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Resumo Direito Civil - Aula 09 (23.05.2011)

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Civil – Prof. André Roberto 
Data: 23/05/2011 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
 Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 1 
Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 
www.enfasepraetorium.com.br 
 
 
Assuntos tratados: 
1º Horário. 
 Defeitos do Negócio Jurídico / Vício de Consentimento ou da Vontade / Erro / 
Dolo 
2º Horário. 
 Coação / Estado de Perigo / Lesão / Vícios Sociais / Simulação (causa de 
invalidade do negócio jurídico) / Fraude Contra Credores 
 
1º Horário 
 
NEGÓCIO JURÍDICO 
 
1. Defeitos do Negócio Jurídico 
Tratam-se daquelas situações em que há vício na manifestação da vontade ou 
da expectativa social que vão levar à anulabilidade do negócio (nulidade relativa), 
sendo defeitos sanáveis, portanto. 
Os defeitos e subdividem em: vícios de vontade ou do consentimento, em que 
se incluem erro (arts. 138 a 144 do CC), dolo (arts. 145 a 150 do CC), coação (arts. 151 
a 155 do CC), estado de perigo (art. 156 do CC) e lesão (art. 157), sendo que os dois 
últimos não estavam disciplinados pelo CC/16; e vícios sociais, representado pela 
fraude contra credores (art. 158 a 165 do CC). 
A simulação, no âmbito do CC/02 é tida como causa de invalidade, nulidade, do 
negócio jurídico, não se incluindo mais no capítulo dos defeitos. 
 
1.1. Vício de Consentimento ou da Vontade 
1.1.1. Erro 
O CC/02 fala do erro ou ignorância, sendo que ambos são tratados num mesmo 
capítulo. O erro representa uma falsa compreensão da realidade, o que leva alguém a 
interpretar equivocadamente os fatos. Já na ignorância, o que se tem é o 
desconhecimento de um fato, o que leva também à falsa interpretação da realidade. 
 Civil – Prof. André Roberto 
Data: 23/05/2011 
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Nem todo erro é apto a invalidar o negócio, devendo-se sempre privilegiar a 
segurança jurídica. Existe divergência doutrinária quanto aos requisitos necessários 
para anulação do negócio por erro. 
Para a doutrina clássica, os requisitos do erro seriam substancialidade e 
escusabilidade. 
As doutrinas clássica e contemporânea concordam quanto ao primeiro 
requisito, que o erro deve ser substancial, essencial. Diz-se que se o erro é acidental, 
com efeito lateral, não é capaz de propiciar qualquer reclamação por aquele que erra. 
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade 
emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência 
normal, em face das circunstâncias do negócio. 
Art. 139. O erro é substancial quando: 
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma 
das qualidades a ele essenciais; 
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a 
declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; 
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único 
ou principal do negócio jurídico. 
Para que o erro seja considerado substancial, deve dizer respeito: à natureza do 
negócio, ao objeto principal ou às suas qualidades essenciais; ao sujeito referido ou à 
sua qualidade essencial; ou ao direito. 
Por exemplo, incorre no inciso I aquele que adquire um bem que tem 
característica essencial diversa da que se imaginava. 
Quando o erro é sobre a pessoa do destinatário da vontade, hipótese do inciso 
II, faz-se necessário demonstrar que as qualidades do sujeito são relevantes para 
aquele negócio. Por exemplo, no negócio jurídico baseado na fidúcia, a qualidade da 
pessoa se mostra relevante, porquanto relacionado à confiabilidade. Nesse sentido, o 
mútuo à pessoa diversa daquela se pensa é causa apta à anulação. O mesmo se pode 
dizer do casamento, em que o desconhecimento ou crença de informação falsa 
poderiam levar à anulação, do mesmo modo que poderia ocorrer na doação e nos 
negócios intuitu personae. 
No que se refere ao inciso III, deve-se ater que não há colisão com o art. 3º da 
LINDB (LICC). 
LINDB, Art. 3o. Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. 
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Nos termos do dispositivo supra, ninguém pode se eximir de cumprir a lei 
alegando que a desconhece, há uma presunção juris et de jure. De modo diverso, o art. 
139, III ressalva que não se pode alegar desconhecimento da norma para afastar os 
efeitos que a norma impõe. Nesse caso, há um erro de direito, pois se crê que a lei 
obriga a algo que não obriga, havendo uma crença equivocada no direito, ou então, 
faz-se uma interpretação da norma diversa, o que faz com que a pessoa tenha a crença 
na validade e eficácia da norma. Isso se dá, por exemplo, no caso de norma que venha 
a ser declarada inconstitucional. 
Nesse contexto, existe a MP 2.170, pela qual se confere às instituições 
financeiras a possibilidade de cobrar juros sobre juros em períodos inferiores a um ano 
no âmbito de seus contratos bancários. Tal MP já teve sua constitucionalidade 
questionada, mas o STJ a entende eficaz até que o STF declare o contrário. Assim, no 
caso de devedor que confessa a dívida e celebra novação por pensar que todos os 
juros capitalizados seriam devidos, diante da declaração de inconstitucionalidade da 
MP, poderá ter o negócio anulado. Isso porque, os juros capitalizados seriam tidos 
como ilícitos e o sujeito teria incorrido em erro. A falsa crença representaria o principal 
motivo para celebração do negócio jurídico, permitindo-se a sua anulação e até 
mesmo a repetição do indébito. 
Logo, o inciso III não representa escusa ao cumprimento da lei, mas relata ato 
que não teria se realizado se o sujeito tivesse conhecimento do real alcance da norma. 
 
 Falso Motivo 
O art. 140 trata do falso motivo de fato enquanto o art. 139, III trata do falso 
motivo de direito. 
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como 
razão determinante. 
Tanto o motivo como a causa são a razão de ser do negócio, o porquê de 
alguém manifestar a vontade naquele sentido. 
A visão clássica é de que causa e motivo do negócio jurídico, normalmente, não 
são causas essenciais, afinal pressupostos essenciais seriam apenas: agente capaz, 
objeto lícito, possívele determinável e forma prescrita e não defesa em lei. Os 
negócios jurídicos são, em regra, não causais, portanto. 
Esse panorama se modificou em parte por conta da função social do contrato 
prevista no art. 421, o que tem gerado grande controvérsia doutrinária. 
Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função 
social do contrato. 
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Para autores clássicos como Álvaro Junqueira de Azevedo e Antonio Junqueira 
de Azevedo, não sendo a causa jurídica um elemento essencial do negócio, deveria a 
função social servir apenas de limite à manifestação de vontade, não sendo de 
conteúdo obrigatório na manifestação. Assim, a função social não precisa ser a razão 
da manifestação de vontade, de modo que nem todo negócio jurídico precisaria 
cumprir com sua função social, contando que não colida com interesses da sociedade. 
Logo, a causa jurídica é um elemento acidental e não essencial. 
Em sentido oposto, autores contemporâneos como Gustavo Tepedino e 
Cristiano Chaves defendem que o art. 421 do CC trouxe a causa para os elementos 
essenciais do negócio jurídico. Assim, o negócio só será válido quando a manifestação 
de vontade das partes for motivada por uma função social a ser alcançada, não 
servindo apenas como limite. Um negócio jurídico desfuncionalizado seria, portanto, 
inválido. 
Causa e motivo representam a razão do negócio, sendo relevantes para 
eventual anulação dele. Causa é a razão objetiva da manifestação da vontade, 
enquanto o motivo é razão de ordem subjetiva. 
Por exemplo, numa compra e venda, pode-se dizer que a causa que impulsiona 
o comprador a celebrar o negócio é tornar-se proprietário do bem, enquanto do 
vendedor é a obtenção de certo preço. Se o comprador deseja o bem para dar 
funcionalidade determinada ao bem, como uma destinação profissional, esta razão 
será interna, de ordem subjetiva. Também configuraria motivo o vendedor que busca 
o preço para pagar o tratamento de um parente ou custear uma viagem, sendo razões 
ocultas da outra parte. 
 
Como os motivos são em regra subjetivos e de difícil observância pela outra 
parte, o falso motivo só se resta capaz de invalidar o negócio jurídico quando tiver sido 
exteriorizado. Assim, se a parte nada sabia sobre o motivo, o negócio não pode ser 
invalidado. Por outro lado, como a causa é objetiva, é capaz de ensejar a anulação. Por 
isso, deve-se analisar caso a caso, devendo-se observar os art. 139, III e 140. 
 
 Como visto, a doutrina é unânime no sentido de que o erro deve ser 
substancial. A divergência paira sobre o segundo requisito, tida para os autores 
clássicos (Moreira Alves) como escusabilidade, que consiste em errar em circunstância 
que qualquer pessoa de diligência normal também erraria. Percebe-se que para a 
doutrina clássica, os dois requisitos são destinados à mesma pessoa, àquela que 
manifesta a vontade. 
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Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade 
emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de 
diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. 
Como se verifica, a redação do art. 138 é justamente o oposto da definição 
clássica de escusabilidade. Afinal o dispositivo determina que apesar de o erro ser 
perceptível, não foi percebido. O legislador impôs a negligência por parte do agente, 
falta de diligência normal. 
Diante disso, os doutrinadores clássicos defendiam o erro na redação do art. 
138, entendendo que se deveria ter a seguinte redação: “que não poderia ser 
percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio”. 
Em sentido oposto, a doutrina contemporânea defende que a redação do art. 
138 está correta, o que teria havido é a mudança quanto aos requisitos do erro, em 
que se teria a escusabilidade ao lado da cognoscibilidade. Assim, o erro deve ser 
substancial e perceptível pela outra parte. 
A doutrina contemporânea adota como justificativa o princípio da boa fé 
objetiva, que tutela a confiança a partir da imputação de deveres anexos aos sujeitos 
contratantes. A boa fé impõe à parte o dever de informar as características substancias 
quanto à natureza do negócio, da pessoa, do objeto ou do direito. Se o erro se dá 
porque as informações não foram veridicamente prestadas ou porque faltou diligência 
da parte, é possível a anulação do negócio. 
Enunciado 12 da IV Jornada de Direito Civil – Art. 138: na sistemática do art. 138, é 
irrelevante ser ou não escusável o erro, porque o dispositivo adota o princípio da 
confiança. 
Por exemplo, o comprador de eletrodoméstico tem o dever de perguntar qual a 
voltagem do produto que adquire na perspectiva do CC/16. Mas, conforme o CDC e o 
CC/02, se o vendedor deixa de prestar os dados, há vício de informação que acarreta o 
erro do contratante, o que possibilita a anulação do negócio por falta de diligência do 
vendedor. 
As bancas examinadoras não são unânimes quanto à adoção da teoria clássica 
ou da contemporânea. Em uma prova CESPE, por exemplo, o examinador pode adotar 
uma ou outra, a depender da questão elaborada. 
Deve-se ater que a jurisprudência já se posicionou que no âmbito consumerista 
a falta de diligência representa vício do negócio jurídico, sendo mais relevante a 
conduta do vendedor que do comprador. 
Já, quanto às demais relações, o STJ ainda vem adotando a visão clássica. Nesse 
sentido, em julgado recente, o Min. Luis Felipe Salomão já decidiu que, diante do porte 
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da parte (no caso, um banco), a falta de diligência não poderia dar causa à anulação, 
pois a falta de escusabilidade afastaria a anulação, não sendo suficiente a 
substancialidade. Vide REsp. 744.311. 
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO. DAÇÃO 
EM PAGAMENTO. IMÓVEL. LOCALIZAÇÃO. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA DE SÓLIDAPOSIÇÃO NO MERCADO. ERRO INESCUSÁVEL. 
1. Não se há falar em omissão em acórdão que deixa de analisar o segundo pedido 
do autor, cujo acolhimento depende da procedência do primeiro (cumulação de 
pedidos própria sucessiva). 
2. O erro que enseja a anulação de negócio jurídico, além de essencial, deve ser 
inescusável, decorrente da falsa representação da realidade própria do homem 
mediano, perdoável, no mais das vezes, pelo desconhecimento natural das 
circunstâncias e particularidades do negócio jurídico. Vale dizer, para ser escusável 
o erro deve ser de tal monta que qualquer pessoa de inteligência mediana o 
cometeria. 
3. No caso, não é crível que o autor, instituição financeira de sólida posição no 
mercado, tenha descurado-se das cautelas ordinárias à celebração de negócio 
jurídico absolutamente corriqueiro, como a dação de imóvel rural em 
pagamento, substituindo dívidas contraídas e recebendo imóvel cuja área 
encontrava-se deslocada topograficamente daquela constante em sua matrícula. 
Em realidade, se houve vício de vontade, este constituiu erro grosseiro, incapaz 
de anular o negócio jurídico, porquanto revela culpa imperdoável do próprio 
autor, dadas as peculiaridades da atividade desenvolvida. 
4. Diante da improcedência dos pedidos deduzidos na exordial - inexistindo, por 
consequência, condenação -, mostra-se de rigor a incidência do § 4º do art. 20 do 
CPC, que permite o arbitramento por equidade. Provimento do recurso especial 
apenas nesse ponto. 
5. Recurso especial parcialmente provido. 
Em que pese tal decisão, não se pode descartar a posição contemporânea. 
 
1.1.2. Dolo 
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa. 
O dolo pode ser conceituado como o erro qualificado pela má fé. Desse modo, 
tudo o que foi dito sobre o erro se aplica ao dolo, porém, acrescendo-se mais um 
requisito, que é a má-fé da outra parte. A parte intencionalmente induz a outra a erro 
ou sabendo do seu erro, a mantém assim. 
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Aqui se acrescenta a conduta maliciosa, por isso as consequências serão mais 
gravosas. O mero retorno ao estado anterior tido pela anulação não se mostra 
suficiente, há necessidade de se fixar perdas e danos como punição. 
Se o dolo fosse apenas acidental – o negócio jurídico não deixaria de ser 
celebrado, apenas teria se dado de modo diverso –, o negócio será válido, mas 
caberiam perdas e danos. 
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental 
quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. 
O dolo substancial acarreta anulação e perdas e danos, havendo pleito 
desconstitutivo; o dolo acidental gera apenas dever de indenizar o prejuízo. 
Diz-se que dolo pode se dar por ação ou por omissão (dolo negativo). No 
primeiro caso tem-se a indução ao erro; no segundo, há manutenção em erro, o 
agente percebe o erro, mas intencionalmente silencia-se. 
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes 
a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão 
dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado. 
Nos fatos até então narrados, quem que se beneficia é aquele que atua 
dolosamente, por isso nada mais justo que ele próprio suportar a anulação e o custeio 
da indenização. 
 
 Dolo de Terceiro 
No caso de dolo de terceiro, deve-se verificar até que ponto pode-se anular ou 
imputar dever de indenizar ao beneficiado. 
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a 
parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso 
contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as 
perdas e danos da parte a quem ludibriou 
O dolo de terceiro gera anulação e perdas e danos, que serão devidos 
solidariamente entre o terceiro e o beneficiário quando o beneficiário sabia ou devia 
saber da conduta. O dever de conhecimento geralmente é observado na 
responsabilidade objetiva, encontrados em regra nos casos de prepostos ou em 
relação de consumo. Nesse sentido, a jurisprudência vem entendendo que, no caso de 
corretor de seguros, mesmo que autônomo, haveria essa co-responsabilidade. Não se 
exige uma relação de emprego, portanto. 
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No “tivesse” se verifica o dolo por omissão, em que um atua enganosamente e 
outro silencia, havendo duas condutas dolosas relevantes. Nesse caso, a solidariedade 
advém do art. 942 e todos que participam para o resultado, respondem pela conduta. 
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem 
ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, 
todos responderão solidariamente pela reparação. 
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e 
as pessoas designadas no art. 932. 
No “devesse ter conhecimento” a responsabilidade é objetiva, podendo-se 
inferir a solidariedade do art. 932, III do CC. 
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no 
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; 
Se o beneficiário não sabe nem deveria saber da conduta do terceiro, o negócio 
será válido e as perdas e danos serão devidas exclusivamente pelo terceiro. 
 
 Representação 
No caso da representação em sentido estrito, há formal constituição para 
representação, sendo que a vontade é manifestada através de interposta pessoa, que 
se limita a reproduzir a vontade do representado. Quando o representante é 
convencional, funciona como mandatário ou preposto formalmente constituído, tendo 
o representado responsabilidade objetiva in eligendo sob todos os atos de quem 
constituiu. Nesse diapasão, o negócio anulável e as perdas e danos serão devidas 
solidariamente por representante e representado. 
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no 
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; 
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que 
não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali 
referidos. 
No caso da representação legal, aquela fixada por lei ou por decisão judicial, 
entendeu por bem o legislador que a responsabilidade civil não fosse imputada de 
formailimitada ao representado. Aqui o negócio jurídico será anulável e haverá 
responsabilidade solidária entre representante e representado, todavia a 
responsabilidade do representante será ilimitada, alcançando todo o prejuízo da 
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pessoa que foi enganada, enquanto a responsabilidade do representado será limitada 
ao valor do benefício efetivamente auferido com o negócio. 
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o 
representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, 
porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá 
solidariamente com ele por perdas e danos. 
 
 Dolo Recíproco 
O art. 150 trata do dolo recíproco, situação em que as duas partes 
comportaram-se dolosamente, de modo que uma não pode alegar o dolo da outra 
para anular o negócio 
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para 
anular o negócio, ou reclamar indenização. 
Aqui se aplica o instituto da compensação, sendo que o dolo de uma se 
compensa no da outra. Trata-se da proibição de comportamento tu quoque, pelo que a 
parte não se pode beneficiar da própria torpeza. 
Nesse contexto, a doutrina majoritária entende que o grau do dolo não é 
relevante, assim, sendo recíproco, tendo-se de um lado o dolo acidental e de outro o 
dolo substancial, ainda assim é cabível anulação do negócio e indenização. 
 
 Dolus bonus vs. Dolus malus 
Deve-se, por fim, analisar o dolus bonus, que se contrapõem ao dolus malus. 
Trata-se de construção doutrinária, que não encontra sede no texto legal. 
Na perspectiva do CC/16, apenas o dolus malus seria capaz de anular o negócio, 
o qual consiste na intenção de prejudicar, na certeza do prejuízo alheio. Pela doutrina 
clássica, o dolus bonus, que consiste em mera malícia negocial, com desataque dos 
pontos positivos e silêncio sobre os negativos, a falta seria do outro, de modo que o 
negócio permaneceria válido. 
Boa parte da doutrina entende que o dolo bonus foi banido do nosso sistema, 
afinal quando a parte não cumpre com os deveres de diligência e transparência esta 
incorrendo em dolo, comportamento contrário ao que se defende atualmente, 
devendo-se sempre prezar pela boa fé, confiança e transparência. 
 
 
 Civil – Prof. André Roberto 
Data: 23/05/2011 
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2º Horário 
 
1.1.3. Coação 
A coação física ou vis absoluta não é tida como defeito do negócio jurídico, 
sendo vista como causa de inexistência de vontade, sendo que pela posição majoritária 
o negócio seria inexistente, ao passo que pela minoritária ele seria nulo. 
A anulabilidade está relacionada à vis compulsiva, que é vício de vontade, capaz 
de ensejar a anulação do negócio. 
A declaração de vontade é viciada por temor de se sofrer considerável dano 
iminente (atual). Assim, não vicia o negócio o medo de sofrer dano eventual no futuro. 
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta 
ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua 
família, ou aos seus bens. 
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do 
paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. 
Além disso, o dano deve recair sobre a pessoa do declarante, pessoa da família 
ou sobre os bens. O parágrafo único permite que, em não se tratando de pessoa da 
família, mas sendo a pessoa próxima, pode o juiz equiparar à pessoa da família, 
justificando-se a conduta do declarante. 
A conduta deve ainda ser injusta, deve ser fruto de coação moral irresistível. A 
ameaça que seja fruto do exercício regular do direito não vicia a vontade, como é o 
caso, por exemplo, de cobrança de dívida devida feita dentro dos limites aceitáveis. No 
caso de se exceder os limites, o comportamento também será tido como irregular. 
Ademais, não se considera vício da vontade o mero temor referencial, em que 
se tem a ideia do medo, teme-se a decepção do outro por causa de relação familiar, 
religiosa ou de trabalho. 
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, 
nem o simples temor reverencial. 
É o caso, por exemplo, de filho que se casa por simples vontade dos pais, o que 
sem maiores dúvidas não consiste em fator capaz de ensejar a anulação do negócio. 
Na prática, no âmbito da relação de emprego, é difícil diferenciar o mero temor 
referencial do assédio moral, mas, em provas, o examinador tende a usar o termo 
“mero temor referencial”, o que torna a questão mais fácil. 
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Deve haver a ameaça do coator, mas também se deve verificar se a ameaça é 
capaz de fato de incutir o temor quanto àquele paciente determinado. Assim, devem-
se analisar as qualidades subjetivas do paciente, como dispõe o art. 152 do CC. 
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a 
saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam 
influir na gravidade dela. 
Por exemplo, o sujeito forte e atlético dificilmente se verá ameaçado por idoso 
que mal consegue se manter em pé, não sendo possível vislumbrar temor de dano 
injusto e iminente. 
Normalmente a coação é praticada pelo próprio beneficiário do negócio 
jurídico, mas, tal como ocorre no dolo, a coação também pode ser cometida por 
terceiro não beneficiário. 
Normalmente, a coação realizada por terceiro não vai invalidar o negócio nem 
gerar ao beneficiário o dever de indenizar. Mas, se o beneficiário sabia ou devia saber, 
terá o dever de indenizar solidariamente aquele que se viu prejudicado, cabendo 
ainda a invalidade do negócio. 
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou 
devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá 
solidariamente com aquele por perdas e danos. 
Por fim, o art. 155 traz a responsabilidade exclusivado terceiro, caso em que o 
negócio jurídico subsistirá e o terceiro deverá responder por perdas e danos. 
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a 
parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da 
coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. 
 
1.1.4. Estado de Perigo 
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade 
de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra 
parte, assume obrigação excessivamente onerosa. 
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, 
o juiz decidirá segundo as circunstâncias. 
Trata-se de figura introduzida pelo CC/02, daí sua grande incidência em provas. 
 
 
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Os requisitos para anulação de negócio jurídico por estado de perigo são três, 
sendo dois de ordem subjetiva – premente necessidade de evitar dano à pessoa e 
dolo de aproveitamento da outra parte – e um de ordem objetiva – excessiva 
onerosidade. 
A premente necessidade de evitar dano à pessoa (ordem subjetiva) não é 
qualquer necessidade, a ameaça deve dizer respeito à pessoa do declarante, da família 
ou à família equiparada. 
Parte da lógica de que os negócios devem ser comutativos, devem respeitar 
uma onerosidade equitativa. A excessiva onerosidade é protegida por uma série de 
figuras como do enriquecimento ilícito, enriquecimento injusto, etc. 
A hipótese mais citada pela doutrina é da exigência de cheque caução no caso 
de paciente conveniado a plano de saúde no momento de internação. O cheque seria 
necessário apenas para garantir eventual inadimplência, tendo o valor limitado ao 
custo efetivamente que se teve. A onerosidade aqui não é quanto ao valor, mas em se 
exigir de alguém dever que não lhe é próprio, afinal o dever de pagamento pelo 
serviço prestado é da seguradora. Impõe-se ao paciente-consumidor um dever de 
garantidor que não se tem nem por lei nem por contrato, valendo-se da urgência para 
se extrair essa garantia onerosa. 
Assim, o estado de perigo não se caracteriza apenas pelo excesso de 
onerosidade, mas também pela exigência de obrigação acessória de quem a principio 
não estaria compelido. 
A jurisprudência tem entendido pela possibilidade de o vício por estado de 
perigo não só acarretar a invalidade do negócio, como também indenização por perdas 
e danos. 
O STJ, por uma decisão da Terceira Turma de 2008 já determinou que 
caracteriza vício por estado de perigo a exigência de que o segurado migrasse de um 
plano para outro mais caro para fazer jus a prótese que não estaria incluída no 
contrato originalmente firmado. No caso, não se exigiu dele uma mensalidade maior 
do que se exige dos demais clientes, a excessiva onerosidade se deve pela imposição 
de valor mais elevado. Isso porque, o segurado poderia permanecer no plano antigo e 
usufruir da cobertura, sendo que a cláusula que afasta o custeio seria nula porque 
abusiva. A onerosidade esta em se exigir que o sujeito celebre contrato mais oneroso 
quando no contrato antigo já teria direito ao benefício. 
A parte deve aceitar ou exigir a vantagem excessiva sabendo da premente 
necessidade do outro sujeito, sendo então cabível a anulação do negócio e fixação de 
perdas e danos. Então, mesmo que haja o oferecimento da vantagem excessiva pela 
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parte em estado de perigo, a outra parte não deve aceitar, sob pena de não mais 
incorrer em boa fé. 
Parte das regras do art. 157 serão trazidas para o instituto do estado de perigo. 
 
1.1.5. Lesão 
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por 
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da 
prestação oposta. 
Também representa figura trazida pelo CC/02, sendo muito cobrado em provas. 
O dispositivo legal impõe dois requisitos para que se configure a lesão: 
a. Premente necessidade ou inexperiência (requisito subjetivo)  são 
alternativos, podendo-se verificar um ou outro. 
b. Desproporção manifesta entre as prestações (requisito objetivo)  
nada mais é que a excessiva onerosidade que se reconhece no âmbito 
dos negócios bilaterais. 
O estado de perigo é uma figura qualificada, mais estreita que a da lesão. Na 
lesão, não se exige o dolo de aproveitamento, a outra parte não precisa conhecer a 
situação do outro, sendo que a simples obtenção da vantagem exagerada seria 
suficiente para caracterizá-la. 
É certo que o vício por lesão enseja anulação do negócio. Mas, como não há 
dolo de aproveitamento, não necessariamente se vai cumular a anulação com perdas e 
danos. Em se tratando de responsabilidade objetiva, deve haver a cumulação com o 
pedido indenizatório; sendo caso de responsabilidade subjetiva, não cabe a 
cumulação. 
Para fins de prova: deve-se analisar se cabe a figura específica do estado de 
perigo; não sendo o caso, pode ser que caiba a lesão. 
Por exemplo, no caso catástrofe que destrói uma série de moradias, é possível 
que o locador, diante de grande procura e pouca oferta de imóveis, exija aluguel em 
valor desproporcional. Haveria premente necessidade, mas não de se evitar dano 
físico, de modo que o dolo de aproveitamento seria irrelevante, sendo caso de lesão. 
No caso de vendedor de imóvel sem conhecimentos adequados sobre o 
assunto que celebra contrato de compra e venda com uma imobiliária compradora que 
obtém vantagens desproporcionais, deve-se discutir anulação por lesão. 
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Em consonância com o parágrafo primeiro, a excessiva onerosidade deve existir 
ao tempo da celebração do negócio. Por exemplo, se uma pessoa há dois anos pagou 
8 mil reais pelo produto que hoje custa 2 mil reais, não há lesão, pois ao tempo de 
celebração não se fazia presente a onerosidade excessiva. 
§ 1oAprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao 
tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. 
Se o negócio for de trato sucessivo ou com efeitos produzidos hoje, é possível a 
revisão. Mas, a via adequada não é a anulação por conta da lesão, afinal o negócio não 
se mostrava desproporcional desde sua gênese. No caso, o contrato se tornou 
desproporcional, tem-se a formação da cláusula rebus sic stantibus, com base na 
Teoria da Imprevisão do art. 478 do CC ou da Quebra da Base do art. 6º do CDC. Nesse 
contexto, a revisão se dará daquele momento para a frente, não retroativamente, 
diverso da lesão, que irá repercutir desde a origem. 
CC, Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de 
uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a 
outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o 
devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar 
retroagirão à data da citação. 
CDC, Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações 
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem 
excessivamente onerosas; 
A redação do parágrafo segundo do art. 157 não se mostra adequada. 
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento 
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. 
O dispositivo prevê a conservação do negocio jurídico quando a parte 
favorecida se oferece a reduzir a vontade exagerada, impondo dependência da 
vontade espontânea da outra parte. Mas, apenas os doutrinadores clássicos sustentam 
minoritariamente tal ponto de vista. 
A posição majoritária é no sentido de que a parte prejudicada pode requerer ao 
juízo a modificação do negócio pela redução, permitindo-se a manutenção do 
contrato. Trata-se de instituo da modificação do negócio jurídico embasado no 
principio da conservação. 
Enunciado 291 da IV Jornada de Direito Civil - Art. 157. Nas hipóteses de lesão 
previstas no art. 157 do Código Civil, pode o lesionado optar por não pleitear a 
anulação do negócio jurídico, deduzindo, desde logo, pretensão com vista à 
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revisão judicial do negócio por meio da redução do proveito do lesionador ou do 
complemento do preço. 
Deve-se ater que o art. 156 disse menos do que deveria, devendo-se aplicar por 
analogia ao estado de perigo o previsto no art. 157, § 2o, de modo a se permitir a ali 
também a conservação do negócio. 
Enunciado 148 da III Jornada de Direito Civil – Art. 156: Ao “estado de perigo” (art. 
156) aplica-se, por analogia, o disposto no § 2º do art. 157. 
 
1.2. Vícios Sociais 
Os vícios de vontade não afetam a vontade, mas são exteriorizados com a 
intenção de prejudicar terceiros, sendo por isso chamados de vícios sociais. 
O único vício social capaz de anular o negócio jurídico é a fraude contra 
credores. O outro instituto que o CC/16 tratava como vício social, a simulação, é hoje 
causa de nulidade. 
 
 Simulação (causa de invalidade do negócio jurídico) 
Na simulação há uma vontade manifestada que não corresponde àquilo que 
efetivamente se deseja. A vontade declarada não corresponde à vontade interna. 
Também no dolo há essa discrepância nas vontades interna e na declarada. 
Mas, na simulação, existe a ciência e um querer livre em torno disso. Portanto, a 
vontade declarada é uma falsa vontade. 
Essa vontade falsamente manifestada é nula, pois colide com a ordem pública. 
No sistema anterior, só a simulação maliciosa era apta à anulação, pois só se 
admitia como interessado aquele terceiro prejudicado. A simulação inocente não 
poderia gerar a anulação, afinal a própria parte não poderia alegar a própria torpeza. 
Mas, no sistema atual, a declaração falsa passou a por si só ser causa de 
nulidade por ser capaz de prejudicar a sociedade. Assim, o próprio juiz deve pronunciá-
la de ofício, podendo ser provocado por qualquer interessado ou mesmo pelas partes, 
o que era inadmissível no sistema anterior. 
No sistema atual, qualquer simulação é causa de nulidade do negócio, ainda 
que a inocente. 
Assim, até quem participou da simulação pode alegá-la, o que não significa que, 
no campo da boa fé, não se possa aplicar alguma penalidade para evitar que alguém se 
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beneficie de sua própria torpeza. O que se permite apenas é que a questão seja trazida 
por aquele que tenha se beneficiado. 
O STJ já decidiu nesse sentido, entendendo ser possível que aquele que 
participou do negócio jurídico simulado o alegue em juízo. 
Existem duas vontades, uma interna e outra externa. 
Na simulação absoluta, só existe a vontade declarada, a vontade falsa. As 
partes não pretendem internamente qualquer efeito. É o caso, por exemplo, de sujeito 
casado que retira parte de seus bens de seu patrimônio para que diante de divórcio 
futuro, com a partilha, não haja transmissão à esposa. No caso de simulação de 
compra e venda, não há intenção de se transmitir direito algum, pois o alienante não 
pretende adquirir o preço e o adquirente não quer adquiri a coisa, de modo que o bem 
nunca deixou de ser do cônjuge. Tudo é falso. 
Na simulação relativa, existe um negócio jurídico verdadeiro por trás da 
declaração falsa. Declara-se um querer que na verdade é outro, tem-se paralelamente 
o negócio jurídico simulado (negócio falso, destinado a enganar) e o dissimulado 
(negócio verdadeiramente desejado). 
No caso supra, se o cônjuge dispõe de bens seus em favor de sua amante. Se 
pretende na verdade doar, quando na verdade o faz sob a forma de compra e venda, 
há simulação relativa. O negócio dissimulado pode ser válido se for substancial e 
formalmente válido, desse modo o legislador declara a vontade externa como nula e a 
vontade interna como válida. Portanto, nem sempre a simulação acarreta a nulidade 
do negócio. 
 
1.2.1. Fraude Contra Credores 
Numa relação jurídica obrigacional, se tem um credor que se vincula a um 
devedor em torno de uma prestação, que será sempre economicamente apreciável. 
Por isso, o direito de crédito é subjetivo pessoal e de conteúdo patrimonial. O devedor 
tem dever de cumprir com o débito, sendo que, diante do inadimplemento, se tem sua 
responsabilidade civil patrimonial, conforme art. 391. Desse modo, é indispensável que 
o devedor seja patrimonialmente solvente, para que, através dos bens do devedor, sepossa satisfazer as pretensões do credor. 
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do 
devedor. 
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Se o credor não pedir nenhuma garantia especial, seu crédito será 
quirografário, garantido pela universalidade de bens do devedor e não por um bem 
específico. 
Aquele credor que vê seu direito de crédito frustrado diante de devedor que se 
desfaz de seus bens esta diante da fraude contra credores. 
Como primeiro requisito, o negócio que se pretende anular tem que ser 
prejudicial ao credor, sendo o chamado eventus damni. Desse modo, o devedor deve 
se tornar insolvente ou agravar sua insolvência para que o mesmo esteja 
caracterizado. Em sentido oposto, se o devedor goza de ampla fortuna, não haverá 
prejuízo do credor, não havendo que se falar em fraude. 
Também se faz necessário analisar outros elementos, tais como: saber o tempo 
o negócio, se houve celebração de negócio gratuito ou oneroso, etc. 
A Súmula 375 do STJ tornou as figuras da fraude contra credores bem mais 
próxima da fraude à execução. 
Súmula 375 do STJ - O reconhecimento da fraude à execução depende do registro 
da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente. 
Na próxima aula, terminaremos este tópico e falaremos de prescrição e 
decadência, encerrando a parte geral.

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