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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO CURSO: BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL ANDRENILZA DE LURDES DIAS ALEXANDRE - RA 237007590 A PERCEPÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL DIANTE DO RACISMO INSTITUCIONAL. LEME – SP 2021 ANDRENILZA DE LURDES DIAS ALEXANDRE A PERCEPÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL DIANTE DO RACISMO INSTITUCIONAL. Trabalho apresentado ao Curso Serviço Social– Universidade Anhanguera para a disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II. Professor da disciplina: Valquíria Dias Caprioli LEME-SP 2021 Dedico esse trabalho ao meu esposo e minhas filhas, que sempre me apoiaram e auxiliaram nessa jornada acadêmica e, em especial a minha mãe, que sempre sonhou com minha formação. Agradeço a todos que contribuíram no decorrer desta jornada, em especial: A Deus, a quem devo minha vida. A minha família que sempre me apoiou nos estudos e nas escolhas tomadas. Ao Professor Rodrigo Rezende , que muito contribuiu em meus estudos. A tutora presencial Bianca Gomes Flauzino Figueiredo da Silva, por nos orientar nesses últimos semestres. A coordenadora do curso de serviço social Julia Lino. As minhas colegas e companheiras de curso Carla, Maristela, Ana Paula e Luciana pelo companheirismo e disponibilidade para me auxiliar em vários momentos. ALEXANDRE, Andrenilza de Lurdes Dias. A percepção do Assistente Social diante do racismo institucional. 2021. 12p. Monografia (Bacharel em Serviço Social). ANHANGUERA, 2021. RESUMO A questão racial no Brasil tem sido um campo de muitas disputas, sendo assim o Serviço Social tem sido chamado a intervir em tal questão, visto que o projeto ético-político orienta o Assistente Social para esse tipo de interversão. Esse trabalho vem de uma série de pesquisas sobre a relação do racismo institucional e o trabalho do assistente social. Procurou-se investigar a percepção desses profissionais junto ao racismo institucional, o preconceito e discriminação racial no seu trabalho cotidiano. Assim esse estudo busca dar visibilidade à percepção do assistente social acerca do racismo institucional, que vem acontecendo com muita frequência em todo o mundo. Buscou–se então um estudo qualitativo em artigos sobre esse assunto. Palavras-chave: Racismo institucional; ética profissional; Questão racial; Serviço Social Sumário 1. INTRODUÇÃO 7 2. DESENVOLVIMENTO 8 3. CONCLUSÃO 11 4. REFERÊNCIAS 12 7 1. INTRODUÇÃO Este estudo é fruto de reflexões e pesquisas acerca do racismo institucional e a percepção do assistente social, junto à essa problemática. Nas primeiras décadas do século XX, o modo de produção capitalista modifica radicalmente as relações sociais, e questão social ganha visibilidade no cenário nacional, a partir das diversas lutas protagonizadas pela classe trabalhadora na defesa dos direitos sociais e contra o autoritarismo do Estado burguês. O advento do século XXI não foi suficiente para eliminar do cotidiano mundial, tampouco do brasileiro, as mazelas do racismo. Isso demonstra que não é por acaso que se vê essa matéria ser debatida de forma superficial quando da formação dos profissionais assistentes sociais. O processo formativo deveria primar pela relação ampla e irrestrita de temáticas étnico-raciais, buscando conectar as especificidades técnicas às tensões sociais presentes na contemporaneidade. O racismo por si só é perverso e desencadeia relações sociais profundamente desumanas. A pesquisa terá por finalidade propor uma reflexão sobre o trabalho do assistente social diante do racismo institucional. Pra se aprofundar nesse assunto buscou-se investigar quais as perspectivas do assistente social acerca da questão racial dos desdobramentos das ações institucionais no cotidiano da população negra, e o que poderá ser realizado no sentido de modificar tais relações sociais. 8 2. DESENVOLVIMENTO Intitulado A Percepção do Assistente Social Acerca do Racismo Institucional, o trabalho a seguir trará uma reflexão acerca do racismo institucional e a sua relação com a vivencia do assistente social. A autora Marcia Campos Eurico, mestra e doutora em serviço social pela PUC/SP, fez uma pesquisa com quatro profissionais de serviço social, duas do poder judiciário e duas da área da saúde. Essas áreas foram devidamente escolhidas segundo a autora pela, “relevância das pesquisas que apontam o pertencimento étnico racial com fator de acesso desigual às políticas públicas ou determinante nas situações de maior probabilidade de adoecimento e/ou morte em certas circunstâncias” (EURICO, 2013, p.291) e também por sofrerem outros tipos de violência como físicas, psicológicas e/ou discriminação racial. O referido trabalho não será só de importância aos profissionais e acadêmicos de serviço social, mas sim para todos que pretendem se inteirar de tal assunto. A autora utilizou de pesquisa qualitativa para a realização de tal estudo. Por meio de entrevista as assistentes sociais puderam relatar as percepções acerca do racismo e da discriminação em espaços sócio ocupacionais. Através dessa pesquisa a autora destacou o aprofundamento teórico sobre o racismo, raça ,etnia, discriminação racial e racismo institucional, permitindo- nos situarmos em meio a tantas definições acerca dessa temática. Ao discorrer sobre o surgimento do Serviço Social a autora destaca que À medida que o Serviço Social surge profundamente marcado pelo caráter de apostolado católico, analisando a questão social como problema moral e religioso, as relações raciais não são problematizadas adequadamente, uma vez que as reflexões da categoria privilegiam as ações direcionadas à “resolução” moral das contradições de classe (EURICO, 2013, p. 292, grifo meu). E acrescentou que 9 Várias modificações e determinações sócio-históricas consolidam um Serviço Social maduro, na década de 1980, entre elas a incorporação de uma análise crítica orientada pela herança marxista que permite uma apreensão do movimento de transformação da realidade social (EURICO, 2013, p. 292, grifo meu). Pesquisas e análises mostram que a visão dos assistentes sociais sobre as questões raciais e o mecanismo de reprodução do racismo na sociedade brasileira ainda é bastante distorcida. Metade dos entrevistados considerou a desigualdade racial e conseguiu descrever como a instituição existe, no caso, centros de detenção para adolescentes que cometem atos ilícitos, e como isso interfere na visão estereotipada da população negra. Os adolescentes vêm de uma classe trabalhadora muito pobre, a maioria negra. Portanto, há um corte de classe, um dos cortes mais infelizes, e um corte de cor, a maioria é negra. Todos pareciam ... em suéteres azuis, alinhados [para o público], todos barbeados. Descobrimos a identidade dos jovens nos cuidados pessoais. Pobreza, na superfície, e famílias pobres são como um estorvo. De alguma forma, o estado precisa conter essas pessoas e realizar a mesma ação, pois desqualifica e desintegra os grupos familiares. Ainda existe um estereótipo de que uma família estruturada é uma família com pai, mãe, filhos e tudo completamente organizado e livre de conflitos. O mais grave é que esses jovens sofrem com esse constrangimento por causa de sua incapacidade de se defender. Embora tenham o direito de defender e contratar advogados públicos, não são reconhecidos como sujeitos jurídicos porque são pobres, porque são negros e porque cometeram crimes. Onde está a educação do negro, desatualizada? Herança cultural? Brasil caminha para a era da tecnologia e a As crianças negras foram gentilmente convidadas a deixar a escola. A cada dia a educação básica está ficando cada vez mais atrasada, os excluídos são basicamente negros. Quanto à situação econômica, eu diria que 97% é um sinal de pobreza. Em um sentido mais amplo, 10 as dimensões incluem a cultura e outros. tudo. Tem muito pouca classe média, não! Vê-se que não ficaram. A maioria dos meninos que não recebiam aposentadoria passou por aqui. Situação rara, perguntamos ao pai se ele pagava pensão alimentícia,e a mãe disse que sim. A diferença entre o número de ações que entram na vara de família e o número de homens presos por não pagarem pensão alimentícia é enorme. É um reflexo da sociedade que as pessoas têm maior proteção, ele não é punido, foge da justiça e não paga pensão. Diante da fala das entrevistadas podemos chegar a seguinte conclusão: que o emprego do conceito de discriminação indireta ou racismo institucional para a promoção de políticas já é utilizado desde o final dos anos de 1960 em diversos países. Nos Estados Unidos, por exemplo, o conceito surge no contexto da luta pelos direitos civis e com a implementação de políticas de ações afirmativas. Na Inglaterra, o conceito passa a ser incluído como instrumento para a proposição de políticas públicas. Na década de 1980, como resultado do crescimento da população não branca e das dificuldades observadas pelo Poder Judiciário em responder às demandas daquela população. No Brasil, a partir de meados dos anos 1990, esse conceito começa a ser apropriado para formulação de programas e políticas de promoção da equidade racial. (JACOUD, 2008, p.141). Quando falamos em racismo institucional, falamos de operações anônimas de discriminação racial em instituições, profissões ou mesmo em sociedades inteiras. Uma pesquisa feita com algumas assistentes sociais revelou que a percepção dos assistentes sociais acerca da questão racial e dos mecanismos de produção do racismo no interior da sociedade brasileira ainda está bastante distorcida. A desigualdade étnico-racial é percebida por metade das entrevistadas, que conseguem descrever como a forma de ser da instituição, neste caso uma instituição de internação para adolescentes que cometeram ato infracional, interfere no olhar sobre a população negra, carregado de estereótipos. 11 Infelizmente para alguns assistentes sociais o racismo é presente no seu dia a dia profissional, necessitando assim de uma visão mais abrangente. Durante essa pesquisa também observou-se que o próprio profissional do serviço social, sendo ele negro, também sofre o preconceito, por parte dos colegas de trabalho e da população atendida em seu local de trabalho. Também observou-se nessa pesquisa, que, nas fundações casa existem poucos ‘’brancos’’. Finalmente, há de se ressaltar que passados 124 anos da abolição da escravatura o ‘’legado’’ da marginalização da população negra permanece naturalizado. O código de ética de 1993 reconhece a liberdade como valor ético central, propõe a defesa intransigente dos direitos humanos o empenho na eliminação de todas as formas de preconceitos e a não discriminação como princípios éticos fundamentais. Cabe ao serviço social políticas públicas para o enfrentamento do racismo institucional 3. CONCLUSÃO Pretende-se com esse estudo entender um pouco mais sobre o racismo institucional, as consequências desse fenômeno e como o Assistente Social irá enfrentar e lidar com tal situação. A questão racial precisa ser ampliada e sistematicamente discutida pelo conjunto da categoria profissional. Através desse trabalho podemos perceber a dificuldade dos profissionais em dar concretude ao Código de Ética profissional, pois os seus princípios são citados abstratamente, sem a necessária conexão com a realidade vivenciada pela população negra. 12 4. REFERÊNCIAS BRASIL. Código de ética do/a assistente social. Lei 8.662/93 de regulamentação da profissão. - 9. ed. rev. e atual. - [Brasília]: Conselho Federal de Serviço Social, [2011]. Disponível em: < http://www.cresses.org.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=69 &Itemid=78>. Acessado em 16 out. 2021. CFESS. Assistentes Sociais no combate ao racismo. Disponível em: http://servicosocialcontraracismo.com.br/acoes-cfess-cress-brasil/. Acesso em: 14 out. 2021. EURICO, Márcia Campos. A percepção do assistente social acerca do racismo institucional. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sssoc/a/8Vhsxg8xGgrBL6GnCjknqyL/?lang=pt. Acesso em: 22 set. 2021. SILVA, Larissa Maria do Nascimento da. DESIGUALDADE RACIAL NO BRASIL: a reiteração do racismo estrutural na sociedade brasileira Disponível em:https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/17723/1/TCC%20LARISS A%20MARIA%20DO%20NASCIMENTO%20DA%20SILVA.pdf. Acesso em: 15out. 2021. THEODORO, Mário (org.); JACCOUD, Luciana, OSÓRIO, Rafael, SOARES Sergei. As políticas públicas e a desigualdade racial no Brasil: 120 anos após a abolição. Brasília: Ipea, 2008. 176 p. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/Livro_desigualdadesraciais.pdf. Acesso em: 25 out. 2021 file:///C:/Users/Usuario/Downloads/1886-Texto%20do%20artigo-4854-1-10 20210527.pdf. Acesso em: 25 out. 2021. http://servicosocialcontraracismo.com.br/acoes-cfess-cress-brasil/ https://www.scielo.br/j/sssoc/a/8Vhsxg8xGgrBL6GnCjknqyL/?lang=pt https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/17723/1/TCC%20LARISSA%20MARIA%20DO%20NASCIMENTO%20DA%20SILVA.pdf https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/17723/1/TCC%20LARISSA%20MARIA%20DO%20NASCIMENTO%20DA%20SILVA.pdf https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/Livro_desigualdadesraciais.pdf
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