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Histologia – Amelogênese – Ana Catarina Processamento Processo de desenvolvimento e formação do esmalte dentário, que se inicia com a mudança morfogenética que ocorre na fase de campânula/início da fase de coroa da odontogênese. O esmalte é produzido pelos ameloblastos, que são resultado da diferenciação de células do epitélio interno do órgão do esmalte. Os ameloblastos, diferentemente dos odontoblastos e cementoblastos, são perdidos durante a erupção dentária e, por isso, o esmalte não consegue se renovar. Assim, o esmalte é o único tecido mineralizado completamente acelular, isto é, o único que não mantém relação com as células que o formaram. Características do esmalte • Forte. • Friável/quebradiço. • Translúcido. • Altamente mineralizado (97%), apenas 3% de conteúdo orgânico e água. ESMALTE Estrutura que recobre a coroa dos dentes, é o tecido mais mineralizado do organismo. Formado por células epiteliais, originadas do ectoderma. Conteúdo inorgânico 97% do esmalte. Cristas de hidroxiapatita (fosfato de cálcio), carbonato, sódio, magnésio, cloreto, potássio e flúor. ! esses cristais são susceptíveis a dissolução por ácidos: cárie. Conteúdo orgânico 1% - proteínas, carboidratos e lipídios. Ou seja, o esmalte tem quase total ausência de matriz orgânica no seu estado maduro. Água 2% do esmalte. Força X Friável Devido a riqueza de conteúdo inorgânico e a sua complexa organização estrutural o esmalte é extremamente duro, e mais forte tecido do corpo humano. Contudo, essa composição também o torna facilmente quebradiço – friável. O tecido de dentina adjacente confere sustentação e reduz a possibilidade de fratura durante a mastigação. Cor do dente Embora tenha uma cor que varie de branco-acinzentado a branco-amarelado, sua estrutura quase que exclusivamente cristalina resulta em uma aparência translúcida. Essa translucidez associada a delgada espessura do esmalte faz com que seja mais visível a dentina subjacente. ESTRUTURA DO ESMALTE As unidades estruturais fundamentais do esmalte dos mamíferos são: • Bastões (primas). • Esmalte interbastão (substância interprismática). Constituído por cristais de carbonoapatita (fita, longos). Unidades de fosfato de cálcio empilham-se para dar um contorno hexagonal aos cristais. Amelogênese Origem ectodérmica, inicia a sua formação na fase de campânula, na qual células do epitélio interno do órgão do esmalte se diferenciam em pré-ameloblastos. Os pré-ameloblastos completam a sua diferenciação após a deposição da primeira camada de dentina (manto). A amelogênese pode ser dividida em estágio pré-secretor, secretor e de maturação. Pré-secretor: ameloblastos diferenciam-se, se preparando para secretar a matriz orgânica do esmalte. Estágio secretor: elaboram e organizam a espessura do esmalte. Maturação: modulam e transportam íons específicos necessários para o concomitante acréscimo de minerais. Etapas 1. Morfogenética. 2. Diferenciação. 3. Secretora. 4. Maturação. amelogênese amelogênese Histologia – Amelogênese – Ana Catarina 5. Proteção. Em síntese Inicialmente, quando o esmalte se forma (é secretado), apenas 30% de seu conteúdo é mineralizado. Mais tarde, à medida que a matriz orgânica é degradada e removida, os cristais crescem, tornando-se mais largos e espessos. Após a espessura completa do esmalte ter sido formada, os processos de perda de matéria orgânica e água e adição do mineral são acentuados. Os ameloblastos pós-secreção se reestruturam em células em maturação. Epitélio reduzido do órgão do esmalte Quando a maturação do esmalte se completa, a camada papilar (estrato intermediário + epitélio externo do órgão do esmalte) e a camada de ameloblastos adjacente regridem e juntas constituem o epitélio reduzido do órgão do esmalte. Esse epitélio assume, então, uma função protetora. FASE MORFOGENÉTICA O epitélio interno do órgão do esmalte determina a forma da coroa Ocorre no início da fase de campânula. Nas regiões dos vértices das futuras cúspides do dente, as células do epit. Interno do órgão do esmalte param de se dividir, estabelecendo uma dobra no epitélio. Em um dado momento, células do epitélio interno começam a expressar genes que a induz a se diferenciar em pré- ameloblastos. A partir daí iniciam o seu processo de diferenciação: as células diferenciadas induzem a diferenciação das células que as circundam, estendendo a diferenciação por todo germe dentário. Ou seja, o início da formação do esmalte é no centro do epitélio interno, e se difunde para a periferia. Células do epitélio interno Antes da diferenciação, as células do epitélio interno são pequenas, cúbicas, com núcleo ovóide grande e central ou próximo à lâmina basal. Apresentam polo distal voltado para o estrato intermediário (formado também na fase de campânula) e polo basal para a lâmina basal (papila dentária). DIFERENCIAÇÃO Epitélio interno → Pré-ameloblastos → Ameloblastos Mudanças morfológicas: • Mais alongadas (cilíndricas altas). • Inversão da polaridade nuclear – para o polo distal. • Aumento da quantidade de RER. • Complexo de Golgi e Retículo migram para o polo basal. • Aparecimento do estrato intermediário. Com a inversão da polaridade, o polo distal torna-se polo proximal (próximo ao recém-formado retículo estrelado). E o polo distal torna-se o lado próximo à papila. Nesse estágio de desenvolvimento, coma a nova disposição do núcleo e das organelas, as células se denominam pré- ameloblastos. Degradação da lâmina basal Quando se tornam pré-ameloblastos, as células liberam enzimas lisossomais que degradam a lâmina basal, tornando- a descontínua. Junções intercelulares Durante o processo de diferenciação, as junções intercelulares (comunicante, desmossomos) e oclusais que ligam as células do epitélio interno, se tornam ainda mais fortes. Essas junções ocluem a passagem de qualquer substância que tente passar entre as células. Formação de processo na superfície distal Ao mesmo tempo, numerosos e curtos processos de desenvolvem na superfície na superfície distal, se projetando para a matriz de dentina. Além disso, as células da papila dentária possuem projeções chamadas de ‘processos de odontoblasto’. Esses processos, Histologia – Amelogênese – Ana Catarina após degradação da lâmina basal, conseguem ter contato direto com os pré-ameloblastos. Após formação dos odontoblastos, há secreção da dentina do manto, que induz a maturação do pré-ameloblastos em ameloblastos. Após os processos de degradação da lâmina basal, de intensificação das junções intercelulares e formação de processos curtos na superfície distal dos pré-ameloblastos eles se diferenciam em ameloblastos. Células do epitélio interno → pré-ameloblastos → células ectomesenquimais da papila → odontoblastos → dentina do manto → ameloblastos. Primeiro há deposição de dentina, e então diferenciação dos pré-ameloblastos em ameloblastos – ou seja, a dentinogênese inicia antes da amelogênese. ETAPA SECRETORA Início da amelogênese propriamente dita No início da amelogênese os ameloblastos já possuem todas as características de células secretoras, e possuem a superfície distal plana. O esmalte começa a ser depositado na região de cúspide. Reticulo endoplasmático rugoso sintetiza proteínas da matriz orgânica do esmalte (tradução de RNAm). ↓ Complexo de Golgi condensa e empacota o material. ↓ Liberação do material (grânulos envolvidos por mebrana) sobre a dentina do manto recém-formada. Proteínas da matriz orgânica O esmalte é depositado na dentina como uma matriz orgânica,composta basicamente de proteínas não colagênicas e também lipídios e carboidratos. Isso confere a natureza epitelial do esmalte, uma vez que são as células do tecido conjuntivo que são capazes de produzir colágeno. Formação exclusiva por ameloblastos Na fase secretora as junções intercelulares (tights) se tornam ainda mais fortes. Esses tights impedem a entrada de agentes e substâncias. Esse fato evidencia que a formação do esmalte é controlada exclusivamente pelos ameloblatos. Constituição do esmalte Logo após secreção, o esmalte é composto, basicamente, por matriz orgânica: Amelogeninas e não amelogeninas (enamelina, tufelina, amelina, bainhalina, amelotina e apina). Posteriormente, o esmalte passa por um processo de maturação e começa a incorporar cristais de hidroxiapatita (fosfato de cálcio), carbono, sódio, magnésio, cloreto, flúor e potássio. Mineralização A mineralização do esmalte inicia imediatamente após o início da secreção da matriz orgânica. Os primeiros cristais de hidroxiapatita são depositados em contato direto com a dentina do manto. ESMALTE APRISMÁTICO O primeiro esmalte depositado (jovem) é chamado de aprismático. É composto basicamente de componente orgânico e é depositado de forma perpendicular à dentina do manto. É depositado em um momento que há ausência ou menor desenvolvimento dos processos de Tomes dos ameloblastos. No esmalte aprismático os cristais de hidroxiapatita se dispõem paralelos entre si e perpendiculares à superfície externa. Histologia – Amelogênese – Ana Catarina ESMALTE PRISMÁTICO Pós deposição do esmalte aprismático, os ameloblastos desenvolvem uma estrutura chamada Processos de Tomes. Após a formação dessa estrutura, os ameloblastos produzem um esmalte estruturalmente diferente, constituído pelo arranjo dos cristais de mineral em unidades características denominadas primas. Essa estrutura faz com que o esmalte seja depositado de uma forma mais oblíqua – esmalte prismático. Esmalte aprismático → Processo de Tomes → Esmalte prismático → Esmalte aprismático superficial Quando notarmos a presença de Processo de Tomes, podemos afirmar que está havendo deposição de esmalte prismático. Primas Barras ou colunas cilíndricas que se estendem desde a camada mais interna de esmalte aprismático até a superfície externa. Entre um ameloblasto e outro (onde termina e começa outro processo de tomes) não há formação de esmalte. • Região interprismática: face não secretora. • Região prismática: face secretora. Os prismas são constituídos de cristais de hidroxiapatita que formam unidades estruturais em forma de barra. Com o tempo o processo de Tomes vai sendo perdido, contudo, como essa estrutura é a única responsável pela deposição de esmalte prismático, a sua perda resulta na deposição de uma fina camada de esmalte sem prisma. Involução dos elementos do órgão do esmalte Enquanto a camada de ameloblastos secreta ativamente os outros componentes do órgão do esmalte sofrem algumas modificações. À medida que o esmalte vai sendo formado, o epitélio externo, o retículo estrelado e o estrato intermediário vão involuindo. Assim, os ameloblastos vão ficando cada vez mais próximos do epitélio externo e, consequentemente, do folículo dentário. Esse processo de involução dos componentes do órgão do esmalte ocorre, muito provavelmente, por mecanismos de morte celular programada – apoptose. Nutrição Nesse momento o folículo representa a única fonte de nutrição pois a dentina calcificada impede a passagem de nutrientes provenientes dos vasos sanguíneos da papila dentária. Esmalte aprismático superficial Ao finalizar a fase secretora, o ameloblastoto não possui mais o processo de Tomes. Entretanto, mais algumas camadas podem ainda ser depositadas, estabelecendo o esmalte aprismático superficial. Histologia – Amelogênese – Ana Catarina Ou seja, na junção amelodentinária e na finalização da superfície há esmalte aprismático. Em ambas situações pela ausência ou pouco desenvolvimento do processo de Tomes. FASE DE MATURAÇÃO A degradação e a remoção da matriz orgânica X o crescimento dos cristais de mineral. : Após a deposição da fina camada superficial de esmalte aprismático, os ameloblastos sofrem: • Redução de sua altura. • Redução das organelas relacionadas com síntese e secreção. Assim, os ameloblastos se apresentam como: • Células cilíndricas baixas. • Superfície distal lisa ou com dobras (ondulações). Os ameloblastos, nesse momento, serão responsáveis pela remoção de elementos orgânicos e água, e pelo bombardeamento de íons cálcio e fosfato para matriz tornando possível o rápido crescimento dos cristais de hidroxiapatita. O aumento do tamanho dos cristais é acompanhado pela fusão de vários deles. A existência simultânea de dois grupos de ameloblastos são responsáveis pelos eventos cíclicos: remoção de elementos orgânicos X influxo de íons. Essa etapa de maturação inicia-se nas camadas mais profundas (junção amelodentinária), uma vez que a deposição do esmalte inicia sobre a dentina. Termina na superfície externa, quando está completamente mineralizado. Essa maturação é chamada de pré-eruptiva, uma vez que na cavidade oral, o esmalte sofre um processo de maturação pós-eruptiva. FASE DE PROTEÇÃO O epitélio reduzido recobre o esmalte maduro até a erupção do dente. Uma vez completa a fase de maturação, os ameloblastos: • Perdem a ondulação da sua superfície a qual se torna definitivamente lisa. • As células tornam-se ainda mais baixas (cúbicas). Assim, inicia-se a fase de proteção. Nessa fase esses ameloblastos secretam material semelhante ao da lâmina basal sobre o esmalte recém formado. Assim, há formação e estabelecimento do epitélio reduzido do órgão do esmalte. Esse epitélio reduzido reveste a coroa do dente e protege o esmalte até a erupção dentária. Essa proteção precisa existir porque o folículo dentário é capaz de degradar o esmalte. Maturação pós-eruptiva Com a exposição do esmalte na cavidade oral e o avançar da idade, ocorrem modificações químicas e estruturais que incluem perda de água, diminuição do conteúdo orgânico e aumento da cristalinidade. ESTRUTURA DO ESMALTE O esmalte tem estrutura de prismática O esmalte maduro tem a maior parte da sua espessura constituída por unidades estruturais em formas de barras, denominadas primas. As zonas periféricas dessas barras, são chamadas de regiões interprismáticas. Prismas Barras ou colunas mais ou menos cilíndricas que se estendem desde a camada de esmalte aprismático (junção amelodentinária) até a superfície externa do esmalte. Histologia – Amelogênese – Ana Catarina As outras zonas do esmalte são as regiões interprismática. Não há diferença entre o conteúdo mineral dos prismas e o das regiões interprismáticas; há diferença apenas na orientação dos cristais. ESTRIAS INCREMENTAIS DE RETZIUS A formação do esmalte segue um padrão incremental Durante a formação do esmalte, ocorrem períodos de repouso, que se refletem na formação de linhas incrementais de crescimento denominadas estrias ou linhas de Retzius. Refletem a mudança de direção dos ameloblastos durante a formação dos prismas. Quando observadas na superfície, são chamadas de periquimácias. ESMALTE NODOSO Nas regiões dos vértices das cúspides, alguns prismas entrecruzam-se uns com os outros desde a junção amelodentinária até a superfície externa do vértice da cúspide. Nessa região o esmalte é menos homogêneo. TUFOS, LAMELAS E FUSOS Estruturas sempre encontradas no esmalte originadas emdiversas fases da amelogênese (mais especificamente na fase de maturação). Lamelas Regiões hipomineralizadas que atingem a superfície. Parecem rachaduras no esmalte. Tufos Áreas hipomineralizadas. Se originam na região amelodentinária e atinge no máximo um terço da espessura do esmalte. Os tufos e as lamelas representam áreas levemente hipomineralizadas em relação ao restante do esmalte, possivelmente geradas nos momentos finais da fase de maturação. Histologia – Amelogênese – Ana Catarina Fusos Prolongamentos dos odontoblastos que se estendem até o esmalte. Encontram-se ao nível da junção amelodentinária. PELÍCULA ADQUIRIDA E BIOFILME Película adquirida Macromoléculas de saliva. Biofilme Bactérias, polissacarídeos, moléculas de sangue e saliva, íons. Depositados em cima da película adquirida. 1: esmalte. 2: dentina. 3: tufos. 4: lamelas. Seta: fusos.
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