendas de 
cereais, especiarias, manteiga e leite. Bodes e 
cavalo também eram sacrificados aos deuses. 
Os árias acreditavam que o fogo atuava como 
uma ponte entre este mundo e o mundo di-
vino, levando seus sacrifícios até os deuses. 
Durante os sacrifícios cantavame entoavam 
hinos e fórmulas mágicas. Estas deveriam ser 
recitadas corretamente. Um erro poderia signi-
ficar que o sacrifício não funcionaria e todo o 
ritual teria de ser feito outra vez.
Estas práticas são partes integrantes da 
vida cotidiana do hindu. O banho no rio Gan-
ges (rio sagrado) desempenha um papel im-
portante no Hinduísmo. Eles acreditam que 
sua água seja santa e banhando ou bebendo-
-a irão lavar seus pecados e se aproximar de 
moksha (salvação). Existem também os qua-
tros caminhos a seguir através dos quais os 
hindus poderão alcançar a moksha.
•	 O caminho da devoção;
•	 O caminho do conhecimento;
◄ Figura 5: Civilização 
Indiana
Fonte: Disponível em 
www.passeiweb.com/
na_ponta_lingua/
sala_de_aula/historia/his-
toria_geral_idade_antiga/
os_indianos/civil_india-
na_7_proto. Acessado em 
9 jan. 2014.
PArA SABEr MAiS
Hindu é o nome em 
persa do rio Indo, en-
contrado pela primeira 
vez na palavra Hindu 
(həndu) do persa anti-
go, correspondente ao 
sânscrito védico Sindhu.
28
UAB/Unimontes - 2º Período
•	 O caminho das boas ações;
•	 O caminho da ioga;
O hindu pode escolher o caminho que 
mais lhe agrade. De acordo com Narayanan, 
(2007, p. 132), .”O caminho eterno” (em Sâns-
crito सनातनधरम्, Sanātana Dharma), ou a 
“Filosofia perene/Harmonia/Fé”, é o nome que 
tem sido usado para representar o Hinduísmo 
desde a antiguidade. De acordo com os hin-
dus, transmite a ideia de que certos princípios 
espirituais são intrinsecamente verdadeiros e 
eternos, transcendendo as ações humanas, re-
presentando uma ciência pura da consciência. 
Mas essa consciência não é meramente aquela 
do corpo, da mente ou do intelecto, mas a de 
um estado de espírito supramental que existe 
dentro e além de nossa existência, o imacula-
do Ser de tudo. 
A religião dos hindus é a busca inata pelo 
divino dentro do Ser, a busca por encontrar a 
Verdade que nunca foi perdida de fato. Verda-
de buscada com fé que poderá tornar-se recon-
fortante luminosidade independentemente da 
raça ou do credo professado. Na verdade, toda 
forma de existência, dos vegetais e animais 
até o homem, são sujeitos e objetos do eterno 
Dharma. Essa fé inata, então, é também conhe-
cida por Arya/Dharma Nobre, Veda/Dharma do 
Conhecimento, Yoga/Dharma da União, Dhar-
ma Hindu ou simplesmente Dharma.
3.5 Deuses e lugares sagrados
A teologia hinduísta se fundamenta no 
culto aos Avatares da divindade suprema, 
Brahman. Particular destaque é dado à Trimur-
ti – uma trindade constituída por Brahma, Shi-
va e Vishnu. Pode parecer estranho para os pa-
drões de uma cultura cristã, mas o culto direto 
aos membros da Trimurti é relativamente raro. 
Ao invés disso, costumam-se cultuar avatares 
mais específicos e mais próximos da realidade 
cultural e psicológica dos praticantes, como 
por exemplo, Krishna, Avatar de Vishnu e per-
sonagem central do Bhagavad Gita.
A maioria dos hindus acredita numa alma 
ou espírito supremo chamado Brahma que 
não tem corpo nem forma, está em todos os 
lugares, o tempo todo, permeando tudo. Os 
deuses e deusas do Hinduísmo representam 
diferentes manifestações, ou características de 
Brahma. Os principais deuses são Brahma, o 
criador; Vishnu, o protetor; e Shiva, o destrui-
dor. Além dos três principais deuses, Hinduís-
mo tem milhares de outros deuses e deusas. 
(NARAYANAN, 2007, p. 136-7).
Os hindus praticam suas orações e culto 
em templos chamados de mandir. Construí-
dos por toda Índia, os mandir são, em geral, 
dedicados a um deus ou deusa. São lugares 
barulhentos e cheios de vidas. Os fiéis tocam 
os sinos do templo ao entrar e repetem ao sair. 
Além disso, existem pequenos santuários de 
rua, onde os hindus podem rezar a caminho do 
trabalho ou da escola. Em casa, muitos hindus 
reservam um local como santuário onde a fa-
mília possa rezar. Ao visitar um templo, o hin-
du vai para obter um darshana (uma benção 
especial) do deus ou da deusa. No templo, eles 
executam a cerimônia chamada de puja (ofe-
rendas). Para entrar no templo, os hindus reti-
ram os sapatos e as mulheres cobrem a cabeça 
em sinal de respeito. Como parte da devoção, 
as pessoas caminham devagar ao redor do san-
tuário, sempre no sentido horário, com a mão 
direita voltada para o altar e para o deus. 
Os lugares sagrados são visitados pelos 
hindus que acreditam que essa visita os ajuda-
rá a aproximar-se de moksha. Esses lugares es-
tão ligados a acontecimentos da vida dos deu-
ses e homens santos hindus. Varanasi, cidade 
dedicada a Shiva, é o lugar de peregrinação 
mais sagrado para os hindus. Milhões de pes-
soas vão lavar seus pecados no rio Ganges e 
espalhar cinzas de parentes mortos. Também 
escolhem lá como o melhor lugar para se mor-
rer. Além disso, as cidades de Ayodhya, Mathu-
ra, Hardwar, Ujjain, Dwarka e Kanchipuram são 
chamadas de tirthas, que significa “passagens” 
ou “encruzilhadas”, onde se pode passar deste 
mundo para moksha. 
3.6 Símbolo sagrado
O símbolo sagrado é o Om, som escrito 
na grafia híndi. Os hindus acreditam que seja 
um símbolo de perfeição espiritual. Ele é reci-
tado no começo das orações, bênçãos e leitu-
ras de livros sagrados, sendo também usado 
durante a meditação.
29
Ciências da Religião - Cosmovisão das Religiões Africanas e Orientais
Flor de Lótus é o símbolo para espirituali-
dade, meditação, pureza e imortalidade. Nas 
imagens religiosas hindus, divindades apare-
cem em pé ou sentadas sobre a flor. É o caso 
das representações de Ganesha, Lakshmi e 
Shiva. Krishna que aparecem com algumas flo-
res de Lótus a seus pés, que são chamados de 
pada-kamala (“pés de Lótus”). Os muitos bra-
ços das divindades representam onipotência 
e proteção. Mandalas têm origem hindu e no 
sânscrito significa “círculo mágico”. São dese-
nhos geométricos que representam a unidade 
entre a divindade e o cosmos. Igualmente de-
signa a representação simbólica do núcleo do 
psiquismo humano e são usadas como instru-
mento de meditação e busca de paz interior. 
Encontram-se também na arquitetura de dife-
rentes templos, em danças e pinturas sagra-
das. A vaca simboliza maternidade, a fertilida-
de, a esperança, a alegria e a criação da vida. 
O Hinduísmo possui 330 milhões de Deuses, 
mas todos simbolizam um só, porque essas re-
presentações são os poderes que o Deus uno 
pode ter. 
3.7 Os textos sagrados
Os livros sagrados são compostos pe-
los Vedas. O Rig Vedas é o mais antigo escrito 
em sânscrito, a antiga língua dos árias e a lín-
gua sagrada da Índia. O filho do saber contém 
mais de mil hinos; outros textos, como os Upa-
nishads, e dois extensos poemas, o Mahabha-
rata e o Ramayana. Os Vedas e os Upanishads 
são chamados de textos shruti ( ouvidos). A 
acredita-se que um grupo de homens sábios 
os ouviram diretamente de Brahma, há muito 
tempo. Os Shmriti (os lembrados) foram com-
postos por pessoas e passados adiante.
3.8 As crenças 
O Hinduísmo é um sistema diversificado 
de pensamento, com crenças que abrangem o 
monoteísmo, politeísmo, panteísmo, monismo 
e ateísmo. É uma corrente religiosa que evoluiu 
organicamente através de um grande território, 
marcado por uma diversidade  étnica  e  cultu-
ral significativa. A maior parte dos hindus acre-
dita que o espírito ou a alma é eterno. O eu ver-
dadeiro de cada pessoa é chamado de ãtman 
(eterno), e este ãtman não pode ser distinguido. 
Essa corrente evoluiu tanto através da inovação 
interior quanto pela assimilação de tradições ou 
cultos externos ao próprio Hinduísmo. O resul-
tado foi uma variedade enorme de tradições 
religiosas, que vai de cultos pequenos e pouco 
sofisticados até os principais movimentos da 
religião, que contam com milhões de aderentes 
espalhados por todo o subcontinente indiano e 
outras regiões do mundo. 
O conceito de Deus é complexo, e está 
vinculado a cada

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