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Enfermidades metabólicas em ruminantes Clínica de ruminantes Hipocalcemia O período de transição ocorre entre as 3 semanas antes do parto (pré-parto) e 3 semanas pós-parto, onde irá ocorrer um aumento da demanda e déficit no consumo de MS. É uma importante fase de mudanças metabólicas e hormonais. Importância do período seco: - Regeneração do sistema mamário. - Descanso do aparelho digestivo. - Prevenção de distúrbios metabólicos. Hipocalcemia também pode ser chamada de: - Paresia obstétrica ou do parto. - Febre vitular. - Hipocalcemia da parturiente. Afecção caracterizada por fraqueza muscular geral. Condição clínica associada a baixo cálcio circulante. - Fraqueza muscular, paralisia flácida, colapso circulatório e depressão da consciência. Comum no pós-parto imediato > mobilização de Ca (cálcio). 3% dos casos são de hipocalcemia clínica. 50% dos casos são de hipocalcemia subclínica. 99% do cálcio no organismo não é prontamente mobilizável > 1% restante é disponível em situação de demanda. 1% mobilizável: - Fração intracelular (não é imediata). - Fração extracelular de cálcio - Proporção de 0,1% da concentração sérica de cálcio. *Assim, uma vaca de 600 kg, tem apenas 3g de cálcio prontamente utilizável para combater um quadro de hipocalcemia*. Etiologia Perda excessiva de cálcio pelo colostro - Depleção aguda do cálcio sérico. Redução da absorção intestinal de Ca²⁺ no parto. Mobilização lenta de Ca²⁺ ósseo. - 24 horas – resposta intestinal ao 1,25 (OH)2D (Vitamina D3). - 48 horas – resposta óssea ao Paratormônio (PTH). Fatores predisponentes Ingestão excessiva de cálcio no pré-parto > Redução das concentrações de PTH. - 1-100g Ca/vaca/dia no período seco (1,0% Ca MS). Menor estímulo da secreção de calcitriol. A nível ósseo > Pouca osteólise e osteoclasia (pouca absorção para a corrente circulatória). A nível intestinal > Absorção ativa reduzida. Início da lactação > Colostro - Alta demanda. Dificuldade de aumentar a reabsorção óssea de cálcio e absorção ativa de cálcio intestinal. Excesso de P na dieta. Elevada produção de leite. Número de lactações > incremento de incidência de 9% a cada parto. Raça > Maior incidência na raça jersey. - Reduzida quantidade de receptores para Vit D3 a nível intestinal e maior concentração de Ca no colostro. Compreende 3 estágios de apresentação clínica 1° estágio (1 hora): - Excitação. - Tremores musculares. - Protusão da língua. - Anorexia. - Ataxia. - Curta duração, passa despercebido. 2° estágio (1 a 12 horas): - Decúbito esternal. - Depressão da consciência. - Paresia. - Posição de auto-auscultação. - Temperatura normal a reduzida - 36 a 38°C. - Extremidades frias. - Midríase. - Constipação. - Taquicardia e hipofonese. - Timpanismo. - Relaxamento de cauda. - Estase ruminal. Decúbito prolongado - degeneração muscular > Síndrome da vaca caída. 3° estágio: - Decúbito lateral. - Coma. - Hipotermia severa. - Timpanismo grave. Agravada por: - Baixo Ca e Mg > Tetania, hiperestesia, excitação, trismo e convulsões. - Baixo CA e P > Sinais de hipocalcemia que não respondem ao tratamento com Ca. Diagnóstico: - Sinais clínicos. - Dados epidemiológicos. - Anamnese. Definitivo: - Patologia clínica: Ca sérico. - Diagnóstico terapêutico: resposta clínica frente a administração de Ca. *Cálcio sérico* Achados em patologia clínica Diagnósticos diferenciais Toxemia: - Metrite puerperal aguda. - Mastites com septicemia. - Pneumonias aspirativas. - RPT. Injúrias ou traumas: - Paralisia radial. - Luxação coxofemoral. - Deslocamento radial. - Ruptura do gastrocnêmio. - Paralisia obstétrica materna: trauma em nervos periféricos durante a passagem do feto / Compressão do ciático pelo feto no canal pélvico - Lesão de nervo obturador. Tratamento Reposição de cálcio: 1g/45kg. 500 ml (10,4g) de solução de gluconato de Cg (8,3% Ca) 25% - Intravenoso. Lento - Taxa de 1g/min. Avaliar padrão de resposta: redução dos tremores musculares (flanco), elevação do pulso, aumento de frequência cardíaca, defecação, micção, eructação e tentativa de manter-se em estação. Opção de cálcio oral > 50g cada 4g de ganho sérico. - Para quadros subclínicos e coadjuvante da terapia IV. Suporte: - Animais que demoram a retornar a posição de estação. - Anti-inflamatórios > Dexametasona. - Trocar decúbito. - Auxiliar manutenção de estação. Prevenção - Controle da ingestão de cálcio > 100g/vaca/dia. - Controlar a ingestão de P > 60g/vaca/dia. - Controlar a anorexia peri-parto. - Após o parto dieta com níveis superiores a 1% de Ca na MS. - Últimos 30 dias pré-parto > dieta aniônica. - Após o parto > dieta catiônica. - Evitar super ordenha de colostro. - Evitar alimentos catiônicos no mês que antecede ao parto. Em rebanhos com alta prevalência da doença, acima de 1% considerar: - Dieta mais aniônica. - Fornecer sais de ânions. Fornecimento controlado de cálcio oral no momento de baixa disponibilidade: - Véspera do parto. - Momentos do parto. - 12 horas após o parto. - 24 horas após o parto. Hipomagnesemia Desordem bioquímica caracterizada por baixo magnésio circulante - Frequente em animais sob pastejo. Fatores predisponentes Redução da absorção e utilização do Mg como consequência da composição irregular da dieta (aumento de prtn’s, nitratos, alcalose ruminal). Pastagens ricas em proteínas, baixa quantidade de fibras e sacarídeos. Deficiência de Mg na dieta (fertilização com N e K). Doenças diarreicas. Alcalose ruminal. Deficiência de Mg nos substitutos de leite nos terneiros. Patogenia Redução da absorção intestinal de Mg. - Alto conteúdo proteico, excesso de substâncias nitrogenadas, excesso de K e Ca na dieta. - Baixa concentração de Mg plasmático < 1,6mg/100ml (0,75 mmol/L). - Aumento na excitação neuromuscular, espasmos (convulsões tetânicas). Sinais clínicos Forma aguda: - Excitação, hipersensibilidade. - Tremores musculares. - Movimentação de orelhas. - Rigidez articular. - Incoordenação motora. - Convulsões tetânicas. - Ruídos cardíacos aumentados. - Prostração, opistótono. - Óbito devido asfixia. Forma subaguda: - Inapetência. - Redução da produção de leite. - Tremores musculares. - Incoordenação motora. - Convulsões. - Opistótono. Forma subclínica: - Ausência de sinais clínicos, porém redução da produção de leite. Diagnóstico Histórico clínico e sinais clínicos. Patologia clínica: - Concentrações séricas de Mg > inferior a 0,75 mmol/L (1,6mg/100ml). - Urina > concentração de Mg inferior a 5,0 mmo/L (10mg/100ml). Diagnóstico diferencial Bovinos adultos: cetose nervosa, tétano, intoxicação com ureia, por organofosforados, por chumbo, encefalopatia espongiforme. Terneiros: polioencefalomalacia, encefalites, tétano, intoxicação por furazolidona, por organofosforados, por chumbo, IBR (forma nervosa). Tratamento Soluções de sais de cálcio e magnésio IV > borogluconato de cálcio a 20% (400ml) e hipofosfito de Mg 5%. Cloreto de Mg > Solução a 30% na dose de 0,7 ml/10 kg de peso vivo - IV, LENTO! - 2,8 ml/10 kg de peso vivo, IM ou SC em vários sítios de aplicação. Sulfato de Mg a 20%, 200ml/vaca, IM ou SC em vários sítios de aplicação. Óxido de Mg a 20%, 200 ml/vaca, VO, durante 7 a 10 dias, e em terneiros de 5 a 10g/terneiro/dia. Cloreto de Mg, 50 g/vaca/dia, VO, na presença de alcalose ruminal. Prevenção Adição de 30 a 40 g de MgO/vaca/dia durante 3 a 4 semanas em pastagens jovens. Animais sob pastoreio, suplementar com sais de Mg em forma de pedra ou blocos de sais minerais para lamber. Terneiros > 2 a 5 g de MgO/terneiro/dia.
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