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Ogiek (grupo étnico africano) ALUNOS: BRUNO FRANÇA FONSECA (20181102333) , LET IC IA REGINA DINIZ DOS SANTOS (20221100278) , MARIA EDUARDA PINHO (20191105699) , PATRICK DOS SANTOS JAGUARI (20142102368) E ODARA RAMOS PEIXOTO (20181105762) PROFESSORA: LET IC IA MARIA DE OLIVEIRA BORGES – DIR . DAS MINORIAS 2022 Introdução O presente trabalho traz um breve estudo sobre a Comunidade Ogiek, tradicionais habitantes do Complexo de Florestas de Mau, no Quênia, a Comunidade Indígena Ogiek compõe uma etnia indígena africana que conforma, aproximadamente, 20 mil membros, tendo importância por ser uma das cinco principais “torres de água” do Quênia. Durante gerações, o conhecimento e práticas do povo Ogiek, mantiveram seus meios de vida sustentáveis e os ajudaram a manter o ecossistema do qual dependem. Quando foram despejados de suas terras ancestrais, os seus meios de vida e ecossistema foram severamente ameaçados. Em 2009, a Comunidade recebeu uma notificação do Estado do Quênia, através do Serviço Florestal Queniano, informando que a Comunidade teria de deixar suas casas. A justificativa utilizada pela Governo foi de que aquela terra ocupada pelos Ogiek, seria uma zona de captação de água e de propriedade do Estado. Em razão deste fatos históricos de perseguição, a Comunidade decidiu buscar a reparação das violações quem vem sofrendo, bem como o reconhecimento de suas ancestralidades e deus status de indígenas, por meio do Tribunal Africano dos Direitos Humanos e dos Povos. Características de identificação Os Ogiek são um grupo africano, de etnia indígena, onde matinham um estilo de vida de maneira a preservar o ecossistema através de um modo de vida sustentável. Eram grandes apicultores, sendo o mel, um de seus alimentos mais essenciais. Foram expulsos de suas terras acenstrais e hoje perderam grande parte do seu estilo de vida por conta desta saída forçada. Sua fonte de subsistência consiste na criação de animais como cabra e ovelha, em regiões altas. Sua estrutura política é baseada no sistema de linhagem de duas ou mais famílias com o mesmo ancestral. Esta linhagem é responsável por fazer cumprir as leis, onde todos os homens da linhagem decidem em conjunto por uma todamada de decisão. Em relação à união, os Ogiek são poligâmicos, devendo as esposas residirem em casas separadas. São um povo que preservam sua cultura ancestral indígena. Utilizam vestimentas em tons terrosos, pinturas corporais em cor clara para cerimônias e utilizam objetos simples, como arco e flecha eoutros instrumentos feitos de madeira. Em seu passado, os Ogiek acreditavam em um ser Supremo (Tororet) e ofereciam orações pedindo ajuda e boa sorte. Eles também acreditavam na existência de espíritos ancestrais (Oiik). Acreditava-se que os espíritos ancestrais ofereciam proteção à comunidade, mas também causavam infortúnio quando ofendidos. Para apaziguar os espíritos, eram realizados rituais expiatórios. [1] [2] [3] Localização Apesar de conter cerca de 20 mil membros que se identificam como parte da comunidade, nem todos se localizam na mesma área. A grande maioria do povo indígena africano Ogiek, 15 mil membros, vive no Complexo da Floresta de Mau, considerada uma das “torres de água” do Quênia, com uma extensão de 400 mil hectares, composta por 7 diferentes florestas (Mau do Sudoeste, Mau Leste, Transmara, Mau Narok, Maasai Mau, Mau Ocidental e Mau Sul). Justamente por conta da sua localização, os Ogiek receberam uma notificação do Serviço Florestal Queniano em 2009, constando apenas 30 dias de “tolerância” para que a comunidade evacuasse aquele local, pois aquela região seria uma zona de captação de água e de propriedade do Estado. Discriminação e perseguição O conhecimento e práticas do povo Ogiek sustentaram seus meios de vida sustentáveis e os ajudaram a manter o ecossistema do qual dependem. Seus clãs, conselho de anciões, estatutos e conhecimentos indígenas asseguram o contínuo bem-estar do meio ambiente do qual dependem Com o advento da colonização e com a tomada do continente africano e, consequentemente, com a mudança de costumes dos povos ali situados, as comunidades que não foram corrompidas pelos ditames coloniais, sofreram e sofrem repressão. Durante décadas, o povo Ogiek têm lutado contra a discriminação por não viver como o povo que foi colonizado e vem sendo perseguido pelo governo. Nos primórdios, eles tiveram que lutar contra o colonialismo britânico e depois contra o governo queniano, para viver em paz na floresta Mau, onde eles têm habitado por séculos. O povo Ogiek, até os momentos atuais, não foi totalmente afetado pela colonização, o que faz com eles sofram perseguições e não tenham seus direitos garantidos. Eles, ainda, sofrem discriminação por serem considerados ‘menos desenvolvidos’ e ‘menos avançados’ quando comparados a outros grupos dominantes que foram mais atingidos pelo colonialismo. A perseguição mais recente foi praticada no ano 2000, momento em que, sem o consentimento livre, prévio e informado dos Ogiek, o Conselho do Condado do Monte Elgon pediu ao Governo que declarasse o Chepkitale como uma Reserva Nacional de Caça, e de acordo com os regulamentos de conservação do Quênia, as autoridades consideram ilegal que os Ogiek continuassem em suas terras ancestrais. Esse despejo, além de levar essa comunidade a ser dizimada, causou grande violência nas áreas onde os Ogiek foram reassentados pelo governo, áreas onde entraram em conflito com um povo mais numeroso e poderoso que já vivia nestas áreas, antes da chegada dos Ogiek. Em outubro de 2009, a Comunidade Indígena Ogiek recebeu uma notificação do Estado do Quênia, pelo seu Serviço Florestal, informando que a comunidade inteira teria 30 dias para sair de suas casas, pois a área que ocupavam se tornaria uma zona de captação de água, e, portanto, de propriedade estatal, conforme previa o Código de Administração de Terras do Quênia.Tendo em vista a evicção arbitrária, sem possibilidade de defesa por parte da Comunidade, nem tendo realizado prévia consulta, os Ogiek afirmaram que outra atrocidade estava sendo cometida contra seu povo, já que vinham sofrendo injustiças históricas que jamais foram reparadas. Assim, buscando a reparação do aviltamento de seus direitos, além do reconhecimento de sua ancestralidade e seu status indígena, em 2012 eles recorreram à Corte Africana dos Direitos Humanos e dos Povos. Formas de proteção A comunidade indígena Ogiek, atualmente, faz parte do rol protegido pela Carta Africana de Direitos dos Homens e dos Povos. Nessa legislação vigente, são guardados os direitos à comunidade, à liberdade de expressão, à expressão da cultura, à dignidade humana, entre diversos outros. A partir desse processo, a comunidade arguiu que o Ogiek é um povo indígena e, por esse motivo, deveriam ter o direito de serem reconhecidos pela Carta Africana como tais, usufruindo daquilo que lhes era de direito. Os Ogiek estiveram habitando a Floresta de Mau por gerações, desde tempos imemoriais, e que seu modo de vida e sobrevivência como uma comunidade de caçadores-coletores está intrinsecamente ligado à floresta que é sua terra ancestral. A vitória dos Ogiek é histórica não só jurídica e social, mas principalmente pelo reconhecimento e proteção desse povo junto aos direitos humanos e dos povos. A busca pelo reconhecimento e proteção da cultura de um grupo é uma luta diária que, finalmente, vem sendo protegida pelos Tribunais. Conclusão Resta claro que os Ogiek sofreram perseguições por não permitirem total influência da colonização em sua cultura. São considerados menos desenvolvidos ao serem comparados com povos afetados pela época da colonização. Seu território ancestral fora considerado território de caça pelo governo, se vendo obrigados a deixarem pra trás suas casas. Atualmente, este povo pertence ao escopo da Carta Africana de Direitos dos Homens e dos Povos, possuindo seus direitos resguardados por tal legislação, como o direito à expressão cultural e a dignidade humana. A tendênciaé que a visibilidade global da situação e história desse povo, contribua para sua constante proteção. Bibliografia [1] Welcom to OPDP - Ogiek Peoples’ Development Program. OPDP - Working for a just and Equitable society by Promoting Sustainable Livelihoods of Ogiek Community. Disponível em: <https://ogiekpeoples.org/>. Acesso em: 1 abr. 2022. [2] Despite a landmark ruling, Kenya’s Ogiek community are still fighting to return to their ancestral land. Equal Times. Disponível em: <https://www.equaltimes.org/despite-a-landmark-ruling-kenya-s#.Yk9AK3jMLDc>. Acesso em: 7 abr. 2022. [3] HECKMANN, Bue. Support to the Ogiek Peoples shall ensure implementation of historic African Court ruling - IWGIA - International Work Group for Indigenous Affairs. Iwgia.org. Disponível em: <https://www.iwgia.org/en/kenya/3281- implementation-of-african-court-ruling.html>. Acesso em: 7 abr. 2022. The Ogiek Community of Kenya - Google Arts & Culture. Google Arts & Culture. Disponível em: <https://artsandculture.google.com/story/_QUhYmz9Xi9vLA>. Acesso em: 1 abr. 2022. Ajude os Ogiek a retomarem suas terras ancestrais em Chepkitale, no Monte Elgon no Quênia – Pedido de Doações. Forest Peoples Programme (FPP). Disponível em: <https://www.forestpeoples.org/pt-br/topics/rights-land-natural- resources/news/2012/07/ajude-os-ogiek-retomarem-suas-terras-ancestrais-em>. Acesso em: 1 abr. 2022. COSMOPOLITA. Direitos Indígenas no Sistema Africano: o caso do povo Ogiek no TADHP. Cosmopolita. Disponível em: <https://www.cosmopolita.org/post/direitos-ind%C3%ADgenas-no-sistema-africano-o-caso-do-povo-ogiek-no-tadhp>. Acesso em: 1 abr. 2022.
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