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Teste do pezinho

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Centro Universitário Integrado 
Curso de Medicina 
Disciplina: Medicina Laboratorial 
Professora Me. Paula Assis Queiroz 
 
 
UCT 7 – SP1 – Teste do Pezinho 
 
INTRODUÇÃO 
O Programa Nacional de Triagem Neonatal - PNTM é um programa de rastreamento 
populacional que tem como objetivo geral identificar distúrbios e doenças no recém-nascido, 
em tempo oportuno, para intervenção adequada, garantindo tratamento e acompanhamento 
contínuo às pessoas com diagnóstico positivo. O teste do pezinho no SUS possibilita o 
diagnóstico precoce de fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras 
hemoglobinopatias, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. 
Atualmente, existem três versões do teste do pezinho disponíveis no Brasil: uma básica 
e duas ampliadas. A mais simples delas é a utilizada pelo SUS. As duas versões ampliadas podem 
detectar um número variado de doenças. Os nomes dos exames podem variar, dependendo do 
local em que for realizada a coleta. Por isso, antes do procedimento, o ideal é checar qual é a 
triagem mais completa. 
O Teste básico é obrigatório e gratuito em todo o país e pode detectar as 6 doenças 
citadas acima. 
O teste Ampliado é oferecido na maioria dos hospitais e maternidades particulares. 
Pode detectar até 10 doenças, além das seis já detectadas pelo teste básico, pode indicar 
deficiência de G-6-PD, galactosemia, leucinose e toxoplasmose congênita. 
O teste Super ou Expandido é o mais completo dos exames disponíveis no Brasil. Pode 
detectar mais de 40 tipos de doenças. É oferecido apenas em laboratórios, hospitais e 
maternidades particulares. 
Nesta aula apreenderemos sobre o PNTN, popularmente conhecido como teste do 
pezinho. 
Bons estudos 
 
OBJETIVO 
+ Compreender o Programa Nacional de Triagem Neonatal (teste do pezinho), 
metodologias utilizadas e como é realizada a triagem e diagnóstico de doenças ao 
nascimento. 
 
QUESTÕES NORTEADORAS PARA A APRENDIZAGEM 
1. Como é realizado o teste do pezinho e como é feita a análise do material colhido? 
2. Quais são as doenças que podem ser detectadas a partir do teste do pezinho do PNTN? 
3. Com quantos dias é ideal que se realize o teste do pezinho? 
4. O teste do pezinho é gratuito? 
 
 CONTEÚDO 
 
 
A triagem neonatal a partir da matriz biológica, “teste do pezinho”, é um conjunto de 
ações preventivas, responsável por identificar precocemente indivíduos com doenças 
metabólicas, genéticas, enzimáticas e endocrinológicas, para que estes possam ser tratados em 
tempo oportuno, evitando as sequelas e até mesmo a morte. Além disso, propõe o 
gerenciamento dos casos positivos por meio de monitoramento e acompanhamento da criança 
durante o processo de tratamento. 
A finalidade do “Teste do Pezinho” é o rastreamento neonatal de crianças portadoras 
de doenças que devem ser diagnosticadas e tratadas o mais precocemente possível a fim de 
evitar sequelas para o paciente, como o Hipotireoidismo Congênito (HC) e a Fenilcetonúria 
(PKU), ou então, doenças que cursam com elevada morbi-mortalidade, a qual pode ser 
diminuída através de alguns cuidados básicos de saúde, como no caso da Anemia Falciforme e 
de outras hemoglobinopatias e da Fibrose Cística (FC) (uso profilático de antibióticos, vacinação 
adequada; uso de ácido fólico, etc). 
Para a inclusão de uma doença em programas de rastreamento neonatal, alguns 
critérios de elegibilidade devem ser preconizados: deve existir um estágio assintomático no qual 
a doença possa ser diagnosticada; a doença deve ser um problema importante de saúde pública 
e causar lesões graves e irreversíveis caso não tenham intervenção terapêutica precoce; o 
tratamento deve ser social e eticamente aceitável; e, além disso, o teste deve ser altamente 
sensível e seguro, e a detecção precoce deve ter uma relação custo/benefício economicamente 
viável e socialmente aceitável. 
Para minimizar resultados falso-negativos e falso-positivos, o teste do pezinho deve ser 
realizado a partir do terceiro dia de vida e, depois desse período, o mais brevemente possível. 
No Brasil, o “Teste do Pezinho” faz parte do Programa Nacional de Triagem Neonatal 
(PNTN), um programa de saúde pública que foi implantado em 2001 através da Portaria 
Ministerial No 822 de 06/06/01 do Ministério de Saúde e que determina a gratuidade e 
obrigatoriedade da realização dos testes para diagnóstico neonatal da PKU, HC, 
Hemoglobinopatias e FC. Este programa tem como objetivos ampliar a triagem neonatal já 
existente, ampliar a cobertura populacional da triagem neonatal para 100% dos nascidos vivos, 
realizar a busca ativa de pacientes suspeitos de serem portadores das patologias, a confirmação 
diagnóstica, o acompanhamento e tratamento adequados dos pacientes e criar um sistema de 
informações para cadastrar todos os pacientes num Banco de Dados Nacional. 
Para que estes objetivos sejam alcançados, alguns passos devem seguidos: 
 
1) Coleta correta e em tempo adequado da amostra sanguínea; 
2) Rápido envio da amostra para o laboratório; 
3) Realização correta do exame pelo laboratório; 
4) Rápida comunicação dos resultados dos exames; 
5) Um centro de referência onde exista(m) médico(s) treinado(s) para estabelecer o 
diagnóstico correto e onde o seguimento das crianças afetadas possa ser realizado; 
6) Avaliações periódicas do programa quanto ao seu controle de qualidade, com 
reportagem dos resultados destas avaliações às autoridades responsáveis, a fim de que possíveis 
melhorias possam ser realizadas. 
 
Sendo assim, é de extrema importância que a coleta, o preenchimento do pedido de 
exame e o envio do exame ao laboratório sejam feitos corretamente, a fim de que o resultado 
do teste seja confiável e liberado para o médico e para a família o mais breve possível. 
Em virtude dos diferentes níveis de organização das redes assistenciais existentes nos 
diferentes estados brasileiros, da variação percentual de cobertura dos nascidos-vivos do 
rastreamento que vinha sendo realizada no País e da diversidade das características 
populacionais existentes, optou-se por implantar o PNTN em fases, conforme descrição a seguir: 
 
• Fase I – Rastreamento, confirmação diagnóstica, acompanhamento e 
tratamento de fenilcetonúria e hipotiroidismo congênito. 
• Fase II – Rastreamento, confirmação diagnóstica, acompanhamento e 
tratamento de fenilcetonúria, hipotiroidismo congênito + doenças falciformes e outras 
hemoglobinopatias. 
• Fase III – Rastreamento, confirmação diagnóstica, acompanhamento e 
tratamento de fenilcetonúria, hipotiroidismo congênito, doenças falciformes e outras 
hemoglobinopatias + fibrose cística. 
• Fase IV – Rastreamento, confirmação diagnóstica, acompanhamento e 
tratamento de deficiência de biotinidase e hiperplasia suprarrenal congênita. 
 
A realização do teste de rastreamento em laboratórios privados permite a detecção de 
um número maior de doenças (Quadro 1). Contudo, é importante ressaltar que a qualidade do 
teste depende de um número amostral grande para elaboração das curvas de normalidade, que 
variam entre as populações. 
Quadro 1: Principais doenças que podem ser rastreadas no teste do pezinho 
 
 
A tendência é de que cada vez mais doenças sejam incorporadas à triagem neonatal. A 
espectrometria de massa Tandem (MS) é uma técnica que permite, a partir de uma única gota 
de sangue, o diagnóstico de cerca de 30 doenças metabólicas. O método analisa e mede 
aminoácidos e acilcarnitinas, detectando, portanto, aminoacidopatias, acidemias orgânicas, 
defeitos envolvendo o ciclo da ureia e o metabolismo de ácidos graxos (defeitos de oxidação). 
Por se tratar de um programa de rastreamento, é importante enfatizar que um teste do 
pezinho alterado requer a realização de exames confirmatórios. Em um primeiro momento, 
realizam-se exames de alta sensibilidade, que serão confirmados com exames de maior 
especificidadee menores taxas de falsos-positivos. 
Na Figura abaixo, estão descritos os principais passos a serem seguidos na triagem 
neonatal. 
 
Figura 1: Passos para a triagem neonatal. 
RN, recém-nascido; dv, dia de vida; TP, tempo de protrombina. 
Fonte: XAVIER et al., 2016 
 
 De acordo com o Ministério da Saúde, a triagem neonatal contempla o diagnóstico 
presuntivo, o diagnóstico de certeza, o tratamento, o acompanhamento dos casos 
diagnosticados e a incorporação e uso de tecnologias voltadas para a promoção, prevenção 
e cuidado integral. 
 
► O diagnóstico presuntivo em triagem neonatal refere‑se à interpretação de correlações 
clínicas e/ou clinico‑laboratoriais, indicando impressão, suspeita ou probabilidade, obtidas 
por utilização unicamente dos testes de triagem 
 conforme protocolos técnicos estabelecidos para os distúrbios ou doenças específicas; 
 
► O diagnóstico definitivo ou de certeza refere‑se à constatação da presença do distúrbio ou 
doença, nos casos previamente suspeitos à triagem, por meio de testes confirmatórios e/ou 
avaliação clínica; 
 
► A melhoria da efetividade do acesso ao tratamento e acompanhamento dos casos 
diagnosticados, obtidos com as ações operacionais de monitoramento e acompanhamento 
das pessoas com diagnóstico positivo, incluem a busca ativa para a recoleta, reteste, 
reavaliação, agendamento de consultas e acompanhamento de comparecimento; 
 
Brasil. Ministério da Saúde. Triagem neonatal biológica: manual técnico, 2016. 
 
 
A Tabela 1 descreve as principais doenças metabólicas que podem ser diagnosticadas 
por meio do teste do pezinho relacionando a doença e o teste utilizado em caso de teste do 
pezinho alterado. 
 
Tabela 1: Doença e teste utilizado em caso de teste do pezinho alterado: 
 
Legenda: MCAD, desidrogenase das acil-CoA dos ácidos graxos de cadeia média; ITR, tripsina imunorreativa; MS, 
espectometria de massa; T4, tiroxina; TSH, tireotrofina; HSRC, hiperplasia suprarrenal congênita; 17-α-OHP, 17-α-
hidroxiprogesterona; G6PD, glicose-6-fosfato-desidrogenase. Fonte: XAVIER et al., 2016 
 
O Programa Nacional de Triagem Neonatal tem em seu escopo seis doenças, que serão 
analisadas com mais detalhes nas sessões seguintes: 
1. Fenilcetonúria (PKU); 
2. Hipotireoidismo Congênito (HC); 
3. Doenças Falciformes (DF) e outras Hemoglobinopatias; 
4. Fibrose Cística (FC); 
5. Hiperplasia Adrenal Congênita (HAC) ou Hiperplasia Congênita da Supra-renal; 
6. Deficiência de Biotinidase (DB). 
É importante que o acompanhamento e tratamento dos pacientes detectados sejam 
baseados nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas publicados pelo Ministério da Saúde, 
para cada uma das doenças. 
 
1. Fenilcetonúria (PKU) 
A PKU é uma doença genética, autossômica recessiva, caracterizada pelo defeito ou 
ausência da enzima fenilalanina hidroxilase, responsável pela conversão da fenilalanina em 
tirosina. Quando existe a doença, esta reação enzimática não ocorre ou ocorre de maneira 
lentificada, levando a um acúmulo de fenilalanina no sangue do paciente. Sendo assim, o 
diagnóstico laboratorial da PKU se dá através da dosagem elevada de fenilalanina (FAL) no 
sangue do paciente. O 1º resultado de FAL raramente permite o diagnóstico imediato da 
fenilcetonúria. É necessária uma nova coleta o mais rapidamente possível para que possa ser 
avaliado como está evoluindo o metabolismo da fenilalanina naquela criança. Apenas após o 2º 
resultado é que se pode orientar melhor a família da criança. É considerado normal um resultado 
de FAL < 4 mg%. 
 
2. Hipotireoidismo Congênito (HC) 
O HC ocorre quando a glândula tireóide do RN não é capaz de produzir quantidades 
adequadas de hormônios tireoidianos (T3 e T4), o que resulta numa redução generalizada dos 
processos metabólicos e retardo mental, se não tratado precocemente. 
Na maioria das vezes, se deve a uma alteração primária na glândula tireóide, com 
consequente elevação do TSH, hormônio produzido pela hipófise e que regula a função 
tireoidiana. A Triagem Neonatal para HC pode ser realizada pela dosagem de TSH (no caso de 
um RN afetado, este hormônio está elevado) e/ou pela dosagem de T4 (no caso de um RN 
afetado, este hormônio está diminuído). Normalmente, utiliza-se a dosagem de TSH em sangue 
colhido em papel filtro (TSH neo), sendo considerados resultados alterados aqueles ≥10 mUI/ml. 
Valores maiores do que este sugerem o diagnóstico de HC e demandam uma avaliação clínica 
(história e exame físico) imediata do recém-nascido e confirmação diagnóstica através da 
dosagem sérica de TSH e T4. 
 
3. Anemia Falciforme e outras Hemoglobinopatias 
A anemia falciforme é a doença hereditária mais frequente no Brasil. É uma alteração 
genética, autossômica recessiva, causada por uma mutação no gene da globina beta da 
hemoglobina, originando, no lugar da hemoglobina A (HbA), uma hemoglobina mutante 
denominada hemoglobina S (HbS). Esta Hb S. em algumas situações, provoca a distorção dos 
eritrócitos, fazendo-os tomar a forma de “foice” ou “meia-lua”, com consequente anemia, vaso-
oclusão, dor e lesões de órgãos-alvos. 
O termo anemia falciforme define a situação de homozigose (Hb SS), ou seja, a criança 
recebe de cada pai um gene para HbS. No caso de heterozigose (HbAS), quando a criança recebe 
um gene mutado (HbS) de um dos pais e um gene normal (HbA) do outro, ela é portadora de 
traço falciforme, o que não é doença (a criança não tem anemia e nem outras manifestações 
clínicas). 
Além disso, o gene da HbS pode se combinar com outras alterações hereditárias das 
hemoglobinas, como Hb C, D e E, alfa e beta-talassemia, gerando doenças que se apresentam 
com sintomas semelhantes aos da anemia falciforme. Este conjunto de combinações SS, SC, SD, 
S-betatalassemia e outras, é denominado de doença falciforme. 
 
4. Fibrose Cística (FC) 
A FC é uma doença hereditária autossômica recessiva, caracterizada por uma grande 
heterogeneidade de manifestações clínicas. No entanto, a tríade clássica da doença é 
constituída de doença pulmonar crônica (infecções pulmonares recorrentes) insuficiência 
pancreática (diarréia e desnutrição) e teores elevados de cloreto de sódio no suor (“suor 
salgado”). Existem vários protocolos de triagem neonatal, sendo o mais utilizado o IRT1/IRT2, 
que consiste na dosagem da imunotripsina reativa (IRT), um precursor da enzima pancreática 
tripsina, cuja concentração costuma estar elevada no sangue dos recém-nascidos com FC. Como 
o IRT é um exame que se apresenta elevado em várias circunstâncias, que não propriamente a 
doença, tais como na prematuridade e na presença de infecções, com alta taxa de resultados 
falso-positivos, quando o primeiro exame (IRT1) mostra-se alterado, sempre deve ser coletada 
uma 2ª amostra para confirmação diagnóstica (IRT2). Este 2º exame deve ser realizado sempre 
entre a 3ª e 4ª semanas de vida do RN. Este tempo é de extrema importância, visto que há uma 
queda crescente dos níveis da enzima com o passar dos dias e, após 45 dias, o valor do IRT se 
normaliza mesmo a criança sendo afetada, dificultando o diagnóstico da FC. Aquelas crianças 
que apresentam os 2 IRT alterados (valor de referência < 70 ng/ml), devem ser submetidas à 
avaliação clínica e ao teste do cloro no suor para confirmação diagnóstica. 
 
5. Hiperplasia Adrenal Congênita (HAC) ou Hiperplasia Congênita da Supra-renal; 
A denominação hiperplasia adrenal congênita (HAC) engloba um conjunto de síndromes 
transmitidas de forma autossômica recessiva que se caracterizam por diferentes deficiências 
enzimáticas na síntese dos esteroides adrenais. 
Na deficiência da 21-hidroxilase existe um espectro de manifestações clínicas, que 
podem ser divididas em três formas: forma clássica perdedora de sal, forma clássica não 
perdedora de sal e forma não clássica. 
As deficiências enzimáticas na HAC levam ao acúmulo de metabólitos precursores na 
síntese do cortisol e da aldosterona, principalmentea 17-hidroxi progesterona (17-OHP), que 
está geralmente muito elevada. As formas perdedoras de sal apresentam também 
hiponatremia, hiperpotassemia e atividade de renina plasmática aumentada. 
A coleta de sangue para triagem da Hiperplasia Adrenal Congênita deverá ser realizada 
em papel-filtro entre o 3º e 5ª dias de vida, quando existe estabilização da função hormonal do 
recém-nascido (RN) e a possibilidade do diagnóstico e tratamento precoces dos casos positivos. 
Se for necessário realizar a coleta em maternidade, ela só deverá ser feita após 48 horas de vida. 
É realizada a quantificação da 17-hidroxi-progesterona (17-OHP) nas amostras de 
sangue colhidas em papel-filtro de todas as crianças e determinados limites de emergência para 
convocação direta para consulta médica. Como os valores da 17-OHP podem variar em crianças 
submetidas a situações de estresse perinatal e/ou com baixo peso ao nascimento, deverão ser 
estabelecidos valores de corte ajustados para o peso, em 4 faixas: Peso >= 2.500g, Peso entre 
2.499g a 2.000g, Peso entre 1.999 a 1.500g e Peso < 1.499g. 
As medidas da 17-OHP serão avaliadas de acordo com o fluxograma da Figura 2. O 
recém-nascido que apresentar valores da 17-OHP ≤ percentil 99 será considerado normal. 
Valores ≥ 2 x percentil 99 serão considerados altamente suspeitos e as crianças receberão 
convocação de emergência para consulta médica e realização de testes confirmatórios para a 
elucidação diagnóstica. Se for detectado aumento moderado da 17-OHP, com valores ≥ percentil 
99 e ≤ 2 x percentil 99, a dosagem em papel será repetida e a conduta será de acordo com o 
fluxograma. Os níveis de 17-OHP de crianças não afetadas podem estar elevados em situações 
de estresse (recém-nascidos internados, com infecção, prematuridade, etc.) podendo gerar 
diagnósticos falsos positivos. 
As metodologias utilizadas serão as atualmente disponíveis: imunofluorimetria por 
tempo resolvido, elisa ou outras novas oferecidas pelo mercado com eficiência e efetividade 
comprovada na área de triagem neonatal (TN) e aprovadas pela ANVISA. 
Nos casos suspeitos deverá ser solicitada 2ª coleta em papel-filtro. Cada laboratório 
responsável deverá determinar valores de normalidade para a 2ª amostra, bem como os valores 
que indicarão a necessidade de avaliação urgente de acordo com a metodologia utilizada. Para 
avaliação deverão ser utilizados os mesmos critérios definidos para a 1ª amostra. 
 
 
 
Figura 2: Fluxograma da Triagem Neonatal Hiperplasia Adrenal Congênita por Deficiência da 21-
Hidroxilase 
 
Se o novo exame não apresentar valores normais, a criança deverá ser encaminhada 
para consulta médica e acompanhamento. 
Os RN nessa condição deverão receber atenção especial para a avaliação de: 
• Presença de genitália ambígua nas meninas 
• Testículo palpável nos meninos e pesquisar presença de hipospádia 
Nos Casos Urgentes, isto é, crianças com valores da 17-OHP ≥ 2 x percentil 99 deverá ser 
agendada consulta médica e solicitada coleta de amostra de sangue no mesmo dia para a 
realização de exames confirmatórios. 
Testes confirmatórios em soro: Os exames confirmatórios - 17-OHP (Radioimunoensaio 
ou espectrometria de massa), cortisol, androstenediona, testosterona, sódio e potássio 
(ionograma) - deverão ser realizados em amostra de sangue venoso, obtida o mais 
precocemente possível, após os resultados positivos iniciais. 
 
6. Deficiência de Biotinidase (DB) 
A deficiência de biotinidase (DBT) é um erro inato do metabolismo, de origem genética 
e herança autossômica recessiva, que consiste na deficiência da enzima biotinidase, responsável 
pela absorção e regeneração orgânica da biotina, uma vitamina existente nos alimentos que 
compõem a dieta normal, indispensável para a atividade de diversas enzimas. 
Assim, como a maioria dos erros inatos do metabolismo, a deficiência de biotinidase, de 
herança autossômica recessiva, apresenta mais de 140 mutações descritas. 
Classificação: 
a) deficiência profunda de biotinidase; 
b) deficiência parcial de biotinidase; 
c) sem deficiência de biotinidase. 
Clinicamente esta doença manifesta-se a partir da sétima semana de vida com distúrbios 
neurológicos e cutâneos tais como crises epiléticas, hipotonia, microcefalia, atraso do 
desenvolvimento neuropsicomotor, alopecia e dermatite eczematoide. Nos pacientes com 
diagnóstico tardio observam-se, distúrbios visuais, auditivos, assim como, atraso motor e de 
linguagem. 
Pacientes diagnosticados em período sintomático, frequentemente apresentam atraso 
do desenvolvimento e risco de desenvolverem sequelas auditiva, visual e de funções nervosas 
superiores irreversíveis, ao contrário do que se observou nos pacientes diagnosticados no 
período neonatal. 
Os pacientes com testes de triagem alterados (parcial ou total), identificados pela 
análise da enzima biotina, serão classificados como suspeitos até a confirmação ou não do 
diagnóstico, que será estabelecido a partir do teste quantitativo da atividade de biotinidase, 
podendo ser complementado com estudo genético-molecular. 
O tratamento medicamentoso é muito simples, de baixo custo e consiste na utilização 
de biotina (vitamina H) em doses diárias de acordo com a subclassificação da deficiência de 
biotina, baseada no teste quantitativo. 
O diagnóstico precoce, com o início do tratamento ainda nos primeiros meses de vida, 
assegura ao bebê uma vida normal sem qualquer sintoma da doença. Em crianças 
diagnosticadas precocemente, o uso de biotina preveniu as anormalidades clínicas e 
bioquímicas. Estudos demonstram que quanto mais precocemente o tratamento é instituído, 
melhor é a resposta clínica. 
A prevalência da DBT pode variar de acordo com a população estudada. Nos EUA 
estudos do ano de 2000 relatam uma incidência de 1: 59.000. No Brasil, estima-se que possam 
existir aproximadamente 3.200 pacientes com DBT (incidência aproximada de 1 para 60.000, em 
uma população de cerca de 190 milhões de habitantes). 
 
 
Figura 3: Acompanhamento de recém-nascidos submetidos à triagem neonatal para Deficiência de Biotinidase 
* PONTO DE ATENÇÃO ESPECIALIZADA EM DB: serão ponto de atenção especializada em DB aqueles estabelecimentos de saúde designad os pela 
Secretaria Estadual de Saúde (SES) para atender os pacientes advindos da triagem neonatal no estado. Fonte: PNTN – CGSH/DAET/SAS/MS. 
 
COLETA 
A técnica utilizada para coleta de material para realização do teste do pezinho é 
importante para a qualidade da análise e para a obtenção de resultados confiáveis. A coleta 
deve ser em um cartão de papel-filtro específico para a triagem neonatal. Dados de identificação 
e data de nascimento devem ser preenchidos com atenção. 
 
 
Figura 4: cartão para coleta do teste do pezinho. 
 
Como já mencionado, O “Teste do Pezinho” deve ser colhido em todo recém-nascido 
(RN) com 3 a 5 dias de vida, de preferência no 3º dia. Apesar de poder ser realizado mais 
tardiamente, é de extrema importância a divulgação para o público o período ideal de coleta do 
exame, evitando assim que muitas crianças percam o período de diagnóstico e tratamento 
precoces e não se beneficiem da prevenção de sequelas, principalmente neurológicas, que é o 
objetivo do teste. Este tempo é ainda mais importante no caso de crianças que tiveram sua 
primeira coleta devolvida como mal colhida. 
Vale ressaltar que o teste, idealmente, não deve ser colhido antes de a criança ter pelo 
menos 48 horas de vida por 2 motivos: 
 
1) Evitar um resultado falso-negativo para “PKU”: para que o resultado do exame para 
diagnóstico de PKU seja confiável, o RN deverá ter mamado uma quantidade suficiente de leite 
para que a fenilalanina se acumule no sangue; se for colhido antes deste tempo, o leite ingerido 
pelo RN poderá não ser suficiente para que o resultado do teste se altere; 
2) Evitar um resultado falso-positivo para HC: logo que a criança nasce existe uma 
liberaçãofisiológica de TSH no sangue (hormônio dosado no teste para diagnóstico de HC) com 
posterior diminuição das concentrações, atingindo valores séricos menores do que 10 mUI/ml 
(nível de corte para resultado alterado), somente em torno de 72 horas de vida do RN. 
 
No entanto, se houver necessidade de o bebê receber transfusão de sangue, o “Teste 
do Pezinho” deve ser colhido antes da mesma, não importando a data de nascimento. 
No caso de crianças prematuras (Idade Gestacional < 37 semanas), a coleta de sangue 
deve ser realizada preferencialmente no final da 1a semana de vida. Para estas crianças, o teste 
deve também ser repetido quando elas completam 1 mês de vida, o que será comunicado no 
resultado de exame da 1ª coleta. 
 
 
A escolha do local adequado 
para a punção é importante, devendo 
ser numa das laterais da 
região plantar do calcanhar, local 
com pouca possibilidade de atingir 
o osso. Segure o pé e o tornozelo 
da criança, envolvendo com o 
dedo indicador e o polegar todo o 
calcanhar, de forma a imobilizar, 
mas não prender a circulação. A 
punção só deverá ser realizada 
após a assepsia e secagem completa 
do álcool. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brasil. Ministério da Saúde. Triagem neonatal biológica: 
manual técnico, 2016. 
 
Figura 5: Local adequado para punção 
 
 
Técnica de coleta: 
1. Fazer antissepsia do calcanhar com álcool 70% e esperar secar em temperatura 
ambiente; 
2. Puncionar, com lanceta de ponta fina ou agulha descartável, uma das áreas laterais da 
região plantar do calcanhar; 
3. Após a formação de gota de sangue, retirar a primeira gota com gaze ou algodão. 
Encostar o centro do círculo, saturando sua área até o verso do papel-filtro. 
4. Normalmente, dois círculos são preenchidos para tiroxina (T4), tireotrofina (TSH, do 
inglês thyroid-stimulating hormone), tripsina, 17-hidroxiprogesterona (17-OHP); dois 
círculos para biotinidase, galactose, toxoplasmose, sífilis, vírus da imunodeficiência 
humana (HIV); um círculo para os outros testes; 
5. Aguardar a secagem do cartão. Acondicionar o cartão em papel-alumínio e enviar ao 
laboratório. 
 
Cartão de Coleta 
Área do papel‑filtro: é a parte mais sensível do cartão de coleta, destinada para a 
absorção e transporte do sangue do recém-nascido. Esse papel-filtro é especial e deve estar em 
conformidade com o padrão internacional estabelecido para a ação de triagem neonatal, 
permitindo a análise quantitativa dos analitos. 
Área de registro das informações: essa área normalmente é confeccionada com papel 
sulfite comum ou reciclado, destinada ao registro dos dados de identificação do recém-nascido 
e informações necessárias e importantes para a interpretação dos resultados. Preencher todas 
as informações solicitadas com letra legível, de preferência de fôrma, e evitar o uso de 
abreviaturas. 
Dados incompletos, trocados ou ilegíveis retardam ou impedem a realização do exame, 
atrasam um possível diagnóstico positivo, impactando a vida da criança. 
O cartão de coleta é distribuído pelo laboratório especializado em triagem neonatal, 
que faz o controle do respectivo lote de fabricação do papel-filtro anexado. Para evitar a 
contaminação dos círculos do papel-filtro, manuseie o cartão de coleta com cuidado evitando o 
contato com as mãos, bem como com qualquer tipo de substância, no local reservado ao sangue. 
 
 
 
 
Figura 6: Exemplos de coleta adequada 
 
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Triagem neonatal biológica: manual técnico, 2016. 
 
 
Quadro 2 – Síntese sobre possibilidades que levam a inutilização das amostras 
 
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Triagem neonatal biológica: manual técnico, 2016. 
Figura 7: Exemplos de amostras mal colhidas 
 
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Triagem neonatal biológica: manual técnico, 2016. 
 
IMPORTANTE: não deve-se dispensar o recém‑nascido antes de ter certeza de que a coleta foi 
adequada. Amostras insuficientes e mal coletadas serão rejeitadas pelo laboratório, exigindo 
reconvocação do recém‑nascido para coleta de uma nova amostra. Além de correr o risco da 
mãe ou familiar recusar a nova coleta, reconvocações por amostra inadequada atrasam 
possíveis diagnósticos. Essa situação é potencialmente danosa ao bebê portador de alguma das 
doenças da triagem neonatal biológica, pois eles podem evoluir ao óbito e/ou estabelecer 
sequelas neurológicas irreversíveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASO CLÍNICO 
 
A triagem neonatal, por ser um exame realizado a partir de gotas de sangue obtidas do 
calcanhar do RN, possibilita a identificação de um grupo de doenças metabólicas, genéticas, 
endocrinológicas e infecciosas, mesmo que assintomáticas no período neonatal. Tais doenças 
têm tratamento estabelecido que, quando iniciado precocemente, altera de forma significativa 
o curso prognóstico da doença. Leia o caso clínico abaixo e responda: 
Recém-nascido (RN) é trazido à consulta pelos pais, que estão em busca de orientações sobre 
o resultado alterado do teste do pezinho (aumento de TIROSINA). Negam queixas. O RN 
alimenta-se adequada e exclusivamente de leite materno; apresenta-se em bom estado geral 
e sem particularidades no exame físico. 
COMO O LABORATÓRIO PODE AJUDAR NA AVALIAÇÃO DESTE PACIENTE? 
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[+] Referências 
 
Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 822, de 06 de junho de 2001. Institui, no âmbito do Sistema Único 
de Saúde, o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN). Diário Oficial da União. 7 jun. 2001; Seção 
1:33. 
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Atenção Especializada e 
Temática. Triagem neonatal biológica: manual técnico / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção a 
Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e 
Temática. Triagem neonatal : hiperplasia adrenal congênita / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção 
à Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015. 
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e 
Temática. Triagem neonatal : deficiência de biotinidase / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à 
Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015. 
Ricardo M. Xavier, José Miguel Dora, Elvino Barros. Laboratório na prática clínica: consulta rápida. 3. ed. 
Porto Alegre : Artmed, 2016.

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