Prévia do material em texto
1 CAPÍTULO INTRODUÇÃO A CLÍNICA E EXAMES Servir como base para o profissional de Nutrição melhor compreender o status de saúde do indivíduo, direcionando a conduta dietética. Avaliar os impactos metabólitos e fisiológicos do plano alimentar no organismo do indivíduo. Requisitar exames laboratoriais que estejam de acordo com a alçada do Nutricionista quanto a intervenções, não justificando marcadores bioquímicos que ultrapassem o limite da profissão. Na prática clínica do Nutricionista, os exames laboratoriais são uma ferramenta de extremo valor, tornando possível ao profissional melhor compreender e avaliar aspectos individuais do paciente. No qual por meio do uso correto dos exames bioquímicos pode-se analisar as condições inicias de saúde do indivíduo e monitorar as respostas fisiológicas quanto a introdução do acompanhamento nutricional. Dessa maneira, é essencial que o Nutricionista esteja apto para lidar com esse material em mãos, tornando-se seu papel não apenas requisitar exames laboratoriais, mas também conhecer profundamente suas particularidades, aspectos e justificativas. Fora isso, ainda deve ficar claro que o Nutricionista esta amparado legalmente quanto a solicitação de exames laboratoriais segundo a Lei Federal 8234/91, Art. 4º, Inciso VIII e Resolução CFN 306/03. Entretanto, também deve ser dito que a requisição laboratorial deverá estar de acordo com a alçada do nutricionista, atendendo pontos como: Dessa forma, nesse material serão apresentadas informações técnico- científicas e práticas quanto ao embasamento profissional dos exames laboratoriais. Sendo abordado desde seu papel no cenário clínico a até mesmo sua utilização em meio ao ambiente de consultório, afim de garantir que após a leitura desse conteúdo, você estará preparado para usar dessa ferramenta de extremo valor em sua rotina profissional. Na prática, os exames laboratoriais são uma forma objetiva de avaliação do indivíduo/atleta utilizado para detectar desde deficiências nutricionais a interpretação avaliativa do funcionamento do organismo, analisando ainda de forma complementar o risco para doenças. Com exames bioquímicos QUAL IMPORTÂNCIA? Saúde metabólica analisada, com lacunas identificadas Deficiências nutricionais avaliadas e corrigidas Monitoramento da resposta fisiológica do indivíduo Sem exames bioquímicos Ausência da compreensão das necessidades do paciente A conduta foi eficaz para o paciente? Corrigindo necessidades? Quais foram as repercussões fisiológicas? Atualmente no mercado de exames bioquímicos temos aproximadamente 4000 testes possíveis de serem realizados a fim de investigar pontos da fisiologia humana, conduzindo a em média 70% das decisões clínicas sendo tomadas a partir dos resultados obtidos. Entretanto, em meio a tantas opções, é normal por parte de profissionais da saúde demonstrar dúvidas quanto a quais exames solicitar, quais devem ser analisados e interpretados em conjunto, como e até mesmo quando solicitar. Deixando claro que a solicitação de exames laboratoriais deve ser desenvolvida de maneira objetiva, visando esclarecer lacunas na avaliação do paciente, não sendo necessário a solicitação de exames desenfreada. Os parâmetros avaliados estão de acordo com a minha conduta? O resultado desse exame irá alterar minha conduta clínica? COMO SOLICITAR? Para solicitação dos exames laboratoriais é necessário que sejam levados em consideração alguns pontos e questionamentos sobre a mesma, tendo em mente os princípios de necessidade, aplicabilidade, relevância ao tratamento, viabilidade financeira e validade científica. Assim algumas perguntas que devem ser realizadas antes da solicitação de exames poderiam ser: Esse exame realmente é necessário? Esse exame vai apresentar custos ao meu paciente? ANTES DA REQUISIÇÃO!ANTES DA REQUISIÇÃO! Esse exame apresenta embasamento científico comprovado? Após se perguntar sobre esses pontos e ocorrida a solicitação, agora é papel do Nutricionista realizar a interpretação adequada dos resultados encontrados. No qual como será discutido detalhadamente logo, a visão do profissional sobre os exames deve ser executada de maneira integrada, englobando os valores de diferentes marcadores de maneira conjunta pois só assim irá possibilitar ao profissional a melhor compreensão do estado de saúde e funcionamento do organismo do indivíduo em questão. Lembrando que ética, bom senso e responsabilidade também são elementos que devem essencialmente estar presentes no momento de requisição, respeitando limites profissionais e do paciente. Fora isso, na prática, a requisição de exames deve ser realizada conforme um padrão pré estabelecido, principalmente a partir de um receituário contendo elementos como data, nome do paciente, indicação clínica, material, lista de exames solicitados, nome do profissional, assinatura e CRN, bem como as respectivas orientações para o exame. AS 3 FASES DO EXAME Ao analisar profundamente a estrutura da solicitação de exames bioquímicos, podemos observar que essa é dividida em principalmente 3 momentos, sendo eles: PRÉ-ANÁLISE Momento onde é feita a requisição do exame conforme a avaliação dos pontos comentados como necessidade e relevância ao tratamento, incluindo também a orientação e preparo do paciente para realização do exame. PÓS-ANÁLISE Fase na qual são feitas correlações, diagnóstico, observações e serve como base para a decisão da conduta a ser adotada frente ao encontrado. ANÁLISE Engloba desde o laboratório escolhido para execução do exame até mesmo ao tipo de metodologia utilizada para avaliação dos marcadores biológicos, sendo estes um importante ponto a ser compreendido e conhecido. Mas por quê compreender tão exatamente cada fase desse processo "tão simples"? Basicamente, a importância de desenhar muito bem cada momento da realização dos exames laboratoriais inclui principalmente a minimização de erros, no qual destaca-se que a maior parte da tomada de decisões equivocada ocorre por interferências em alguma dessas fases, sendo pela escolha do exame, realização ou posterior interpretação. Sobretudo, aponta-se que é na fase pré-analítica, ou seja, aquela que antecede a execução do exame laboratorial, onde 62% das interferências ocorrem. Isto é uma consequência principalmente em decorrência de orientações claras e adequadas para preparo do antecedente do exame bioquímico, prejudicando o processo como todo. Em contrapartida, podemos destacar que outras interferências como na fase analítica e pós analítica correspondem a apenas 15 e 23% respectivamente, ou seja, os erros cometidos pela metodologia escolhida pelo laboratório ou até mesmo a aqueles cometidos quanto a interpretação dos resultados são menos frequentes e alarmantes quanto a ausência do preparo adequado do paciente. No cenário clínico, como será demostrado posteriormente, os exames laboratoriais apresenta diversas particularidades e aspectos individuais que devem ser levados em consideração conforme contexto do paciente. Por exemplo, ao ter em mãos a anamnese realizada adequadamente com o paciente, é possível ao olhar do nutricionista que sejam captados pontos de atenção, os quais poderão e devem ser melhor avaliados por meio da requisição de exames bioquímicos. Fora isso, patologias especificas requerem marcadores específicos, sendo essencial a compreensão sobre a fisiopatologia e mecanismo bioquímico de exames para solicitação ideal. RACIOCÍNIOS IMPORTANTES O raciocínio clínico é complementar e justifica o exame laboratorial, sendo ele fundamental para a prática de qualquer tipo de profissional da área da saúde, onde devem ser traçadas ferramentas de avaliação, a fim de avaliar e monitorar as principais queixas e problemas do indivíduo. Bem como é a partir disso que será determinada a estratégia dietética a ser seguida para gerar os resultados desejados, sejam eles em estética, saúde ou performance. Dessa forma, é ideal que sejam levadosem consideração fatores como histórico, cenário atual do paciente, uso de medicamentos e suplementos, fatores confundidores, cronobiologia, condições climáticas e altitude. É clara a importância de diferenciar pessoas diferentes por marcadores diferentes, avaliando pré-disposições maiores em decorrência de histórico, genética e passado familiar. Bem como de avaliar detalhadamente o contexto atual do paciente, realizando conexões entre particularidades ambientais e possíveis desfechos. A utilização de alguns suplementos alimentares e sobretudo a fármacos como o uso de anabolizantes esteróides podem vir a promover mudanças em marcadores bioquímicos. Entretanto até mesmo medicamentos frequentemente mais utilizados podem vir a interagir bioquimicamente alterando resultados. A carga de estresse individual, proveniente tanto de estímulos psicológicos e físicos também podem vir a alterar a fisiologia do organismo daquele indivíduo. Da mesma maneira que traumas, como lesões recentes e outros problemas devem ser analisados quanto aos exames laboratoriais. É essencial que sejam levados em consideração os aspectos fisiológicos relacionados ao ciclo circardiano, no qual alguns marcadores laboratoriais serão influenciados quanto ao horário da coleta. Como por exemplo as concentrações de cortisol que serão dinâmicas ao decorrer do dia, e a marcadores agudos do metabolismo da glicose que sofrem influência da alimentação. Em alguns parâmetros específicos como Vitamina D, o qual é dependente da rotina de exposição solar do indivíduo, podem ser afetados devido a condições climáticas e regionais Para indivíduos com alta frequência de realização de viagens, como atletas e sujeitos com carga profissional elevada, é passível a influência da altitude como um fator determinante para marcadores bioquímicos principalmente da série vermelha do sangue (eritrócitos) INTERPRETAÇÃO DE EXAMES A grande questão que norteia a interpretação de exames laboratoriais é referente a análise dos resultados obtidos a partir dos valores de referência especificamente, prática comum por diversos profissionais da área da saúde. Contudo, o desenvolvimento dos valores de referência relacionam-se com fatores matemáticos oriundos de uma amostra populacional distribuída em uma curva de normalidade apontando os valores de 95% da população. Assim, é necessário uma amostragem mínima de 120 indivíduos, os quais são diferentes quanto a gênero, idade, raça, nível de atividade, alimentação e diversas outras variáveis, onde evidencia-se aqui a dificuldade de definir valores de referência que sejam capazes de refletir a refletir a realidade da fisiologia daquele indivíduo em questão. Desta maneira, é recomendado na prática clínica e sobretudo no cenário esportivo que avaliação e interpretação dos exames laboratoriais seja executada a partir de uma visão individualizada, onde o indivíduo e seus próprios resultados sejam o ponto de referência conforme histórico e monitoramento continuo. Por fim, cabe comentar da importância de ao avaliar os exames laboratoriais ter claro que é o indivíduo quem deve ser avaliado e não os valores ali obtidos, onde o aforismo claro da medicina nos diz que a Clínica é soberana, assim sinais clínicos e outros aspectos do paciente devem ser levados em consideração de maneira complementar aos exames bioquímicos. 2 CAPÍTULO EXAMES LABORATORIAIS NA PRÁTICA CLÍNICA No que concerne o conhecimento em análise e interpretação bioquímica é imprescindível que o profissional da saúde obtenha um conhecimento necessário para realizar a intepretação dos resultados das titulações bioquímicas, faça os diagnósticos e prognósticos e neste cenário tome propedêuticas ideais ao paciente. Os exames laboratoriais são uteis para a tomada de decisão do profissional, visto que eles podem indicar alterações no organismo que confirmam uma patologia, além disso, durante o tratamento os marcadores bioquímicos são utilizados como um parâmetro de evolução do quadro clinico, sendo assim, um recurso útil para acompanhamento das patologias e manejo do paciente. Avaliar gravidade da doença; Estimar prognóstico da doença; Monitorar curso da doença; Detectar recorrência da doença; Selecionar fármacos e ajustar terapia. A análise dos exames bioquímicos devem levar em consideração o estado atual do paciente e todas as características pessoais dele, visto que a individualidade é mais importante que o valor dado nos marcadores bioquímicos. Fatores internos e externos podem causar erros na analise do exame bioquímico, além disso, alguns exames necessitam de um estado de jejum que se não for respeitado, haverá alteração significativa, logo, o profissional deve estar atento as práticas do paciente no momento anterior ao exame, para não realizar uma interpretação inadequada. HEMOGRAMA Também conhecido como hemograma completo, este é um conjunto de marcadores laboratoriais que analisa informações específicas sobre o tipo e quantidade de componentes do sangue, bem como permite a avaliação de algumas particularidades específicas. Leucócitos PlaquetasEritrócitos Em suma, os Eritrócitos, os quais também são conhecidos como hemácias ou glóbulos vermelhos, são a primeira porção do hemograma a ser analisada e apresentada, onde sua avaliação consiste em características quantitativas e qualitativas. Entretanto antes de aprofundarmos na discussão sobre cada um dos exames bioquímicos referentes aos glóbulos vermelhos, é essencial compreender sua função no organismo humano. Fisiologicamente, as hemácias são células sanguíneas anucleadas responsáveis principalmente pelo transporte de oxigênio entre tecidos, as quais são sintetizadas na medula óssea a partir de estímulos do hormônio Eritropoetina. Apesar de sua função mais conhecida, os Eritrócitos também desempenham particularidades quanto a análise de marcadores do metabolismo glicídico, de ferro e até mesmo de patológicas genéticas como a deficiência da enzima glicose-6-fosfato desidrogenase. Ao que se trata dos glóbulos vermelhos, os exames bioquímicos apontam para quantificação total, hemoglobina, hematócrito, volume corpuscular médio (VCM), Hemoglobina Corpuscular Média (HCM), CHCM e RDW. Componentes do sangueComponentes do sangue ISOLAMENTO DE ERITRÓCITOS HEMÁCIAS TOTAIS Primeiramente ao aspecto quantitativo, a contagem total de eritrócitos apresenta-se como um marcador geral da fração vermelha do sangue, apontando principalmente para anemias, eritricitose e hemoconcentração. CONTAGEM DE GLÓBULOS VERMELHOS Valores de referência: 4,3 - 6 x 10 ^6/mcL (homens) - 3,5-5,5 x 10^6 mcL (mulheres) Dessa forma, valores aumentados ou reduzidos devem chamar a atenção do Nutricionista para possíveis desenvolvimentos patológicos, onde em combinação com outros marcadores, tornará possível identificação do quadro e direcionamento dietético para questão. HEMOGLOBINA A Hemoglobina (hb) é a proteína responsável por justificar a função respiratória presente em eritrócitos, sendo isto relacionado ao fato da molécula permitir interação com o Oxigênio. Ainda, sua constituição é de 3,8% heme e 96,2% globina, no qual a associação da estrutura com íons de ferro desempenha um papel fundamental no transporte de gases pelo organismo humano. Valor de referência: Homem: 12 a 16g/dL | Mulher: 14 a 18g/dL Devido a sua relação com o Ferro, a utilização clínica da hemoglobina refere-se sobretudo a análise de quadros de anemia ferropriva, contudo sua redução também está relacionada com condições de outros tipos de anemia e hemodiluição. Por outro lado, o aumento das concentrações séricas de hemoglobina indicam hemoconcentração, eritrocitose, adaptação a ambientes de alta altitude (os quais obrigam resposta fisiológica frente à baixa pressão de oxigênio), doenças pulmonares e/ou cardíacas) e neoplasias específicas. HEMATÓCRITO Referente a fração do sangue correspondente aos glóbulos vermelhos em forma de razão entreeritrócitos e plasma centrifugados, este é um marcador laboratorial que pode ser efetuado manualmente após segregação do componentes sanguíneos. 40-50% 50-60% Plasma Eritrócitos Calculando o hematócritoCalculando o hematócrito Como dito, o cálculo do hematócrito pode ser realizado manualmente ou a partir de contadores automáticos como produto do VCM e da contagem de eritrócitos. Ao lado, é possível visualizar a projeção do hematócrito em uma amostra de sangue. Valor de referência: Homem: 42 a 55% | Mulher: 37 a 47% A interpretação do hematócrito pode ser utilizada sobretudo para avaliação da condição de concentração do volume sanguíneo, onde apresentara-se como aumentado em casos de hemoconcentração, eritrocitose e após exercícios físicos extenuantes (devido a sua relação ao quadro de hidratação do indivíduo). Em contrapartida, o marcador indicará hemodiluição e desenvolvimento de anemias quando os resultados apontados estarem abaixo dos valores de referência para homens e mulheres correspondentemente. VCM, HCM, CHCM E RDW De maneira agrupada, o VCM, volume corpuscular médio, HCM, hemoglobina corpuscular média, CHCM, concentração de hemoglobina corpuscular média e RDW, índice de aniscitose, são marcadores qualitativos dos glóbulos vermelhos. Em palavras gerais, podemos compreender estes marcadores bioquímicos como ferramentas para avaliar o tamanho e composição dos eritrócitos, sendo que idealmente esses serão analisados em conjunto para melhor compreensão do status fisiológico do paciente. VCM Marcador Refere-se Referência HCM HCMC RDW Volume médio dos glóbulos vermelhos Concentração de hemoglobina média em células vermelhas Coeficiente da variação da distribuição do volume eritrocitário Concentração de hemoglobina por contagem de eritrócitos 80-100 fL 28-34 g/dL 30 e 33 pg 12,1 a 14 fl Assim, podemos vincular cada marcador a um quadro específico ou geral, por exemplo, o VCM reduzido relaciona-se a redução do tamanho das hemácias, situação frequente em condições de anemias ferroprivas, ao mesmo tempo em que se aumentando vincula-se a anemias megaloblásticas. Ainda, o VCM pode estar alterado em doenças hepáticas, uso abusivo e crônico de álcool, hemacromatose, HIV, quimioterapia, hipotireoidismo e hipocrimia. Por outro lado, a concentração de hemoglobina em hemácias (HCM) será aumentada em macrocitoses e hemacromatose, e reduzido em microcitose, talassemia e hipocromia. Ainda, o CHCM, concentração de hemoglobina por eritrócito será diminuída em anemias hipocrômicas, normocítica e microcíticas, bem como aumentando em esferocitose marcante e macrocítica. Por fim, altos coeficientes de variação do volume médio das hemácias será maior em anisocitose, anemias ferroprivas, fragmentação de eritrócitos, aglutinações e populações de células dismórficas, indicando grande diferença entre eritrócitos. LEUCOGRAMA Agora em referência a fração branca do sangue, a contagem de leucócitos é um importante marcador laboratorial para refletir a situação atual do sistema imunológico no que tange aspectos quantitativos. Sendo que sua interpretação deve ser baseada tanto na contagem total de células brancas como na linhagem celular específica que demonstra alteração, tendo em vista que cada padrão de célula desempenhará um papel fisiológico específico na fisiologia humana. Neutrófilos Leucócitos % relativo por 100 células Absoluto 10^3/ul 0,9 a 3,4 0,0 a 1,2 Linfócitos Linfócitos reativos Monócitos Eosinófilos Basófilos 0,0 a 0,6 0,0 a 0,3 1,6 a 75 18 a 43 0 a 6 4 a 12 0 a 8 0 a 2 43 - 72 Assim, de modo geral podemos considerar valores aumentados de leucócitos em infecções, lesões, distúrbios inflamatórios, frente a alguns medicamentos, leucemias. Enquanto diminuídos também em infecções, hiperesplenismo, deficiências nutricionais, doenças reumatológicas, doenças renais e em relação ao uso de alguns farmácos. Com a função fisiológica principalmente relacionado a capacidade de coagulação sanguínea, as plaquetas também são conhecidas como trombócitos, sendo essas elementos discóides do sangue. Em casos de sangramentos, tais células se aglomeram a fim de propiciar a formação de coágulos, os quais visam principalmente reparar lesões em vasos sanguíneos. PLAQUETAS Valor de referência: Homens e mulheres adultos: 140 a 440 milhões/uL A contagem total de plaquetas estará aumentado em distúrbios clonais da medula óssea (ex: neoplasias mieloproliferativas), hemorragias agudas, neoplasias malignas, pós-esplectomia, traumatismos graves, infecções, distúrbios inflamatórios crônicos e em reações medicamentosas. Por outro lado, as plaquetas estarão diminuídas em condições de imunodestruição, reações à fármacos, anemia aplásica, leucemias, doenças linfoproliferativas, hiperesplenismo, coagulação intravascular disseminada, casos de circulação extracorpórea, quimioterapia, trombocitpenia pós-transfusional e numerosas condições congênitas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como foi possível observar ao decorrer da discussão sobre o papel do hemograma na interpretação de exames laboratoriais, os marcadores dos componentes sanguíneos variam conforme sensibilidade e especificidade, no qual cada indicador será correlacionado a condições metabólicas diferentes. Entretanto, apesar da minimização do olhar profissional que ocorre ao hemograma, devido a sua alta frequência e fato de ser comum de ser solicitado, este é um exame de grande importância ao cenário clínico, relacionando-se a uma série de cenários fisiológicos importantes de serem analisados e avaliados. Os triglicerídeos (TAG) é o principal lipídio encontrado no organismo, no qual é composto por 3 ácidos graxos e um glicerol. Os TAG são formado principalmente no fígado e são armazenados principalmente no tecido adiposo branco, sendo assim, corresponde a principal reserva endógena de energia do corpo. Os TAG´s são utilizados como um importante marcador bioquímico que avalia a quantidade plasmática de lipídio circulante, este marcador geralmente encontra-se elevado no período pós-prandial. Após uma refeição, estes TAG circulam no sangue após serem absorvidos no intestino, o transporte desta macromolécula ocorre por meio de lipoproteínas. PERFIL LIPÍDICO A analise do perfil lipídico do paciente por meio do exame laboratorial envolve todos os marcadores bioquímicos relacionado ao metabolismo lipídico do individuo, bem como seu estado de saúde e possibilita o nutricionista realizar correlações com o estado nutricional do indivíduo. Triglicerídeos Colesterol Total VLDL Colesterol LDL Colesterol HDL Colesterol TRIGLICERÍDEOS TAG Ácidos Graxos Glicerol Os triglicerídeos também podem ser sintetizados endogenamente por meio dos carboidratos, este processo é chamado de lipogênese de novo, ou seja, elevações nos níveis de TAG podem ser resultante de uma alimentação rica em carboidratos e calorias, visto que a formação hepática de lipídio ocorre em excesso de energia. Um consumo de carboidratos simples favorece ainda mais a formação de gordura no organismo, visto que a frutose pode desviar de rotas metabólicas e aumentar a biossíntese de lipídios. Esta frutose é encontrada principalmente alimentos ultraprocessados e em alimentos ricos em sacarose. Em um ambiente rico em energia a nível celular (alto conteúdo de NADH e ATP), ocorre um acumulo de citrato no ciclo do ácido cítrico (ciclo de krebs), citrato esse que extravasa para o citosol e se dissocia em oxalacetato e Acetil-Coa, este Acetil-Coa da origem ao processo de biossíntese de lipídios hepático. Piruvato Piruvato Acetil-Coa CitratoOxalacetato Citrato Oxalacetato Acetil-Coa Malonil-Coa GLICOSE Ácidos graxos Ciclo de krebs Glicólise Alongamento das cadeias de ácidos graxos. INSULINA ATP NADH Mitocôndria Citosol Valor de referência: Nível de Triglicerídios (mg/dl) <150 150 a 199 200 a 499 500 Categoria Normal Limítrofe alto Alto Muito altoCOLESTEROL TOTAL O colesterol total é um marcador bioquímico que corresponde a um composto esteroide transportado na sangue através de uma lipoproteína. É um composto importante e essencial para o organismo que atua como um componente de membrana lipídica, além disso, é precursor de hormônios esteroides (hormônios sexuais, glicocorticoides e mineralocorticoides), dos ácidos biliares e de vitamina D. Na prática clínica a análise deste marcador deve levar em consideração diversos fatores que podem levar ao aumento ou redução dos níveis de colesterol. Um indivíduo que apresenta uma alimentação hiperlipídica e que é consumidor frequente de álcool, tende a apresentar aumentos nos níveis de colesterol total. Indivíduos que apresentam patologias como hipercolesterolemia familiar ou hipotireoidismo também apresentarão aumentos significativos nos níveis endógenos de colesterol total. Mulheres gravides também tem seus níveis aumentados, logo, quando analisar o exame, todos estes paramêtros devem ser levados em consideração. Valor de referência: <200 mg/dl 150 a 239 mg/dl >240 mg/dl Nível desejável que faz com que a pessoa tenha menor risco de coronariopatia (CP). Limítrofe alto Colesterol sanguíneo elevado. Maior risco de CP VLDL COLESTEROL A VLDL colesterol, conhecida como VLDL-C, é uma lipoproteína formada no fígado composta de 50% de triacilglicerol, 8% de fosfolipídios, 6% de colesterol e 16% de éster de colesterol. A função desta lipoproteína é realizar o transporte de TAG do fígado aos tecidos, aproximadamente 80% do conteúdo de TAG sanguíneo é encontrado na VLDL-C. A VLDL-C geralmente tem seus níveis elevados em casos de sobrepeso e obesidade, diabetes e alcoolismo. Valor de referência: <30mg/dl LDL COLESTEROL A LDL colesterol, conhecida como LDL-C ou como lipoproteína de baixa densidade, é uma lipoproteína formada no fígado, a partir do metabolismo da VLDL-C, que é composta de 4% de triacilglicerol, 21% de fosfolipídios, 9% de colesterol e 42% de éster de colesterol. A função desta lipoproteína é realizar o transporte de colesterol do fígado aos tecidos. A LDL-C é comumente associada a um potencial patogênico, chamada em meio ao senso comum de "colesterol ruim", entretanto, a LDL-C apresenta risco em sua forma oxidada, no qual, em contextos inflamatórios com a presença de excesso de oxidantes, esta molécula pode ser oxidada e originar células espumosas, que resulta em maior inflamação com potencial aterogênico. A LDL-C geralmente apresenta-se aumentado em pacientes com maus hábitos alimentares, como alto consumo de ultraprocessados, rico em açúcar e gordura saturada. Assim como a elevação do coleterol total ocorre em pacientes com hipercolesterolemia familiar, isso se repete com o LDL-C, permanecendo aumentado na presença desta patologia. Nível de Colesterol LDL (mg/dl) <100 100 a 129 130 a 159 160 a 189 190 Categoria Ideal Acima do Ideal Limítrofe alto Alto Muito alto Transporte do fígado para os tecidos Transporte dos tecidos para o fígado A HDL colesterol, conhecida como HDL-C ou como lipoproteína de alta densidade, é uma lipoproteína produzida pelo fígado. A função que a HDL- C desempenha é o transporte reverso de colesterol, ou seja, que leva o colesterol dos tecidos ao fígado. Comumente conhecida como "colesterol bom", a HDL-C é uma lipoproteína que através da prática regular de exercícios aeróbicos pode ter seus níveis elevados. A HDL-C é composta por 3-15% de Triacilglicerol, 26-46% de fosfolipídios, 2-10% de colesterol, 15-30% de éster de colesterol e 55% de proteínas. Valor de referência: HDL COLESTEROL Valor de referência: <40mg/dl LDL-C HDL-C Glicose Ácidos graxos Aminoácidos Acetil-CoA HMG-CoA Mevalonato Esqualeno Fator limitante da síntese Mediadores: - Vit. K - Vit. E Vit. A - Carotenóides - Heme A - Ubiquinona Insulina Glucagon Colesterol intracelular Sais biliares Acetil-CoA Acetil-CoA Acetoacetil-CoA Colesterol HMG-CoA redutase + ÍNDICE DE CASTELLI 1 & 2 Além das analises isoladas das frações do colesterol, é possível utilizar um escore que avalia risco de doença cardiovascular através da razão entre as frações ou sobre o colesterol total. O Índice de Castelli 1 e o 2 são formas aplicáveis de avaliar risco cardiovascular, sem demandar tempo ou investimento. Valor de referência: ÍNDICE DE CASTELLI 1: COLESTEROL TOTAL/HLD-C ÍNDICE DE CASTELLI 2: COLESTEROL LDL-C/HLD-C IC 1: <4,5 homem x <4,0 mulher IC 2: <3,0 homem x <2,5 mulher Células beta- pancreáticas METABOLISMO DA GLICOSE Em meio ao aumento constante da incidência e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis em escala mundial, e entre elas ao grande crescimento do número de casos de Diabetes Mellitus, conhecer e melhor compreender marcadores laboratoriais do metabolismo da glicose tornar- se uma necessidade do Nutricionista de excelência. No qual, a discussão sobre o mecanismo fisiopatológico comparado a fisiologia normal do desenvolvimento do quadro de desregulação glicídica é melhor aprofundada no E-book Nutrição Clínica também do Coimbra Academy, sendo a discussão que nos cabe a apresentação e interpretação dos principais exames bioquímicos relacionados ao metabolismo da glicose no organismo humano. METABOLSIMO DA GLICOSE - RESUMIDO Glicose em jejum Insulina em jejum Glicose exógena↑Glicemia Liberação de insulina ↑Captação de glicose Glicose endógena Tecidos periféricos Hemoglobina glicada HOMA-IR HOMA-BETA Frutosamina PRINCIPAIS MARCADORES LABORATORIAIS De modo geral, o metabolismo da glicose relaciona-se com um conjunto de vias fisiológicas e bioquímicas que absorvem a glicose exógena (alimentação) ou liberam fontes endógenas (glicogênio hepático), o que acarreta em aumento das concentrações de glicose sérica (glicemia) e obrigam células beta-pancreáticas a secretarem insulina. Por sua vez, por meio de uma cascata celular, a insulina conduz a expressão de GLUT4 na membrana de células em tecidos periféricos, sendo este um transportador de glicose insulino-dependente. Dessa forma, a glicose sérica é captada do sangue para o interior celular. GLICOSE EM JEJUM Podendo ser visualizado como o exame bioquímico mais básico e geral do metabolismo da glicídico, a glicose ou glicemia em jejum apresenta-se como um importante marcador metabólico, o qual pode servir até mesmo como ferramenta para diagnóstico. Na prática clínica, a identificação inicial e monitoramento da glicose em jejum permite ao nutricionista avaliar as respostas biológicas do indivíduo frente a conduta dietética adotada, associando-se ou não a redução do risco de desenvolvimento de Diabetes pelo paciente. Valor de referência: Homens e mulheres adultos: 70 a 99mg/dL Em geral, valores menores ou maiores ao de referência apresentam riscos a saúde do indivíduo, no qual a adesão à medidas corretivas frente a baixos valores será dependente dos sinais clínicos do paciente. Onde, resultados acima de 100 até 124mg/dL relacionam-se com condições de e resistência à insulina, enquanto valores superiores à 125mg/dL indicam fortemente a instalação do distúrbio metabólico de Diabetes Mellitus (DM). INSULINA EM JEJUM Como dito previamente, a insulina é um hormônio peptídico secretado pelas células beta-pancreáticas frente ao aumento das concentrações de glicose sanguínea. Sendo este, o principal fator metabólico responsável por estimular a captação de glicose por tecidos periféricos como músculo esquelético e tecido adiposo. No cenário dos exames laboratoriais, a quantificação das concentrações de insulina em jejum demonstram importância para melhor visualizar o status glicídico do organismo humano. Tendo em vista que resultados acima do valor de referência relacionam-se com quadros de DM2, hipoglicemia factícia, síndrome autoimune da insulina, cirrose, acromegalia e hipoglicemia reativa após a ingestão de glicose (carboidratos) 20 40 60 80 100 120 125 100 75 50 25 0 G LI CE MIA DIAS Em outra mão, as concentrações séricas de insulina estarão diminuídas em casos de DM1, hipopituitarismo e DM grave com cetose com perda de peso. Por fim no cenário da nutrição, as concentrações de insulina podem ser utilizadas na prática para refletir/representar o consumo de carboidratos pelo indivíduo, no qual ambas variáveis serão diretamente proporcionais. Valor de referência: Homens e mulheres adultos: 6 a 27 µUI/mℓ HEMOGLOBINA GLICADA Como um dos poucos marcadores do metabolismo da glicose que reflete situações não agudas, a hemoglobina glicada (HbA1c) permite ao nutricionista visualizar um aspecto médio das concentrações de glicose nos 120 dias que antecedem a realização do exame. ↑Glicemia ↑Glicosilação da hemoglobina Como um eritrócito apresenta meia vida de 120 dias, este é o tempo reproduzido no exame de HbA1c Os resultados da HbA1c poderão estar aumentandos em situações de hemoglobina fetal acima do normal, insuficiência renal crônica, anemia ferropriva, esplenectomia, aumento dos níveis séricos de triglicerídeos, etilismo, toxicidade de chumbo e tratamento com salicilatos. Como também podem estar diminuídos em redução da sobrevida de eritrócitos (anemias hemolíticas ou hemorragias), após transfusões, gravidez, ingestões de grandes quantidades vitamina C ou E e hemoglobinopatias. Irreversível Valor de referência: Homens e mulheres adultos: menor que 5,6% Ainda, valores entre 5,7 e 6,4% de HbA1c relacionam-se com risco aumentado para diabetes mellitus e acima de 6,5% já estariam dentro da faixa observada em diabéticos. HOMA-IR E HOMA-BETA Em duas fórmulas de cálculos matemáticos, o HOMA-IR e HOMA-BETA são duas grandes ferramentas do nutricionista para avaliar as condições do metabolismo glicídico do paciente. Por sua vez, o HOMA-IR visa prever as concentrações homeostáticas que surgem de vários graus de deficiência de células beta-pancreáticas e resistência à insulina. Em suma, na prática clínica o HOMA-IR é principalmente utilizado a fim de avaliar o status de sensibilidade à insulina do indivíduo, calculado a partir da fórmula: HOMA-IR = [(glicemia em mmol/L) x (insulinemia em uU/mL / 22.5 Onde como pode ser visto, o cálculo para HOMA-IR irá levar em consideração as variáveis de glicemia em jejum e insulina em jejum divididos por um valor previamente determinando, no qual os valores obtidos serão interpretados conforme os valores abaixo: Valor de referência: Homens e mulheres adultos: maior que 2,71% Por outro lado, o HOMA-BETA é um marcador bioquímico capaz de avaliar a capacidade das células beta-pancreáticas em produzir e secretar insulina, também levando em consideração as variáveis de insulina e glicemia em jejum a partir de um cálculo matemático. Valor de referência: Homens e mulheres adultos: 167 a 175 FRUTOSAMINA Sendo que valores de Frutosamina estarão aumentados em condições de hiperglicemia em pacientes com Diabetes Mellitus não controlado via alimentação ou intervenções farmacológicas. Valor de referência: Homens e mulheres adultos: 170 a 285 Mmol/l Em termos gerais, o exame de frutosamina descreve a taxa de glicação da albumina e de outras proteínas séricas na corrente sanguínea, apresentando a capacidade de refletir as concentrações de glicose no sangue dentro de um período que antecede 2 a 3 semanas da realização do exame. FUNÇÃO HEPÁTICA Os exames bioquímicos são úteis para identificar o estado do organismo, entretanto, alguns marcadores direcionam o olhar clinico sobre órgãos específicos. No exemplo do fígado, um órgão que desempenha diversas reações detoxicação, através de milhares de reações enzimáticas, e além disso, quando se fala de metabolismo, o fígado é um visto como um dos componentes centrais. Por sua vez, o fígado é responsável por uma série de funções como armazenamento e distribuição de glicose para o organismo, como também, é um órgão responsável por metabolizar nutrientes, fármacos e compostos exógenos e diversos outros metabólitos. A Cada ano que passa os níveis de obesidade e síndrome metabólica aumentam, onde o estilo de vida passa a ser cada vez mais sedentário e com maior disponibilidade de alimentos ricos em açúcar e gorduras saturadas, sendo todos esses fatores adjuvantes para o quadro de estresse hepático. Atualmente a doença hepática não alcóolica apresenta uma prevalências de 25% da população mundial. Fármacos AVALIAÇÃO DE FUNÇÃO HEPÁTICA TGO TGP ↑Atividade enzimática FATORES ESTRESSORESXenobióticos GGT FOSFATASE ALCALINA BILIRRUBINA TOTAL, DIRETA E INDIRETA PRINCIPAIS MARCADORES LABORATORIAIS ↑ Excesso de nutrientes Consumo de álcool ↑ TGO E TGP As enzimas TGO e TGP são da classe das transaminases, que catalisam reações de transaminação/transferência de um grupo amina entre um aminoácido e um alfa-cetoácido. A TGO, também conhecida como aspartato aminotransferase (AST), catalisa a transferência reversível de um grupo alfa-amino entre o aspartato e o glutamato. A TGO é amplamente distribuída nas células do organismo, estando presente no músculo esquelético e cardíaco, rins e fígado. A TGO é uma enzima comumente utilizada na prática clínica para avaliar dano hepático e tem seus níveis aumentados em patologias associadas ao fígado. Entretanto, a analise desta enzima deve levar em consideração as diversas influências de fatores externos que podem causar elevação dos níveis desta enzima, principalmente a atividade física que modula positivamente os níveis plasmáticos da TGO. A TGP, também conhecida como alanina aminotransferase, catalisa a interconversão entre piruvato e alanina. A TGP, assim como a TGO é uma enzima comumente utilizada para avaliar dano hepático. A TGP, assim como a TGO, sofre aumento nos níveis plásmaticos após atividade física, porém, sua elevação é menor em relação a TGO. Na prática clinica estas enzimas devem ser analisadas levando em consideração o estilo de vida do paciente e a presença ou não de uma atividade física próxima ao dia de realização do exame. Valor de referência: TGO e TGP: 10 - 40 U/L GGT A GGT, conhecida como Gama glutamil transferase é responsável pelo metabolismo extracelular da glutationa, o principal antioxidante nas células. Possui expressão em diversos tecidos, mas principalmente no tecido hepato-biliar. A GGT é uma enzima que não sofre influência do exercício físico, como a TGO e TGP, logo, em praticantes de atividade física é mais sensível para a avaliação de dano hepático. Diversas patologias que causam alterações na função hepática ou dano hepático, causam elevação significativa de GGT, esta é uma enzima responsiva a presença de um ambiente de estresse oxidátivo, além disso, diversos fármacos atuam causando elevação nos níveis de GGT. Valor de referência: 7 - 50 UI/L FOSFATASE ALCALINA A fosfatase alcalina (ALP) refere-se a uma família de enzimas que catalisam a hidrólise de ésteres de fosfato em pH alcalino. Existem 5 isoformas de fosfatase alcalina derivadas do fígado , do osso, intestino , placenta e tecidos associados a tumores. Hemólise Globina A fosfatase alcalina é comumente utilizada para avaliar dano hepático, apresenta boa sensibilidade para este tipo de avaliação, porém, ainda é menos sensível que a GGT. Valor de referência: 30 - 115 UI/L BILIRRUBINA TOTAL, DIRETA E INDIRETA A avaliação de bilirrubina é geralmente utilizada para avaliar a função hepática, sendo que, através dos exames bioquímicos é possível ver a quantidade total e suas frações (direta ou indireta). Tipicamente, a bilirrubina é determinada em dois testes para bilirrubina “total” e “direta”, a subtração da bilirrubina direta da total fornece a “bilirrubina indireta”. A bilirrubina pode estar aumentada em condições de dano hepático, obstrução biliar, porém, a condição de hemólise afeta positivamente os níveis de bilirrubina, principalmente porque a hemólise gera liberação de hemoglobina queresulta em liberação do grupo heme, este que é metabolizado em biliverdina e em bilirrubina, ou seja, doenças hemolíticas ou atividades física que resultam em hemólise, causam elevações no valor de bilirrubina e frações. Valor de referência: Bilirrubina Total: 0,3 a 1,2 mg/dL Bilirrubina Direta: 0,0 a 0,4 mg/dL Grupo Heme Aminoácidos Bileverdina Bilerrubina FUNÇÃO RENAL O sistema renal desempenha um papel essencial na homeostase do organismo humano e bem estar do indivíduo, sendo sua responsabilidade biológica relacionada a filtrar o plasma sanguíneo visando a excreção de compostos que podem ser nocivos, bem como ainda demonstra importante função no controle de fluídos corporais e regulação da pressão arterial. Na prática, toda essa maquinaria fisiológica é composta por rins, ureteres, bexiga e uretra, de maneira em que os néfrons são a principal unidade motora representante do sistema, sendo este o responsável propriamente dito pela filtração renal, ao passo que demais estruturas podem ser compreendidas como organizações de armazenamento e condução de fluídos. No contexto atual as doenças renais são um grande problema de saúde pública, cujo dados estimam que somente no Brasil cerca de 1 a 4 milhões de pessoas são portadoras de Insuficiência Renal Crônica. Entretanto, a avaliação da função renal sempre foi um grande desafio para a medicina e demais áreas da saúde, no qual alguns marcadores que serão discutidos em seguida evidenciam-se como as melhores opções para análise e monitoramento do sistema renal. FUNÇÃO RENALFUNÇÃO RENAL Excreção de substâncias Controle da pressão arterial Reabsorção de substâncias Controle de flúidos Produção de hormônios Em suma, os rins são uma chave essencial nos processos de excreção e reabsorção de substâncias e íons, bem como do sistema cardiovascular e endócrino Creatinina Corrente sanguínea CREATININA Sendo um metabólito da hidrólise da Creatina, cujo é sintetizada pelo fígado e captada pelo tecido muscular para armazenamento de energia na forma de fosfato de creatina (PCr), a creatinina pode ser compreendida como a creatina "gasta" pelo tecido muscular, necessitando ser excretada pelos rins. Rins Excreção Creatina-P Trabalho biológico Metabolismo da creatininaMetabolismo da creatinina A Creatinina poderá estar aumentada em indivíduos que apresentem alta ingestão de carnes, suplementação de creatina, grande volume de massa muscular, azotemia, pré e pós-renal, gigantismo, acromegalia, alta taixas de catabolismo, distrofias musculares, hipertireoidismo, terapia com testosterona, comprometimento da função renal e uso de aminoglicosídeos. Por outro lado, também poderão estar reduzidos em processos de redução muscular e frente a utilização de fármacos. Valor de referência: Homens: 0,5 a 1,2 mg/dL | Mulheres: 0,6 a 1,3 mg/dL URÉIA De maneira similar a creatinina, a Uréia não evidencia-se como um marcador extremamente específico da função renal, sendo o metabolismo propriamente dito do metabólito vinculado a excreção do excedente de aminoácidos e amônia pelo fígado, sendo esse resultante do catabolismo de aminoácidos e de ácidos nucleicos. No qual, mais de 90% da uréia produzida é excretada pelos rins por meio da urina, sendo um marcador utilizado para avaliação da função renal e do estado hipercatabólico de pacientes críticos. Valor de referência: Homens e mulheres adultos: 7 a 23 mg/dL Sendo que na prática clínica, os valores de uréia estarão aumentados em condições de comprometimento da função e/ou filtração glomerular/renal, dietas hiperproteicas, azotemia pré e pós-renal, aumento do catabolismo proteico (quadros inflamatórios, infarto agudo do miocárdio e diversas outras condições). Em contrapartida, esses resultados estarão diminuídos em relação a diurese por hiperhidratação, lesão hepática grave, aumento da utilização biológica de proteínas (amamentação, gravidez, uso de esteróides anabolizantes, etc), dietas hipoproteicas, síndromes diabsortivas, síndromes nefróticas e uso de fármacos. ÁCIDO ÚRICO Consistindo no produto final do catabolismo de purinas, cujo é liberado quando o DNA e RNA são degradadas pelas células que estão sofrendo lise. A maior parte do ácido úrico é sintetizado pelo fígado e mucosa intestinal, sendo aproximadamente 2/3 excretados pelo rins e 1/3 pelo trato gastrointestinal. Valor de referência: Homens: 2,5 a 8,0 mg/dL | Mulheres: 1,9 a 7,5 mg/dL Os resultados de Ácido úrico podem estar aumentados em casos de insuficiência renal, gota, destruição aumentada de nucleoproteínas, fármacos, acidose metabólica, dietas hiperproteícas, etilismo, hipotireoidismo, hipertensão arterial, exercício intenso e aterosclerose. Em outro lado, esses valores podem estar aumentados frente ao uso de fármacos, acromegalia, doença celíaca, adenoma pleomórfico e Xantinúria. CISTATINA C A Cisteina C é uma proteína não glicosilada presente em todas as células nucleadas do organismo humano, possuindo papel de inibir a cisteína protease. Sendo um composto encontrado em todos os líquidos corporais cujo não sofre interferência de fatores externos como idade, gênero, massa muscular ou processo inflamatório. A cistatina C é removida da circulação por filtração glomerular e sofre reabsorção completa e degradação nos túbulos renais. Diante disso, a concentração plasmática de cistatina C é quase exclusivamente determinada pela taxa de filtração glomerular, tornando-a um excelente indicador de monitoramento desse parâmetro. Valor de referência: Homens e mulheres adultos: 0,5 a 1,0 mg/L As alterações dos valores de Cisteína C relacionam-se principalmente a seu aumento frente ao tratamento de glicocorticoides, distúrbios da tireóide, uso de esteróides e lactação. FUNÇÃO TIREOIDIANA Os marcadores bioquímico são utilizados para avaliar a função tireoidiana assim como realizar diagnóstico e monitoramento de distúrbios na tireoide. A glândula tireoide é uma glândula alveolar (acinar) sem ductos e altamente vascularizada, localizada na parte anterior do pescoço, em frente à traqueia. Os hormônios tireoidianos são liberados e mediados por diversos órgãos e eles desempenham importantes papéis na manutenção da homeostasia e na regulação do metabolismo. EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-TIREOIDEEIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-TIREOIDE A glândula da tireoide é regida pelo eixo HPT (hipotálamo-hipófise- tireóide), onde a liberação de TRH pelo hipotálamo estimula a secreção de TSH pela adenohipófise, que atua se ligado a receptores em células da tireoide, induzindo a produção e a secreção de T3 e T4. Os hormônios tireoidianos atuam por mecanismos de feedback negativo na região da hipófise e do hipotálamo, atenuando a secreção hormonal do eixo. Hipófise TRH TSH T3 T4 Hipotálamo EIXO HPTEIXO HPT Efeitos metabólicos sistêmicos A solicitação de exames referentes a avaliação de função tireoidiana deve levar em consideração a real necessidade, visto que, a em sua maioria, analisar a tireoide sem que haja sinal clinico, condição genética associada ou patologia diagnosticada pode gerar um custo desnecessário, Os guidelines inclusive sugerem uma ordem para solicitação dos marcadores, porém na prática pode dificultar a adesão do paciente. TSH - Hormônio tireoestimulante TRH - Hormônio liberador de tireotrofina A glândula da tireoide é regida pelo eixo HPT (hipotálamo-hipófise- tireóide), onde a liberação de TRH pelo hipotálamo estimula a secreção de TSH pela adenohipófise, que atua se ligado a receptores em células da tireoide, induzindo a produção e a secreção de T3 e T4. Os hormônios tireoidianos atuam por mecanismos de feedback negativo na região da hipófise e do hipotálamo, atenuando a secreção hormonal do eixo. TSH T4 T3 T3 reverso Anticorpos antitireoide peroxidase (TPO) TSH O hormônio tireoestimulante, conhecido como TSH é um hormônio glicoprotéico secretado pela adeno-hipófise que estimula a biossíntese e a liberação dos hormônios da tireoide,T4 (tiroxina) e o T3 (triiodotironina). É um marcador bastante utilizado para avaliação da função tireoidiana, para investigação de distúrbios na tireóide e monitoramento do estado metabólico, tendo em vista que os hormônios tireoidianos têm grande contribuição na taxa metabólica de repouso. O TSH é um hormônio fundamental para analisar a função tiroidiana e identificar previamente alterações no padrão de secreção dos hormônios tireoidianos. Através do TSH é possível investigar um possível hipotireoidismo chamado de hipotireoidismo subclínico ou um hipertireoidismo, porém, essa investigação deve levar em consideração os outros marcadores e os sinais clínicos que são fundamentais. Valor de referência: 0,28 a 3,89 uUI/mL T4 O hormônio tiroxina, conhecido como T4, é principal hormônio secretado pela glândula tireoide. Após a secreção de T4, cerca de 70% é carreado através de uma proteína transportadora no sangue, principalmente pela globulina de ligação da tireoide e pela albumina. Ao chegar nos tecidos, o T4 sofre desiodação a T3, por meio das enzima desiodinase do tipo 1 e 2 (DIO1 e DIO2), que resulta em ação hormonal no tecido alvo. O T4 é um marcador bastante utilizado para monitorização da função tireoidiana, e também é utilizado para diagnóstico e tratamento de distúrbios da tireoide. O T4 e o TSH são dois marcadores que já indicam alterações importantes na função tireoidiana, sem que haja necessidade da solicitação de T3, mesmo que o T3 seja o hormônio biologicamente ativo. T4 T3 T4 T3 T4 T3r T3 T3T2 T3 DIO1, DIO2 DIO 3 DIO3 Núcleo Tecido alvo Valor de referência: T4 Total: 6,09 a 12,23 µg/dℓ T4 Livre: 0,58 a 1,64 ng/dℓ T3 O hormônio triiodotironina, conhecido como T3, consiste no hormônio tireoidiano biologicamente ativo, no qual, a maior fonte no organismo é proveniente da conversão do T4 (tiroxina) nos tecidos periféricos, sendo, aproximadamente, 20% sintetizados pelas células foliculares. A maior proporção da T3 é transportada com ligação à proteínas, com apenas 0,3% encontrando-se de maneira livre não ligada. Possui ação biológica mais potente do que o T4. Os exames de T3 e T3L tendem a superestimar o valor, o que torna a confiabilidade baixa. Por outro lado, a melhor forma de pedir T3 é através de uma avaliação de espectrômetro de massa, que é um exame caro e exige um tempo maior de avaliação. No geral, a mensuração dos níveis de T3 não é recomendado na prática clínica, sendo utilizada apenas em situações de supressão de TSH, T4 normal e uma clínica sugestiva de hipertireoidismo. Valor de referência: T3 Total: 87 a 178 ng/dL T3 Livre: 2,5 a 3,9 pg/mL T3 REVERSO Consiste em um isômero do T3 que tem pouca ou nenhuma atividade biológica e apresenta uma taxa de depuração metabólica mais alta do que a T3. O T3 reverso é constantemente associado a algo ruim para o organismo, visto que em condições de estresse crônico pode haver elevações nos níveis de T3 reverso, entretanto o T3 reverso pode ser utilizado em avaliações específicas para analisar o metabolismo do individuo após uma restrição calórica. O T3 reverso aumenta em individuos com grande e rápida perda de peso, visto que a inativação do T3 causa uma redução da intensidade do metabolismo. Níveis de TSH Elevado Normal Baixo Baixo Normal Elevado T4 livre Não requermais testes Baixo Normal Elevado T4 livre Hipotireoidismo primário Hipotireoidismo subclínico Hipertireoidismo secundário/ resistência ao hormônio tireoideano Hipotireoidismo secundário Hipertireoidismo primárioT3 Livre Normal ElevadoHipertireoidismosubclínico Valor de referência: 90 a 350 pg/mℓ. PARAMÊTROS TIREOIDIANOSPARAMÊTROS TIREOIDIANOS ANTICORPOS ANTI-TIREOPEROXIDASE (TPO) Os anticorpos anti-tireoperoxidase (TPO) são autoanticorpos contra a enzima tireoperoxidase. Essa enzima catalisa a iodação da tirosina na tireoglobulina (Tg) para que ocorra a biossíntese dos hormônios tireoidianos (T3 e T4). Em praticamente todos os casos de doença de Hashimoto e na maioria dos casos de doença de Graves, há uma elevação nos anticorpos anti-TPO. Valor de referência: < 35 UI/mℓ Usando a lógica que T3 e T4 devem estar altos, impedindo a secreção de TRH e TSH, o primeiro diagnóstico é de hipertireoidismo Outra possível linha de raciocínio é que o TSH pode estar baixo por uma disfunção hipofisária. Assim, o diagnóstico aqui seria de hipotireoidismo. A clínica é fundamental pois, mesmo a possibilidade do TSH baixo representar um hipertireoidismo ou hipotireoidismo, os sinais e os sintomas relatados pelo paciente levam ao direcionamento ao diagnóstico. Variações nos biomarcadores da função tireoideana TSH - baixo TSH baixo e T4 alto Hipertireoidismo TSH baixo e T4 normal Hipertireoidismo subclínico, que nem sempre é indicativo de tratamento TSH baixo e T4 baixo Hipotireoidismo central TSH normal e T4 baixo Pode ser um hipotireoidismo central. Isso é explicado devido a possibilidade do TSH aparecer em valores dentro da referência (porém, próximo ao limite inferior de 0,4) e o T4 sendo encontrado em quantidade muito abaixo da referência. Neste contexto de T4 baixo, em teoria, o TSH deveria estar alto para estimular a glândula tireóide a produzir mais hormônios. Além disso, em um contexto de falência hipofisária, o T4 que aparece no exame é imunologicamente ativo, porém biologicamente inativo, sem função de sinalização. Dito isso, em casos de hipotireoidismo central não se usa TSH como parâmetro para reposição, utilizando mais especificamente o T4 como parâmetro