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UNIVERSIDADE JOSÉ DO ROSÁRIO VELLANO – UNIFENAS Luiza Freitas Horta – 7º P - 205716211 Professor: Antônio Coppe Teoria Existencial, Humanista e Fenomenológica. 1. Comente sobre “A Intervenção Fenomenológica em Psicoterapia com base na Fenomenologia de Merleau-Ponty” e o seu reflexo na intervenção psicoterápica (Clínica Humanista Fenomenológica, Virgínia Moreira, Cap. 4). Para a Fenomenologia, durante a terapia, o cliente e o terapeuta estão conectados entre si e com o mundo. Segundo o capítulo lido, as vivências trazidas pelo cliente são únicas. Desse modo, o conteúdo é amplo e imprevisível, entretanto é possível estabelecer uma “moldura” para o material desse “quadro”. Essa moldura em questão demarca o espaço psicoterapêutico, simbólico e intersubjetivo. Nesses espaços são utilizados diversos meios de intervenção e um modo de ser e estar na relação. Assim, ainda com base no capítulo, podemos citar a intuição eidética, a redução fenomenológica, a descrição, a fala e o modo de ver e ouvir fenomenologicamente. A intuição eidética, por sua vez, procura, através da universalidade do conhecimento psicoterápico, ajudar o cliente a experenciar as suas vivências de modo mais completo. Desse modo, a intuição eidética é um processo de auto investigação e autoconhecimento, o qual busca facilitar para o cliente a conectar-se consigo mesmo para além do simplesmente vivido. Isto é, procura compreender o seu cotidiano e atribuir significados aos sentimentos derivados de sua interação com o mundo. Em outras palavras: estimula a ampliação da consciência do sentir, bem como qual é o significado que ele atribuiu para este sentir e o porquê atribuiu. Já na redução fenomenológica, o terapeuta se afasta dos seus valores, interpretações, julgamentos e conhecimentos que adquiriu com o mundo ao longo dos tempos e que serviu para construir a sua singularidade. Logo, o terapeuta se afasta de preconceitos a fim de enxergar e compreender o mundo do cliente. Tal ato possibilita a emersão e a aproximação das experiências e significações que o cliente traz durante a terapia. Entretanto, o terapeuta não deixa de ser quem ele é, ele apenas coloca sua própria visão de mundo em segundo plano ou, como o capítulo se refere, entre parênteses (epoché). Isto é feito com a finalidade de o terapeuta enxergar o mundo através dos olhos do cliente, se aproximando ao máximo do modo como este se sente, interpreta, reage e age sobre suas experiências de vida. Na descrição entende-se que o paciente está no mundo e, com o mundo não sendo apenas um objeto, adotamos essa visão no processo psicoterapêutico, cujo cliente é um ser no mundo antes de qualquer interpretação ou análise, e não um objeto da psicologia. Logo, o principal objetivo da fenomenologia seria o de descrever o ser humano. Dessa maneira, a fenomenologia busca expandir o campo experiencial fazendo com que o cliente descreva uma sensação ou como ele viveu alguma situação da vida. É somente através dessa descrição exaustiva que pode-se chegar no mais profundo do fenômeno, possibilitando que o cliente esteja mais conectado consigo e ampliando a sua consciência. Na Fenomenologia de Merleau-Ponty temos dois tipos de fala: • a secundária: o cliente prepara com antecedência o que vai dizer; essa fala perdura por algumas sessões como um modo de defesa e receio para entrar em assuntos mais profundos; • a primária: é autêntica e se manifesta de acordo com os pensamentos que circulam a mente e os sentimentos vivenciados no momento da terapia; o cliente se entrega com o mínimo de ressentimento possível. Essa fala não foi preparada pelo cliente e, por isso, produz algo novo, possibilitando um insight e, posteriormente, uma mudança. O ambiente da clínica é importante para relação: na sala de atendimento, terapeuta e cliente estão um de frente para o outro, permitindo uma conexão entre os dois. Na fenomenologia, ver e ouvir é ir além, é buscar nas entrelinhas o que está sendo comunicado, procurar ver e ouvir o invisível. Portanto, quando o cliente é visto de modo claro, o terapeuta consegue se expressar de modo autêntico, bem como o cliente também. Tal processo é feito através da fala, da visão e da audição, chegando às profundezas do fenômeno em questão. 2. Quais os fundamentos da Abordagem Centrada na Pessoa, segundo Rogers? (Um Jeito de Ser, Carl Rogers, Cap. 3). A ACP baseia-se na confiança no ser humano e sua capacidade de auto direção. Rogers, com base nos seus estudos, vivências e em sua própria experiência de vida dentro da clínica, fundou um novo jeito de viver a relação não só com o cliente, mas com as mais diversas interações humanas: pais e filhos, empregados, grupos de encontro etc. A abordagem se firma na crença e confiança da tendência atualizante do ser humano ou tendência a realização. Segundo Rogers, todo o organismo se move em direção à vida, ao desenvolvimento e à manutenção. Assim, o indivíduo busca sua forma mais completa dentro daquilo que lhe é possível no momento, independente do ambiente. Essa tendência, então, irá movê-lo para o seu desenvolvimento e evolução. Rogers acreditava que o ser humano, em sua essência, é bom e tende a escolher as maneiras mais saudáveis de contato com a sociedade. Se for fornecido ao indivíduo um ambiente propício, ligado com a sua força natural de ser levado para a harmonia com o mundo e consigo mesmo, o cliente tenderá a se desenvolver e autodirigir sua vida com um olhar mais completo de si, de seus sentimentos e experiências. Dessa forma, ele agirá da maneira mais benéfica para si e para os outros. Rogers denominou essas condições facilitadoras da relação como: aceitação incondicional positiva, compreensão empática e congruência. A aceitação incondicional consiste em acolher o cliente, independente do modo como ele está e sem qualquer tipo de crítica ou julgamento. Quando o terapeuta aceita o cliente, ele permite e possibilita que este se expresse sem receios e, assim, tire parte dos pesos que carrega. Consequentemente, é adquirida cada vez mais confiança na relação, fazendo a situação seja enxergada com mais clareza e amplitude. Isto faz com que o cliente se aproxime cada vez mais do seu self, da sua completude. Já a compreensão empática fundamenta-se no terapeuta entrar no mundo do cliente e enxergar esse mundo através dos seus olhos. Essa atitude, sem julgamentos e interpretações, faz com que o terapeuta possa se aproximar dos sentimentos do cliente, bem como o modo de lidar com as experiências deste. Estando atento, ouvindo e vendo o que o cliente entrega, pode-se comunicar o que está explícito e implícito na sua vida. O cliente, ao ouvir a si mesmo como uma espécie de reflexo no espelho, reflete e reformula as suas experiências. Ao vivenciar essa relação de compreensão, o terapeuta permite que o cliente alcance cada vez mais a sua capacidade integral e compreenda os outros em qualquer relação que vivencie posteriormente. Por fim, a congruência compreende no terapeuta estar por inteiro na relação com o cliente de um modo transparente, sem quaisquer barreiras, máscaras e fachadas entre eles, expressando os seus sentimentos no momento em que eles ocorrem e, se necessário, comunicá-los. Se houver algum sentimento que incomode o terapeuta a ponto de tirá-lo da relação no momento presente, ele deve manifestar do modo mais empático possível. Portanto, ser congruente é estar em acordo consigo mesmo para que, assim, possa acolher o que o cliente lhe traz. 3. Após a leitura do capítulo “A Política das Profissões de Ajuda”, faça uma crítica à política das profissões de ajuda como você a vê (Sobre o Poder Pessoal, Carl Rogers, Cap. 1). Com a leitura do capítulo, foi possível compreender melhor as noções das políticas terapêuticas quanto ao controle e poder. Diversas abordagens empregam uma crença de que o poder vem de cima para baixo na relação terapeuta-cliente, ou seja, uma crença de que há uma relação de superioridadedo terapeuta para com o cliente. Assim, os terapeutas julgam que cabe a eles a decisão de direcionar a terapia como uma maneira de manipulação da vida do cliente, fazendo com haja um autoritarismo de que o terapeuta sabe melhor para além do cliente, o qual vive a experiência. Esse autoritarismo, egocentrismo e comportamento de manipulação foi bastante criticado por Rogers em relação a Freud. Existem também as abordagens que seguem pelo caminho do meio, ora o cliente detém o poder, ora o terapeuta. Entretanto, apenas a ACP permite um ambiente em que o poder esteja totalmente a disposição do cliente para seguir de acordo com sua capacidade de ser autônomo. Apesar de não ter sido a abordagem escolhida por mim, eu acredito que a sua política de deixar a condução da terapia nas mãos do cliente seja de suma importância para àqueles que desejam desenvolver autonomia. Dessa maneira, o terapeuta irá apenas demonstrar confiança na capacidade e potencial do cliente para lidar com as situações da vida. 4. A partir das respostas acima, elabore um pequeno texto (com início, meio e fim) comentando como você, agora, compreende a Abordagem Centrada na Pessoa. A ACP pode ser entendida por mim como uma abordagem que é necessário que o terapeuta internalize seus conhecimentos. Além disso, não é possível fingir empatia e aceitação. Isto faz com que não haja transformação se a relação terapeuta-cliente não for verdadeira. Por sua vez, a ACP possui a crença de que o outro tem total capacidade para se autoanalisar e corrigir. Dessa forma, é preciso que o terapeuta confie na tendência atualizante do paciente, cujo rumo é se desenvolver conforme as melhores condições possíveis que lhe forem apresentadas. Entretanto, o terapeuta apenas acompanha o cliente na sua jornada através da vida, vivendo com este as suas experiências e fornecendo condições facilitadoras para o processo de crescimento e autoconhecimento. Em suma, a ACP é uma abordagem bem humana, que encara o cliente como um indivíduo além da clínica, sendo este um sujeito de possibilidades e escolhas. Dessa forma, a ACP é uma maneira de o cliente viver a sua vida de forma mais harmoniosa e saudável consigo mesmo e com aqueles que o rodeiam.
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