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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA CONTRATOS EM ESPÉCIE DIREITO / TIJUCA 2022.1 LUIZ ALBERTO RAMOS BARBOSA 20191101316 CONTRATOS CONTEMPORÂNEOS: OS DILEMAS CIVILISTAS DO CONTRATO DE TRANSPORTE SEJA OU NÃO POR MEIO DE APLICATIVOS (UBER, CABIFY, 99, BLÁBLÁ CAR, ETC.) Trabalho apresentado ao Curso (Direito) da UVA - Universidade Veiga de Almeida para a disciplina contratos em espécie. Prof. Leonora Roizen Albek Oliven. Rio de Janeiro 2022 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.....................................................................................................................3 CONCEITO DE CONTRATO DE TRANSPORTE...............................................................4 CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE TRANSPORTE POR APLICATIVOS...............5 RESPONSABILIDADE.........................................................................................................6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................7 REFERÊNCIAS....................................................................................................................8 3 3- INTRODUÇÃO Este trabalho é fruto do estudo sobre o dilema dos contratos de transporte por aplicativos, sob a égide do código civil, bem como um vislumbre sobre o tema dos contratos de transporte em geral. Faremos um passeio pela senda da historicidade desse tipo de contrato, mostrando sua dinâmica dentro das normas que permeiam a responsabilidade civil das sociedades empresarias que exploram essa atividade, atento ao tema proposto no caso concreto. Palavras-chave: Contratos de transporte, Responsabilidade civil, UBER, 99, CABIFI INTRODUCTION This work is the result of a study on the dilemma of transport contracts by applications, under the aegis of the civil code, as well as a glimpse into the theme of transport contracts in general. We will take a walk along the path of the historicity of this type of contract, showing its dynamics within the norms that permeate the civil liability of business companies that explore this activity, attentive to the proposed theme in the specific case. Keywords: Transport contracts, Civil responsability, UBER, 99, CABIFY 4 4- CONCEITO DE CONTRATO DE TRANSPORTE. O Contrato de transporte é um negócio jurídico típico e nominado e com características bem definidas. Desse modo trata-se de um contrato bilateral e sinalagmático uma vez que gera direitos e obrigações recíprocos entre as partes contrates, sendo ainda essencialmente consensual pois se aperfeiçoa com a simples manifestação de vontade. É um contrato pelo qual alguém se obriga, mediante retribuição (pagamento de um preço), a transferir de um lugar para outro (transportar) pessoas, bens ou coisas. O transportador, em virtude do contrato de transporte, tem uma obrigação de resultado, ou seja, deve transportar o passageiro com segurança, bem como a mercadoria, sem avarias, ao seu destino. (Art. 730 Código Civil). O contrato de transporte tem sua composição em três elementos: o transportador, o passageiro e a transladação. “O passageiro pode ser o que adquiriu a passagem ou o que a recebeu deste. No tocante à transladação, é necessário que haja transferência ou remoção de um lugar para outro, ainda que não se percorra uma distância geográfica. É possível efetuar-se o transporte dentro da própria casa, do próprio prédio, de um andar para outro, do térreo para a cobertura. Em todos esses casos há transladação”. (GONSALVES 2014). O contrato de transporte gera ao transportador a obrigação de resultado, ou seja, deve levar as pessoas em segurança e as mercadorias devem chegar ao destino sem avarias. Caso contrário estaremos diante de um inadimplemento das obrigações e será responsabilizado pelos danos causados. Não se eximirá da responsabilidade 5 provando apenas ausência de culpa. Deverá provar que o evento danoso se deu por culpa exclusiva da vítima, força maior ou ainda por fato exclusivo de terceiro. 5- CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE TRANSPORTE POR APLICATIVOS. Caracteriza a natureza jurídica da relação entre motoristas e empresas que gerenciam aplicativos de transporte urbano privado. Após análise das alterações trazidas pelas Leis n. º 13.467/2017 e 13.640/2018, bem como consulta à doutrina, verifica-se que, face à ausência de requisitos elementares do art. 3º/CLT, não há que se cogitar o reconhecimento do vínculo de emprego. Ao passo em que se percebe que a relação de trabalho existente é flexível e autônoma, característica do avanço tecnológico, dado o dinamismo e total independência dos sujeitos, ou seja, a natureza jurídica é de um contrato de parceria, sendo assim inexiste relação de subordinação entre as partes. Em relação ao transporte, aos Municípios e ao Distrito Federal (por força do §1o do art. 32 da Constituição) competem apenas legislar sobre “transporte coletivo” (art. 30, V, da Constituição), pois em matéria de “transporte individual” compete privativamente à União legislar (art. 22, XI, da Constituição), já que aos Estados ainda não há autorização para tanto, em razão da inexistência da Lei Complementar prevista no parágrafo único do art. 22 da Constituição. Dito isto, prevê o inciso I do art. 22 da Constituição, a União tem competência privativa para legislar sobre “direito civil”. Por tanto o Código Civil de 2002, nos traz em seu art. 730 o contrato de transporte. Não se deve confundir a atividade de transporte individual de passageiros com o que prevê 6 a Lei 12.468/2011, que regulamenta a profissão de taxista, pois estamos diante de “transporte privado individual”, ou de “serviço privado de transporte”, como o feito por meio de aplicativos como o Uber, 99, CABIFI etc. 6- RESPONSABILIDADE. Inicialmente, de forma célere apenas para ilustrar, temos que os artigos 186, 187 e 927 do Código Civil, estabelecem a base da responsabilidade civil em nosso ordenamento jurídico atual, determinando que aquele que, por ação ou omissão voluntária, causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano, bem como aquele que, sem justa causa, enriquecer à custa de outrem será obrigado a restituir o indevidamente auferido. Há também o conceito de fornecedor previsto no CDC em seu art. 3º e parágrafos: Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. As empresas, prestam serviço digital de transporte privado por aplicativos e também de entregas de mercadorias e alimentos diversos, baseado na em sua geolocalização (originalmente esta atividade recebeu o nome de “e-hailing”), não há cobrança aos usuários por parte dos motoristas, quem regula os valores a serem cobrados é a própria empresa. Pela própria descrição da atividade acima, observamos uma relação jurídica estabelecida entre o usuário final e a empresa, o que será norteada pelos princípios 7 do Código de Defesa do Consumidor, como o da equidade previsto no art. 7º do da referida norma, com intuito de garantir o equilíbrio entre as partes na relação de consumo , porém, o artigo 402 e 403 do Código Civil, nos traz, mesmo que a conduta não resulte de dolo, a inexecução contratual e ausência de boa-fé objetiva do devedor dão suporte as perdas e danos que incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato. O art. 730 do Código Civil trata do contrato de transporte, não afastando a aplicação do CDC ao caso em análise, já que, se assim fosse, a legislaçãoconsumerista não seria aplicável para relações de transportes coletivos, por exemplo. Vale ressaltar que a Lei 12965/14 (Marco Civil da Internet) estabelece os princípios, garantias, direitos e deveres para uso da internet no país. Com destaque na importância da livre iniciativa ´para o desenvolvimento econômico. Essa mesma norma em seu art. 7º, XIII, nos traz a aplicabilidade genérica do CDC nas relações de consumo realizadas pela internet. Art. 7º O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao usuário são assegurados os seguintes direitos: XIII - aplicação das normas de proteção e defesa do consumidor nas relações de consumo realizadas na internet. Portanto, estamos diante de uma relação jurídica de direito material de consumo, submetida às normas do Código de Defesa do Consumidor, inclusive quanto à inversão do ônus da prova. A responsabilidade dos aplicativos de transporte é objetiva com fundamento na Teoria do Risco-Proveito, pela qual os riscos da atividade devem ser suportados pelo fornecedor, não pelo consumidor. Conceitua Bernardo Garcia. Da Cacholas & Neves Advogados. 8 “A Teoria do Risco Proveito prega que uma vez a atividade econômica desenvolvida por determinado agente gere riqueza e exista possibilidade de dano a quem executa ou recebe o serviço, ainda que ausente a culpa ou dolo deve o empreendedor ser responsabilizado pelos eventuais danos ocasionados na exploração da atividade. ” Dito isto, no caso concreto, e devido ao evento danoso ter sido FATO EXCLUSIVO DE TERCEIRO, que é excludente no dever de indenizar, por força da sumula 187 STF a UBER deve responder pelos danos ocorridos com o risco do negócio que explora. Para tanto é obrigatório o motorista parceiro ter o seguro de acidentes para terceiros. Quanto a prefeitura, essa terá responsabilidade solidaria, sobre os danos causados. Como já confessado pelo motorista do caminhão, ser totalmente sua a responsabilidade no acidente, por força do art. 303 do CTB, poderá o motorista sofrer penalidades na esfera penal, bem como a suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. Caberá a UBER e PREFEITURA em questão, o dever de indenizar EDGARD, por danos materiais e morais por força do art. 186, do CC c/c no art. 927, também se aplicará a teoria da perda de uma chance já consolidada nos tribunais, o entendimento é no sentido de que a mesma se revela como espécie de dano material, conforme entendimento a seguir. "EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MATERIAL. PERDA DE UMA CHANCE. (...). (Apelação Cível Nº. 70006227599, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Adão Sérgio do Nascimento Cassiano, Julgado em 29/09/2004)" Mas há controvérsia com relação a 9 qual modalidade de dano patrimonial a "perda de uma chance" constitui, se dano emergente, lucro cessante ou uma modalidade intermediária. Há julgados nos Tribunais pátrios concedendo a indenização pela "perda de uma chance", a título de lucro cessante. No entanto, parece predominar o entendimento de que se trata de uma terceira espécie de dano patrimonial, consistente em um dano material hipotético (porém real), intermediário entre o lucro cessante (o que efetivamente deixou de ganhar) e o dano emergente (o que a vítima perdeu). Assim, apesar das divergências apresentadas, observa-se que, havendo uma oportunidade perdida, desde que séria e real, a mesma passa a integrar o patrimônio da vítima, possuindo valor econômico e, assim, podendo ser indenizada. 7- CONSIDERAÇÕES FINAIS Esse pequeno estudo, não teve a intenção de ser um marco final sobre o tema, apenas descrever o conceito, as características e os ditames legais referentes a responsabilidade objetiva nos contratos de transporte por aplicativos. Ainda será tema de muitas discussões e analises, pois, estamos diante de uma tecnologia em grande expansão, a as normas legais devem acompanhar esse dinamismo afim de garantir os direitos a sociedade no que tange principalmente sua integridade. 10 8- Referencias: GONÇALVES, Carlos Roberto -Direito civil esquematizado, v. 2 / coordenador Pedro Lenza. – 2. ed. rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2014. CONTRATOS DE TRANSPORTE- Publicado por Marcelo Rodrigues em https://mbulgarellirodrigues. jusbrasil.com.br/artigos/417312982/contratos-de-transporte A RESPONSABILIDADE CIVIL DAS EMPRESAS DE APLICATIVOS DE TRANSPORTE. Disponível em https://encurtador.com.br/gknHK GARCIA, Bernardo. Sobre A Responsabilidade Civil de Empresas de Aplicativos de Transporte – disponível em encurtador.com.br/vBKQZ
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