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TICS 02 - EPILEPSIA

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FAHESP/IESVAP
FACULDADE CIÊNCIAS HUMANAS, EXATAS E DA SAÚDE DO PIAUÍ.
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO VALE DO PARNAÍBA
DISCIPLINA: TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO- TICS V
CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA
ALUNO: ENZO PESSOA FARIAS 
· O que habitualmente ocorre com o paciente epiléptico após um quadro convulsivo? 
Pode apresentar movimentos repetitivos, chamados de automatismo, como mastigação ou movimentos manuais e após o paciente entra em estado pós-ictal (sonolência e/ou confusão mental prolongada). Ocorre amnésia de todo período de duração da crise. Pois, a convulsão representa um comportamento anormal provocado por uma descarga elétrica excessiva de neurônios no córtex cerebral, onde há um desequilíbrio entre os mecanismos de excitação (glutamato) e inibição (GABA) do SNC. A convulsão é um evento clínico específico, com sinais e sintomas associados, que variam de acordo com o local da descarga neuronal no encéfalo. As manifestações de uma convulsão geralmente incluem fenômenos sensoriais, motores, autônomos ou psíquicos. Quando a descarga ocorre apenas em uma parte do cérebro, a crise é chamada de parcial ou focal. Se a descarga atinge os dois hemisférios cerebrais, ocorre uma crise generalizada. (PORTH; MATFIN, 2016, p. 815) 
A parcial ou focal pode ser classificada em: Parcial Simples: quando determinam sintomas elementares e a consciência não é prejudicada e o paciente percebe sensações anormais no corpo, tais como: movimentos súbitos de uma parte do corpo, distorção na visão e audição, mal estar, medo. E Parcial Complexa: caracteriza-se por uma ação motora mais complexa e existe a perda da consciência. No decorrer da crise o paciente fica entorpecido e confuso, apresentando comportamentos automáticos como: caminhar desorientado, murmurar, rodar a cabeça, sentar e levantar, mexer nas roupas esticando-as etc. Nesses casos o paciente não lembra desses atos praticados por ele mesmo. (PORTH; MATFIN, 2016, p. 819) 
A generalizada pode se classificar em: Generalizada de ausência: caracterizada por lapsos de perda de consciência por alguns segundos. O paciente parece estar desligado do mundo, os olhos podem apresentar movimentos circulares, bem como outros sintomas psicomotores automáticos. Após essa crise a atividade pode ser retomada imediatamente sendo algumas vezes ate ignorada pelo paciente. Normalmente estas crises ocorrem em crianças e sua tendencia é desaparecer na adolescência, no entanto o paciente poderá desenvolver outros tipos de crises em sua fase adulta. (PORTH; MATFIN, 2016, p. 819) 
Tônico-Clônica: que compreende duas fases: Na fase tônica há perda de consciência, o paciente cai, o corpo se contrai e enrijece. Já na fase clônica o paciente contrai e contorce as extremidades do corpo perdendo a consciência que após a crise é recobrada gradativamente. (PORTH; MATFIN, 2016, p. 819) 
Convulsões podem surgir no curso de quase todas as doenças ou lesões graves que afetam o encéfalo, como transtornos metabólicos, infecções, tumores, lesões vasculares, deformidades congênitas e lesão encefálica, ou por alterações na permeabilidade da membrana celular ou na distribuição de íons através das membranas de células neuronais. Outra causa pode ser a redução da inibição da atividade neuronal cortical ou do tálamo ou mudanças estruturais que alteram a excitabilidade dos neurônios. (PORTH; MATFIN, 2016, p. 816) 
Já a epilepsia é uma doença crônica de descargas recorrentes de neurônios, que tem seu diagnóstico confirmado por: ocorrência de pelo menos duas convulsões não provocadas que ocorrem com mais de 24h de diferença; ou, uma convulsão não provocada e uma probabilidade de novas convulsões semelhantes ao risco geral de recorrência após duas convulsões não provocadas ocorridas nos próximos 10 anos. (SCHACHTER; EDLOW, 2021) 
Após um quadro convulsivo (pós-comicial), pode ocorrer vários sintomas e complicações em um paciente epiléptico, a depender do tipo de convulsão. Nas crises focais, como nas convulsões focais simples, não há comprometimento da consciência ou da capacidade de resposta, e os sinais e sintomas clínicos observados dependem da área do encéfalo onde ocorre a descarga neuronal anormal. Quando a área motora do encéfalo está envolvida, o primeiro sintoma é um movimento motor correspondente ao local de início no lado contralateral do corpo. Quando a atividade convulsiva ocorre no lado contralateral do encéfalo, podem ocorrer sensações de formigamento e arrepio, ou um distúrbio sensorial especial (fenômeno visual, auditivo, gustativo ou olfatório). Quando a descarga cortical anormal estimula o sistema nervoso autônomo, podem ser evidentes sinais de rubor, taquicardia, sudorese, hipotensão ou hipertensão ou alterações pupilares. (PORTH; MATFIN, 2016, p. 817) 
O manejo de pacientes com epilepsia está focado em três objetivos principais: controlar convulsões, evitar efeitos colaterais do tratamento e manter ou restaurar a qualidade de vida. A terapia medicamentosa com carbamazepina, gabapentina, lamotrigina, dentre outros, geralmente não é necessária em indivíduos após uma única convulsão e é normalmente reservada para indivíduos que estão em alto risco de convulsões recorrentes ou aqueles que tiveram duas ou mais convulsões não provocadas. A seleção do medicamento é individualizada, com base no tipo de convulsão, potenciais efeitos adversos, interações com outros medicamentos, comorbidades, idade e gênero, estilo de vida, preferências do paciente, e o custo. Para pacientes com convulsões sintomáticas agudas, quaisquer distúrbios metabólicos subjacentes ou etiologias infecciosas devem ser rapidamente identificados e tratados. Consultas ambulatoriais regulares que incluem educação do paciente, revisão de efeitos adversos de medicamentos, calendário de convulsões e monitoramento de medicamentos são sugeridas para melhorar a conformidade e a probabilidade de um resultado bem-sucedido. (SCHACHTER, 2021) 
Adultos com epilepsia têm taxas aumentadas de comorbidades médicas, incluindo doenças cardíacas, hipertensão, acidente vascular cerebral, obesidade e doença óssea metabólica, tendo um risco aumentado de mortalidade prematura em comparação com a população geral. Importantes causas de morte diretamente atribuíveis à epilepsia incluem morte súbita inesperada em epilepsia, estado epiléptico, lesões não intencionais e suicídio. O comprometimento cognitivo está frequentemente presente no momento do diagnóstico e pode piorar com o tempo. Os fatores contribuintes para estas complicações incluem: etiologia de epilepsia subjacente, efeitos colaterais de medicamentos e outras terapias de epilepsia, convulsões frequentes ou prolongadas e transtornos de humor. Depressão, ansiedade e suicídio são mais comuns em pacientes com epilepsia do que na população em geral e devem ser avaliados como parte do acompanhamento rotineiro. (SCHACHTER; GARCIA; DASHE, 2022) 
REFERÊNCIAS: 
· FUSHER, R. S. et al. Operational classification of seizure types by the International League Against Epilepsy: Position Paper of the ILAE Commission for Classification and Terminology.Epilepsia, Malden, MA, v. 58, n. 4, p. 522-530, 2017.
SCHACHTER, Steven C. Overview of the management of epilepsy in adults. UpToDate, 2021. 
· COELHO,L.M. - Epilepsia e Personalidade, Atica, S.Paulo, 2016.
· SCHACHTER, Steven C.; EDLOW, Jonathan A. Evaluation and management of the first seizure in adults. UpToDate, 2021. SCHACHTER, Steven C.; GARCIA, P.; DASHE, J. Comorbidities and complications of epilepsy in adults. UpToDate, 2022.

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