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Hemostasia, trombose, choque Helena Bandas, ATMV 110 Hemostasia -resposta fisiológica a danos vasculares • Para controle de sangramentos -interação entre: parede celular, plaquetas e cascata da coagulação -desequilıb́rio: • Perda de sangue (hemorragia); ou • Hemostasia inapropriada com formação de trombo (trombose). Dano vascular → vasoconstriça ̃o → agregaça ̃o plaqueta ́ria (homeostasia prima ́ria) → ativaça ̃o dos fatores de coagulaça ̃o (hemostasia secunda ́ria) Endoteĺio dos vasos possui fatores anti-coagulaça ̃o ( ↑ ) • Mantem̂ a fluidez do sangue Dano vascular: • Perda do endoteĺio → expo ̃e matriz extracelular → plaquetas aderem-se na membrana basal → vasoconstriça ̃o. Plaquetas são estimuladas por: Fatores endoteliais pró-coagulantes -auxiliam na formação de coágulo • Fator tecidual • Fator de von Willebrand • Inibidor do ativador de plasminogênio 1 (PAI-1) • Receptores de protease ativados Plaquetas também formam fatores pró-coagulação • Tromboxano • ADP • Cálcio • Fosfolipıd́eos -endotélio + plaqueta liberam os fatores pró-coagulantes • Formam tampão hemostático primário (coágulo apenas com plaquetas, um pouco de hemácias) Há ativação local da cascata de coagulação (objetivo: formar fibrina) -ativada por: fator tecidual do endotélio + fosfolipıd́ios das plaquetas -série de reações enzimáticas -causa polimeração (criação) da fibrina (hemostasia secundária - tampão hemostático secundário) • Resultado final: trombina quebra fibrinogênio em fibrina Após formação do tampão secundário, é necessário que haja controle da coagulação para não ser formado um trombo, pelos: Mecanismos contrarregulatórios do endotélio -liberação do ativador de plasminogênio tecidual (fibrinolıt́ico = quebra a fibrina); -liberação de trombomodulina (interfere na cascata) Em resumo: 1. Vasoconstrição local arteriolar transitória (endotelina) 2. Exposição da matriz extracelular e formação de um tampão inicial com plaquetas (hemostasia primária) 3. Exposição do fator tecidual, fator III ou tromboplastina a. Gatilho da cascata da coagulação, juntamente com fator VIII; culmina na ativação da trombina 4. Trombina ativada a. Promove formação de um coágulo de fibrina b. Ativador de plaquetas c. Hemostasia secundária 5. Mecanismos contrarregulatórios (fatores fibrinolıt́icos como o ativador do plasminogênio tipo tecidual) são ativados para assegurar que a formação do coágulo seja limitada ao local da lesão Desequilıb́rios na hemostasia Hemorragia -extravasamento de sangue para fora do sistema circulatório; -ocorre por danos a pelo menos um dos pilares da coagulação: endotélio, plaquetas, fatores de coagulação. Externa -visualização do sangue externamente • Pele, cavidade oral, fezes, vômito, urina Interna -cavidades, cérebro, órgãos Nomenclatura de acordo com órgão Hemoperitônio: cavidade abdominal Hemotórax: cavidade torácica Hemopericárdio: saco pericárdico Epistaxe: cavidade nasal Hemoptise: trato respiratório inferior Hifema: ocular Hematúria: urina Melena: sangue digerido (escuro) nas fezes. Trato digestivo superior (cavidade oral, esôfago, estômago, duodeno) Hematoquezia: sangue vivo nas fezes Hematêmese: sangue no vômito Nomenclatura de acordo com aspectos morfológicos Petéquia • Hemorragia puntiforme, 1mm. (sangue em pontinhos) • Hemorragia plana. Sem edema. Equimose • Hemorragia puntiforme maior. • Hemorragia plana. Sem edema. Sufusão • Hemorragia focalmente extensa. • Hemorragia plana. Sem edema. Hematoma • Hemorragia que causa aumento de volume. Consequências da hemorragia Anemia -sangue diluıd́o: volume normal de sangue, mas hematócrito baixo -poucas hemácias: não oxigena tecidos -mucosa porcelana Choque hipovolêmico -hipovolemia: pouco volume de sangue circulante -sangue não diluıd́o -mucosa porcelana Disfunção do tecido afetado -cérebro, olho, pulmão (dispneia) Tamponamento cardıáco -lesão no coração jorra/extravasa sangue para saco pericárdico • Coração não consegue contrair Causas da hemorragia Dano às plaquetas -há poucas plaquetas • Rangeliose: hemoparasita infecta células endoteliais e diminui plaquetas ○ Sangramento na ponta das orelhas ○ Anemia e trombocitopenia (↓ plaquetas) • Erliquia, babesia • Trombocitopenia autoimune ○ Sistema imune destrói plaquetas ○ Tratar com corticoides Dano vascular extenso • Rompimento de artérias calibrosas • Vasos cerebrais • U� lcera gástrica ○ Vômito com sangue. • Linfoma (tumor maligno) • Septicemia (circulação de bactérias gram-) *atropelamento: rompe mais o fıǵado do que o baço em cães! Alteração na quantidade/qualidade dos fatores de coagulação • Insuficiência hepática crônica ○ Pode ser causada pela cirrose ○ Fıǵado fibrosado: não produz os fatores de coagulação ○ Perigoso realizar cirurgias, pela hemorragia excessiva Idiopática -sem causa definida Histologia da hemorragia -hemorragia aguda: hemácias (em rosa) fora dos vasos -hemorragia crônica: • caso animal demora para morrer: veem-se macrófagos com hemossiderina (marrom) • caso demore mais ainda: veem-se macrófagos com hematoidina (amarelo) Trombose por lesão endotelial Endocardite bacteriana • Bactérias lesionam vasos e causam trombos nas valvas cardıácas Causas de vasculite (inflamação dos vasos) -uremia • Ocorre na insuficiência renal. Trombose causa necrose dos vasos e hemorragia nos órgãos. • Vômito com sangue. Hálito urêmico. -lıńgua azul (pela vasculite viral) • Trombo causa hipóxia → necrose -febre catarral maligna -BVDV -PIF -Strongylys vulgaris -doenças imuno-mediadas -reações a medicamentos Trombose por fluxo anormal -mudança na velocidade/organização da circulação sanguıńea -sangue flui de forma turbulenta Causas -estase/redução do fluxo sanguıńeo em veias • Torção intestinal • Repouso por tempo prolongado (humanos) • Câmaras cardıácas dilatadas • Aneurismas -fluxo sanguineo turbulento • Cardiomiopatia hipertrófica em gatos ○ Trombo em sela tranca a bifurcação da aorta ilıáca ○ Isquemia nos membros inferiores. Paraplegia súbita. Dor, vocalização. Coxins cianóticos. Liquido no peritônio. ○ Eutanásia Trombose por hipercoagulabilidade -inflamação -cirurgias -sıńdrome nefrótica (deficiência de antitrombina, é perdida pela urina) -neoplasia -prenhez -trauma • Linfoma (neoplasia) causando trombo em sela na aorta abdominal • Septicemia: ativa fatores de coagulação Macroscopia do trombo -trombo cardıáco, arterial: pálido e firme; • Trombo arterial: aspecto laminado pelo fluxo intenso (de dentro pra fora) -trombo venoso: bem vermelhos e macios (menos pressão, mais hemácias) Microscopia do trombo -estrutura rosa, eosinofıĺica (cor da fibrina corada) -assume formato do vaso Trombose -coagulo patológico (trombo) dentro dos vasos intactos -tromboembolismo: pedaço do trombo viaja pela corrente sanguıńea Trıáde de Virchow -toda trombose ocorre por um dos 3 mecanismos: -fatores anti-trombóticos dissolvem o trombo Recanalização -trombo muito grande forma um vaso/canal dentro do trombo por fibroblastos e endotélio • Para restabelecer fluxo sanguıńeo Isquemia → infarto -diminuição de sangue causa hipóxia -infarto: necrose causada pela isquemia E� mbolos -pedaços de trombo liberados pelo sangue prendem-se em outros órgãos CID- Coagulação intravascular disseminada (sıńdrome: algo que acontece em comum para várias doenças. conjunto de sinais clıńicos e lesões) -inicio súbito/insidioso de trombose disseminada na microcirculação sanguıńea • Emergencial! Grave! -trombos microscópicos em grande quantidade • Causam insuficiencia circulatória. -causas variadas • Trauma extenso • Queimaduras • Neoplasias • Cirurgias • Reações medicamentosas • Doenças infecciosas • Reações alérgicas -ocorre coagulopatia de consumo: consumo de plaquetas e fatores de coagulação• Ativa fatores fibrinolıt́icos ○ Passa de trombose para hemorragia disseminada ○ Diarreia/vômito com sangue, petéquias -consequências • Hipóxia tecidual • Hemorragias disseminadas Mecanismos que podem desencadear Destruição tecidual maciça • Libera fator tecidual e ativa cascata de coagulação. Necrose aguda de fıǵado, rim, pulmão. Septicemias • Toxinas danificam tecidos/endotélio e ativam a cascata • Mucosa pálida Lesão endotelial extensa/grave • Libera fator tecidual Etapas Trombose microvascular disseminada → isquemia tecidual → hemorragias disseminadas Desordens de perfusão Fluxo, distribuição e perfusão sanguıńea Controle da pressão, composição e distribuição do sangue -barorreceptores no seio carotıd́eo a arco aórtico -receptores de volume no átrio esquerdo e hipotálamo -sistema renina-angiotensina-aldosterona -receptores beta-2 (vasodilatação) -receptores alfa (vasoconstrição) -mecanismos de vasoconstrição/dilatação locais Distúrbios associados ao fluxo, distribuição e perfusão sanguıńea Hiperemia -aumento na chegada de sangue arterial -inflamação aguda -mecanismo: dilatação arteriolar Redução da perfusão tecidual local (chegada ou saıd́a) -torções, estrangulamentos • Não sai sangue venoso -obstrução vascular • Artéria: sangue arterial não chega no tecido (direto) • Veia: sangue venoso não sai → sangue arterial não chega (indireto - congestão - edema) -redução do débito cardıáco (FC e VS) -vasoconstrição -isquemia Destinos, consequência da trombose Fibrinólise • Pulmões, TGI, rins e pele: menos Infarto por obstrução arterial -necrose imediata Infarto por obstrução venosa -mais demorada para acontecer • Ocorre, congestão, edema e hemorragia antes do infarto Macroscopia/morfologia do infarto -inicialmente: vermelho • Devido à hemorragia -com tempo: hemorragia fagocitada → órgão pálido -depois: halo (linha) esbranquiçada ao redor do infarto • Glóbulos brancos. -com o tempo: substituıd́o por tecido novo (regeneração ou cicatrização) Choque -perda da homeostasia circulatória associada com: • Perda do volume de sangue circulante • Redução do débito cardıáco e/ou • Resistência vascular periférica inadequada -há falha na manutenção da pressão arterial -sistêmico -as vias são as mesmas para os tipos • Lesões, sinais clıńicos em comum -cadeia de reações rapidamente letal Tipos de choque Choque cardiogênico -falha no bombeamento de sangue pelo coração • Infarto do miocárdio • Taquicardia ventricular • Fibrilação, outras arritmias (alterações na batida do coração) • Cardiomiopatias • Obstruções do fluxo sanguıńeo (embolia pulmonar) Mecanismos compensatórios -aumento de: contratilidade, volume sanguıńeo e frequência cardıáca • Taquicardia Choque hipovolêmico -reduz o volume de sangue circulante • Perda de sangue extensa (hemorragia) ○ Perda de 35%-40% do volume sanguıńeo • Perda de fluido (diarreia, vômito, queimaduras) -reduz a pressão sanguıńea → hipoperfusão tecidual Mecanismos compensatórios -vasoconstrição periférica • Mucosa pálida -movimento de lıq́uido para dentro do plasma (aumentar volume de sangue, diluir) Choque por má distribuição de sangue -volume normal, mal distribuıd́o • Sangue estagnado → hipoperfusão -perda da resistência vascular periférica (vasodilatação) → acúmulo de sangue nos tecidos periféricos • Por mecanismos neurais ou relacionados a citocinas -causas • Trauma, stress emocional, hipersensibilidade tipo I, endotoxemia Choque anafilático -hipersensibilidade tipo I -causas • Insetos, plantas, drogas, vacinas -alérgeno interage com IgE → mastócitos causam degranulação massiva e liberação de mediadores (histamina) • Consequência ○ Vasodilatação ○ Aumento da permeabilidade vascular ○ Hipotensão ○ Hipoperfusão Isquemia -falta de sangue oxigenado -causada pela perfusão sanguıńea inadequada no tecido (reduz chegada ou saıd́a de sangue) -↓ chegada de oxigênio às células -Se for grave: causa necrose de coagulação por hipóxia (infarto) • Encéfalo e coração: mais suscetıv́eis -causas • Bactérias, fungos, protozoários -consequência • vasodilatação periférica (causada por mediadores inflamatórios em excesso) -nem toda sepse evolui para choque -causa mais comum: LPS da parede de gram- -mucosa pálida, pupila dilatada, taquipneia, taquicardia, hipotermia, leucócitos baixos Choque obstrutivo -obstrução de grandes vasos ou de múltiplos pequenos vasos -consequência • Má perfusão de órgãos, tecidos -causas: • Tromboembolismo pulmonar • Embolismo neoplásico • Neoplasmas cardıácos *êmbolo neoplásico: pedaço do tumor se desloca, não é o trombo. Estágios e progressão do choque Fase não progressiva -inıćio do choque: corpo sinaliza que há perda da homeostasia circulatória • Ativa mecanismos compensatórios Fase progressiva -sofrimento de tecidos: hipoperfusão severa, dano celular -glicólise anaeróbica → aumento do CO2 tecidual → acidose Fase irreversıv́el -mecanismos aumentam vasodilatação -falência múltipla de órgãos -evolui para CID Aspectos clıńicos -hipotermia -hipotensão -pulso fraco -taquicardia -hiperventilação -redução do volume de urina -redução do TPC (TPC demorado) Morfologia do choque Lesões -edema, congestão e/ou hemorragia de diferentes órgãos *choque séptico: vê-se fibrina, membranas hialinas, necrose epitelial alveolar *choque por calor: animal não respira! *sangramento intestinal: pode ser choque, CID -degeneração e necrose • Hepatócitos • Epitélio renal • Córtex da adrenal • Epitélio gastrointestinal • Neurônios • Cardiomiócitos -microtrombose • Trombos disseminados em pequenos vasos (animal com CID) • Mais comum no choque séptico *sepse demora dias para evoluir para CID e choque -edema cerebral • Ocasiona necrose neuronal cerebrocortical laminar por falta de O2 Reação anafilactoide -picada de abelha: veneno imita histamina -animal pode morrer se a quantidade de picadas for muito grande -animal não é alérgico • Se fosse, 'morreria' rápido com 1-2 picadas. -terá sintomas do choque • O que diferença é histórico e exame. Choque neurogênico -trauma (+ no SNC), medo extremo, estresse emocional • Vasodilatação (por via neurogênica), não citocinas -eletrocussão: morte por descarga elétrica -ex. cães agressivos na contenção -ex. estresse em banho e tosa -usar medicamentos vasoconstritores Choque séptico -mais comum
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