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Tratamento de Água Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Fernando Freitas de Oliveira Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos Qualidade da Água • Qualidade de Água e Saúde Pública • Parâmetros de Qualidade com Base nas Características Físicas da Água • Parâmetros de Qualidade com Base nas Características Físicas Químicas da Água • Parâmetros de Qualidade com Base nas Características Biológicas da Água · Dar base para a compreensão da relação entre padrões de qualidade de água e saúde pública, bem como apresentar as metodologias utili- zadas para determinação de parâmetros de qualidade. Além disso, a importância da aplicação de sistemas de tratamento de água potável também é apresentada. OBJETIVO DE APRENDIZADO Qualidade da Água Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. UNIDADE Qualidade da Água Contextualização Sob o sol do sertão, carregando uma lata na cabeça, percorrendo um caminho de terra seca e rachada, vai três vezes ao dia até o córrego mais perto de casa. A água é turva e barrenta, mas é a única alternativa para se lavar as panelas e matar a sede. Ao menos antes de beber, se pode ferver a água na tentativa de eliminar boa parte dos microrganismos. Infelizmente, essa é a realidade de muitos brasileiros que vivem na região nordeste do nosso país. A água é escassa e quando se encontra não é apropriada para consumo, não tem qualidade. Dependendo do tipo de uso, a água pode ter diferentes padrões de qualidade, sendo o consumo humano o mais restritivo. A possibilidade de se contrair doenças por meio da água é conhecida há muito tempo pelo ser humano. O Grego Hipócrates (460 – 370 a.C.), considerado o pai da medicina, já fazia menção à importância de se escolher bem o local de coleta da água para consumo. A água transporta uma série de partículas, incluindo alguns microrganismos que ocorrem naturalmente no ambiente aquático, sem causar prejuízos. Porém, ações humanas como o despejo de esgotos domésticos em corpos hídricos pode gerar a proliferação de alguns tipos de microalgas tóxicas, além de aumentar a concentração de patógenos que em contato com o homem podem causar diversas doenças de veiculação hídrica. No mundo, estima-se que as doenças transmitidas pela água sejam responsáveis por mais de 2 milhões de mortes a cada ano, principalmente entre crianças com menos de cinco anos. Muitas das questões ligadas à saúde pública estão relacionadas aos cuidados com a água, uma vez que diversas atividades humanas alteram suas características tornando-a imprópria para consumo. 8 9 Qualidade de Água e Saúde Pública A percepção de que a água poderia ser a causa de doenças para o ser humano é antiga. Evidências demonstram que a 2000 a. C. os egípcios já adotavam uma série de cuidados com a água de beber, que envolviam o armazenamento em vasos de cobre, o uso de sulfato de alumínio para clarificação, utilização da decantação, filtração em areia ou carvão e fervura para purificação. O povo inca, que ocupava os Andes na América pré-colombiana, também se destacava pelos cuidados com a água e pelo seu conhecimento em engenharia sanitária. Pela sua observação, o homem constatou que uma água turva estava associada à possibilidade de transmissão de doenças. Dessa forma, a necessidade de se remover partículas suspensas e odor, melhorando o aspecto da água, provavelmente fizeram surgir as formas mais antigas de tratamento. A confirmação de que a água era um veículo de doenças veio à tona após a cons- tatação empírica publicada, em 1855, pelo médico inglês John Snow, considerado o pai da epidemiologia moderna. Snow conduziu uma série de investigações relacio- nadas à epidemia de cólera em Londres, analisando os registros de óbitos atribuídos à doença, coletando informações sobre as vítimas e entrevistando os sobreviventes. Com todos esses dados compilados, ele construiu um mapa que mostrava que a maioria dos indivíduos que morreram de cólera tinham bebido ou utilizado água pro- veniente de um poço freático contaminado por esgotos na Rua Broad. Como a água era límpida e sem ou odor desagradáveis, muitas pessoas a utilizavam para consumo. Quando o poço foi desativado e as pessoas não tiveram mais acesso àquela água, o número de casos de cólera diminui significativamente. A conclusão de Snow de que a água da Rua Broad foi o veículo de transmissão de cólera veio acompanhada da descoberta de que nem sempre os aspectos visuais e de cor e sabor podem garantir a qualidade da água para consumo. Figura 1. John Snow e o mapa da cólera em Londres que levou ao foco da doença na Rua Broad Fonte: Commons.wikimedia.org 9 UNIDADE Qualidade da Água Grandes avanços nas questões de qualidade de água vieram ao final do século XIX com publicações de trabalhos de Louis Pasteur e Robert Koch que deram origem à microbiologia. Em 1905, foi feita na Inglaterra a primeira aplicação de cloro para desinfecção de água, e, em 1908, o cloro foi utilizado pela primeira vez nos EUA, em New Jersey, para desinfecção de água de abastecimento. Porém, nos EUA, somente em 1914 foi aprovado um padrão de potabilidade, e que se baseava somente na contaminação da água por bactérias. Por algum tempo, a principal preocupação relacionada à qualidade de água se restringiu aos aspectos estéticos e microbiológicos. Porém, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial, quando foram sintetizados inúmeros compostos químicos, como, por exemplo, uma série de pesticidas, os padrões de qualidade de água também passaram a considerar a presença de substâncias tóxicas. Importante! Como a poluição da água com substâncias tóxicas pode afetar os seres humanos? Pode- mos exemplificar a gravidade deste problema nos baseando no desastre ocorrido na Baía de Minamata, no Japão, que veio à tona em 1956. A indústria química Chisso, instalada no local, passou 24 anos despejando seus efluentes contendo mercúrio no mar. Isso afe- tou seriamente a saúde da população que vivia basicamente da pesca artesanal, sendo este sua principal fonte de renda e alimentação. Como é bioacumulativo, o mercúrio nos peixes e outros organismos marinhos que eram consumidos pela população e por alguns animais domésticos, deram origem à chamada Doença de Minamata, provocando sinto- mas como convulsões, tremores, cegueira, surdez, perda de equilíbrioe danos irreversíveis para o sistema nervoso. As mulheres da região passaram a dar à luz a bebês que também portavam a doença, que infelizmente não tinha cura. A atividade da empresa Chisso resultou em muitas mortes em Minamata e um forte movimento de protesto da população e ambientalistas contra a empresa, que somente em 1966 suspendeu o lançamento de mercúrio no mar. Trocando ideias... Reflita sobre outras substâncias químicas que, ao serem lançadas em mananciais, podem afetar a qualidade da água, indisponibilizando-a para consumo. Figura 2. Vítima da intoxicação em Minamata registrada em 1972 pelo fotógrafo W. Eugene Smith Fontes: thepassionatephotographer.com 10 11 O primeiro padrão de potabilidade de água brasileiro foi estabelecido em 1977. Após uma série de atualizações, passou a vigorar a Portaria 518 de 2004 do Ministério da Saúde, que estabelece os valores máximos permitidos dos parâmetros de qualidade de água definidos para o consumo humano. Esta portaria foi revogada em 2011 sendo substituída pela Portaria 2.914 do Ministério da Saúde. Outro padrão de qualidade que merece destaque é a Resolução CONAMA 357 de 2005, que estabelece critérios para a classificação das águas doces, salobras e salinas, ao definir os requisitos de qualidade de água de cada uma das classes. Atualmente, esta legislação se constitui no principal instrumento de averiguação da qualidade de água nos mananciais. Em termos de Saúde Pública, o fornecimento de água que atenda padrões de potabilidade restritivos é tido como um instrumento de controle epidemiológico, reduzindo a transmissão de doenças pela ingestão de agentes biológicos patogênicos como bactérias, vírus, protozoários e helmintos. Além de evitar a intoxicação humana por diversas substâncias químicas que podem estar presentes na água. Devido a suas propriedades de solvente, a água jamais é encontrada na natureza no seu estado de absoluta pureza. Associada a ela podem ser encontrados diversos componentes que, dependendo do tipo e da concentração, podem reduzir a qualidade de uma determinada água para consumo. Essas impurezas podem ser de ordem física, química ou biológica. Parâmetros de Qualidade com Base nas Características Físicas da Água Partículas Dissolvidas, Suspensas e Coloidais Vimos que os sólidos imersos em água podem ser classificados em dissolvidos, quando o tamanho das partículas permite que ele passe por um filtro 0.45 µm; e sólidos particulados ou suspensos, quando são retidos por este tipo de filtro. Além dessas classificações, existe uma terceira classe composta por partículas que em relação ao tamanho se situam entre os sólidos suspensos e os dissolvidos, denominados sólidos coloidais. Importante! Os sistemas coloidais formam misturas heterogêneas (coloides) que são compostas por uma fase fi namente dividida denominada fase dispersa e um meio de dispersão denominado fase contínua. O tamanho das partículas dispersas em coloides tem um intervalo entre 0,001 a 1 µm (JAFELICCI JUNIOR; VARANDA, 1999). Os sistemas coloidais estão presentes no cotidiano, em produtos de higiene como xampu, pasta de dente, creme de barbear, alimentos como leite, manteiga e maionese. Além das partículas de alguns poluentes suspensas no ar, entre outros (Tabela 1). Importante! 11 UNIDADE Qualidade da Água Tabela 1. Classificação e características dos coloides Colóide Fase dispersa Fase dispersão Exemplo Aerosol líquido Líquido Gás Neblina, desodorante Aerosol sólido Sólido Gás Fumaça, poeira Espuma Gás Líquido Espuma de sabão e de combate a incêndio Espuma sólida Gás Sólido Isopor®, poliuretana Emulsão Líquido Líquido Leite, maionese, manteiga Emulsão sólida Líquido Sólido Margarina, opala, pérola Sol Sólido Líquido Tinta, pasta de dente Sol sólido Sólido Sólido Vidro e plástico pigmentado Fonte: Adaptado de JAFELICCI JÚNIOR; VARANDA, 1999 As águas naturais contêm muitas partículas dispersas de dimensões coloidais, que assim como os sólidos em suspensão podem elevar a turbidez da água. Turbidez A turbidez constitui um parâmetro internacional de qualidade de água, e está relacionada predominantemente à concentração de sólidos suspensos e coloidais presentes na massa líquida. A presença dessas partículas provoca o espalhamen- to ou absorção de luz, dando à água uma aparência nebulosa ou turva (veja na figura 3). A determinação da turbidez pode ser obtida por meio do método nefelométrico, que consiste na quantificação da luz espalhada pelas partículas suspensas, ao se emitir um feixe de luz através de uma amostra de água (veja na figura 4). De um lado da amostra está posicionado um emissor de luz e do outro um detector, que medirá a quantidade de luz que passa pela amostra. O equipamento que mede a turbidez é denominado turbidímetro, que expressa os valores por meio de unidades nefelomé- tricas de turbidez (UNT). Para fins de potabilidade, a turbidez da água é considerada um dos principais parâmetros na avaliação do desempenho das estações de tratamento, refletindo a capacidade de retenção de partículas, incluindo a maioria dos patógenos. Como estabelecido pela portaria 2914 do Ministério da Saúde a água que passa por filtração convencional, ao sair da estação de tratamento deve apresentar turbidez igual ou inferior a 0,5 UNT em 95% das análises de água mensais. Por filtração lenta a turbidez deve ser inferior a 1 UNT em 95% das análises. Dos 5% permitido acima destes valores, nenhuma amostra deve ultrapassar 5 UNT. 12 13 Figura 3. Aspecto de amostras de água Fonte: Adaptado de iStock Getty Images LED (emissor de luz) LDR (receptor de luz) Tubo de ensaio com água turva Figura 4. Sistema de um turbidímetro Importante! Que o rompimento da barragem da empresa Samarco em 2015, no município de Bento Rodrigues próximo a Mariana-MG, é considerado até o momento o maior desastre ambiental da história do Brasil? Além de causar muitas mortes, o acidente deixou um rastro de rejeito de mineração contendo substâncias tóxicas ao longo do Rio Doce. A lama que se espalhou pelo rio elevou extremamente a turbidez alcançando valores acima de 5.000 UNT, uma vez que o máximo permitido no enquadramento é 40 UNT. A alta turbidez da água foi responsável pelo comprometimento da comunidade biológica do rio, uma vez que difi cultou a penetração de luz para a realização da fotossíntese, além causar danos às brânquias dos peixes, aumentando a mortandade, entre outras consequências. Você Sabia? 13 UNIDADE Qualidade da Água Figura 5. Águas do Rio Doce após rompimento da barragem em 2015 Fonte: oeco.org.br Sólidos O aumento da concentração de sólidos em suspensão pode ser acompanhado indiretamente pelo aumento dos valores de turbidez. Porém, também é possível quantificar diretamente os sólidos suspensos, sólidos sedimentáveis, sólidos fixos e voláteis, além de sólidos totais. · Sólidos totais: inclui os sólidos suspensos e dissolvidos. É obtido pela evapo- ração de uma amostra de água, pesando os resíduos remanescentes. · Sólidos suspensos: podem ser quantificados pelo peso dos sólidos retidos em um filtro de 0,45µm após filtração de um volume determinado. Para isto, pesa-se o filtro antes da filtração. Após esta etapa o filtro é seco em estufa a 105°C. Por fim, pesa-se o filtro novamente obtendo a massa dos sólidos suspensos pela diferença entre as pesagens. · Sólidos sedimentáveis: porção de sólidos suspensos que sedimenta quando mantida em repouso por 1 hora em um equipamento chamado cone de Imhoff. · Sólidos voláteis: é a porção de sólidos totais que volatiliza após calcinação a 550-600°C por 60 min (ex.: matéria orgânica). · Sólidos fixos: analogamente aos sólidos voláteis, é a porção de sólidos totais que resta após calcinação a 550-600°C por 60 min (ex.: muitos materiais inorgânicos). Salinidade A salinidade da água está associada à concentração de sais dissolvidos e devido a essa característica é possível definir as águas em doces, salobras e salinas.Uma elevação da salinidade em ambientes originalmente de águas doces pode afetar a comunidade biológica aquática e, consequentemente, reduzir a qualidade de água daquele ambiente. A salinidade a partir de 1978 passou a ser considerada 14 15 uma propriedade adimensional, sendo expressa sem unidades. Porém, algumas referências ainda utilizam as antigas unidades de medidas, partes por mil (‰) ou mg/l, para indicar valores de salinidade. De acordo com a Resolução 357 do Conama, as águas doces são aquelas com salinidade inferior a 0,5‰ (500 mg/l), as águas salobras com salinidade de 0,5 a 30‰ e águas salinas com valores acima de 30‰. Nos mananciais, a salinidade da água ocorre devido aos seguintes fatores: · Intrusão da água do mar no aquífero freático; · Grau de intemperismo sobre as rochas e solos das bacias de drenagem; · Balanço hídrico referente à precipitação e evaporação; · Lançamento de efluentes domésticos e industriais. Condutividade Elétrica É definida pela capacidade que uma determinada água tem de transmitir corrente elétrica. Esta capacidade decorre da presença de sais dissolvidos que se dissociam formando ânion e cátions, principalmente o K+, CL-, Na+, Ca+2 e Mg+2. Quanto maior a concentração iônica, maior a condutividade elétrica. Sua determinação também permite obter uma estimativa do conteúdo de sólidos dissolvidos em uma amostra, sendo expressa comumente em µS/cm (microSiemens). 6 30 40 50 60 70 8 12 16 18 Condutividade elétrica (µS/cm) R2 = 0,983 Co nc en tra çã o d e c át io ns (m g/ L) Figura 6. Correlação entre condutividade elétrica e o somatório da concentração dos cátions mais comumente presentes na água Fonte: LIBÂNIO, 2010 Temperatura A temperatura tem influência sobre uma série de propriedades da água, como massa específica, viscosidade e sobre os estados físicos. Além disso, o aumento da temperatura pode contribuir com a aceleração de reações químicas, redução da solubilidade de oxigênio e outros gases, favorecimento do crescimento de microrganismos, além de acentuar a sensação de sabor e odor. Para beber, a água deve estar em temperatura superior a 5°C, para não irritar a mucosa gástrica. Porém, em temperaturas superiores a 15°C, a água passa a se tornar desagradável ao paladar. 15 UNIDADE Qualidade da Água Sabor e Odor As características sabor e odor, apesar de constituírem sensações distintas, são consideradas conjuntamente, pois a sensação de sabor pode também ser originada do odor. São de difícil mensuração por constituírem sensações subjetivas e têm origem associada à presença de substâncias químicas ou gases dissolvidos na água. Geralmente, essas impurezas que alteram o sabor e odor são de natureza orgânica, como resíduos metabólicos de microrganismos, decomposição de folhas e plantas aquáticas, lançamento de efluentes domésticos e industriais. Reduções drásticas nas taxas de oxigênio dissolvido na água favorece o metabolismo das bactérias anaeróbias, que podem produzir os gases metano (CH4) e sulfeto de hidrogênio (H2S), gerando mau cheiro. Em alguns casos, os sólidos totais em concentrações elevadas podem alterar o sabor da água mesmo sem produzir odor. A detecção de alterações dessas características da água tem importância na possibilidade de rejeição de uma água contaminada pelo consumidor. Porém, é importante lembrar que contaminantes nem sempre alteram tais características. Vimos como exemplo a água contaminada da Rua Broad, em Londres, que causou um surto de cólera em meados do século XIX, e que não tinha nem o sabor e nem o odor alterados. Cor A água pura é um líquido transparente, inodoro (sem cheiro), insípido (sem gosto) e também incolor. A presença de substâncias dissolvidas pode conferir cor à água. Geralmente, a cor na água é causada pela presença de matéria orgânica colorida, como ácidos húmicos, ácidos fúlvicos e taninos, originados da decomposição de vegetais. Ela também pode ser resultante da presença de ferro (água ferruginosa) e outros metais, podendo ser constituintes naturais dos mananciais, produtos da corrosão ou do lançamento de efluentes. A água, além da cor, pode apresentar também uma turbidez associada. Deno- minamos essa associação da cor com a turbidez de cor aparente. Removida a turbidez por algum método, como, por exemplo, a centrifugação, o residual que se mede é a cor verdadeira, ou seja, aquela que não sofre interferência de partí- culas suspensas na água. De acordo com a portaria 2914, a água apropriada para consumo deve ter cor aparente abaixo de 15 unidades de cor (uC). A cor da água é sensível as variações de pH e sua remoção é mais fácil em pH baixo. 16 17 Parâmetros de Qualidade com Base nas Características Físicas Químicas da Água pH O potencial hidrogeniônico, ou pH, constitui a medida da atividade dos íons hidrogênio, expressando a intensidade de condições ácidas com maior atividade do hidrogênio (pH < 7,0) e condições alcalinas ou básicas, com menor atividade do íon hidrogênio e maior atividade do íon OH- (pH > 7,0). A escala do pH vai de 0 a 14,0 (apresentada na Figura 7), sendo o valor 7,0 correspondente ao pH neutro. O suco gástrico, composto por uma solução contendo HCL (ácido clorídrico), quando injetado pode deixar o pH do estômago em valores em torno de 2,0. Já as águas naturais tendem a apresentar pH próximo da neutralidade, pois possuem naturalmente algumas substâncias dissolvidas e atuam como solução tampão. Solução tampão: têm a capacidade de atenuar a variação de pH, mesmo quando recebem ácidos ou bases fortes. Isso ocorre devido à ação de substâncias dissolvidas que neutralizam os íons H+ e OH-. Ex pl or Ácidos Fortes Ácidos Fracos Bases Fracas Bases FortesNeutras Figura 7. Escala numérica de pH Fonte: oeco.org.br O valor do pH influi na solubilidade de uma série de substâncias e pode interferir em diversos processos e operações em estações de tratamento de água, como por exemplo as etapas de coagulação e floculação. Por conta disso, é um dos parâmetros de maior frequência de monitoramento. O equipamento utilizado para as medições de pH é o pHmetro. 17 UNIDADE Qualidade da Água Alcalinidade e Acidez A alcalinidade das águas naturais consiste na capacidade de neutralizar ácidos ou de atuar como solução tampão, minimizando variações de pH. Esta característica ocorre na água devido à presença de hidróxidos (OH-) e principalmente de bicarbonatos (HCO3 -) e carbonatos (CO3 -2). Em contraposição, a acidez constitui a capacidade de neutralizar bases. O que ocorre especialmente pela presença de gases dissolvidos como CO2 e H2S, ou de ácidos húmicos e fúlvicos. Tanto a acidez como a alcalinidade são expressas em mg/L de CaCO3, tendo ambas pouco significado sanitário. Porém, devem ser consideradas em reações químicas associadas ao tratamento de água, bem como na prevenção de corrosão em tubulações de ferro fundido, nas redes de distribuição. Dureza É uma característica conferida à água pela presença de cátions multivalentes como o cálcio (Ca+2), e magnésio (Mg+2), e em menor intensidade na presença dos íons ferrosos (Fe+2), alumínio (Al+3), manganês (Mn+2) e estrôncio (Sr+2). A dureza se manifesta impedindo a formação da espuma de sabões (saponificação), podendo também produzir incrustação (depósitos de cristais de sais) em sistemas de água. O padrão de aceitação de água para consumo humano da portaria 2914 de 2011 apresenta um valor máximo permitido de dureza de 500 mg/l. Ferro e Manganês Ambos metais têm origem nas rochas e solos. O ferro, muitas vezes associado ao manganês, confere à água um sabor amargo, coloração amarelada e aspecto turvo. De acordo com a portaria 2914, o valor máximo permitido para o ferro nas águas de consumo é 0,3 mg/l e para o manganês 0,1 mg/l. As concentrações de ferro e manganês comumente encontradas nas águas superficiais não têm nenhum significado sanitário. Porém, essa limitação das concentrações é necessária, uma vez que aágua contendo sais de ferro pode causar manchas em roupas e em objetos de porcelana, sendo prejudicial para lavanderias e algumas indústrias. O manganês é semelhante ao ferro, porém, é menos comum e sua coloração característica é a marrom. No tratamento de água, métodos como a aeração auxiliam na remoção desses compostos por precipitação. Oxigênio Dissolvido A concentração do oxigênio (O2) dissolvido na água é um importante parâmetro que expressa a qualidade de um ambiente aquático, uma vez que o O2 é essencial à grande maioria das formas de vida, incluindo os organismos aquáticos responsáveis pelo processo de depuração das águas naturais. Sua concentração na água pode 18 19 variar com a temperatura, salinidade, turbulência do fluxo de água, podendo também aumentar com a atividade de organismos fotossintéticos e reduzir com a atividade respiratória de microrganismos que decompõem a matéria orgânica. Figura 8. Variações das concentrações de O2 em função da temperatura e concentração de sólidos Fontes: LIBÂNIO, 2010 Para compreender melhor o papel do oxigênio como agente oxidante no ambiente aquático, os fatores que alteram sua concentração e sua importância como parâmetro de determinação da qualidade de água, baixe o artigo A importância do oxigênio dissolvido em ecossistemas aquáticos (FIORUCCI; BENEDETTI FILHO, 2005). https://goo.gl/emcFa1 Ex pl or DBO e DQO A Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e a Demanda Química de Oxigênio (DQO) são parâmetros que expressam a presença de matéria orgânica na água. A DBO indica a quantidade de oxigênio (mg/L) consumido por microrganismos para a degradação da matéria orgânica, considerando apenas a parcela da matéria orgânica que é biodegradável. A determinação da DBO é feita com base na diferença da concentração de oxigênio dissolvido em uma amostra de água no momento da sua coleta e, após 5 dias, sendo mantida a 20°C. Em termos de resultado, se uma amostra de água natural apresentar uma DBO de 3mg/l, isso quer dizer que foram necessários 3mg/l de oxigênio dissolvido para oxidar a matéria orgânica biodegradável contida em 1 litro de água, no período de 5 dias e mantida a 20°C. Quanto à DQO, sua determinação ocorre por titulação química do agente oxidante dicromato de potássio (K2Cr2O7), o resultado é obtido em menos de 3 horas e abrange o conteúdo total de matéria orgânica presente na água (seja biodegradável ou não). A DBO é um dos parâmetros de qualidade de água considerados na Resolução do Conama 357 para a classificação dos corpos hídricos. Comumente, os mananciais utilizados para abastecimento devem apresentar DBO com valores inferiores a 5mg/l. 19 UNIDADE Qualidade da Água Carbono Orgânico (COT) O carbono orgânico total (COT) é a medida direta da concentração de matéria orgânica na água (expressa em mg/l de COT), diferentemente da DQO que também está relacionada à concentração total de matéria orgânica, mas é uma medida indireta (expressa em mg/l de O2). Em amostras de água, o teor de COT pode ser determinado por diferentes métodos laboratoriais, sendo que atualmente existem equipamentos específicos que possibilitam uma determinação automatizada e rápida. A concentração de COT inclui as concentrações de matéria orgânica dissolvida e particulada, que podem ser determinadas separadamente. Em água superficiais, a concentração de COT varia geralmente entre 1 a 20 mg/l, e em torno de 1000 mg/l, em águas residuárias. Dessa forma, variações significativas deste parâmetro na água obtida de um manancial podem refletir o surgimento de novas fontes de poluição do manancial, como esgotos domésticos. Figura 9. Variação das concentrações de COT em águas naturais Fonte: LIBÂNIO, 2010 Nitrogênio e Fósforo O nitrogênio juntamente com o fósforo constituem nutrientes essenciais para o crescimento de microalgas e cianobactérias (que constituem o fitoplâncton = organis- mos do plâncton que exibem características de vegetais), além de plantas aquáticas. O nitrogênio é mais facilmente assimilável por esses organismos na forma de nitrato (NO3 -) e o fósforo na forma de fosfato (HPO4 -2). Em grandes quantidades no ambiente aquático e na presença de luz esses nutrientes podem induzir fenômenos de floração de algas e cianobactérias, aumentando a biomassa do corpo hídrico e consequente- mente a DBO, quando os microrganismos passam a decompor essa biomassa consu- mindo oxigênio. Esse fenômeno é denominado eutrofização, tendo como principais consequências a morte de organismos aquáticos pela falta de oxigênio dissolvido, o aumento da concentração de bactérias anaeróbias, produção de odores desagradáveis e produção de toxinas por alguns tipos de algas, resultando em um estado de degrada- ção ambiental do corpo hídrico. Na maioria das vezes, o aumento das concentrações de nitrogênio e fósforo está associado às ações antrópicas, como o lançamento de esgoto doméstico e lixiviação de fertilizantes agrícolas em mananciais. 20 21 Figura 10. A água verde é um aspecto de um ambiente aquático eutrófi co, assim como o mau cheiro Fonte: iStock Getty Images Substâncias Tóxicas Inúmeras substâncias tóxicas podem ser encontradas na água, representando peri- gos à saúde pública, sendo que algumas delas são capazes de provocar ou estimular o desenvolvimento de tumores em humanos. Os metais pesados, ou metais tóxicos, podem ser inseridos nos corpos hídricos pelo tanto por processos naturais como a erosão, como pelo lançamento de efluentes industriais ou de mineração. Tabela 2. Concentração máxima de metais tóxicos permitida na água e os potenciais efeitos à saúde Metal tóxico Portaria 2914 (mg/l) Efeitos à saúde Cádmio 0,005 Danos ao sistema renal. Chumbo 0,01 Pode se acumular nos organismos, causando retardo no desenvolvimento de crianças e problemas de rins e pressão arterial em adultos. Cobre 2,0 Disfunções intestinais para curta exposição e danos no fígado e rins para exposições prolongadas. Cromo 0,05 Pode afetar os rins e sistema respiratório, além de causar dermatites. Mercúrio 0,001 Pode causar lesões no fígado, disfunções renais e afetar o sistema nervoso central. Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde (2011) Além dos metais pesados, outras substâncias que causam graves efeitos à saúde devem também ocorrem dissolvidas na água, como o arsênio, cianetos, fenóis, pesticidas e toxinas produzidas por algas e cianobactérias. É importante ressaltar que a quantidade de muitos destes compostos tóxicos dissolvidos na água depende de outros fatores como pH, temperatura e dureza. 21 UNIDADE Qualidade da Água Parâmetros de Qualidade com Base nas Características Biológicas da Água As características biológicas da água estão relacionadas à presença dos diversos microrganismos do ambiente aquático. Em relação à qualidade de água essas características são relevantes, uma vez que muitos destes microrganismos são capazes de transmitir doenças. Bactérias coliformes: algumas destas bactérias são aeróbias, outras podem viver tanto na presença quanto na ausência de oxigênio (anaeróbias facultativas) e todas têm como característica a fermentação da lactose, podendo viver nos mais diversos ambientes. Na determinação de padrões de qualidade de água se refere a este grupo como coliformes totais. As bactérias do grupo coliforme que têm como habitat o intestino de animais de sangue quente (incluindo o homem) são chamadas de coliformes termotolerantes (ou coliformes fecais). Embora, alguns coliformes quando ingeridos possam causar diarreia, a maioria não é patogênica. Porém, a presença de coliformes termotolerantes em amostras de água indica é um indicador de fezes que pode vir acompanhada de outras bactérias causadoras de doenças. O valor de coliformes na água é geralmente determinado pelo método do número mais provável (NMP). De acordo com a portaria 2914, a água de abastecimento deve respeitar os valores de coliformes conforme a tabela 3. Tabela 3: Padrão microbiológico de água para consumohumano Tipo de água Parâmetro VMP (1) Água para o consumo humano Escherichia coli (2) Ausência em 100 mL Água tratada Na saída do tratamento Coliformes totais (3) Ausência em 100 mL No sistema de distribuição (reservatórios e rede) Escherichia coli Ausência em 100 mL Coliformes totais (4) Sistemas ou soluções alternativas coletivas que abastecem menos de 20.000 habitantes Apenas uma amostra, entre as amostras examinadas no mês, apresentar resultado positivo Sistemas ou soluções alternativas coletivas que abastecem a partir de 20.000 habitantes Ausência em 100 mL em 95% das amostras examinadas no mês Notas: 1. Valor máximo permitido 2. Indicador de contaminação fecal 3. Indicador de eficiência de tratamento 4. Indicador de integridade do sistema de distribuição (reservatório e rede) Fonte: Extraído da portaria MS 2914 (2011) Em caso de detecção de amostras de água com resultado positivo para coliformes totais, ações corretivas devem ser adotadas e novas amostras devem ser coletadas em dias sucessivos até que sejam reestabelecidos os padrões satisfatórios. Vírus: são partículas compostas por material genético (DNA ou RNA) envolvido por uma cápsula proteica. Como possuem a capacidade de se reproduzir quando estão dentro de um organismo, diz-se que estão no limite entre o vivo e o não vivo. 22 23 Alguns vírus causadores de doenças em humanos podem ser veiculados pela água e transmitidos por via oral, podendo causar resfriados, conjuntivites, gastroenterites, entre outras doenças. Os vírus mais comuns de veiculação hídrica são o adenovírus, rotavirus, enterovírus, norovírus, e os vírus das hepatites A e E. Em sistemas de trata- mento de água convencional, são estabelecidos como estratégias de controle de vírus a redução significativa da turbidez e o uso do cloro na etapa de desinfecção da água. Protozoários: uma série de protozoários podem causar moléstias de veiculação hídrica, como organismos dos gêneros Giardia, Cryptosporidium, Toxoplasma, entre outros. Muitos destes organismos unicelulares podem estar presentes nas fezes humanas e de animais, sendo que alguns deles produzem cistos e oocistos que em alguns casos resistem à ação sanitizante do cloro e podem passar por sistemas convencionais de tratamento de água. Helmintos: a água pode veicular ovos depositados por alguns helmintos como Ascaris lumbricoides (lombriga), Schistossoma mansoni e as tênias, conhecidos vulgarmente como vermes parasitários. Estes organismos causam moléstias ao seu principal hospedeiro, o homem. Microalgas: como vimos anteriormente, a proliferação de microalgas (grupo em que podemos incluir as diatomáceas, dinoflagelados e cianobactérias), interfere nos padrões de qualidade de água. Alguns destes organismos podem produzir uma série de toxinas, que por constituírem substâncias dissolvidas podem resistir ao tratamento convencional de água. Dentre os efeitos destas toxinas no homem, podemos considerar: danos ao fígado, rins e outros órgãos, bem como danos ao sistema nervoso e falhas respiratórias, podendo causar a morte do indivíduo dependendo da concentração. Em situações de florações de algas, é preocupante o consumo de organismos filtradores, como moluscos (ex: mexilhões e vieiras), uma vez que podem acumular toxinas. Índice de Qualidade de Água (IQA) Como você viu nos tópicos anteriores, a água possui inúmeras características físicas, químicas e biológicas, que refletem sua qualidade. Porém, é uma tarefa difícil determinar a qualidade da água analisando separadamente cada uma delas. Desta forma, se fez necessário o desenvolvimento de um indicador com base nessas características, que pudesse oferecer um valor referencial da qualidade de água, possibilitando uma avaliação mais objetiva dos corpos hídricos. Em 1970, nos Estados Unidos, foi então criado pela National Sanitation Foundation o Índice de Qualidade de Água (IQA), que também passou a ser adotado no Brasil a partir de 1975. O IQA é composto por nove parâmetros considerados os mais relevantes para determinação da qualidade da água, sendo atribuídos pesos diferentes para cada parâmetro de acordo com o grau de importância. Dentre eles, o maior peso é atribuído à concentração de oxigênio dissolvido, que representa 17% do valor total do IQA, e em seguida à concentração de coliformes termotolerantes, que representa 15% (Tabela 4). 23 UNIDADE Qualidade da Água Tabela 4. Respectivos pesos atribuídos a cada um dos parâmetros utilizados no IQA Parâmetro Peso (w) Oxigênio dissolvido 0,17 Coliformes termotolerantes 0,15 pH 0,12 DBO 0,10 Nitrogênio total 0,10 Fósforo total 0,10 Variação de temperatura 0,10 Turbidez 0,08 Sólidos totais 0,08 Fonte: Agência Nacional de Água O valor do IQA é obtido pelo produtório (Π) ponderado dos nove parâmetros conforme a equação abaixo: Na qual, n= número de parâmetros (9); qi = qualidade do parâmetro i. Um número entre 0 e 100, obtido nas curvas de variação média (Figura 11), utilizando os valores das análises de água. wi = peso do parâmetro i, um número entre 0 e 1 (o somatório de todos os pesos dos nove parâmetros é igual a 1). IQA = um número entre 0 e 100. Tabela 5. Valores hipotéticos dos parâmetros de qualidade de água de um manancial Parâmetro Unidade Valor Oxigênio dissolvido % 80 Coliformes termotolerantes NMP 10 pH - 7,5 DBO mg/l 5,0 Nitrogênio total mg/l 10,0 Fósforo total mg/l 1,0 Variação da temperatura °C 2,5 Turbidez UNT 20 Sólidos totais mg/l 150 24 25 Imagine que os resultados de análises de água de um suposto manancial sejam esses apresentados na Tabela 5. Uma vez que obtivemos estes dados, devemos cruzá-los com as curvas de variação médias de cada parâmetro (apresentadas na Figura 11), para encontrar os valores de qualidade (q). Oxigênio Dissolvido q Nota: se OD% > 140 q = 47,0 % saturação 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 40 80 120 180 200 Coliforme Termotolerantes q Nota: se CT> 105, q = 3,0 CT/100ml 1 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 101 102 103 104 105 pH q Nota: se pH < 2,0 q = 2,0 se pH > 12,0 q = 3,0 unidades de pH 2 3 4 5 6 7 8 9 121110 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 W9 = 0,17 W1 = 0,17 W2 = 0,12 DBO q Nota: se DBO5 > 30,0, q = 2,0 DBO = mg/l 50 10 20 30 40 5015 25 35 45 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Nitrogênio Total q Nota: se N total > 100,0 q = 1,0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Fósforo Total q Nota: se P total > 10,0 q = 5,0 mg/lmg/l 2 30 1 4 5 6 7 8 9 1020 300 10 40 50 60 70 80 90100 20 300 10 40 50 60 70 80 90100 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 W3 = 0,10 W4 = 0,10 W5 = 0,10 Variação da Temperatura (∆t) q Nota: se ∆t < -5,0 q é inde�nido se ∆t > 15,0 q = 9,0 -5 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 5 10 15 20 Turbinez q Nota: se Turbinez > 100 q = 5,0 NTUºC 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Sólidos Totais q Nota: se ST > 500,0 q = 32,0 mg/l 0 100 200 300 500400 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 W6 = 0,10 W7 = 0,08 W8 = 0,08 Figura 11. Curvas de variação médias padrão para cada parâmetro. Nelas foram plotados os valores da Tabela 5 25 UNIDADE Qualidade da Água Cruzando os valores dos parâmetros no eixo x com as curvas podemos obter os valores de q no eixo y. Uma vez obtidos o valor de q, elevamos este número à potência que corresponde ao peso (w) de cada parâmetro. Ex: Oxigênio dissolvido q = 85; w = 0,17, então 850,17= 2,13 Coliformes termotolerantes q = 70; w = 0,15, então 700,15= 1,89 pH q = 90; w = 0,12, , então 900,12= 1,72 DBO q = 50; w = 0,10, então 500,10= 1,48 Nitrogênio total q = 60; w = 0,10 , então 600,10= 1,48 Fósforo total q = 40; w = 0,10, então 400,10= 1,45 Variação de temperatura q = 70; w = 0,10, então 700,10= 1,53 Turbidez q = 60; w = 0,08, então 600,08= 1,39 Sólidos totais q = 80; w = 0,08, então 800,08= 1,42 Π = 2,13 x 1,89 x 1,72 x 1,48 x 1,48 x 1,45 x 1,53 x 1,39 x 1,42 IQA = 66 Como alguns estados brasileiros adotam valores maisrestritivos de IQA do que outros, um IQA = 66, o enquadraria como qualidade de água BOA, caso este manancial fosse localizado nos estados BA, CE, ES, GO, MS, PB, PE e SP. Caso este manancial estivesse situado em algum dos estados AL, MG, MT, PR, RJ, RN e RS, a faixa do IQA seria mais restritiva e a qualidade de água seria apenas RAZOÁVEL (Tabela 6). Tabela 6. Classificação das águas de acordo com as faixas de valores do IQA Faixa de IQA utilizadas nos seguintes estados: AL, MG, MT, PR, RJ, RN, RS Faixa de IQA utilizadas nos seguintes estados: BA, CE, ES, GO, MS, PB, PE, SP Avaliação de qualidade da Água 91-100 80-100 Ótima 71-90 52-79 Boa 51-70 37-51 Razoável 26-50 20-36 Ruim 0-25 0-19 Péssima Fonte: Agência nacional de águas 26 27 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos O desastre de Minamata https://youtu.be/_zMG0MsyIQ0 Eutrofização Estuários https://youtu.be/SOhBtgDVl0U Leitura O mundo dos coloides O mundo dos coloides (JAFELICCI Jr; VARANDA, 1999). https://goo.gl/5Vpm0u A importância do oxigênio dissolvido em ecossistemas aquáticos A importância do oxigênio dissolvido em ecossistemas aquáticos (FIORUCCI; BENEDETTI FILHO, 2005). https://goo.gl/TJ4o64 27 UNIDADE Qualidade da Água Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 2.914 de 12 de dezembro de 2011. FIORUCCI, A. R.; BENEDETTI FILHO, E. A importância do oxigênio dissolvido em ecossistemas aquáticos. Química nova na escola. Química e Sociedade, n. 22, 2005. HELLER, L.; DE PÁDUA, V. L. Abastecimento de água para consumo humano. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010. JAFELICCI JR, M.; VARANDA, L. C. O mundo dos coloides. Química Nova na Escola. Química e Sociedade, n. 9, 1999. LIBÂNIO, M. Fundamentos de qualidade e tratamento de água. 3. ed. Campinas, SP: Editora Átomo, 2010. RICHTER, C. A.; AZEVEDO NETTO, J. M. Tratamento de água: Tecnologia atualizada. São Paulo: Blucher, 1991. 28
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