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Diagnostico Laboratorial em Imunologia

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Laísa Dinelli Schiaveto 
 
Diagnóstico Laboratorial em Imunologia 
IMUNOENSAIOS 
As técnicas imunológicas detectam a reação 
entre o antígeno e o anticorpo e, de acordo com 
esse princípio, qualquer substância que se 
comporte como um antígeno pode ser 
identificada por esses ensaios. Portanto, os 
imunoensaios tem como objetivo determinar com 
precisão a concentração do analito. 
Obs.: Reações cruzadas podem afetar a 
especificidade de um imunoensaio, pois 
correlaciona-se com o grau que outros analitos 
reagem de forma cruzada no imunoensaio, 
interferindo, assim, em sua especificidade. 
No entanto, a análise precisa ser de alta 
qualidade. Por esse motivo, um laboratório de 
análises clínicas precisa trabalhar em condições 
adequadas, com reagentes de qualidade, 
técnicas de diagnóstico precisas, profissionais 
qualificados, equipamentos vistoriados em 
termos de calibração, além de realizar o controle 
de qualidade interno e externo. 
Essas características permitem que a hipótese 
diagnóstica seja ou não confirmada pelo 
resultado no exame laboratorial, tornando-se 
essencial para que os testes tenham alta 
sensibilidade e especificidade, além de serem 
reprodutíveis e precisos. 
Os testes sorológicos devem estar atentos em 
relação à/ao: 
- Concentração do antígeno 
- Especificidade dos anticorpos 
- Título dos conjugados 
- Tempo 
- Temperatura 
- Diluentes 
Obs.: Em relação ao tipo de anticorpo, a classe 
IgM é 750 vezes mais eficiente do que IgG. 
 
Tipos de Diagnóstico 
Diagnóstico Indireto ou Presuntivo: Os 
imunoensaios podem demonstrar a presença de 
anticorpos específicos no soro, mas nem sempre 
a presença de anticorpos na circulação indica a 
presença de infecção. 
Diagnóstico Direto: É a identificação de 
presença de antígenos do agente infeccioso ou 
do próprio microrganismo, porém, há limitações, 
pois pode haver poucos microrganismos 
circulantes ou mecanismo de camuflagem de 
vírus, provocando resultado falso-negativo. 
Além disso, podem ocorrer reações cruzadas 
quando o anticorpo reconhece uma parte do 
antígeno (determinante antigênico ou epítopo). 
Aplicações 
- Definição específica da doença 
- Diferenciação da fase da doença 
- Seleção de doadores de sangue e de 
doadores/receptores para transplante de 
órgãos 
- Diagnóstico de doença congênita 
- Avaliação de prognóstico de doenças 
- Avaliação da eficácia terapêutica e/ou do 
agravamento de uma determinada doença 
- Avaliação da imunidade específica 
naturalmente adquirida ou artificialmente 
induzida 
- Investigações epidemiológicas 
- Triagem sorológica de doadores de sangue 
para bancos de sangue e hemocentros: além 
da tipagem sanguínea ABO e Rh, são feitos 
exames confirmatórios para vírus da 
imunodeficiência humana (HIV), vírus da 
hepatite B (HBV) e hepatite C (HCV), sífilis e 
doença de Chagas para produção de 
hemoderivados. 
- Diagnosticar doenças do sistema 
imunológico: doença autoimune (ex.: artrite 
reumatoide, diabetes tipo I, hepatite 
autoimune e doenças hemolíticas), doenças 
hemolíticas (ex.: linfomas e leucemias), 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
imunodeficiências adquiridas (ex.: AIDS e 
intoxicação com fármacos ou radiação), 
doenças congênitas ou hipersensibilidade 
(ex.: alergias e dermatites). 
- Auxiliar no diagnóstico, prognóstico e 
prevenção de doenças infecciosas através da 
detecção de anticorpos séricos contra vírus 
(ex.: hepatite e influenza), bactérias (ex.: E. coli) 
e parasitas (ex.: doença de chagas, malária e 
leishmaniose). 
- Detectar substâncias como drogas ilícitas e 
lícitas, fármacos ou hormônios (ex.: hCG). 
- Identificar proteínas celulares (marcadores 
antigênicos celulares) e marcadores tumorais. 
Tipos de Imunoensaios 
1) ELISA (Enzyme Lynked Immunosorbent Assay) 
2) Imunohistoquímica 
3) Imunofluorescência 
4) Western Blotting 
5) Citometria de Fluxo 
6) Imunoensaios de Precipitação: Consistem no 
teste mais simples pelo qual antígenos e 
anticorpos reagem entre si sem a necessidade de 
utilizar indicadores para a detecção. O complexo 
antígeno-anticorpo resultante pode ser 
visualizado qualitativamente como um 
precipitado a olho nu ou quantitativamente 
utilizando um detector. 
7) Imunoensaio de Aglutinação de Partículas: As 
grandes partículas apresentam padrões de 
aglutinação significativa que podem ser 
visualizadas a olho nu. As reações de 
aglutinação são muito empregadas no 
diagnóstico clínico laboratorial de doenças 
induzidas por vírus, bactérias, protozoários, 
parasitas e fungos, doenças autoimunes, assim 
como na identificação de hormônios, na 
classificação dos grupos sanguíneos, etc. 
- Comparadas com a precipitação, os testes de 
aglutinação, embora sejam considerados 
como determinações semiquantitativas, 
apresentam maior sensibilidade e necessitam 
de uma quantidade de anticorpos 500 vezes 
menor, visto que as partículas conseguem 
amplificar a reação (ex.: testes para 
identificação bacteriana e de protozoários, e 
teste de aglutinação de látex para detecção 
de fator reumatoide IgM). 
8) Imunoensaios de Inibição da Aglutinação: É o 
método utilizado para a detecção do hormônio 
hCG no teste de gravidez. Além disso, por meio de 
testes de inibição da hemaglutinação direta ou 
indireta pode-se detectar a presença de 
anticorpos virais (ex.: rubéola, sarampo e 
influenza) ou antígenos haptenos – molécula 
pequena que gera resposta imunológica 
somente quando acoplada a proteínas – na 
hepatite e na hemofilia. 
9) Radioimunoensaio (testes com marcadores 
radioativos): Tem ampla utilização nas áreas de 
toxicologia, imunologia, endocrinologia, entre 
outras. Dessa forma, pode ser usado na 
dosagem de substâncias ilícitas, na pesquisa de 
alergênicos e anticorpos relacionados à alergia, 
na presença de antígenos e anticorpos em 
infecções virais e bacterianas, na quantificação 
de hormônios (ex.: insulina) e fármacos, etc. No 
entanto, como desvantagem, apresenta elevado 
custo, meia-vida dos reagentes e risco 
operacional. Ainda, apesar dessas 
desvantagens, essa técnica é muito utilizada na 
pesquisa, embora na prática laboratorial venha 
sendo substituída por ensaios que não utilizam 
substâncias radioativas. 
ELISA 
É muito utilizado em exames laboratoriais de 
análises clínicas de diversos tipos: 
1. Bioquímicos: dosagem de ferritina, de 
hormônios, de proteínas, de marcadores 
tumorais, de vitamina D, etc. 
2. Microbiológicos: sorotipagem de diversos 
microrganismos. 
3. Imunológicos: imunodiagnóstico de infecções 
por detecção de anticorpos ou antígenos de 
vírus, bactérias, fungos e parasitas; dosagem 
de citocinas e proteínas inflamatórias da fase 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
aguda; diagnóstico de hipersensibilidade, 
alergias, doenças autoimunes, etc. 
Trata-se de uma técnica eficiente de 
identificação de proteínas e de antígenos e 
anticorpos por meio de marcados colorimétrico, 
fluorescente ou radioativo. 
Esse teste é realizado em uma placa de micro 
titulação composta por diversos poços, onde são 
depositados os reagentes. 
VANTAGENS: Alta sensibilidade, pois detecta 
substância na ordem de nanograma; alta 
especificidade, apresentando menor risco de 
falsos-negativos e falsos-positivos; permite o 
teste de várias amostras simultaneamente; teste 
relativamente simples e de custo relativamente 
baixo. 
DESVANTAGENS: Necessidade de profissional 
especializado; susceptível a erros de pipetagem e 
outros erros na metodologia, causando 
alterações nos reagentes. 
QUANTIFICAÇÕES E DOENÇAS: Pode ser utilizado 
para a realização de testes de bioquímica, 
imunologia, dosagem hormonal e microbiologia; 
sendo que, na área de análises clínicas, pode ser 
utilizado para a realização de diversos tipos de 
exames de rotina (ex.: HIV, HBsAg, PSA e ferritina). 
PROTEÍNA C REATIVA – PCR 
É uma proteína reagente de fase aguda, que tem 
suas concentraçõesplasmáticas alteradas em 
decorrência de estímulos inflamatórios diversos, 
como: 
- Infecções 
- Doenças inflamatórias 
- Processos necróticos 
- Câncer 
- Queimaduras 
- Traumas (incluindo cirúrgicos) 
- Estresse 
- Exercícios extenuantes 
Os valores da PCR se elevam precocemente e 
retorna, rapidamente ao níveis fisiológicos com a 
resolução da situação clínica. Assim, os valores 
começam a se elevar entre 4-10 horas após o 
início da injúria ou estímulo, atingindo valores 
até 1000 vezes superior aos níveis basais em 48 
horas, retornando rapidamente aos valores 
iniciais com a melhora do quadro. 
RECOMENDAÇÕES PARA O USO: 
- Pneumonia: pouca utilidade na diferenciação 
da etiologia (viral ou bacteriana), mas útil na 
dosagem seriada para o acompanhamento 
do tratamento. 
- Otite Média Aguda: pouca utilidade. 
- Infecção do Trato Urinário (ITU): utilidade 
restrita no diagnóstico diferencial entre cistite 
e pielonefrite, além de pouca utilidade no 
acompanhamento do tratamento. 
- Osteomielite: útil na dosagem seriada para o 
acompanhamento do tratamento e na 
detecção de complicações. 
- Meningite: pouca utilidade na diferenciação 
da etiologia (viral ou bacteriana), mas útil na 
dosagem seriada para o acompanhamento 
da eficácia terapêutica, sendo que a dosagem 
do PCR liquórico é restrita à indicação clínica. 
- Sepse: auxilia no diagnóstico, avaliação de 
gravidade e prognóstico, além de ser útil na 
dosagem seriada para o acompanhamento 
do tratamento. 
- Sepse Neonatal: útil no diagnóstico e na 
dosagem seriada para o acompanhamento 
do tratamento, podendo ser útil na avaliação 
da decisão de suspensão da 
antibioticoterapia. 
- Apendicite: pouca utilidade. 
- Doença Inflamatória Pélvica (DIP): auxilia na 
avaliação da gravidade da doença e é útil na 
dosagem seriada para o acompanhamento 
da resposta ao tratamento. 
- Pancreatite Aguda: pouca utilidade para o 
diagnóstico, porém é útil na detecção de 
complicações, além de ser um marcador 
tardio do prognóstico. 
- Pós-Operatório: útil na detecção de 
complicações. 
- Queimaduras: útil na detecção de infecções 
secundárias. 
- Câncer: valor prognóstico em alguns tumores. 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
- Artrite Reumatoide: útil na dosagem seriada 
para o acompanhamento do tratamento e 
evolução. 
- Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES): útil na 
detecção de complicações infecciosas. 
- Febre Reumática: auxilia no diagnóstico. 
- Doença de Crohn: pouca utilidade. 
- Aterosclerose: Hs-PCR contribui na avaliação 
do risco cardíaco, além de ser um marcador 
prognóstico em doença coronariana aguda. 
Obs.: Existem outras proteínas de fase aguda, 
tais como: proteínas do complemento; 
imunoglobulinas; fibrinogênio; fator VIII da 
coagulação; ferritina; lipoproteínas; 
haptoglobina; amilóide A sérico; ceruloplasmina; 
a1-antitripsina; a1-glicoproteína ácida. 
ANTIESTREPTOLISINA – ALSO ou ASO 
É o teste laboratorial mais utilizado para 
determinar um infecção prévia por 
Streptococcus pyogenes e seu estado evolutivo. 
As bactérias do tipo estreptococos beta 
hemolíticos do grupo A produzem dois tipos de 
estreptolisinas (toxinas): estreptolisina O e 
estreptolisina S. 
A estreptolisina O é fortemente antigênica, 
induzindo a produção de anticorpos 
correspondente, ou seja, antiestreptolisina O 
(ASLO). Assim, a determinação do título ASLO tem 
papel no diagnóstico de febre reumática, 
faringites e glomerulonefrite difusa aguda (com 
menor sensibilidade). 
Obs.: A infecção estreptocócica é mais frequente 
na população entre 5-15 anos, mas pode ser 
detectada em qualquer fase da vida. Além disso, 
essa faixa etária corresponde a faixa de maior 
incidência de febre reumática, uma vez que se 
trata da faixa etária de maior susceptibilidade às 
infecções do trato respiratório superior. 
FATOR REUMATÓIDE 
É um teste que apresenta sensibilidade, porém 
tem pouca especificidade, e mesmo assim é um 
ensaio de suma importância para o diagnóstico 
e prognóstico da artrite reumatoide. 
• Imunoglobulina dosada no soro = IgM. 
• Imunoglobulina dosada in vivo = IgA e IgG. 
O fator reumatoide pode ser dosado no soro de 
pacientes antes do aparecimento dos sintomas, 
mas, nessa fase inicial, o teste possui uma 
sensibilidade baixa. 
Assim, resultados negativos não excluem o 
diagnóstico de artrite reumatoide e resultados 
positivos também devem ser interpretados em 
conjunto com outros ensaios e com a 
sintomatologia clínica, visto que diversos outros 
processos, reumatológicos ou não, podem dar 
resultados positivos para o fator reumatoide. 
Dessa forma, algumas patologias como a 
hanseníase, algumas parasitoses (malária, 
esquistossomose e filariose) e a hepatite podem 
apresentar resultados positivos para o fator 
reumatoide, mas com baixos títulos. 
Ainda, pode ser dosado no soro de pacientes 
com doenças autoimunes, infecciosas, 
neoplasias e hiperglobulinemias. 
Portanto, conclui-se que o diagnóstico de artrite 
reumatoide é dado por diversos achados, não 
havendo um único exame que faça o diagnóstico 
preciso de 100%. Por isso são necessários 
resultados de exames laboratoriais e a presença 
de sinais e sintomas clínicos que levem a um 
diagnóstico o ais precoce possível para diminuir 
os danos causados pela doença, principalmente 
as deformações articulares periféricas. 
SÍFILIS 
O diagnóstico da sífilis se baseia na avaliação 
clínica e nos testes sorológicos. 
Em geral, o diagnóstico sorológico é o mais 
utilizado, uma vez que, de acordo com a evolução 
da doença, o paciente procura atendimento 
médico após a fase inicial da doença, a qual é 
caracterizada pelo surgimento de úlcera. Assim, 
a única forma de identificar a forma latente da 
sífilis adquirida é o diagnóstico sorológico 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
laboratorial, sendo que existem dois testes são os 
mais utilizados: (1) testes antigênicos não 
treponêmicos ou testes lipídicos – VDRL e RPR e 
(2) testes treponêmicos ou pesquisa de 
anticorpos verdadeiros. 
Testes Não Treponêmicos - VDRL 
O treponema tem uma fração lipídica em sua 
constituição antigênica, que é semelhante ao 
fosfolipídeo cardiolipina. Assim, os testes 
denominados como não treponêmicos ou 
lipídicos reagem a cardiolipina, detectando os 
anticorpos do tipo reaginas. A cardiolipina forma 
um antígeno sorologicamente ativo, capaz de 
detectar anticorpos humorais presentes no soro 
de pacientes com a sífilis ativa (cerca de uma a 
quatro semanas após o aparecimento da lesão 
primária). 
As determinações quantitativas do VDRL, 
expressas em títulos, em geral, se elevam até o 
estágio secundário. Os valores dos títulos tendem 
a diminuir, podendo ocorrer o desaparecimento 
da reatividade mesmo sem o tratamento da 
doença. Isso ocorre a partir do primeiro ano do 
aparecimento da doença em sua fase inicial. 
Com o tratamento da doença, o VDRL tende a 
apresentar valores negativos entre 9 e 12 meses, 
no entanto, a reatividade em baixos títulos pode 
perdurar por toda a vida (títulos menores ou 
iguais a 1:8). Essa reatividade residual é 
denominada de memória sorológica, podendo 
significar, em termos de título, uma infecção 
muito recente ou muito antiga, com ou sem 
tratamento. 
Obs.: O título de um soro ou título de anticorpos 
refere-se a máxima diluição na qual um teste 
continua dando resultado positivo. 
Destaca-se que algumas situações patológicas, 
tais como determinadas infecções virais e 
bacterianas, algumas parasitoses, doenças 
autoimunes e outras situações fisiológicas (ex.: 
idade avançada, gravidez e uso de certas 
substâncias químicas) podem levar a resultados 
falsos-positivos para sífilis, uma vez que podem 
liberar antígenos lipídicos, levando a síntese de 
reaginas. Isso indica a não especificidade das 
reações não treponêmicas. 
Testes Treponêmicos 
Os testes treponêmicos, que utilizam antígenos 
deT. pallidum através de reações imunológicas 
de elevada especificidade e sensibilidade, são 
ideais para a exclusão dos resultados falsos-
positivos verificados pelos testes não 
treponêmicos. No entanto, a desvantagem destes 
testes é o elevado custo, visto que utilizam 
procedimentos mais complexos, não estando 
disponíveis como testes de rotina. 
HEPATITES VIRAIS 
Nas hepatites virais, o diagnóstico diferencial é 
importante, pois outros vírus, como o da herpes 
e o da febre amarela, podem causar hepatites 
agudas, além de existir inúmeras hepatites 
agudas e crônicas não virais, como as 
medicamentosas, autoimune, alcoólica e 
hemocromatose. 
Assim, é importante saber que, junto com os 
sinais clínicos de inflamação dos hepatócitos, a 
viremia se eleva até o seu valor máximo (que 
pode ser variável) e, depois, decai. 
A concentração de antígeno do vírus de hepatite 
diminui à medida que aumenta a concentração 
de anticorpo IgM e, somente vários meses depois, 
ocorre aumento do anticorpo IgG. 
à O grande problema é que a maioria das 
hepatites virais são assintomáticas na fase de 
transmissão da doença. 
Hepatite C 
O diagnóstico laboratorial da hepatite C é feito 
por detecção do anti-HCV, que é encontrado 
tardiamente (3 meses após a infecção), sendo 
que na fase mais aguda só é possível identificar 
a infecção pelo RNA viral por método de biologia 
molecular – reação em cadeia da polimerase 
(PCR). 
Todos os profissionais de saúde que mantém 
RNA-HCV positivo na 12ª semana após acidente 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
com material contaminado devem ser avaliados 
sobre a necessidade de ser tratado com 
medicamentos antivirais para prevenir a 
evolução para a forma crônica. 
Para a escolha adequada do tratamento e de 
sua duração em pacientes com diagnóstico 
positivo para hepatite C, deve-se realizar a 
confirmação da etiologia pelo HCV por 
realização de biópsia hepática, além da 
quantificação da carga viral (antígeno HCV e 
anticorpo IgG anti-HCV) através do teste 
sorológico por enzima imunoensaio (ELISA) e 
acompanhamento constante do ALT (alanina 
aminotransferase) que é o marcador de lesão 
hepatocelular. 
Hepatite B 
O antígeno HBsAg (antígeno de superfície do 
vírus) é o primeiro marcador sorológico 
detectável, aparecendo entre a 2ª e 10ª semana 
após exposição ao vírus, antes da elevação de 
ALT e das manifestações clínicas. Destaca-se 
que, em geral, o anticorpo contra esse antígeno 
(anti-HBsAg) persiste na maioria das pessoas 
por toda a vida, mostrando imunização. 
Se a infecção pelo vírus HBV persiste, a resposta 
imune inicial é substituída pela produção de 
anticorpo anti-HBc IgM, que é um marcador de 
fase aguda direcionado contra os antígenos 
HBcAg (antígeno do nucleocapsídeo do vírus), 
que aparece 30 dias após a infecção, 
permanecendo por aproximadamente mais 6 
meses. 
Logo depois ou ao mesmo tempo, passa a ser 
produzido o anticorpo anti-HBeAg, contra o 
antígeno HBeAg (partícula “e” do vírus), sendo 
que essa fase pode durar semanas ou anos. A 
permanência do antígeno HBeAg no 3º mês após 
a infecção indica evolução para a fase crônica, 
sendo, então, produzidos anticorpos IgG contra 
os antígenos HBc e HBs. 
Portanto, os testes imunológicos para o 
diagnóstico de hepatite B detectam os antígenos 
HBsAg, HBcAg e HBeAg, além dos anticorpos 
produzidos contra esses diferentes antígenos 
virais: anti-HBsAg, anti-HBcAg e anti-HBeAg. 
Obs.: Na hepatite aguda, os anticorpos são IgM, 
enquanto na crônica são IgG. 
 
CASOS CLÍNICOS 
CASO 1 
Clarisse, que trabalha como agente de saúde, 
tem 22 anos e está grávida de 4 meses. Ela deu 
entrada no hospital com quadro de icterícia, 
mialgia, abdome doloroso a palpação no lado 
direito e hepatomegalia. Notem que estes são 
sintomas de hepatite aguda. As suas fezes estão 
esbranquiçadas e a urina escura. Veja, que 
temos aqui a hipocolia fecal (fezes 
esbranquiçadas por falta de urobilinogênio/bile) 
e colúria. 
A hepatomegalia com dor indica que está se 
desenvolvendo um processo inflamatório no 
fígado, ou seja, a hepatite. 
Foram realizados exames para hepatite B devido 
ao exame positivo de seu parceiro um mês atrás. 
Os resultados dos exames de disfunção hepática 
foram compatíveis com hepatite aguda 
apresentando valores de TGO/AST e TGP/ALT 
elevados, com predominância de TGP/ALT, além 
de elevação significativa de fosfatase alcalina 
(FA) e gama GT. 
Os resultados dos exames sorológicos foram: 
• HBsAg: positivo 
• Anti-HBc: positivo 
• Anti-HbeAg: negativo 
• Anti-HBe: positivo 
• Anti-HBc IgM: positivo 
• Anti-HAV IgM: negativo (hepatite A) 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
• Anti-HCV: negativo 
INTERPRETAÇÃO DO RESULTADO: O anti-HBe 
positivo indica que o paciente está no período de 
convalescença com chance de resolução 
espontânea, sem a necessidade de 
medicamentos que apresentam muitos efeitos 
colaterais. 
RESULTADO DA RESOLUÇÃO DA HEPATITE 
AGUDA: A resolução da hepatite aguda é 
diagnosticada pela negativação do HBsAg e 
aparecimento de anti-HBs total positivo. 
CASO 2 
Sr. Eduardo é aposentado, tem 60 anos, 
trabalhava como barbeiro no interior de Minas 
Gerais e está com problemas de saúde há algum 
tempo. Atualmente, seu quadro vem piorando a 
cada dia, pois está com tontura, enjoo, vômitos, 
febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, 
urina escura e fezes muito claras. 
Foi internado no hospital porque vomitou 
sangue, a barriga está inchando e ele sente dores 
abdominais. Devido à suspeita de hepatite 
crônica, foram solicitados exames de 
marcadores de função hepática, testes para 
infecção por vírus de hepatite B e C e HIV. 
Os exames revelaram hepatite crônica por HCV 
sem coinfecção por HIV. Então, foi solicitado 
biópsia hepática para estadiamento da hepatite 
crônica e definição do tratamento. 
TESTES LABORATORIAIS REALIZADOS: 
- Exames de função hepática para diagnóstico 
de hepatite: enzimas TGO/TGP, FA e gama GT 
(para colestase). 
- Exames imunológicos essenciais para pesquisa 
de infecção viral: HBsAg, HBcAg, HBeAg, anti-
HBs, anti-HBc, anti-HBe (para hepatite B) e anti-
HCV (para hepatite C). 
- Existem testes sorológicos para HIV (anti-HIV1 
e anti-HIV2) utilizando o imunoensaio enzimático 
ELISA. Em caso de positividade em um dos testes, 
a confirmação é feita por imunofluorescência 
indireta (IFI) ou Western blotting.

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