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Urinálise: Coleta e Exames

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Laísa Dinelli Schiaveto 
 
Urinálise 
INTRODUÇÃO 
A urina é formada pelos rins e seus principais 
constituintes são água, ureia, ácido úrico, 
creatinina, sódio, potássio, cloreto, cálcio, 
magnésio, fosfatos, sulfatos e amônia. Em 24 
horas, o organismo excreta cerca de 60g de 
materiais dissolvidos, dos quais metade 
corresponde à ureia. 
Em determinadas situações patológicas, 
algumas substâncias são encontradas, como 
glicose, proteínas, corpos cetônicos, porfirinas e 
bilirrubinas em grandes quantidades. 
Ainda, além dessa substâncias, algumas células 
podem fazer parte de sua composição, como 
células epiteliais escamosas, uroepiteliais e 
tubulares renais. As células epiteliais escamosas 
revestem a uretra dos homens e das mulheres e 
a vagina, sendo, portanto, as células mais 
comuns e numerosas na urina. 
A hidratação do indivíduo está diretamente 
relacionada com a concentração de urina, a qual 
varia de acordo com a cor. 
De 1 a 3, indica 
hidratação. 
De 4 a 6, sinal de 
atenção à hidratação. 
De 7 a 8, indica 
desidratação. 
 
COLETA DE URINA 
A padronização da coleta de urina (fase pré-
analítica) é muito importante. As amostras são 
obtidas pela técnica de coleta de jato médio, uso 
de saco coletos adesivo para crianças, por sonda 
vesical ou punção suprapúbica quando 
necessários. 
O procedimento mais usual para coleta de urina 
consiste em: 
1. Uso de um recipiente limpo, seco e estéril no 
caso de urocultura. 
2. Coleta do jato médio após cuidados de 
higiene. 
3. Antes da coleta, a genitália externa deve ser 
higienizada com solução antisséptica suave. 
Se a coleta for realizada em casa, o ideal é a 
lavagem das genitálias. 
4. Durante a coleta, o jato inicial é desprezado; o 
jato médio é coletado no frasco; e o jato final 
também é desprezado. 
5. O ideal é que a amostra de urina seja 
examinada imediatamente após a micção, 
visto que, após 6 horas em temperatura 
ambiente, pode ocorrer contaminação por 
bactérias, dissolução de células e cilindros e 
alteração do equilíbrio ácido-base. Se não for 
possível examinar imediatamente a amostra, 
deve-se manter a urina sob refrigeração ou, 
então, recomenda-se a fixação da amostra 
com preservante. 
EXAMES DE URINA 
Os parâmetros que devem ser avaliados nos 
exames de urina, incluem: 
- Exame de características físicas (cor, aspecto, 
odor e gravidade/densidade). 
- Exame químico ou bioquímico (pH, proteínas, 
glicose, cetonas, sangue, bilirrubina, nitrito, 
esterase leucocitária e urobilinogênio). 
- Análises de estruturas microscópicas no 
sedimento. 
- Urocultura. 
Urina tipo I 
O exame de urina tipo I (exame de rotina 
completo de urina) recebe várias denominações, 
como: urinálise, uroanálise, exame simples de 
urina, elementos anormais e sedimento (EAS), 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
3A+S (albumina, açúcar e acetona mais 
sedimento), entre outras. 
Apresenta duas vantagens principais: (1) a 
amostra de urina pode ser obtida facilmente por 
métodos não invasivos; (2) é possível obter muita 
informação sobre o estado de funcionamento do 
metabolismo do corpo, do fígado e dos rins. Além 
disso, fornece indícios da presença de doenças 
ou de infecção do trato urinário por meio de 
testes simples, confiáveis e baratos. Assim, neste 
exame são incluídos os exames físico, químico e 
microscópico da urina. 
Urina 24 horas 
O exame de urina 24 horas deve ser solicitado 
quando é necessário avaliar as concentrações 
exatas das substâncias urinarias, visto que essas 
são secretadas em concentrações varadas ao 
longo do dia e, assim, faz-se necessário a coleta 
ao longo de 24 horas. 
Antes de iniciar, o paciente deve esvaziar sua 
bexiga e essa urina deve ser desprezada. Então, 
tendo início aproximado às 8 horas da manhã, 
toda a urina feita a partir do primeiro 
esvaziamento é coletada até as 24 horas 
seguintes, incluindo a última urina que deverá ser 
realizada por volta das 8 horas da manhã. 
O recipiente, após as coletas, deve ser mantido 
sob refrigeração durante todo o período de 
coleta; no entanto, algumas vezes, faz-se 
necessário a adição de conservantes químicos. 
Ainda, para que esse teste seja preciso, é de 
extrema importância que toda a urina feita nesse 
período seja coletada e cronometrada. 
Urocultura 
A urocultura é um procedimento realizado em um 
meio de cultura com uma amostra da urina do 
paciente para identificar o crescimento 
bacteriano. 
A urina para a urocultura deve ser obtida a partir 
do jato médio da primeira urina da manhã e 
colhida com o auxílio de técnicas assépticas, 
preferencialmente, em período de não vigência 
de antibioticoterapia. Apesar da primeira urina 
da manhã conter potencialmente maior 
população de bactérias devido ao maior tempo 
de incubação, a sintomatologia exuberante da 
ITU com elevada frequência urinária dificulta 
essa medida. Sendo assim, a urina de qualquer 
micção pode ser valorizada desde que obtida 
com um intervalo de, no mínimo, duas horas 
após a micção anterior, que é o período que 
corresponde ao tempo de latência para o 
crescimento bacteriano, visando, portanto, evitar 
falsos-negativos. 
O meio sólido ou em ágar é o mais econômico e 
amplamente utilizado. Assim, para a urocultura, 
o meio usual e o CLED (cistina lactose deficiente 
em eletrólitos) permite a diferenciação de Gram-
positivos de Gram-negativos fermentadores de 
lactose, portanto há alteração da cor verde do 
ágar para amarelo, impedindo o crescimento de 
Proteus e favorecendo o crescimento de colônias 
anãs. 
Para o diagnóstico de bacteriúria, deve ser 
considerado um número superior a 105 
colônias/ml de urina, mas esse critério pode 
variar de acordo com a situação em relação ao 
paciente, sexo e uso de algum tipo de 
medicamento, principalmente antibióticos. Por 
isso, esse diagnóstico é alvo de questionamentos 
para caracterização de uma ITU. 
Urocultura Positiva: quando, após 48-72 horas 
de incubação da urina em meio de cultura, é 
possível identificar mais que 100.000 colônias de 
bactérias, as quais são chamadas de unidade 
formadoras de colônias (UFC). 
- Quando ocorre crescimento de três ou mais 
agentes em urina de jato médio, considera-se 
a possibilidade de contaminação e é indicado 
nova cultura com outra amostra. No entanto, 
se a urina é coletada por punção 
suprapúbica, dois microrganismo podem 
indicar poli-infecção. 
Urocultura Negativa: quando, após 48-72 horas 
de incubação da urina em meio de cultura, não 
se observa crescimento de colônias de bactérias. 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
Por fim, é importante considerar que valores 
abaixo de 10.000 UFC são considerados 
contaminações de coleta. Porém, existem 
algumas observações a serem feitas: 
- Se o paciente estiver tomando antibióticos, 
estes podem inibir o crescimento das 
bactérias, e mesmo um resultado com menos 
de 100.000 UFC deve ser sempre valorizado. 
- Em homens, o risco de contaminação é menor, 
portanto, valores maiores que 10.000 UFC já 
devem ser valorizados. 
- Quando crescem bactérias da família 
Pseudomonas, Klebsiella, Enterobacter, 
Serratia ou Moraxella, o resultado deve ser 
levado em conta mesmo com contagens 
menores que 100.000 UFC. 
UROCULTURA X BACTERIOSCOPIA 
Urocultura = Método utilizado para pesquisa e 
isolamento de agente patogênico de infecções 
do trato urinário. Tem a vantagem de existir 
diversos meios seletivos para as diferentes 
bactérias Gram-negativas ou Gram-positivas, 
do tipo aeróbios ou anaeróbios facultativos, 
além de fungos e leveduras. 
Bacterioscopia = Consiste em preparar, a partir 
da amostra de urina, uma lamina corada pelo 
método de Gram para identificação da bactéria 
no microscópio. 
EXAMES DE CARACTERÍSTICAS FÍSICAS 
Cor 
A variação de cor normal é determinada pela 
concentração da urina, a qual varia de amarelo 
pálido a amarelo-âmbar escuro, de acordocom 
a quantidade dos pigmentos urocromo, urobilina 
e uroeritrina. Existem alguns fatores que podem 
alterar essa coloração, como a dieta, uso de 
medicações e produtos químicos presentes em 
doenças. 
Cor Pálida ou Incolor = urina diluída decorrente 
do aumento do consumo de líquidos, 
medicamentos diuréticos ou diabetes. 
Cor Vermelha = indica presença de hemácias 
(hematúria), hemoglobina livre 
(hemoglobinúria), mioglobina (mioglobinúria), e 
a cor pode variar de rosa a preta, dependendo 
da quantidade de hemácias ou pigmentos. 
Cor Castanho-Escuro ou Preta = consiste em 
alcaptonúria (distúrbio em que o ácido 
homogentísico é excretado na urina devido ao 
distúrbio do catabolismo de tirosina e 
fenilalanina pela ausência da enzima ácido 
homogentísico). 
Cor Castanho-Amarelado ou Verde-
Amarelado = indica presença de pigmento 
biliverdina, que é um produto oxidado da 
bilirrubina, em pacientes com icterícia obstrutiva 
que excretam bilirrubina. 
Aspecto 
Em geral, o aspecto da urina é transparente, 
porém pode turva-se em decorrência de 
precipitação de fosfatos amorfos em urina 
alcalina ou de uratos amorfos em urina ácida. 
- Fosfatos amorfos são precipitados brancos 
que se dissolvem mediante a adição de ácido. 
- Uratos amorfos apresentam cor rosa dos 
pigmentos urinários e se dissolvem quando a 
amostra é aquecida. 
Ainda, pode-se apresentar turva em decorrência 
da presença de leucócitos, hemácias, células 
epiteliais ou bactérias. O muco pode acarretar 
em um aspecto brumoso, enquanto as gorduras 
ou linfa acarretam em aspecto leitoso. 
Odor 
Apesar de não ser relatado em muitos laudos, o 
odor pode ter um significado importante. 
Dessa forma, a presença de cetonas exibe um 
odor adocicado ou frutoso, enquanto a urina 
com odor de xarope de bordo é indicativo da 
doença da urina em xarope de bordo (distúrbio 
metabólico congênito). 
 
 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
Gravidade Específica/Densidade 
A gravidade específica compara a densidade da 
urina com a densidade da água, o que pode 
avaliar se os rins estão diluindo a urina. 
Densidade Baixa = quando a urina está diluída 
e hipotônica, que pode indicar hipervolemia, 
hipertensão arterial, aumento da PIC, volume 
excessivo de soro endovenoso ou insuficiência 
renal crônica. 
Densidade Alta = quando a urina está mais 
concentrada com cor e odor mais fortes, que 
pode estar associada a vômitos, diarreias, febre, 
diabetes mellitus, glomerulonefrite e insuficiência 
cardíaca congestiva. 
- A presença de quantidades excessivas de 
solutos, como glicose, ureia e contraste 
radiológico também eleva a densidade. 
VALOR DE REFERÊNCIA = 1005 a 1035. 
à A turvação da urina juntamente com a 
presença excessiva de proteínas, sedimentos, 
cristais e células pode indicar infecção do trato 
urinário. Já, a urina escura (marrom) ou 
vermelha e anormal, pode indicar infecção renal 
devido à presença de sangue ou urobilinogênio 
na urina. 
EXAME BIOQUÍMICO 
O exame bioquímico normalmente é feito com 
uma tira reagente, a qual é estreita e de plástico 
com campos de cores diferentes afixados, sendo 
que cada um contém reagentes para uma 
reação distinta, realizando, portanto, vários 
testes simultâneos. 
- As cores geradas após o contato da urina nos 
campos são comparadas visualmente a um 
espectro de cores em quadros coloridos e são 
específicos para cada marca. 
A fita deve ser imersa na urina e, após 5 minutos, 
retirada, limpando o excesso da parte de trás 
com papel. Depois, deve-se ler no quadro de 
cores do fabricante (o que pode ser lido em 
equipamentos semiautomatizados ou 
automatizados) e anotar os resultados obtidos 
para os parâmetros analisados de pH, proteínas, 
glicose, cetonas, sangue, bilirrubina, nitrito, 
esterase leucocitária e urobilinogênio. 
Dependendo do fabricante, pode ser expresso na 
forma de cruzes (negativo, positivo, + até ++++) 
ou concentrações aproximadas em mg/dL. 
Para garantia de um resultado fidedigno, a 
embalagem que armazena as fitas não deve ser 
mantida em refrigeradores e nem em 
temperatura superior a 30ºC, assim como 
exposição solar, calor, substâncias voláteis e 
umidade. Além disso, a urina deve ser testada em 
temperatura ambiente e, caso a amostra tenha 
sido refrigerada, deve-se voltar a temperatura 
ambiente para a realização. 
pH 
Os rins controlam o equilíbrio eletrolítico ácido-
base mantendo o pH do sangue. Para manter 
esse pH em torno de 7,4, o rim varia o pH da urina 
para compensar a dieta e os produtos do 
metabolismo, assim, esse é controlado de acordo 
com a concentração de H+ livre. Portanto, se 
essa concentração aumenta, o pH da urina 
diminui e, se essa concentração diminui, o pH da 
urina aumenta; os valores podem variar de 4,6 a 
8,0 (média de 6,0). 
VALOR DE REFERÊNCIA = 5,5 a 6,5. 
Obs.: Apesar de existir o valor de normalidade, 
não há um valor anormal para a urina, podendo 
essa se manter ácida ou alcalina, cabendo ao 
médico associar o valor do pH com outro dado 
para saber se há algum problema. 
Proteínas 
As proteínas são indicadores muito sensíveis da 
função glomerular e tubular renal. 
Os rins eliminam uma pequena quantidade 
diária considerada normal de proteínas de baixa 
massa molecular, visto que uma de suas funções 
é manter as proteínas plasmáticas em níveis 
normais. Após a filtração, as proteínas são 
reabsorvidas nos túbulos, assim os rins excretam 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
menos de 150 mg a cada 24 horas, ou seja, 20 
mg/dL, valor esse não detectável no valor exame 
de urina. 
Além disso, essas proteínas que são excretadas 
contêm a mucoproteína Tamm-Horsfall, que 
forma a matriz da maioria dos cilindros urinários. 
VALOR DE REFERÊNCIA = 10 a 140 mg/dL. 
Glicose 
Os açúcares não são componentes normais 
encontrados na urina. Eles são filtrados no 
glomérulo e reabsorvidos nos túbulos proximais 
para evitar a perda de carboidrato – mecanismo 
eficiente. No entanto, quando a glicose 
plasmática ultrapassa 180 mg/dL, a capacidade 
de reabsorção é excedida e os açúcares passam 
para a urina. 
Portanto, quando há a presença de glicose na 
urina (glicosúria), esta relaciona-se com os casos 
de hiperglicemia, ou seja, diabetes. 
Cetonas 
Em condições normais, os compostos 
acetoacetato, hidroxibutirato e acetona (corpos 
cetônicos) não são encontrados na urina. Estes 
são formados excessivamente em decorrência de 
distúrbios do metabolismo de carboidratos e 
lipídeos, como em indivíduos diabético em que há 
intenso catabolismo de ácidos graxos. 
As cetonas são encontradas na urina quando há 
um excesso na corrente sanguínea. Então, essa 
produção excessiva de cetonas na urina 
(cetonuria) está relacionada ao diabetes mal 
controlado, alcoolismo, jejum, desnutrição e 
dietas com elevados níveis de proteínas. 
Sangue 
O sangue pode surgir na urina após passagem 
pelo filtro glomerular através das células 
tubulares ou entre elas, ou devido à inflamação 
ou trauma na mucosa do trato urinário inferior. 
Assim, a hematúria pode ser classificada em 
glomerular e não glomerular, de acordo com a 
origem do sangramento. 
- Hematúria Glomerular = presença de 
hemácias dismórficas, proteinúria intensa e 
cilindros hemáticos. 
Além da presença de sangue, pode ocorrer a 
presença de hemoglobina livre (hemoglobinúria) 
decorrente da hemólise e, ainda, a mioglobinúria 
decorrente da proteína heme de músculos 
estriados. A hemoglobinúria é identificada 
quando o plasma se encontra vermelho e a urina 
com coloração vermelha; já, a mioglobinúria é 
identificada quando o plasma se encontra 
límpido e a urina com coloração vermelha. 
Bilirrubina 
A bilirrubina é um produto da degradação da 
hemoglobina e seu transporte do sangue ao 
fígado depende da albumina. Assim, a bilirrubina 
livre ou não conjugada não é filtrada pelos 
glomérulos. Porém, a bilirrubina conjugada,que 
não está ligada à proteína, é excretada pelo 
fígado, sendo encontrada em quantidades muito 
pequenas na corrente sanguínea. Por ser 
facilmente filtrada pelo glomérulo, quando os 
níveis plasmáticos estão elevados, ela é 
excretada pela urina. 
Urobilinogênio 
O urobilinogênio é um produto da bilirrubina 
excretada no intestinos pelos ductos biliares, 
formado pela ação de bactérias intestinais, que 
tem uma menor parte excretada na urina e uma 
maior parte do fígado para o intestino. 
Assim, sua concentração está relacionada ao 
aumento de bilirrubina, sendo útil no diagnostico 
de doenças hepáticas, obstrução intestinal e 
alteração da flora bacteriana. 
Nitrito 
O nitrito é muito útil na detecção precoce de 
bacteriúrias significantes e assintomáticas, pois 
as bactérias capazes de causar infecções do 
trato urinário (ex.: E. coli, Enterobacter, 
Citrobacter, Klebsiella e Proteus) produzem 
enzimas que faze a redução de nitrato a nitrito. 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
Para a avaliação adequada, a urina deve 
permanecer na bexiga pelo menos 4 horas e, 
assim, a primeira urina da manhã é ideal para 
esse teste. 
Esterase Leucocitária 
A esterase leucocitária é uma enzima útil para 
detecção de leucócitos na urina. 
O leucócito mais comum encontrado é o 
neutrófilo, que, normalmente, aparece em 
pequenas quantidades. Assim, em geral, o 
número aumentado de neutrófilos indica 
infecção do trato urinário (incluindo a análise do 
pH, proteínas e nitrito). 
ALTERAÇÕES NOS EXAMES BIOQUÍMICOS 
As alterações no exame bioquímico podem estar 
relacionadas com o desenvolvimento de 
doenças: 
• pH = útil na relação com outros parâmetros; 
valores maiores que 6,5 podem indicar 
presença de bactérias ou fatores não 
patogênicos que alcalinizam a urina, 
enquanto valores menores do que 5,5 indicam 
acidose ou doença dos túbulos renais e perda 
de potássio na urina. 
• Proteínas = doenças do trato urinário; valores 
maiores que 100 mg/dL podem ser produzidos 
por infecção urinária, lúpus, glomerulonefrite, 
pielonefrite, nefropatia diabética e rim 
policístico. 
• Glicose = detecção e monitoramento de 
diabetes; glicosúria ocorre quando a glicemia 
está acima de 180 mg/dL e geralmente é sinal 
de diabetes mellitus; já, a glicosúria na 
ausência de diabetes é sinal de doença nos 
túbulos renais. 
• Corpos Cetônicos = anomalias metabólicas, 
intenso catabolismo de ácidos graxos e indica 
cetoacidose; cetonúria é um sinal de diabetes 
mellitus descompensado, estado de 
desnutrição e inanição. 
• Sangue = infecções graves do trato urinário; 
hematúria pode ocorrer em infecções renais 
ou pedras no rim. 
• Bilirrubina = dano hepático, icterícia 
obstrutiva ou obstruções biliares. 
• Urobilinogênio = dano hepático, icterícia 
hemolítica ou alterações na microbiota 
intestinal. 
• Nitrito = infecção bacteriana dos rins ou trato 
urinário; indica presença de bactérias que 
transformam nitrato em nitrito na urina. 
• Leucócito = doenças do trato urinário, 
inflamação renal e das vias urinárias. 
• Ácido Ascórbico = importante como controle 
porque a sua presença pode alterar 
resultados de hemoglobina, glicose, nitritos, 
bilirrubina e cetonas. 
ANÁLISES DE ESTRUTURAS 
MICROSCÓPICAS NO SEDIMENTO 
O exame microscópico do sedimento urinário é 
de extrema importância no exame de urina, 
principalmente quando os achados físicos e 
bioquímicos estão anormais. 
Essas análises identificam células como os 
eritrócitos, leucócitos, células epiteliais, cilindros, 
cristas e microrganismos. Além disso, é possível 
ver a presença de muco, que é uma proteína 
fibrilar produzida tanto pelo epitélio tubular 
renal quanto pelo epitélio vaginal, não tendo 
significado clínico, mas, quando em excesso, 
pode estar associado à contaminação vaginal. 
Destaca-se que as alterações físicas e químicas 
na urina podem afetar a morfologia do 
sedimento urinário. Assim, uma urina 
concentrada apresenta células crenadas, 
enquanto uma urina diluída causa lise das 
células e, ainda, uma urina muito alcalina pode 
causar lise em eritrócitos, leucócitos e cilindros. 
Células 
Células Epiteliais Escamosas: indica 
contaminação. 
Células Epiteliais de Transição: são normais, 
exceto quando se apresentam em grandes 
quantidades. 
 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
Hemácias e Leucócitos 
A presença de hemácias e leucócitos em 
pequenas quantidades por campo de leitura é 
considerada normal. Já, quando em grandes 
quantidades, pode estar associada à alguma 
patologia. 
Cristais 
A presença de cristais é comum, visto que se trata 
de uma formação decorrente da precipitação de 
sais da urina submetidos a variações de pH, 
temperatura ou concentração. No entanto, a 
presença possui significado clínico limitado. 
Normalmente, os cristais que se formam na urina 
são constituídos de oxalato ou fosfato de cálcio 
e uratos amorfos (urina ácida) ou carbonato de 
cálcio, biurato de amônio e fosfato amorfo (urina 
alcalina). 
Os cristais considerados anormais, incluem: 
- Cristais de Cistina: indicam risco de cálculos 
renais. 
- Cristais de Estruvita (magnésio-amônio-
fosfato ou fosfato triplo): gerados por 
bactérias como Proteus ou Klebisella. 
- Cristais de Tirosina: indicam leucocinose. 
- Cristais de Urato ou Ácido Úrico: indicam 
gota ou neoplasias como leucemia. 
- Cristais de Colesterol e de Bilirrubina: 
indicam doença hepática. 
Cilindros 
Os cilindros são formados nos túbulos distais e 
nos ductos coletores e não são detectados no 
sedimento normal e, por isso, a sua presença 
geralmente indica doença renal. 
Quando presentes, os cilindros apresentam 
significado clínico: 
- Hialinos: têm origem na secreção tubular, 
estando relacionados com a glomerulonefrite, 
pielonefrite, doença renal crônica, estresse e 
exercícios físicos. 
- Hemáticos: são hemácias ligadas à matriz 
proteica, estando relacionados com a 
glomerulonefrite e exercícios físicos intensos. 
- Leucocitários: são leucócitos ligados à matriz 
proteica, estando relacionados com a 
pielonefrite e nefrite intersticial aguda. 
- Bacterianos: são bactérias presas à matriz, 
estando relacionados com a pielonefrite. 
- Células Epiteliais: são células ligadas à 
matriz, estando relacionados com lesão do 
túbulo renal. 
- Granulares: são decorrentes da 
desintegração de cilindros leucocitários, 
estando relacionados com a glomerulonefrite, 
pielonefrite, estresse e exercícios físicos. 
- Céreos: são cilindros hialinos e granulares, 
estando relacionados com a estase do fluxo 
urinário. 
URINA NORMAL 
1. Exame Físico 
• Cor = amarelo citrino 
• Aspecto = límpido 
• Odor = sui generis 
• Densidade = entre 1005 a 1035 
 
2. Exame Bioquímico 
• pH = 5,5 a 6,5 
• Proteínas = negativo 
• Glicose = negativo 
• Cetonas = negativo 
• Hemoglobina = negativo 
• Bilirrubina = negativo 
• Urobilinogênio = negativo 
• Nitrito = negativo 
• Esterase Leucocitária = negativo 
 
3. Exame Microscópico 
• Células = raras 
• Hemácias = < 2 por campo ou 5.000/ml 
• Leucócitos = < 5 por campo ou 10.000/ml 
• Flora Bacteriana = escassa 
• Cilindros = hialinos < 1 por campo ou 1.000/ml 
• Células Renais = < 1 por campo ou 1.000/ml 
• Cristais = ausentes 
 
 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
LEUCINOSE 
Definição: A leucinose, também conhecida como 
doença da urina do xarope de bordo, acomete 
mais recém-nascidos, sendo caracterizada pela 
deficiência dos componentes responsáveis pelo 
processamento dos aminoácidos leucina, 
isoleucina e valina. 
Quando não processados, esses aminoácidos, 
que, entre as funções, equilibram a glicose no 
sangue, acabam se acumulando no fígado. 
Incidência: 1 a cada 185.000 nascimentos. 
Sintomas: Tem reações inespecíficas que variam 
conforme a fase da vida em que a doença se 
manifesta. 
• Fase Clássica – No período neonatal, o odor 
do xarope de bordo surge após 12 horasde 
vida, mas fica mais evidente quando seco na 
roupa ou na fralda. É a fase mais forte e 
apresenta quadros como hipoglicemia, 
recusa alimentar, crises convulsivas, apneia, 
retardo mental, convulsões, encefalopatia e 
coma. 
• Fase Intermediária – É normalmente 
identificada dos 5 meses ao 7 anos de idade. 
O paciente tolera o consumo normal dos 
aminoácidos, mas, quando há infecções ou 
perturbação fisiológica apresenta as mesmas 
características da fase neonatal. 
• Fase Intermitente – Engloba as outras etapas 
da vida e é caracterizada pelo quadro de 
descompensação metabólica. Pode levar a 
crises convulsivas e ao coma. 
Diagnóstico: Pode ser feito em qualquer idade 
por meio de exames de sangue ou de urina. Em 
crianças, pode ser descoberto durante o pré-
natal ou no teste do pezinho. 
A doença hereditária, quanto antes descoberta, 
costuma ser combatida de forma mais 
adequada, evitando sequelas, como severo 
retardo de desenvolvimento psicomotor, 
posturas distônicas e convulsões. 
Tratamento: Em crianças com até três dias de 
vida e diagnóstico fechado antes de uma crise 
metabólica, somente a terapia nutricional 
agressiva é suficiente. Contudo, qualquer 
interrupção do tratamento, mesmo que de curta 
duração, pode provocar uma descompensação 
aguda, por vezes fatal. 
O tratamento de urgência na forma aguda se 
baseia na depuração exógena, com diálise ou 
hemofiltração; e/ou endógena, focada na 
adoção de uma dieta hipercalórica com restrição 
de aminoácidos e suplementação de minerais e 
vitaminas. 
Por fim, em casos extremos, é feito o transplante 
de fígado. 
INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO (ITU) 
A infecção do trato urinário (ITU) é uma das mais 
frequentes infecções bacterianas que pode 
acometer o ser humano, sendo mais 
predominante entre os adultos e mais frequentes 
no sexo feminino. 
- Nas crianças, a ocorrência de infecção 
urinaria é muito comum no primeiro ano de 
vida, verificando-se com maior frequência no 
sexo feminino. 
- Na vida adulta, a incidência de ITU se eleva e 
o predomínio no sexo feminino se mantém, 
com picos de maior acometimento em idades 
relacionadas à atividade sexual, durante a 
gestação ou na menopausa. 
As ITUs podem ser classificadas de acordo com o 
local em que se instala, bem como sua gravidade. 
- Infecção Urinária Baixa (cistite): a infecção 
urinária compromete somente o trato urinário 
baixo, podendo ser sintomática ou não, sendo 
que, geralmente, são infecções não 
complicadas. 
- Infecção Urinária Alta (pielonefrite): a 
infecção urinária compromete o trato urinário 
inferior e superior, sendo mais complexas, 
estando frequentemente associadas com a 
presença de cálculos renais. 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
Obs.: Tanto a infecção urinária baixa como a alta 
podem ser agudas ou crônicas, e sua origem 
pode ser comunitária ou hospitalar. 
A ITU recorrente é caracterizada pela presença 
de dois ou mais episódios de ITU em 6 meses ou 
três ou mais episódios ao ano após a cura da 
primeira infecção. Ocorre em aproximadamente 
30-50% das mulheres que desenvolvem o quadro 
de cistite aguda. Ainda, os fatores que 
influenciam, incluem: 
- Fatores de Risco Comportamentais: 
frequência de relação sexual, coito anal 
seguido de coito vaginal e uso de espermicida 
(em especial quando na utilização conjunta 
ao diafragma). 
- Anormalidades Anatômicas: pequena 
distância entre a uretra e ânus, presença de 
cistocele, prolapso uterino, retocele e pós-
menopausa. 
O diagnóstico se dá pela análise clínica 
juntamente com a anamnese do paciente, 
quando este, normalmente, encontra um quadro 
de disúria, urgência miccional, polaciúria, 
nictúria e dor suprapúbica. 
A infecção do trato urinário alto, que 
normalmente se inicia como um quadro de cistite, 
é acompanhada de febre, calafrios e dor lombar 
uni ou bilateral – tríade presente na maioria dos 
casos de pielonefrite. 
Os casos de ITU são confirmados através da 
realização de urocultura para a identificação e 
isolamento do microrganismo patogênico, sendo 
muitas vezes acompanhado do antibiograma 
para testas a sensibilidade ou resistência do 
microrganismo aos antibióticos, o qual é útil 
para orientar o tratamento mais adequado. 
Obs.: Não é possível fechar o diagnóstico com o 
exame de rotina, servindo este apenas para o 
rastreio e para apoiar indícios de ITU e algumas 
doenças metabólicas. 
 
INTERPRETAÇÃO 
DAS DOENÇAS RENAIS 
As doenças renais podem ser diagnosticadas por 
meio das dosagens bioquímicas de eletrólitos, do 
pH e de diversos produtos do metabolismo, como 
a ureia e a creatinina. Existem, também, métodos 
de avaliação do Índice de Filtração Glomerular e 
da eficiência dos rins para livrar nosso 
organismo de certas substâncias, processo 
chamado de depuração ou clearance renal. 
Quando os rins não funcionam bem, diversas 
substâncias se acumulam no sangue, tais como 
a ureia e a creatinina, e que, dependendo do grau 
da lesão e de sua localização (glomérulos ou 
túbulos), pode haver perda de proteínas, 
albumina, hemácias, sódio, além de falhas na 
produção de urina e de sua função excretora. 
Ressalta-se que, nesse momento, entra em ação 
a bioquímica, pois a maioria dos exames para a 
avaliação da função renal são realizados por 
meio de dosagens, no sangue ou na urina de 
diversos elementos químicos. 
Métodos Laboratoriais 
Em algumas clínicas e hospitais, o exame de perfil 
bioquímico de rotina para a avaliação da função 
renal inclui, além da dosagem dos eletrólitos, a 
dosagem de creatinina, de glicose e de BUN 
(nitrogênio ureico sanguíneo = ureia). 
Quando os rins não funcionam adequadamente, 
os compostos nitrogenados, que deveriam ser 
eliminados pela urina, acumulam-se no sangue e 
pode haver perda de glicose ela urina na 
ausência de diabetes mellitus, o que torna essas 
dosagens muito úteis para o diagnóstico de 
doenças renais. 
Ureia 
A ureia é formada no fígado como resultado do 
metabolismo de proteínas. Tem sua excreção 
afetada pela dieta, uso de esteroides 
anabolizantes e desnutrição. 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
O excesso de aminoácidos é convertido em ureia, 
a qual fica no sangue, podendo, assim, ter a sua 
concentração medida. 
A medida de ureia na urina deve ser feita em 
urina de 24 horas, havendo uma série de 
recomendações a serem seguidas para evitar 
que as bactérias causem a sua degradação na 
amostra. 
VALOR DE REFERÊNCIA NA URINA 24H = 10 a 35 g. 
Creatinina 
A creatinina é produto de excreção do fosfato de 
creatinina, que é uma substância armazenada 
nos músculos como fonte de energia para a 
concentração muscular. Assim, a sua 
quantidade no sangue varia de acordo com a 
massa muscular, havendo valores de referência 
diferentes para crianças, jovens, adultos, idosos, 
homens ou mulheres. 
É livremente filtrada nos rins e sua concentração 
no sangue aumenta em casos de distúrbios 
renais, desequilíbrio hídrico e choque 
circulatório. Diferentemente da ureia, não tem a 
sua excreção afetada. 
É considerado o melhor marcador da função 
renal e é um teste sensível que pode detectar o 
mal funcionamento dos rins na ausência de 
qualquer sintoma. Quando se detecta níveis 
elevados de creatinina, quase 50% da função dos 
rins pode estar comprometida. 
Sua dosagem está incluída nos testes de 
medicina preventiva, sendo a dosagem 
simultânea de creatinina e ureia importante para 
diferenciar quando uma azotemia (acúmulo de 
compostos nitrogenados no sangue) é de origem 
pré-renal (ex.: dieta rica em proteínas ou excesso 
de massa muscular) ou renal (ex.: problema de 
excreção na urina). 
Clearance de Creatinina para Avaliação 
do Índice de Filtração Glomerular 
Os rins filtram em média 180 litros de sangue por 
dia, ou, aproximadamente, de 90-125 ml por 
minuto, sendo essa a taxa de filtração 
glomerular (TFG)normal. 
Esse parâmetro pode ser avaliado em um 
indivíduo por meio de um teste chamado teste de 
depuração ou clearance, que, no método mais 
exato, usa como indicador uma substância 
exógena denomina inulina, que é livremente 
filtrada, não sendo reabsorvida e nem secretada 
nos túbulos, de forma que tudo o que aparece na 
urina foi proveniente da filtração. No entanto, 
trata-se de um método invasivo por conta da 
necessidade de injetar na circulação essa 
substância. Assim, pode-se substituir por um 
método menos invasivo através da depuração 
da creatina endógena. 
Uma vez que a creatinina produzida 
endogenamente é liberada nos líquidos 
corporais a uma taxa constante e os valores 
plasmáticos são mantidos dentro de limites 
estreitos, e uma vez que os rins filtram a 
creatinina livremente, existe quase um equilíbrio 
entre quantidade filtrada e a quantidade que 
aparece na urina. A única imprecisão nesse 
método é gerada pela secreção tubular de 
creatinina, que faz com que os valores do volume 
de sangue livre (depurado) da creatinina, em um 
determinado período de tempo, seja 
superestimado em cerca de 25%. Destaca-se 
que, essa imprecisão será maior quanto menor 
for a TGF. 
Para calcular a depuração de creatinina, basta 
colher toda a urina produzida preferencialmente 
em 24 horas, colher uma amostra de sangue 
preferencialmente na metade do período de 
tempo e calcular a depuração, utilizando a 
seguinte fórmula: 
𝐷𝑒𝑝𝑢𝑟𝑎çã𝑜 =
𝑈
𝑃
	𝑥	
𝑉
1440
 
• U = creatinina na urina (mg/dl). 
• P = creatinina no plasma (mg/dL). 
• V = volume de urina em 24 horas. 
• 1440 = fator de correção 24h x 60min. 
Esse valor deverá ser corrigido através da 
utilização de um nomograma para 
determinação da superfície corporal do paciente 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
m2, no qual se mede peso x altura. Depois, basta 
fazer os cálculos para corrigir o valor de 
depuração encontrado para o padrão de 1,73 m2. 
- Para maior exatidão, introduziram na 
fórmula, conhecida como padronização/ 
calibração pelo estudo MDRD (Modification of 
Diet in Renal Disease), fatores de correção 
para idade e gênero feminino. 
- Essa dispensa a medida de creatinina na 
urina de 24 horas e fornece valores da TGF em 
ml/1,73m2. 
Constantemente, vão surgindo novos 
conhecimentos, como: 
- Novos biomarcadores, como a cistina, que 
são melhores do que a creatinina para 
monitorar doença renal aguda ou crônica. 
- Proteinúria, microalbuminúria e dismorfismo 
eritrocitário podem ser usados para 
diagnóstico e prognóstico das doenças 
renais. 
VALORES DE REFERÊNCIA CLEARANCE DE 
CREATININA = 70 a 140 ml/1,73m2 (crianças); 85 a 
125 ml/1,73m2 (homens); 75 a 115 ml/1,73m2 
(mulheres). 
Marcadores de Lesão Renal 
Os principais marcadores de lesão renal são 
proteinúria, albuminúria ou microalbuminúria e 
hematúria. Esses parâmetros podem ser 
detectados em exames de triagem, como o 
exame de rotina de urina, sendo necessário 
posteriormente uma avaliação confirmatória ou 
mais detalhada. 
A albuminúria e microalbuminúria são definidas 
como a presença de 30 a 300 mg de albumina em 
amostra de urina de 24 horas = sinal de lesão 
renal diabética ou hipertensão arterial. 
A hematúria deve ser avaliada por meio de 
análise microscópica para pesquisa de 
dismorfismo eritrocitário (hemácias deformadas 
de diversos tipos), tornando possível discriminar 
entre a causa glomerular e não glomerular da 
hematúria = diagnóstico de hematúria 
glomerular, quando achado de 80% de 
hemácias dismórficas. 
Insuficiência Renal Crônica 
Quando os valores obtidos do clearance da 
creatinina estão abaixo de 60 ml/1,73m2, o 
diagnóstico é de insuficiência renal crônica. 
Dessa forma, os estágios da insuficiência renal 
são classificadas de acordo com os valores de 
clearance de creatinina (em ml/min/1,73m2) da 
seguinte forma: 
- Estágio I: clearance maior do que 90, porém 
com alguma doença de risco, como diabetes, 
hipertensão ou rins policísticos, existe risco de 
desenvolver insuficiência renal. 
- Estágio II: clearance entre 60 e 89 é 
considerado uma fase pré-insuficiência renal. 
- Estágio III: clearance entre 30 e 59, indica a 
fase de insuficiência renal crônica confirmada, 
com sintomas diagnosticáveis e início do 
aparecimento das complicações; os rins não 
produzem a eritropoietina em quantidade 
suficiente e começa a haver anemia 
progressiva por falta de produção de 
glóbulos vermelhos pela medula óssea, ocorre 
desmineralização e lesões ósseas por 
elevação do hormônio paratireoidiano e 
queda da produção de vitamina D (hormônios 
que controlam a quantidade cálcio nos 
ossos), além de distúrbios hidroeletrolíticos. 
- Estágio IV: clearance entre 15 e 29, indica a 
fase de pré-diálise com acidose, elevação do 
potássio, anemia estabelecida, aumento do 
risco de doenças cardíacas e fraqueza. 
- Estágio V: clearance menor do que 15, indica 
fase de insuficiência renal terminal, em que os 
sintomas da uremia e a progressão do 
quadro podem levar o paciente a óbito por 
edema pulmonar, além de poder ocorrer 
arritmias cardíacas, crise convulsiva e coma. 
Desequilíbrio Ácido-Base 
da Insuficiência Renal 
Os rins desempenham uma função importante 
para a manutenção do equilíbrio ácido-base. 
Eles são capazes de eliminar ácidos orgânicos 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
metabolizáveis originados de proteínas, 
carboidratos e lipídeos da dieta que o fígado 
metaboliza, gerando grande quantidade de íons 
hidrogênio (da oxidação dos aminoácidos 
sulfurados) e alcalis (da oxidação de ânions 
orgânicos). Ainda, os rins removem os ácidos 
orgânicos não metabolizáveis, como o ácido 
glicurônico e hipúrico, assim como ácidos 
inorgânicos. 
A capacidade dos rins removerem os ácidos do 
sangue depende do mecanismo tubular de 
secreção de íons hidrogênio, que é também o 
mecanismo regenerativo de bicarbonato, pois, 
no processo, para cada íon hidrogênio eliminado 
na urina, um íon bicarbonato é recuperado para 
o sangue. 
O mecanismo de reabsorção do bicarbonato e de 
eliminação de ácidos fica prejudicado na doença 
renal crônica, resultando em acidose metabólica. 
Outras condições que causam acidose, como 
uremia ou cetoacidose diabética, sobrecarregam 
o rim, piorando o quadro. 
Existem duas formas principais de desequilíbrio 
ácido-base causado por doença renal: (1) 
insuficiência renal estágio V e (2) acidose tubular 
renal por perda de bicarbonato. 
O diagnóstico da acidose é feito por gasometria 
arterial. O sangue é coletado de uma artéria 
(braquial ou femoral e, eventualmente, ulnar) oi 
de uma veia, em certas condições. Em recém-
nascidos, pode-se optar por artérias do couro 
cabeludo ou artéria umbilical. 
A coleta é feita de acordo com as recomendações 
do CLSI, com seringa plástica própria para 
gasometria preparada com heparina de lítio 
jateada na parede, sendo que a medida é feita 
imediatamente com a própria seringa, no 
aparelho analisador de gases. O analisador de 
gases e eletrólitos usa tecnologia de eletrodos 
íon seletivos para medir diversos eletrólitos e o 
pH, além de O2 e CO2, cujas concentrações são 
expressas em pressão parcial de gases pO2 e 
pCO2. 
 
A interpretação do resultado da gasometria é 
feita considerando as complexas interrelações 
metabólicas (geração de ácidos e falha renal na 
recuperação de bicarbonato) e respiratórias 
(aumento de pCO2 por deficiência de ventilação 
pulmonar). Deve-se ter como referência a 
seguinte equação: 
CO2 + H2O « H2CO3 « HCO3- + H+ 
Assim, é possível concluir que a doença renal 
crônica e os distúrbio de absorção tubular de 
bicarbonato causam a acidose metabólica, com 
pH menor do que 7,30 e pCO2 baixa (mostrando 
compensação respiratória) e é confirmado pela 
detecção de níveis baixos de bicarbonato (HCO3). 
Essa combinação de alterações permite concluirque houve desequilíbrio ácido-base e que este 
não foi causado pelo sistema respiratório e sim 
pelos rins. 
CASOS CLÍNICOS 
CASO 1 
Amostra de uma mulher de 25 anos, sexualmente 
ativa, a qual revelou dor durante a micção e a cor 
da urina levemente rosada. 
O exame físico da urina relatou cor rosada, 
aspecto normal, odor normal e densidade de 
1020. 
O exame químico evidenciou pH de 6,0, proteínas 
positivas, hemácias positivas, leucócitos 
positivos e nitrito positivo. 
A análise de sedimento urinário mostrou a 
presença de 6 hemácias por campo, flora 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
bacteriana presente, muito muco e leucócitos 
incontáveis. 
Dentro do contexto da análise urinária, qual o 
provável diagnostico da paciente e quais os 
dados laboratoriais que o levaram a esse 
diagnóstico? 
O provável diagnóstico da paciente é de infecção 
bacteriana e os dados que fazem com que se 
chega a esse diagnóstico são: (1) sintomatologia 
da paciente, a qual relata dor ao urinar e 
coloração rosada na urina; (2) cor rosada da 
amostra; (3) hemácias positivas, dado que 
explica a cor da urina; (4) leucócitos positivos, 
que é indicativo de infecção; (5) nitrito positivo, 
que é um teste muito útil na detecção precoce de 
bacteriúrias significantes e assintomática, as 
quais são bactérias que convertem nitrato em 
nitrito; (6) presença de 6 hemácias por campo, 
que confirma a cor encontrada e evidencia que a 
urina não está normal; (7) flora bacteriana 
presente; (8) muco excessivo; (9) leucócitos 
incontáveis que confirma a infecção e deduz-se 
que a infecção é grave. 
CASO 2 
Paciente de 65 anos relatou ao médico 
emagrecimento e sede excessiva. O médico então 
solicitou exames de sangue e urina tipo 1. Após a 
coleta de amostras, essas foram encaminhadas 
para análise. 
A amostra de urina apresentou odor adocicado 
ou frutoso, além de positividade para glicose e 
cetonas. 
Dentro desse contexto, qual a provável 
alteração que esteja ocorrendo no paciente? 
De acordo com os sintomas apresentado e com 
as alterações laboratoriais, pensa-se que o 
paciente esteja com diabetes. Isso porque a urina 
apresenta odor adocicado devido ao aumento 
de cetonas, as quais são formadas 
excessivamente em decorrência de distúrbios do 
metabolismo de carboidratos e lipídeos, em que 
há intenso catabolismo de ácidos graxos. Além 
disso, a presença de glicose na urina se dá 
quando os valores plasmáticos estão acima de 
180 mg/dL, fazendo com que a capacidade de 
reabsorção seja excedida e, consequentemente, 
ocorra a passagem de açúcares para a urina. No 
entanto, o diagnóstico só será confirmado pelo 
exame de sangue e outros exames específicos. 
CASO 3 
Certo dia, Julia, de 62 anos, chegou ao hospital 
reclamando de dores e queimação na hora de 
urinar. Fazia menos de dois meses que ela tinha 
encerrado um tratamento com antibióticos para 
uma infecção urinária, a qual a deixou muito 
abatida. Julia começou a pensar que o 
tratamento talvez não tivesse sido adequado, 
mas como havia melhorado bastante talvez 
fosse uma nova infecção. 
Realizando a consulta médica, constatou-se 
temperatura axilar de 38ºC, pulso com 130 bpm, 
pressão arterial de 76x32 mmHg, frequência 
respiratória de 24 mpm, além de apresentar 
certa letargia, mas agitação quando abordada. 
Foi administrado soro fisiológico e os exames 
laboratoriais mostraram contagem de leucócitos 
de 17.000/mm3 com 67% de neutrófilos, 3% de 
bastonetes e 24% de linfócitos. O exame de urina 
apresente ++/+4 de esterase leucocitária, nitrito 
negativo e traços de sangue, com microscopia de 
50 leucócitos por campo ou 100.000 leucócitos 
por ml e 3.000 hemácias por ml, além de 
abundante flora bacterina. 
Observamos um caso muito sugestivo de 
infecção do trato urinário, porém com uma 
gravidade maior devido a hipotensão e 
letargia. A paciente poderia estar em choque 
devido a infecção? Estaria mais grave dessa 
vez por ser uma recorrência da infecção 
urinária? Nesse caso, quais os cuidados que a 
paciente deveria tomar? Como deve ser feito o 
diagnóstico e tratamento de uma infecção de 
repetição do trato urinário dessa gravidade? 
 Devido a situação da paciente, fica evidente o 
estado de choque, o qual pode ter sido causado 
por uma sepse de foco urinário. Assim, trata-se 
de uma urosepse gerando um quadro de 
síndrome da resposta inflamatória sistêmica 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
(SIRS), isto é, uma hipotensão que causou 
perfusão tecidual inadequada. 
É essencial tentar determinar a causa subjacente 
e, assim, fazer o tratamento apropriado. A 
paciente não tem história de hemorragia ou de 
perda de grande volume de sangue de modo que 
o choque hipovolêmico é inapropriado. Além 
disso, o choque hipovolêmico e o choque 
cardiogênico causam intensa vasoconstrição 
periférica, resultando em extremidades frias e 
pegajosas. Apesar da hipotensão, nesse caso, a 
paciente apresenta extremidades quentes e bem 
perfundidas, embora de modo inapropriado, o 
que sugere forma distributiva de choque. 
Como a contagem de leucócitos está alta com 
formas imaturas e com os achados na urina é 
mais provável choque séptico como 
consequência de ITU. 
As ITUs são comuns em idosos, acontecendo 
tanto em adultos debilitados como adultos 
sadios. De fato, entre as infecções mais comuns 
em pacientes com mais de 65 anos, as ITUs são 
superadas apenas pelas infecções respiratórias. 
Os fatores de risco que contribuem para a alta 
incidência de ITU em idosos e nos pacientes 
institucionalizados incluem incontinência, 
história de ITU prévia, déficit neurológico, 
imunossupressão, desnutrição e doenças 
associadas. Esses fatores podem causar 
anormalidades funcionais no trato urinário ou 
alterar as defesas contra infecções. Além disso, a 
hospitalização frequente expõe esses pacientes a 
patógenos nosocomiais e à instrumentação 
invasiva, como sondas de demora. 
Em casos de pacientes que apresentam ITU 
recorrente, o acompanhamento ambulatorial se 
faz necessário devido ao risco aumentado que 
esse paciente pode ter, e quando esse 
acompanhamento não for possível, deve-se 
tomar medidas que possam amenizar a infecção 
recorrente. 
Assim, pudemos ver que um quadro de ITU 
recorrente associado a uma urosepse levou a 
paciente ao hospital para tratamento. O 
diagnóstico de ITU foi confirmado devido à 
diversos fatores em conjunto, como os achados 
laboratoriais, leucocitose e alterações na urina, 
além do quadro clínico sugestivo. 
CASO 4 
Paciente do sexo masculino refere que, sem sentir 
coisa alguma antes, há cerca de 5 dias começou 
a experimentar fortes dores na forma de cólica 
na região lateral esquerda, irradiando para a 
virilha. O paciente ainda diz que a dor não 
melhora com repouso e em nenhuma posição, 
apresentando uma piora progressiva no quadro. 
Nos últimos dois dias, começou a apresentar 
calafrios, com febre de 39,5ºC. Relata que havia 
ocorrido essa mesma dor na forma de cólica 
duas vezes antes, e que a urina tinha saído 
avermelhada, parecida com sangue. 
No exame físico, o paciente apresenta um regular 
estado geral devido a dor, porém corado e 
hidratado. O pulso estava em 120 bpm e a 
pressão arterial em 120x60 mmHg, frequência 
respiratória normal e temperatura corpórea em 
38,3ºC. Os membros superiores e inferiores 
apresentavam boa perfusão periférica, com 
pulsos simetricamente palpáveis e sem edemas. 
O paciente apresentou os seguintes resultados 
de exames laboratoriais: hemoglobina 13g/dL, 
hematócrito 38%, leucócitos totais 15.000 e 
plaquetas 250.000 mm3. 
Exames bioquímicos: ureia 50 mg/dL, creatinina 
1,3 mg/dL, sódio 138 mEq/L e potássio 5,0 mEq/L. 
Exame de urina I: pH 6,0, número de hemácias 
500.000 mm3 e leucócitos 300.000 mm3. 
Urocultura: 100.000 colônias com identificação 
positiva para E. coli. 
Urografia excretora: deformidade caliciala 
direita; moderada dilatação pielocalicial e uretral 
a esquerda, correspondendo a uma imagem 
circular radiopaca; presença de falha de 
enchimento em grupo calicial superior esquerdo. 
 
 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
UROGRAFIA EXCRETORA 
Função: É um exame que serve para a avalição 
dos rins e das vias urinárias. 
Preparo: Deve incluir jejum de 8 horas e limpeza 
intestinal com laxantes orais ou enemas de 
acordo com a indicação do médico. 
Realização: É feita com o indivíduo deitado de 
barriga para cima e sem anestesia, sendo que é 
feito um raio-x abdominal antes do início do 
exame. 
Depois, é injetado um contraste iodado na veia 
que é rapidamente eliminado pela urina, 
permitindo observar todo o trato urinário desde 
os rins até à uretra. Para isso, são feitos outros 
raio-x, sendo um logo após a injeção do 
contraste, outro 5 minutos depois e outros dois, 
10 e 15 minutos mais tarde. Além disso, o médico 
dependendo do problema que está a ser 
estudado, pode pedir um raio-x antes e depois 
de esvaziar a bexiga. 
Durante o exame, o paciente pode sentir calor no 
corpo, sabor metálico na boca, náuseas, vômitos 
ou alergia devido ao uso do contraste. 
 
Para a investigação desse caso um tanto 
complicado, algumas questões são 
levantadas: Qual será a hipótese diagnóstica 
para ele? Quais os sinais ou sintomas que 
levam ao diagnóstico? Qual a conduta e o 
tratamento a ser adotada? Quais orientações 
podem ser dadas para esse paciente? 
Podemos ver que se trata de uma infecção 
urinária pela rápida progressão que houve nos 
últimos dois dias e pela presença de febre, o que 
pode agravar um pouco mais a situação: uma 
cistite não tem como característica comum 
provocar febre no paciente, mas uma pielonefrite 
sim. 
Na cistite, o paciente normalmente apresenta 
ardência e urgência ao urinar, dificuldade de 
segurar a urina, vontade de urinar mesmo com a 
bexiga vazia, sensação de peso na barriga e 
presença de sangue na urina. Quando o paciente 
começa a apresentar febre baixa e dor lombar 
pode ser cistite, mas sempre que esses sintomas 
surgirem deve-se pensar também em 
pielonefrite, principalmente se a febre for alta e 
vier acompanhada de vômitos, perda de apetite 
e mal estado geral. 
O paciente também apresenta uma leucocitose, e 
com os resultados do exame de urina I e da 
urocultura, fica claro que ele tem uma infecção 
urinária e que a situação pode ser complicada, 
pois há risco de uma pielonefrite. 
Em relação à imagem radiopaca na uretra com 
falha de enchimento em cálice esquerdo, é bem 
provável que se trate de uma situação de litíase 
(cálculo renal), o que explica as fortes dores 
sentidas pelo paciente 5 dias atrás. 
Algumas pessoas podem apresentar excesso de 
sais minerais na urina, e mesmo com a grande 
ingestão de volume de água, a formação de 
pedra continua ocorrendo principalmente pela 
presença de íons cálcio, que, quando produzidos 
ou excretados em grande quantidade, podem se 
precipitar. Normalmente, a ingestão de líquidos 
de volumes normais ou quantidade maior pode 
diluir os íons precipitantes na urina e, com isso, 
evitar a formação de cálculos renais. 
A cólica renal, sintoma de litíase, ocorre quando 
um cálculo renal de cerca de 4 mm se aloja na 
região do ureter, causando obstrução e 
dilatação do sistema urinário, produzindo uma 
dor muito intensa na região lombar. Ao contrário 
das dores de coluna, que melhoram com repouso 
e pioram com a movimentação, a cólica renal dói 
intensamente, independentemente da posição 
do paciente, podendo vir acompanhada de 
náuseas e vômitos. Além disso, sangue na urina é 
Laísa Dinelli Schiaveto 
 
frequente e ocorre por lesão direta do cálculo no 
ureter. 
Para o tratamento, deve-se pensar nos dois 
problemas que foram apresentados. Como há 
uma sugestão de pielonefrite, será necessária 
internação hospitalar para administração de 
antimicrobianos de amplo espectro juntamente 
com medicação analgésica para aliviar a dor da 
cólica renal, além de observar se ocorre a saída 
espontânea do cálculo ou se será necessário 
algum outro tipo de intervenção (ex.: litotripsia). 
CASO 5 
Dona Maria tem 68 anos, é aposentada e faz uso 
de insulina e metformina porque sofre de 
diabetes há 12 anos. Ela também segue dieta 
adequada com restrição de sal, carboidratos e 
gordura, mas não realiza atividades físicas. Teve 
um IAM há 4 anos, quando descobriu que era 
hipertensa, e passou a tomar atenolol 50mg/dia. 
Desde o infarto, a paciente faz acompanhamento 
médico para monitorar o seu quadro metabólico. 
No entanto, não se sentiu bem nos últimos dias, 
quase desmaiou, sentiu fraqueza e cansaço, 
muita sede e passou a urinar muito. 
A avaliação clínica e laboratorial indicou os 
seguintes resultados: 
• Paciente 68 anos, feminino, em uso de: 
insulina 2U subcutânea diária, metformina 
850 mg/dia, e atenolol 50 mg/dia. 
• PA = 100x60 mmHg. 
• Índice de Filtração Glomerular (clearance de 
creatinina) = 40 ml/min/1,73m2 (VR = 75 a 115 
ml/min/1,73m2). 
Dosagem no sangue: 
• Creatinina = 5,2 mg/dL (VR = 0,5 a 1,0mg/dL). 
• Ácido Úrico = 8,0 mg/dL (VR = 2,5 a 6,0 mg/dL). 
• Ureia = 70 mg/dL (VR = 14 a 40 mg/dL). 
• Bicarbonato = 21 mmol/L (VR = 22 a 
29mmol/L). 
• Sódio = 130 mmol/L (VR = 135 a 145 mmol/L). 
• Potássio = 6,1 mmol/L (VR = 3,5 a 5,3mmol/L). 
• Glicose Jejum = 50 mg/dL (VR = 60 a 99mg/dL) 
Analise esses resultados laboratoriais e aponte 
o significado deles. 
As alterações observadas indicam uma 
insuficiência renal crônica que ocorreu como 
complicação do diabetes mellitus associado a 
hipertensão. 
Para chegar a essa conclusão, utiliza-se os 
conceitos expostos sobre os exames de 
avaliação da função renal: (1) eletrólitos, (2) 
importância da creatinina no diagnóstico de 
doenças renais, (3) depuração ou clearance de 
creatinina para avaliação do Índice de Filtração 
Glomerular, e (4) desequilíbrio ácido-base da 
insuficiência renal. 
Em relação aos resultados dos eletrólitos e o 
clearance de creatinina, observa-se elevação do 
potássio e da creatinina e o clearance da 
creatinina está abaixo de 60 ml/1,73m2. Esse valor 
do clearance de creatinina já indica a doença 
renal crônica. 
Em relação à ureia e ácido úrico, que são 
produtos nitrogenados para a excreção, 
observa-se um acúmulo de ureia e ácido úrico, 
que indica a piora da função excretora renal. 
Aliado a isso, o bicarbonato esta tendendo a 
diminuir. Se essa condição piorar, ocorrerá 
acidose. 
Já, em relação à glicemia, esta encontra-se 
abaixo do valor de referência, uma vez que a 
paciente usa insulina e hipoglicemiante devido a 
existência de diabetes crônica e ao alto risco 
cardiovascular. Porém, sendo idosa, 
possivelmente as doses precisam ser ajustadas. 
Considerando a medicação em uso e a idade da 
paciente, é necessário avaliar o possível efeito 
colateral nefrotóxico de doses elevadas dos 
medicamentos. Assim, ela precisa receber 
tratamento e acompanhamento da doença renal 
crônica.

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