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EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA LIVRO

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Autora: Profa. Renata Castro Cardias Kawaguchi
Colaboradores: Profa. Vanessa Santhiago 
 Profa. Ivy Judensnaider
 Prof. Marcel da Rocha Chehuen
Educação Física Integrada
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Professora conteudista: Renata Castro Cardias Kawaguchi
É bacharel em Turismo pela Universidade Paulista (UNIP), especialista em Gestão Cultural pelo Senac-RJ, e em 
Empreendimentos e Cidades Criativas pela Universidade Nacional de Córdoba, na Argentina, e mestre e doutoranda 
em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo. Atua no mercado turístico desde 1996, nos segmentos 
de agenciamento de viagens, hospedagem e eventos. É docente desde 2000, em cursos de graduação (bacharelado e 
tecnológico) presenciais e a distância e em cursos de pós-graduação na área de hospitalidade.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
K22s Kawaguchi, Renata Castro Cardias.
Educação Física Integrada / Renata Castro Cardias Kawaguchi. – 
São Paulo: Editora Sol, 2019.
104 p. il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXV, n. 2-070/19, ISSN 1517-9230.
1. Lazer. 2. Tempo. 3. Atividades. I. Título.
CDU 796
W500.43 – 19
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Giovanna Oliveira
 Juliana Maria Mendes
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Sumário
Educação Física Integrada
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 LAZER E SOCIEDADE .........................................................................................................................................9
1.1 Organização social do tempo: de Cronos a Kairós ....................................................................9
1.2 Lazer: origens, funções e conceitos .............................................................................................. 13
1.2.1 Função de descanso ............................................................................................................................... 15
1.2.2 Função de divertimento, recreação e entretenimento ............................................................ 16
1.2.3 Função de desenvolvimento ............................................................................................................... 16
1.3 Tempo social ........................................................................................................................................... 18
1.3.1 Tempo psicobiológico ............................................................................................................................ 18
1.3.2 Tempo sociocultural ............................................................................................................................... 19
1.3.3 Tempo livre ................................................................................................................................................ 19
1.3.4 Tempo livre após o trabalho ............................................................................................................... 20
1.3.5 Tempo livre de fim de semana/feriado........................................................................................... 21
1.3.6 Tempo livre de férias ............................................................................................................................. 21
2 ORÇAMENTO-TEMPO ..................................................................................................................................... 22
2.1 Praticar, assistir, estudar .................................................................................................................... 24
2.1.1 Atividades físicas ................................................................................................................................... 25
2.1.2 Atividades manuais ................................................................................................................................ 25
2.1.3 Atividades artísticas ............................................................................................................................... 26
2.1.4 Atividades intelectuais .......................................................................................................................... 26
2.1.5 Atividades associativas ......................................................................................................................... 27
2.1.6 Atividades turísticas............................................................................................................................... 27
2.2 O lazer como direito: principais marcos regulatórios ........................................................... 28
2.2.1 A casa ........................................................................................................................................................... 33
2.2.2 Ruas e bares .............................................................................................................................................. 33
2.2.3 Centros culturais ..................................................................................................................................... 35
2.2.4 Praças e parques...................................................................................................................................... 36
3 HOMO FABER X HOMO LUDENS ............................................................................................................... 37
3.1 O homem que trabalha ...................................................................................................................... 37
3.2 O homem que se diverte ................................................................................................................... 39
3.3 Integração do faber e do ludens .................................................................................................... 42
4 LAZER E ÓCIO NA CONTEMPORANEIDADE: CONCEITOS, CONCEPÇÕES E SIGNIFICADOS ............ 44
4.1 O ócio e as experiências subjetivas ............................................................................................... 45
4.2 A sociedade do hiperconsumo ........................................................................................................46
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Unidade II
5 CONTRIBUIÇÕES PARA A COMPREENSÃO DO LAZER ...................................................................... 55
5.1 Os estudos do lazer no Brasil: principais pesquisadores e contribuições 
das escolas internacionais ........................................................................................................................ 55
5.2 A escola dumazediana e os principais estudiosos brasileiros ............................................. 58
6 NOVAS PERSPECTIVAS PARA A SOCIOLOGIA DO LAZER ................................................................ 61
6.1 Duplo aspecto educativo das experiências do lazer .............................................................. 64
6.2 Desenvolvimento de projetos de animação sociocultural ................................................... 69
6.3 Lazer e animação sociocultural: áreas de atuação ................................................................. 71
6.3.1 No setor público ...................................................................................................................................... 71
6.3.2 Nas escolas ................................................................................................................................................ 71
6.3.3 No setor privado ..................................................................................................................................... 72
6.3.4 No Terceiro Setor .................................................................................................................................... 72
7 EXPERIÊNCIAS DO LAZER E DO ÓCIO NO BRASIL: ESTUDOS DE CASO ..................................... 74
7.1 Lazer e esporte ...................................................................................................................................... 74
7.2 Lazer e cultura ....................................................................................................................................... 78
7.3 Festas tradicionais ................................................................................................................................ 82
7.4 Jogos, brinquedos e brincadeiras ................................................................................................... 84
8 NATUREZA, SOCIEDADE E TURISMO ....................................................................................................... 86
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APRESENTAÇÃO
A disciplina Educação Física Integrada tem como objetivo promover o conhecimento, a reflexão e a 
compreensão da realidade social em seus múltiplos aspectos, dentre eles, o lazer. No atual contexto, em 
que o trabalho ocupou (e ainda ocupa) a centralidade da organização social, o lazer e o ócio reaparecem 
como elementos fundamentais, pois possibilitam a transformação do sujeito, convocando-o a ser 
conquistado para a expressão de suas subjetividades, contribuindo para uma nova possibilidade de ser 
e estar. A temática abordada objetiva a habilitação de profissionais para o exercício da docência, com 
ética e competência e sólida formação teórica e metodológica.
Inicialmente, você conhecerá e analisará o contexto contemporâneo a partir da perspectiva da 
sociologia do lazer, assim como discutirá os conceitos de tempo livre, lazer e ócio. Também estabelecerá 
as integrações entre o Homo faber e o Homo ludens.
Posteriormente, você aprenderá sobre a trajetória dos estudos do lazer no Brasil, sobre suas influências 
e novas perspectivas. Irá compreender, além disso, o duplo aspecto do lazer e do ócio na educação. Além 
disso, conhecerá aspectos da sociologia do lazer a partir de estudos de caso brasileiros.
INTRODUÇÃO
A disciplina expõe como o pensamento sociológico busca compreender o contexto contemporâneo 
em seus diversos tipos de interações e movimentos.
Dentre tantos aspectos socioculturais, destacam-se as relações estabelecidas entre o indivíduo, o 
lazer e o ócio, considerando as constantes transformações que caracterizam nossa sociedade globalizada.
Desde o estabelecimento da era industrial, o trabalho foi a atividade que ocupou a centralidade na 
organização da temporalidade social, marcada também pela produção e pelo consumo.
Na atualidade, o lazer e o ócio reaparecem como elementos fundamentais, pois possibilitam a 
transformação do sujeito (longe de sua liberdade, criação e desejo), convocando-o à conquista de um 
tempo para a expressão das suas subjetividades, o que contribui para a aquisição de um novo sentido 
para sua experiência de ser e estar.
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EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA
Unidade I
1 LAZER E SOCIEDADE
1.1 Organização social do tempo: de Cronos a Kairós
Figura 1 – O relógio
O lazer faz parte de nossa cultura. Como manifestação sociológica, está fortemente presente na 
contemporaneidade; porém, para compreendê-lo, não podemos deixar de entender também as suas 
relações com o tempo, um fenômeno complexo que faz parte de nossa experiência existencial.
O tempo marca a nossa forma de existir e interagir na sociedade e conduz nossa trajetória entre o 
passado, o presente e o futuro, movendo nossas aspirações.
Na mitologia grega, Cronos era um ser da raça dos Titãs, que devorava os filhos, logo que nasciam, 
com o intuito de impedir a realização de uma profecia que o alertava de que um dos seus filhos iria 
matá-lo para tomar seu lugar como senhor da criação. Já Kairós é um deus representado como um jovem 
de porte atlético com duas asas nos pés que o faziam transitar de forma aleatória e imprevisível. Essas 
duas figuras míticas eram representantes do tempo, mas cada uma simbolizava um tempo diferente:
Por outro lado, se voltarmos o nosso olhar para as sociedades 
mítico-eróticas, verificaremos que estas tomavam dois tipos de tempo como 
vitais: um tempo no qual se vive e se elabora um “sempre” transformador 
(Kairós), e, ainda, um outro, que exaure a vida (Kronos). De outra forma, na 
contemporaneidade, os homens das ditas sociedades evoluídas reclamam 
da falta de um tempo para si. No entanto, e de forma paradoxal, seguem 
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Unidade I
investindo tempo e recursos na busca pela realização a partir da posse 
de objetos que entendem ser muito importantes para a sua felicidade 
(MARTINS; BAPTISTA, 2013, p. 3).
Ao relacionarmos os mitos com a nossa realidade, verificamos que a palavra “tempo” origina-se da 
palavra grega kronos, da qual derivam outras palavras, como “cronograma” e “cronômetro”, associadas a 
um tempo a ser controlado, com finitude: segundos, minutos, horas, dias, meses, anos. É o tempo de 24 
horas que rege nossos processos sociais.
Já kairós representa o tempo subjetivo, significa o tempo oportuno, pessoal, que pode ser 
rápido ou devagar, dependendo de quem o vive, e associam-se a ele atividades prazerosas ou 
desgastantes. É aquela sensação pessoal do tempo que não passa, ou passa rápido demais, que se 
eterniza ou é esquecido.
A questão do tempo controlado e do tempo subjetivo interferiu nas relações da humanidade e 
do trabalho.
Para Martins e Baptista (2013), nas sociedades pré-industriais, as atividades exercidas atendiam 
às necessidades básicas. Até o fim do período paleolítico (700.000 a 10.000 a.C.), as pessoas eram 
nômades, mudavam de lugar de acordo com as condições propícias para a sua sobrevivência. No período 
mesolítico (10.000a 7.000 a.C), a população começou a se estabilizar, com a criação de animais, mas 
ainda sobrevivia da caça e da coleta de frutos.
No período neolítico (7.000 a 3.000 a.C.), houve grandes transformações na relação entre homem 
e natureza. Além de domesticar animais, o homem começou a cultivar a terra e, por meio da atividade 
agrícola, introduziu o trabalho coletivo. Ainda não se tinha noção de posse particular, assim como não 
existia a separação de ações: ao mesmo tempo que se saía para caçar, brincava-se; cozinhava-se ao 
mesmo tempo que se educava. Todos participavam de tudo; as rupturas aconteciam nos rituais de festa, 
que rompiam com o cotidiano.
Da mesma forma que se foi introduzindo o sedentarismo, a humanidade foi buscando o crescimento 
na produção de bens para a sua sobrevivência, intensificando o sistema de trocas. Foi nas margens dos 
rios que muitas sociedades se desenvolveram e que surgiram os primeiros indícios da divisão do trabalho. 
Havia, então, liberdade na escolha das atividades, e uma parcela da produção era ofertada ao Estado.
Conforme afirmam Martins e Baptista (2013), no período arcaico (século VIII a.C.), diminuíram as 
atividades agrícolas e pastoris. Surgiram as propriedades privadas e a escravidão, fatores que modificaram 
as relações com o trabalho: de um tempo de trabalho autogerido para um trabalho escravo. 
Posteriormente, de forma gradual, a escravidão deu lugar ao trabalho de manufatura, também 
conhecido como dirigismo estatal, que tinha como característica prestar serviços ao Estado.
No século V d.C., o dirigismo estatal deu lugar aos poucos ao sistema dominal, caracterizado pelas 
transformações ocorridas no sistema agrícola devido à difusão do cristianismo. Havia, independentemente 
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EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA
do tamanho da propriedade, a terra dos senhores, que tinha uma parcela cedida ao camponês, que nela 
trabalhava de acordo com o seu tempo. Uma parte de tudo o que ele produzia era destinada ao dono da terra.
Com o fim do Estado carolíngio (séculos VIII e IX), estabeleceu-se o feudalismo, no qual os senhores de 
terra se apropriavam da produção camponesa exigindo parcelas cada vez maiores do que era produzido, 
o que obrigava os camponeses a buscar outras formas de renda por meio de trabalhos artesanais e 
de trabalho assalariado. Os contratos eram estabelecidos de forma individualizada; assim, o tempo de 
trabalho e a remuneração não eram uniformes.
Na Idade Moderna, houve mudanças com relação ao trabalho, marcadas principalmente pelo crescimento 
das atividades comerciais e pelas crises agrárias e monetárias. Surgiu, assim, o sistema econômico comercial, 
que desenhava as primeiras intervenções regulamentadas entre tempo, trabalho e salário.
O aumento da economia e dos mercados foi a base do sistema capitalista, o processo entendido de 
um ponto de vista histórico, com o aumento do trabalho assalariado e a substituição do escambo pela 
moeda que circulava no mercado que ia se expandindo conforme o consumo ia crescendo, aspectos 
esses que forçaram o surgimento de novas formas de produção mais rápida para suprir as necessidades 
do sistema que ia se estabelecendo na lógica mercadológica.
Segundo Martins e Baptista (2013), o tempo controlado (kronos) interferia diretamente na economia, 
então caracterizada pela venda e circulação de produtos.
No século XVI, a reforma protestante, principalmente nas visões de Martinho Lutero e João Calvino, 
vinculava o trabalho à salvação divina. 
O capitalismo era baseado na produtividade organizada por meio de jornadas de trabalho longas 
e em linhas de produção. A Revolução Industrial surgiu com a introdução das máquinas a vapor, que 
intensificaram a produção. Os relógios implantados nas fábricas controlavam o tempo de produção 
e o ganho de produtividade, assim como a modernização dos meios de transporte, essencial para o 
escoamento dos produtos.
Marx (apud MARTINS; BAPTISTA, 2013, p. 12) aponta que o tempo do trabalho passou a dominar 
o próprio trabalho. O tempo passou a ser uma moeda de troca: o trabalhador era remunerado pela 
sua jornada. Para Martins e Baptista (2013), a introdução do sistema capitalista provocou uma maior 
dimensão do tempo laboral, ou tempo para o trabalho, em relação aos outros tempos sociais. Houve, 
desse modo, uma supervalorização do tempo do trabalho que trouxe muitas consequências para nossa 
sociedade, na qual sujeitos sociais são orientados pela lógica da produção e do consumo. 
O trabalho e a sua execução passaram a ser um meio de alcançar bens materiais e a identidade por 
meio do consumo e do esvaziamento do sujeito. Muitas vezes, na nossa sociedade, o trabalho para “ter” 
subtrai o sentido do “ser”. 
A sofisticação dos meios de transporte e de comunicação por intermédio da tecnologia otimizou o 
tempo e as tarefas, o que também provocou mudanças nas relações de trabalho.
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Unidade I
Um exemplo atual são os home offices que, aos poucos, vêm afastando as jornadas homogêneas. 
O relógio de ponto (presente nas empresas), no trabalho em casa, é substituído pela tarefa a ser efetuada. 
O gerenciamento do trabalho a ser realizado pode ser feito, atualmente, em nossos aparelhos eletrônicos, 
como os celulares inteligentes e os computadores portáteis, que podem ser acessados de qualquer lugar 
e em qualquer tempo, possibilitando rapidez e flexibilidade. 
Os apontamentos nos fazem pensar na necessidade do tempo autogerido (kairós). Há muitas 
empresas que vêm substituindo a obrigatoriedade da presença do colaborador no ambiente laboral a 
fim de que o trabalhador desenvolva suas tarefas de acordo com o seu próprio tempo. Assim, há um 
crescimento no número de profissionais que trabalham e desenvolvem suas atividades de acordo com 
o serviço que desempenham. Existem, além disso, embora ainda de forma tímida, ações para obter a 
melhoria da qualidade de vida: o movimento slow de desaceleração do tempo e da vida já acontece em 
alguns lugares. 
Faz-se necessário pensar, analisar e refletir a partir de uma perspectiva sociológica: qual o papel 
social do lazer? Considerando o tempo voltado para as necessidades do sujeito de se expressar 
socioculturalmente, o lazer tem uma função especial. 
A música Paciência pode ser usada como exemplo das relações que temos com o tempo.
Lenine – Paciência
Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso, faço hora, vou na valsa
A vida é tão rara
Enquanto todo mundo espera a cura do mal
E a loucura finge que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência 
E o mundo vai girando cada vez mais veloz
A gente espera do mundo e o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência
Será que é tempo que lhe falta pra perceber?
Será que temos esse tempo pra perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...
[...]
Fonte: Lenine; Dudu Falcão (2009).
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EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA
A música Paciência, do cantor brasileiro Lenine, apresenta um dos nossos grandes dilemas do 
cotidiano: o tempo e suas implicações, como a falta dele em uma sociedade cada vez mais acelerada, a 
necessidade e o exercício da paciência para termos condições de viver melhor “com mais tempo”. Além 
disso, a canção apresenta a percepção da finitude do tempo, que passa rapidamente e que “deixamos 
passar” por estarmos ocupados demais.
Exemplo de aplicação
Com base no que apresentamos anteriormente e na leitura da letra, eis algumas perguntas pararefletir: 
• Qual tempo queremos e podemos construir para nossas vidas? 
• Queremos o tempo de kronos ou o tempo de kairós?
• Observe as pessoas com as quais você convive. Como são as relações que elas estabelecem com 
o tempo?
1.2 Lazer: origens, funções e conceitos
Capitão de Indústria mantém relação com a temática do lazer:
Paralamas do sucesso – Capitão de indústria
Eu às vezes fico a pensar
Em outra vida ou lugar
Estou cansado demais
Eu não tenho tempo de ter
O tempo livre de ser
De nada ter que fazer
É quando eu me encontro perdido
Nas coisas que eu criei
E eu não sei
Eu não vejo além da fumaça
O amor e as coisas livres, coloridas
Nada poluídas
Ah, eu acordo pra trabalhar
Eu durmo pra trabalhar
Eu corro pra trabalhar
Eu não tenho tempo de ter
O tempo livre de ser
De nada ter que fazer
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Unidade I
Eu não vejo além da fumaça
Que passa e polui o ar
Eu nada sei
Eu não vejo além disso tudo
O amor e as coisas livres, coloridas
Nada poluídas
Eu acordo pra trabalhar
Eu durmo pra trabalhar
Eu corro pra trabalhar
Eu não tenho tempo de ter
O tempo livre de ser
De nada ter que fazer
É quando eu me encontro perdido
Nas coisas que eu criei
E eu não sei
Eu não vejo além da fumaça
O amor e as coisas livres, coloridas
Nada poluídas
Ah, eu acordo pra trabalhar
Eu durmo pra trabalhar
Eu corro pra trabalhar
Fonte: Valle; Valle (2006).
A música do grupo Paralamas do Sucesso exemplifica as relações do tempo em uma vivência para o 
mundo do trabalho, que muitas vezes rouba o tempo da liberdade de ser.
Como vimos, o tempo controlado foi construído à medida que foi se desenvolvendo o sistema 
capitalista. Esse sistema, por sua vez, influenciou toda uma dinâmica social, que se estendeu também às 
sociedades pós-industriais.
A Revolução Industrial instituiu:
• jornada diária de trabalho de catorze a dezesseis horas;
• urbanização com os grandes galpões industriais;
• trabalho infantil;
• produção em série;
• trabalho repetitivo. 
A máquina a vapor foi introduzida entre os séculos XVIII e XIX, e provocou mudanças sociais e 
econômicas. O tempo é marcado pelo relógio, e não mais pelo ciclo da natureza (amanhecer e anoitecer). 
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O maquinário provoca também a fragmentação do trabalho, distanciando o trabalhador do produto 
final, restringindo sua participação no processo produtivo. 
A “revolução” trouxe o crescimento urbano, o êxodo rural, a verticalização das cidades, a redução dos 
espaços. Esses fatores provocaram o enclausuramento da vida em apartamentos, a perda da identidade 
individual, as limitações das relações pessoais no âmbito familiar, o afastamento do ambiente natural. 
A aceleração da vida também contribuiu para a constante concorrência, tensionada pela pressão do 
trabalho e da configuração das cidades, que carregou com ela a solidão, a insatisfação e o nervosismo, 
dentre tantas outras doenças psicossomáticas.
Ao se apropriar desse processo, o capitalismo usa o trabalho, a racionalização e o lucro em todos os 
aspectos da vida humana, impondo seus ideais. A luta pelo direito ao lazer está ligada aos embates entre 
empresários e colaboradores, na conquista de direitos trabalhistas como redução da jornada de trabalho, 
férias remuneradas e regulação da aposentadoria, para um maior tempo livre.
As condições estruturadas por uma sociedade do trabalho contribuíram para conceber o lazer como 
qualidade de vida e possibilidade de desenvolvimento humano. Podemos dizer que:
Lazer é um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de 
livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se 
ou ainda para desenvolver sua informação e formação desinteressada, sua 
participação social voluntária ou livre capacidade criadora após livrar-se 
ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais 
(DUMAZEDIER, 1974, p. 34).
Nesse sentido, o lazer começa a ser olhado de outra maneira, estabelecendo na sociedade três 
funções importantes: a) função de descanso; b) função de divertimento, recreação e entretenimento; c) 
função de desenvolvimento, conforme veremos a seguir.
1.2.1 Função de descanso
Figura 2 – Descanso
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Unidade I
O lazer atua como um reparador do cansaço físico e psicológico resultante das tensões cotidianas, 
principalmente quanto às pressões do trabalho. Apesar da melhora na execução das tarefas, o ritmo da 
produtividade e a complexidade dos deslocamentos nas cidades grandes determinam o aumento do 
tempo necessário para o descanso.
1.2.2 Função de divertimento, recreação e entretenimento
Figura 3 – Parque de diversões
A atividade de lazer, nesse sentido, colabora para o rompimento da monotonia. Há compensação e 
fuga por meio do divertimento e da evasão. Divertir-se, recrear-se e entreter-se são ações que se opõem 
à rotina. São atividades que rompem a repetição das atividades enfrentadas todos os dias. Há uma 
ruptura da rotina, que pode trazer experiências distintas. Essa mudança é possível, por exemplo, por 
meio de práticas que levem o indivíduo a outros lugares, reais (viagens, jogos, brinquedos e esportes) ou 
fictícios, por intermédio das diferentes linguagens da arte (teatro, cinema, leitura). 
1.2.3 Função de desenvolvimento
Figura 4 – Desenvolvimento humano
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Voltado ao desenvolvimento da personalidade, o lazer permite a participação em uma vida 
social mais livre, ou seja, baseia-se na prática de uma cultura desinteressada do corpo, da 
sensibilidade e da razão, além da formação prática e técnica que oferece novas possibilidades de 
integração. Nessa vertente, o lazer refere-se também a novas formas de aprendizagem.
De acordo com Dumazedier (1974), essas funções são solidárias e estão uma associada à outra, 
coexistem. As exigências do mundo do trabalho são minimizadas por meio das atividades de descanso, 
divertimento e desenvolvimento. 
Nelson Carvalho Marcellino (1996) complementa que o lazer pode ser entendido no seu sentido 
mais amplo, ou seja, da vivência praticada no tempo disponível, que deve ser desinteressada. 
O fenômeno lazer impacta trabalho, família e cultura. Revendo a trajetória do trabalho como 
apresentado anteriormente, verificamos que o desenvolvimento da industrialização acabou com o 
antigo ritmo do trabalho que era, até então, regido pelas estações do ano e interrompido pelos 
momentos de festividades.
O importante é que o trabalho não mais se identifica com a atividade e 
que o dia não é ocupado unicamente pelo trabalho, comportando duas ou 
três horas de lazer. [...] A vida de trabalho não termina mais unicamente 
devido à doença ou à morte, mas tem um fim legal que assegura o direito ao 
repouso. Assim, para o trabalhador, a elevação do nível de vida apresentou-se 
acompanhada pela crescente elevação do número de horas livres 
(MARCELLINO, 1988a, p. 25).
A necessidade da prática do lazer cresce com a urbanização e a industrialização. Podemos dizer que 
as relações entre o lazer e as obrigações da vida cotidiana determinam uma participação crescente na 
vida cultural e social.
O lazer é uma manifestação mais completa de si, pela imaginação, pelos sentimentos, sentidos e 
expressões corporais que retomam a vitalidade da vida e o extravasamento de atividades conduzidas 
pelo tempo autogerido. 
 Observação
O lazer e a recreação,embora estejam próximos, possuem diferenças 
em suas concepções. De acordo com Cavallari e Zacharias (1994), o lazer 
é o estado de espírito, a disponibilidade em que um indivíduo se encontra, 
institivamente, a partir do seu tempo livre, em busca do prazer por meio do 
lúdico, da alegria, da diversão e do entretenimento. Já recreação, para os 
autores, é o momento em si ou a circunstância na qual o indivíduo escolhe 
atividades que satisfaçam suas vontades e anseios.
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Unidade I
Outra diferença entre os dois conceitos é que o lazer é voluntário, 
espontâneo, é a busca de um estado de prazer ou descanso, e a 
recreação tem como característica ser uma atividade dirigida, com 
uma supervisão e um objetivo, ou seja, ter sempre uma condução.
1.3 Tempo social
O tempo social é compreendido em três categorias, conforme nossas necessidades, de acordo com 
Munné (1980). Para um melhor entendimento do conceito, o autor nos apresenta o tempo social 
conforme a tipologia que segue.
1.3.1 Tempo psicobiológico
Figura 5 – Criança dormindo
O tempo psicobiológico é caracterizado pela ocupação e condução das necessidades físicas, 
biológicas e psíquicas. O tempo psicobiológico é individualizado e endógeno. Por exemplo, as 
consequências de um bom ou mau sono repercutem na prática social. O tempo destinado a 
dormir nos restabelece cotidianamente por meio do descanso do corpo e da mente. Desse modo, 
a qualidade do sono tem uma importância muito grande na saúde e na qualidade de vida. 
Com relação às horas de sono para uma boa qualidade de vida, especialistas da área da saúde 
recomendam diariamente de seis a oito horas de sono para que possamos restabelecer, por meio 
do descanso, um melhor funcionamento do nosso organismo. A restrição das horas de sono pode 
comprometer seriamente a saúde física e mental, trazendo doenças associadas ao distúrbio do 
sono e à depressão, que têm como causa principal o acúmulo de tarefas.
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1.3.2 Tempo sociocultural
Figura 6 – Círculo de pessoas
O tempo sociocultural é caracterizado pela sociabilidade dos indivíduos em relação aos compromissos 
estabelecidos de acordo com os sistemas de valores introduzidos pela sociedade. O tempo sociocultural 
depende das relações com os grupos sociais dos quais fazermos parte. 
Desse modo, ele pode ser heterocondicionado ou autocondicionado. Essa tipologia é marcada 
por encontros sociais como festas de aniversário, batizados, casamentos, assim como reuniões ou 
confraternizações na escola, na igreja, entre outros espaços nos quais construímos nossas relações sociais.
1.3.3 Tempo livre
Figura 7 – Tempo disponível
O tempo livre se refere ao tempo social em que os indivíduos voltam-se para a realização de atividades 
criativas e desinteressadas, livres das obrigações.
De acordo com esses três tipos de manifestação de tempo social apresentados por Munné 
(psicobiológico, sociocultural, livre). Ansarah complementa que:
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Unidade I
De acordo com essa classificação, o tempo de vida natural ou biológico 
é aquele dedicado à satisfação das necessidades vitais do homem, ou 
seja: dormir, alimentar-se, funções fisiológicas e de asseio pessoal. O 
tempo de trabalho é utilizado para as atividades remuneradas destinadas 
à sobrevivência material. Já o tempo dedicado às atividades familiares e 
sociais é classificado como aquele situado entre o tempo de trabalho 
e o tempo livre. Finalmente, o tempo livre é o tempo empregado para 
desfrutar do lazer, ou seja, o tempo dedicado ao descanso, à distração, ao 
entretenimento, ou, mesmo, às atividades para aumentar o conhecimento 
(ANSARAH, 1990, p. 86).
De acordo com Acerenza (1968), o tempo livre de que os indivíduos disponibilizam para o exercício do 
lazer pode ser dividido em três categorias: após o trabalho, de fim de semana e em feriados, e nas férias.
1.3.4 Tempo livre após o trabalho
Figura 8 – Happy hour
Após o trabalho e depois do cumprimento de suas necessidades biológicas e compromissos, as 
pessoas podem buscar o entretenimento dentro ou fora de casa, fazendo atividades como assistir à 
televisão, ouvir música, ir ao teatro, ao cinema, a um centro cultural, ler um livro, participar de um 
happy hour com os colegas do trabalho ou praticar atividades físicas ou esportivas.
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1.3.5 Tempo livre de fim de semana/feriado
Figura 9 – Família passeando no parque
Pode-se optar por atividades recreativas e esportivas em parques ou clubes na própria cidade ou 
bairro e até por turismo de curta duração em deslocamentos de pequena distância intermunicipais e 
interestaduais. É possível verificar na prática que, aos sábados, domingos e feriados, os espaços de lazer 
público e privados são tomados para o desenvolvimento de diferentes atividades gratuitas ou pagas.
1.3.6 Tempo livre de férias
Figura 10 – Passeio turístico em Veneza
Durante as férias, amplia-se a dedicação às atividades mencionadas e ainda se amplia a possibilidade 
do exercício do turismo como atividade de lazer. As viagens de média e longa duração pelo próprio país 
ou para países diferentes contribuem para a escapatória das agressões do cotidiano dos grandes centros 
urbanos, assim como possibilitam diferentes experiências sociais e culturais.
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Unidade I
2 ORÇAMENTO-TEMPO
Qual é o tempo diário, semanal e anual que temos para o lazer? Quanto tempo disponibilizamos 
para o exercício de atividades que nos beneficiam de forma voluntária e desinteressada? A técnica para 
estudar como as pessoas gastam seu tempo é chamada de orçamento-tempo.
Figura 11 – Ampulheta: artefato para medir o tempo
A seguir incluímos um exemplo de cálculo de orçamento-tempo, usando as seguintes variáveis:
TL: Tempo livre 
Tto: Tempo total 
Tpb: Tempo psicobiológico
Tt: Tempo do trabalho
Tsc: Tempo sociocultural
Durante a semana:
TL = Tto – (Tpb + Tsc + Tt)
TL = 24 h – (9 h + 2 h + 9 h)
TL = 24 h – 20 h
TL = 4 h
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Durante o final de semana:
TL = Tto – (Tpb + Tsc + Tt)
TL = 24 h – (9 h + 4 h + 0 h)
TL = 24 h - 13 h
TL = 11 h
O exemplo anterior apresenta o cálculo do tempo livre que uma pessoa tem disponível durante a 
semana e no final de semana. Dependendo de alguns fatores, como a dinâmica das cidades, os meios 
de transporte, a quantidade de horas de sono, o tempo de deslocamento, as pressões do trabalho, entre 
outros, o tempo livre durante a semana pode aumentar ou se fragmentar. 
Muitas vezes a correria resultante dos afazeres e compromissos é tanta que as quatro horas 
(conforme o exemplo do cálculo anterior) de tempo livre se diluem, restringindo as atividades de lazer 
que podem ser praticadas. Desse modo, é aos finais de semana que temos mais tempo disponível para 
exercer diferentes atividades de acordo com a nossa liberdade de escolha. Esse tipo de estudo foi muito 
usado no início do século XX para buscar compreender como as pessoas utilizavam o seu tempo em um 
contexto marcado pela industrialização.Porém, na atualidade, essa liberdade de fazer o que se quer é ameaçada constantemente pelo 
consumismo, que coisifica e empobrece o seu significado. Consome-se o lazer, mas não há uma 
significação da experiência capaz de melhorar evidentemente a qualidade de vida. 
 Observação
A compreensão sobre o que é qualidade de vida envolve inúmeros 
campos do conhecimento. Trata-se de um termo interdisciplinar, pois 
envolve aspectos biológicos, políticos, econômicos, sociais (dentre os quais 
se destaca o lazer), entre outros, e encontra-se em constante inter-relação.
Em nossa sociedade atual, desde a infância, somos condicionados a exercer uma atividade social 
predominante: o trabalho. “O que você vai ser quando crescer?” é o tipo de pergunta que já nos fazem 
desde que somos muito novos. 
 Lembrete
Para Dumazedier (1974), o lazer é a prática fora das obrigações sociais 
em um tempo variável quanto à sua forma e conforme a intensidade das 
atividades profissionais. O lazer está voltado, como vimos, para o descanso, 
a diversão e o desenvolvimento. 
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Unidade I
O sociólogo Renato Requixa (1977, p. 11), por sua vez, entende o “lazer como uma ocupação 
não obrigatória, de livre escolha do indivíduo que a vivencia e cujos valores propiciam condições de 
recuperação e de desenvolvimento pessoal e social”.
Nesse sentido, Nelson Carvalho Marcellino (1987) nos apresenta o lazer como atividade 
desinteressada, libertatória e sem fins lucrativos, pois acredita que, para alcançar o lazer, seja 
necessária a eliminação de barreiras sociais, a fim de que ele seja encarado como um direito de 
todos os cidadãos, e não mais como uma atividade segregadora. Por isso, o autor considera a 
necessidade de uma democracia política e econômica para que o lazer realmente se desenvolva.
Já Luiz Octávio de Camargo entende que “as atividades de lazer são, pois, desinteressadas, libertatórias, 
escolha pessoal, na busca de algum prazer” (CAMARGO, 1986, p. 34). De acordo com as contribuições do 
autor, as atividades de lazer podem ser centradas em diferentes ações: praticar, assistir e estudar.
2.1 Praticar, assistir, estudar
Figura 12 – O hábito da leitura
Em todas as áreas culturais do lazer, são possíveis três atitudes sob a forma de lazer: praticar, 
assistir ou estudar um assunto. Ou seja, independentemente de ser uma atividade esportiva ou 
cultural, podemos encontrar indivíduos que praticam, assistem ou estudam temas sem que seja 
obrigação fazê-lo. 
Por exemplo: há pessoas que praticam o teatro, outras que assistem a filmes e outras que 
estudam por meio de cursos ou eventos. Essas atitudes não são isoladas, uma vez que podem 
ser combinadas.
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2.1.1 Atividades físicas 
Figura 13 – Mulheres praticando futebol
Atividades físicas são, por exemplo, caminhadas, ginástica e os mais diferentes esportes que podem 
ser executados de maneira formal ou informal em espaços planejados para a sua prática, como academias, 
estádios ou quadras. Também podem ser exercidos em espaços improvisados, como ruas, casas e praias.
Há diferentes interesses que se associam ao lazer nas práticas esportivas, tais como interesse estético, 
contemplação da natureza, estabelecimento de relacionamentos etc. – isso depende especificamente de 
cada pessoa.
2.1.2 Atividades manuais
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Unidade I
As atividades manuais são aquelas ligadas ao prazer de manipular, explorar e transformar. Elas vão 
desde cultivar flores e hortaliças, praticar artesanato, consertar e desmontar aparelhos até fabricar 
objetos como estantes, mesas, entre outros.
A criação com as mãos representa a expressão de uma capacidade reprimida, que foi substituída 
por empresas e fábricas. A expressão gestual das mãos, assim como a prática de transformar, assegura 
a liberdade de criação.
2.1.3 Atividades artísticas
Figura 15 – Grafite 
Com relação aos interesses de práticas artísticas, destaca-se a importância do imaginário e da 
capacidade de sonhar, de encantar-se, assim como da busca do belo, que se refere a atividades eruditas 
e populares relacionadas à arte, ao teatro, ao cinema e à literatura.
As atividades artísticas compõem as diversas expressões culturais da humanidade e não podem ser 
olhadas apenas na perspectiva erudita. A cultura popular também é fonte criadora de ricas manifestações 
como a música, a dança, a escultura e as pinturas.
2.1.4 Atividades intelectuais
Figura 16 – Leitura 
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As atividades intelectuais compreendem aquelas que promovem conhecimento, informação 
e aprendizagem. O lazer pode promover o exercício do conhecimento e a satisfação da curiosidade 
intelectual por meio de diferentes atividades, como a leitura de um livro ou de uma revista.
2.1.5 Atividades associativas
Figura 17 – Dança tradicional
Em todas as atividades de lazer, há um forte conteúdo de sociabilidade expresso nas relações entre 
amigos, familiares e colegas do trabalho. As atividades associativas são aquelas voltadas aos interesses 
culturais dirigidos ao contato das pessoas – desde atividades como passear com os filhos ou visitar 
amigos e parentes até frequentar associações e movimentos culturais e comunitários. 
2.1.6 Atividades turísticas
Figura 18 – Turismo na cidade do Rio de Janeiro
Destaca-se o interesse cultural dos indivíduos que buscam o turismo como uma das possíveis 
atividades de lazer. Conhecer novos lugares, paisagens e estilos de vida promove a alteração da rotina. 
Utilizando o tempo livre dos finais de semana, feriados e férias, o indivíduo busca ritmos opostos àqueles 
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Unidade I
exercidos no cotidiano, paisagens de sol, céu e água, assim como o consumo de alimentos e bebidas 
diferentes e artesanato.
O setor econômico do turismo, por meio da produção e comercialização de roteiros turísticos 
internacionais, não dá conta de atender a suas implicações.
Os pacotes turísticos padronizados, assim como fórmulas de viagens, estão sendo atualmente 
questionados por valorizarem apenas a questão econômica e restringirem o conhecimento cultural e 
social das cidades, transformadas em verdadeiros cenários onde há uma encenação da realidade, em 
detrimento das experiências culturais e sociais e, consequentemente, dos seus impactos. 
O turismo de massa também promove impactos físicos negativos por meio da construção impessoal 
de meios de hospedagem que não respeitam a paisagem local, que desprezam a mão de obra nativa 
e que provocam danos ambientais como a poluição e a deterioração de mares, rios, ruas, além de 
vegetação e flora nativas.
Contudo, há iniciativas por meio da manifestação de outras formas de turismo, como o comunitário e o 
social, que valorizam a comunidade local e as trocas que podem ser estabelecidas na atividade turística.
O turismo social é uma crítica às atividades turísticas convencionais desenvolvidas e comercializadas 
por grandes corporações. Ele compreende a criação de equipamentos físicos compatíveis com a realidade 
local, que operem em sintonia com a paisagem e sejam geridos pela população local.
Também são valorizados diferentes pontos de interesse que evitem a concentraçãode grandes 
massas poluidoras. O turismo social, além disso, valoriza o artesanato local, assim como o custo mais 
baixo, fortalecendo todo um potencial de valorização das paisagens e dos seres humanos.
2.2 O lazer como direito: principais marcos regulatórios
Figura 19 – Principais documentos e diretrizes sobre o lazer 
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EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA
A conquista do lazer na trajetória da humanidade provocou a geração de marcos regulatórios. 
A criação de leis e documentos internacionais – por exemplo, declarações e convenções – teve 
como objetivo sensibilizar governos de vários países para apoiar as iniciativas voltadas ao lazer. 
A constituição desses marcos regulatórios não provocou efeitos práticos imediatos, porém foi 
importante para o início dos debates voltados a discutir o lazer como direito de todos, e não apenas 
privilégio de alguns. 
Um dos primeiros esforços nesse sentido foi a Declaração Universal de Direitos Humanos, que 
aponta, no artigo 24, que “Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive à limitação razoável 
das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas” (ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS, 
1948). No artigo 27, além disso, o documento destaca que “Toda pessoa tem direito de participar 
livremente da vida cultural da comunidade, de fruir das artes e participar do progresso científico e de 
seus benefícios” (ibidem).
O período pós-Segunda Guerra foi importante para o incentivo do lazer. Uma década depois da 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1959, são promulgados os direitos da criança (UNICEF, 
1989), assim como, posteriormente, em 1978, reconhece-se o direito à prática esportiva, por meio da 
Carta Internacional de Educação Física e Esportes (UNESCO, 1978).
Posteriormente, houve outros documentos que reconheciam a importância das práticas esportivas, 
inclusive para mulheres, conforme a Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
Contra a Mulher, de 1979, ratificada pelo Brasil em 1984. O documento também ressaltava a necessidade 
dos governos de promoverem a igualdade de condições para a prática do lazer e dos esportes.
Na década de 1990, foram criados documentos que salientavam a importância social e política 
das atividades de lazer. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU, 2009), o lazer é um 
dos cinco itens mais relevantes para todos os indivíduos da sociedade, é um direito, assim como 
a alimentação, a educação, a saúde e a habitação. Um exemplo disso é a Convenção sobre os 
Direitos da Criança (1989), destacando que toda criança tem direito ao descanso e ao lazer, ao 
divertimento e às atividades recreativas da própria idade, bem como à livre participação na vida 
cultural e artística. O direito e a prática do lazer na infância estão vinculados à aquisição de 
hábitos saudáveis e à permanência destes na vida adulta.
As conquistas trabalhistas e a valorização do tempo livre são grandes ganhos, mas ainda não são 
suficientes: o direito ao lazer continua fazendo parte da luta de vários segmentos sociais.
Podemos dizer que o surgimento das atividades de lazer como prática e direito a ser conquistado 
acompanham também o crescimento de inúmeros movimentos sociais. Conforme Vieira (2000): 
As lutas pela liberdade e igualdade ampliaram os direitos civis e políticos da 
cidadania, criaram os direitos sociais, os direitos das chamadas minorias – 
mulheres, crianças, idosos, minorias étnicas e sexuais e, pelas lutas ecológicas, 
o direito ao meio ambiente sadio (VIEIRA, 2000, p. 39-40).
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 Observação
A cidadania pode ser entendida como o exercício dos direitos e deveres civis, 
políticos e sociais. Esses direitos e deveres são estabelecidos na Constituição do 
país. No caso, referem-se à cidadania brasileira. Os direitos e os deveres estão 
interligados, e o cumprimento de ambos, assim como o respeito à cidadania, 
contribuem para uma sociedade mais justa e equilibrada.
A sociedade industrial, ao reunir os indivíduos em cidades para trabalhar nas fábricas, provocou e 
mobilizou lutas e ações para uma melhor qualidade de vida dos operários. 
“O trabalho ou a exploração do trabalho não era a única situação comum dos habitantes das cidades. 
Outros segmentos da população, ligados por situações peculiares difíceis, passaram a encontrar-se, a 
reunir-se e a buscar soluções para encaminhamento de reivindicações comuns” (CAMARGO, 1986, p. 54-55).
Um dos exemplos que podemos citar foi a luta das mulheres operárias. Elas representavam parte da 
mão de obra fabril. As indústrias pagavam-lhes salários mais baixos em relação aos dos homens com a 
justificativa de que a população feminina não estava preparada para o trabalho.
Embora o movimento de mulheres registre, historicamente, como sua 
primeira reivindicação, o direito do voto, até então exclusivo aos homens, 
a palavra de ordem que conferiu identidade ao movimento foi a luta pela 
igualdade de direito de acesso ao trabalho e de sua remuneração. Com o 
passar do tempo, as mulheres perceberam que a reivindicação da igualdade 
de direito ao trabalho, se isolada, era uma armadilha: na realidade, elas 
estavam reivindicando o direito a uma dupla jornada de trabalho, a 
profissional, à qual acediam, e a doméstica, que tradicionalmente lhes era 
legada [...] A mulher trabalhadora é prejudicada no seu tempo livre em 
relação ao homem (CAMARGO, 1986, p. 55).
O movimento de mulheres, atualmente, tem na sua luta a igualdade e a justiça em relação ao homem, na 
totalidade de seus tempos sociais, seja em relação ao trabalho profissional, seja em relação ao direito ao lazer.
Figura 20 – O rosto feminino 
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O movimento jovem também é caracterizado como irreversível na perspectiva social, cultural e 
política. A presença do jovem na luta pelo seu espaço na sociedade, desse modo, ainda é uma questão 
atual, pois é um movimento em constante construção, principalmente com relação ao direito ao lazer.
Mesmo quando os jovens lutam por uma maior participação política ou na 
gestão de escolas e universidades, pode-se vislumbrar uma dimensão de 
lazer: no fundo eles exigem uma sociedade gerida segundo seus modelos de 
lazer, mais autêntica, menos autoritária, menos guiada pelo “a-vida-é-assim-
mesmo” dos adultos, ditos responsáveis, e mais baseada na inventividade 
e no prazer extraídos dos modelos de prática convivial de lazer que eles, 
jovens, dominam (CAMARGO, 1986, p. 58).
Um dos problemas encontrados em muitas cidades, sejam elas grandes, médias ou pequenas, é a 
falta de disponibilidade de ações e políticas de lazer para os jovens, principalmente a juventude das 
regiões periféricas de cidades brasileiras e internacionais, que cotidianamente é marginalizada e tratada 
de forma violenta (física e simbólica), não tendo acesso às mesmas oportunidades de outros jovens 
pertencentes a outras camadas sociais. 
Ao discutirmos a questão do lazer na juventude, é importante compreendermos os aspectos da 
identidade. A dimensão da cultura e consequentemente do lazer surge como espaço privilegiado de 
práticas e representações simbólicas capazes de demarcar a identidade juvenil por meio de diversas 
linguagens artísticas, como a música, a dança e outras expressões culturais. O incentivo e o acesso 
igualitário a elas possibilitam ao jovem se expressar e se inserir socialmente no mundo. Nesse sentido, 
é importante analisar as diferentes expressões culturais vivenciadas pelos grupos e estar atento a elas. 
A valorização da indústriacultural para o público jovem muitas vezes está centralizada no consumo, 
porém é importante destacar os movimentos de questionamento, que possibilitam a construção de novos 
espaços e novas formas de sociabilização e estímulo de atividades de valorização individual e coletiva.
Outra faixa etária importante a ser destacada nas discussões sobre o direito ao lazer é a dos idosos. Para 
Acosta e Pacheco (2013), o envelhecimento da população está articulado com diversas mudanças nas cidades 
ao longo do tempo, como o surgimento de espaços, serviços e atendimento voltados ao público idoso.
A introdução da aposentadoria, somada ao aumento da esperança de vida, possibilitou aos indivíduos 
mais velhos, já fora do mercado de trabalho, um maior tempo livre. As reivindicações surgiram no 
vislumbramento de vivências a serem aproveitadas, já que muitos idosos envelheceram gozando do uso 
pleno de sua capacidade física e psicológica. 
O envelhecimento da população já é uma realidade, e, logo, as atividades de lazer devem também se 
voltar para o atendimento dessa faixa etária.
O peso demográfico no conjunto da população urbana propiciou condições 
de encontro, de intercâmbio e de associação com reivindicações, de início, 
ligadas a melhores condições financeiras de aposentadoria e até mesmo a 
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Unidade I
uma nova oportunidade de trabalho, do direito a serem reconhecidos como 
indivíduos integrais, com o mesmo direito de decidirem sobre sua vida afetiva 
e sobre a forma como ocupam o tempo livre existencial de aposentadoria 
(CAMARGO, 1986, p. 60).
Os idosos representam os grupos de lazer, pois possibilitam novas modalidades de atividades 
intelectuais, manuais, artísticas e físicas para esse público não só envolvendo equipamentos, mas 
também ações que favorecem envelhecer com alegria e dignidade.
 Saiba mais
Indicamos os dois filmes a seguir. O primeiro apresenta diferentes 
formas de expressão da infância e o segundo demonstra a velhice tanto em 
seus aspectos positivos quanto nos limitadores.
AMOR. Dir. Michel Haneke. Áustria; França; Itália: Les Films du Losange, 
2012. 127 minutos.
CRIANÇAS invisíveis. Dir. Mehdi Charef; Emir Kusturica; Spike Lee; Kátia 
Lund; Jordan Scott; Ridley Scott; Stefano Veneruso; John Woo. França; 
Itália: MK Film Productions S.r.l., 2005. 124 minutos. 
Independentemente da faixa etária, é necessário considerar um conjunto de fatores ligado ao 
contexto cultural no qual os indivíduos estão inseridos. Os contextos culturais em que diferentes grupos 
sociais vivem e se relacionam são diversos, logo suas opções e atividades de lazer também o são. 
Nos centros 
urbanos?
Nos bairros 
pobres?
Para os 
empresários?
Para os 
trabalhadores?
Nas áreas 
rurais?
Nos bairros 
ricos?
Como é o 
lazer
Figura 21 – Questionamentos sobre como é o lazer
Como vimos representado na figura anterior, há diferentes fatores que podem determinar a prática do 
lazer, assim como os hábitos e costumes de lazer em diferentes grupos sociais devem ser compreendidos 
e analisados. O que faz as pessoas irem ou não a um museu? Por que ir ou não a um baile funk? Por que 
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muitas pessoas assistem à televisão ou passam seu tempo diante do computador em seu tempo livre? 
Crianças, homens, mulheres, jovens ou idosos: onde podem exercitar as suas atividades de lazer?
É importante, além disso, lembrar que o lazer voltado para diferentes públicos se manifesta em 
diferentes tipos de espaço, questão que abordaremos na sequência.
2.2.1 A casa
A residência é um equipamento de lazer. É o espaço doméstico. Além da comodidade, o lazer doméstico 
vem sendo desenvolvido não só pelo crescimento da indústria de entretenimento, mas também por 
produtos diferenciados oferecidos pelo serviço de TV a cabo, por jogos eletrônicos e também por espaços 
de lazer. 
O lazer no âmbito doméstico pode ser muito positivo no desenvolvimento de atividades como 
fazer trabalhos manuais, cultivar plantas e flores e tocar um instrumento musical. A deficiência 
dos serviços públicos voltados ao lazer, assim como a questão da segurança, incentiva a prática 
do lazer doméstico. 
Há muitas polêmicas em relação ao lazer doméstico: a primeira delas é com relação à qualidade das 
atividades desenvolvidas. O lazer doméstico seria menos rico do que o lazer obtido fora de casa? 
Figura 22 – O lazer doméstico
2.2.2 Ruas e bares
A rua é um espaço importante de sociabilização. Com a construção das cidades, as ruas surgiram 
para atender às necessidades de contemplação e de encontros. A invenção do automóvel e os 
poucos investimentos em transporte público de qualidade ameaçam a ocupação das ruas pelas 
pessoas cotidianamente nos grandes centros urbanos. Por exemplo, prioriza-se, em muitos centros 
urbanos, o carro, em vez do transporte público ou de outros meios de transporte menos poluentes, 
como as bicicletas.
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É importante incentivar a ocupação das ruas como um espaço nato para atividades de lazer. A 
rua proporciona a oportunidade de ver e ser visto, observar as paisagens naturais e as construções 
humanas, é um lugar propício para encontros. Em alguns municípios, aos finais de semana, a rua é 
fechada para a circulação de carros e aberta para as atividades de lazer, desde atividades esportivas 
e brincadeiras até atividades culturais como teatro de rua, feiras de artesanato e apresentações 
musicais ou de dança.
Figura 23 – Pessoas andando na rua
Já os bares podem ser considerados estabelecimentos que não se limitam a comercializar produtos e 
serviços de bebidas e alimentação, pois se configuram como locais de encontro com o outro. Os roteiros 
de lazer nas cidades sempre os incluem em sua programação, não só pelo cardápio, mas também pelo 
ambiente, que favorece atividades lúdicas como jogos e música. Com a comercialização de bebidas 
alcoólicas, contudo, esses estabelecimentos frequentemente sofrem com os abusos cometidos por quem 
os usufrui.
Os bares também são prejudicados, muitas vezes, por não colaborarem com a circulação das pessoas 
ou ainda pela poluição sonora e outros excessos e transtornos que podem comprometer as boas relações 
com a vizinhança. Apesar disso, contribuem com as atividades de socialização e descontração. 
Esses estabelecimentos podem evoluir, promovendo diversas atividades culturais, como exposições 
de arte e lançamentos de livros e álbuns musicais. 
Com relação ao melhor aproveitamento do espaço da cidade, a proibição de circulação de carros e a 
introdução de calçadões por parte do poder público, por exemplo, são medidas que podem favorecer os 
valores culturais e sociais da cidade.
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Figura 24 – O bar como local de encontro de pessoas
2.2.3 Centros culturais
São estabelecimentos que podem ser planejados e implantados para alcançar diferentes classes 
sociais. Os investimentos são ou deveriam ser voltados não só para a construção, como também para 
a manutenção e animação do espaço. Para isso, são necessárias políticas culturais que promovam 
programações de lazer e cultura que atendam às necessidades da população e, assim, que sejam por ela 
percebidas e usufruídas. 
As práticas culturais devem ser alinhadas ao público e anualmente distribuídas entre manutenção, 
reformas, reposição de materiais e divulgação. Os espaços devemser introduzidos não só nas áreas 
centrais, mas também nas áreas periféricas, para que a população tenha acesso a eles.
Figura 25 – Lazer em espaços culturais
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2.2.4 Praças e parques
As áreas verdes não só são importantes para fins paisagísticos e para deixar a cidade mais bonita e 
agradável, mas também podem significar espaços de encontro e participação, bem como de benefícios 
à saúde, melhorando a qualidade do ar. 
Os parques e praças são espaços que incentivam atividades esportivas de baixo impacto, como 
caminhadas, e o exercício da brincadeira, para crianças. Contadores de histórias, rodas de capoeira, 
apresentações musicais, oficinas de educação ambiental, e saraus são elementos que podem valorizar o 
lazer nessas áreas.
Figura 26 – Músicos tocando na praça
 Saiba mais
O livro que indicamos a seguir apresenta uma série de estudos 
antropológicos sobre as diferentes práticas de lazer na cidade de São Paulo:
MAGNANI, J. G.; TORRES, L. L. (Org.). Na metrópole: textos de antropologia. 
São Paulo: Edusp, 2000.
Procure, além disso, o filme a seguir, que aborda as relações e práticas 
de lazer de diferentes pessoas, apresentando fatores difíceis e limitadores 
de barreiras sociais:
O GOSTO dos outros. Dir. Agnès Jaoui. França: Canal+, 2000. 112 minutos.
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3 HOMO FABER X HOMO LUDENS
De acordo com Luiz Octávio de Camargo (1998), nós, seres humanos, somos sempre faber e ludens, 
mas não ao mesmo tempo. “Divertir-se trabalhando ou trabalhar divertindo-se é, em tese, o objetivo de 
todos, mas, na prática, uma exceção válida apenas para muito poucos em muito poucas circunstâncias” 
(CAMARGO, 1998, p. 22).
Porém entender o faber e o ludens nos leva a compreender melhor as nossas relações tanto com o 
tempo do trabalho quanto com o tempo de lazer.
3.1 O homem que trabalha
Figura 27 – “Homens trabalhando”
Para Camargo (1998), como faber, a humanidade, em todas as épocas, teve de ser disciplinada, tensa, 
produtiva, bater metas, ações totalmente contrárias ao divertimento. Foi, assim, adquirindo gestos e 
postura para alcançar bom desempenho em suas atividades profissionais. 
Os gestos e as ações são mais contidos, tanto no jeito de falar quanto na forma de nos relacionarmos 
com os colegas. Existe uma rigidez na postura profissional em sua totalidade: na aparência pessoal, no 
vestuário, na etiqueta e nos comportamentos profissionais. O que é e o que não é permitido: o que o 
chefe, a empresa e os colegas pensarão de você? Há um esforço constante de construção do profissional 
ideal, que tenha uma imagem positiva perante a empresa e o mercado.
As exigências do ambiente profissional fazem as pessoas manterem uma postura mais rígida. 
Enquanto se trabalha, deve-se estar atento aos fatos externos que possam interromper ou prejudicar 
seu trabalho. Nos dias atuais, com o enxugamento das empresas em relação ao número de empregados, 
há um acúmulo de funções: o trabalho que deveria ser feito por três, na maioria das vezes, é feito por 
uma única pessoa. Há sempre uma tarefa atrasada ou no limite do prazo de entrega. 
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Aumentam, assim, as tarefas, as tensões e as doenças ocasionadas pelas atividades laborais. O 
trabalho é um dos elementos que mais interferem na qualidade de vida. Muitas reivindicações dos 
trabalhadores estão diretamente relacionadas a um ambiente de trabalho saudável. 
As doenças relacionadas ao trabalho já eram conhecidas pela Organização Internacional do Trabalho 
(OIT) desde o início do século XX. Em nosso País, a Constituição Federal de 1988 moveu o assunto Saúde 
do Trabalhador do Campo do Direito do Trabalho para o Direito Sanitário, entendendo que a saúde não 
pode ser negociada, e sim garantida de forma integral. 
Infelizmente, na prática, são muitos os problemas relacionados à saúde do trabalhador. 
Grandes empresas preservam e aumentam seus lucros ainda nas condições precárias que são 
oferecidas ao trabalhador.
Segundo dados da OIT, divulgados em 2013:
• 2,02 milhões de pessoas morrem todo ano devido a enfermidades relacionadas com o trabalho.
• 321 mil pessoas morrem a cada ano como consequência de acidentes no trabalho.
• 160 milhões de pessoas sofrem de doenças não letais relacionadas com o trabalho.
• 317 milhões de acidentes laborais não mortais ocorrem todo ano.
• A cada 15 segundos, um trabalhador morre de acidentes ou doenças relacionadas com o trabalho.
• A cada 15 segundos, 115 trabalhadores sofrem um acidente laboral.
De acordo com o Ministério da Previdência Social, as doenças que mais causaram o afastamento do 
trabalho entre 2000 e 2011 foram:
• dor nas costas;
• joelhos machucados;
• hérnia inguinal;
• depressão;
• mioma uterino;
• varizes;
• doença isquêmica do coração;
• hemorragia no início da gravidez;
• câncer.
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Além das predisposições, muitas vezes as doenças podem ser desencadeadas pelas más condições do 
ambiente de trabalho, o que vem forçando muitas empresas a repensar e mudar suas ações na prática 
quando se trata da saúde de seus trabalhadores.
 Saiba mais
Sobre o papel do trabalho, leia:
LAFARGUE, P. O direito à preguiça. São Paulo: Hucitec, 2000. 
3.2 O homem que se diverte
Figura 28 – Passeio no parque
O Homo ludens tem como característica o relaxamento, é contrário à rotina e à disciplina, 
apresenta uma receptividade a se divertir. Sobressai no ludens a espontaneidade na expressão 
de atividades. 
No momento de lazer, o crachá não vale. O que vale é o que temos de 
mais pessoal, a espontaneidade. Ser divertido, saber contar piadas, tocar 
um instrumento musical, cantar, no caso de pessoas mais extrovertidas, ou 
simplesmente saber deixar-se ficar degustando o momento presente, no 
caso de pessoas mais introspectivas: essas são as qualidades necessárias 
(CAMARGO, 1998, p. 23).
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Unidade I
A seguir incluímos músicas que apresentam a realidade da infância:
Palavra Cantada – Criança não Trabalha
Lápis, caderno, chiclete, pião
Sol, bicicleta, skate, calção
Esconderijo, avião, correria, tambor, gritaria, jardim, confusão
Bola, pelúcia, merenda, crayon
Banho de rio, banho de mar, pula-sela, bombom
Tanque de areia, gnomo, sereia, pirata, baleia, manteiga no pão
Giz, merthiolate, band-aid, sabão
Tênis, cadarço, almofada, colchão
Quebra-cabeça, boneca, peteca, botão, pega-pega, papel, papelão
Criança não trabalha, criança dá trabalho
Criança não trabalha...
Lápis, caderno, chiclete, pião
Sol, bicicleta, skate, calção
Esconderijo, avião, correria, tambor, gritaria, jardim, confusão
Bola, pelúcia, merenda, crayon
Banho de rio, banho de mar, pula-sela, bombom
Tanque de areia, gnomo, sereia, pirata, baleia, manteiga no pão
Fonte: Antunes; Tatit (2005).
Palavra Cantada – Agenda Infantil
Segunda-feira tenho aula de inglês
Na terça-feira curso de computação
Na quarta-feira faço uma terapia
Que me dá muita preguiça
Não tenho problema não
Na quinta-feira dia de ortodontista
Na sexta-feira é minha recuperação
Até no sábado acordar às sete horas
Pra treinar na minha escola
Capoeira e natação
Eu já falei pra minha mãe milhões de vezes
Meu Deus do céu eu não sou relógionão
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EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA
Eu sou criança e criança nessa idade
Quer brincar bem à vontade
Sem ter tanta obrigação
Eu já falei mamãe mil vezes
Além de tudo tem um monte de lição!
Eu sou criança e criança nessa idade
Quer brincar bem à vontade
Sem ter tanta obrigação
Fonte: Agenda... (2014).
As músicas do grupo Palavra Cantada revelam um dos aspectos mais corriqueiros que se 
refletem na questão do tempo livre e na necessidade de brincar da criança na atualidade. Isso 
ocorre devido à competitividade. A criança é, cada vez mais cedo, apresentada ao Homo faber, 
seja na brincadeira, seja na noção de “dever” que vai assimilando, assim como, cada vez mais 
cedo, é apresentada à agenda de atividades. Além disso, em muitos lugares do mundo e do Brasil, 
crianças são exploradas cada vez mais cedo, trabalhando em condições precárias e insalubres, 
como ocorria na Revolução Industrial. 
O sistema educacional prepara desde muito novas as crianças, que depois se tornam jovens a se 
submeterem ao vestibular e ingressarem no mundo do trabalho. Não basta ir à escola: a sociedade do 
trabalho impôs e criou necessidades de ocupar o tempo do brincar com cursos extracurriculares como 
idiomas, informática, entre outras opções existentes.
Adultos ou crianças, no decorrer da história, eram basicamente ludens. Conforme as transformações 
ocorridas na sociedade, com a sofisticação de objetos e aparatos comunicacionais, assim como com a 
mudança nos modos de produção, passaram a desenvolver o faber.
Contudo, é preciso ser ludens. Afinal, o que buscamos na diversão? Para Camargo (1998), são quatro 
as grandes motivações para toda e qualquer diversão:
• Aventura: é do ser humano a descoberta, a revelação do mistério. O livro, o filme, a partida de 
futebol, a festa são exemplos de como exercitamos a busca de aventura. Ao viajar, buscamos um 
novo lugar para conhecer, novos costumes, novas pessoas, novas formas de nos alimentar e de 
ser e estar no mundo. Somos também motivados pelo novo. A experiência lúdica da aventura tem 
como base a curiosidade, o desenvolvimento da inteligência abstrata e prática.
• Competição: a palavra não significa necessariamente disputa com o outro, pois pode ser entendida 
como disputa contra si, ser melhor do que da última vez. O competir com o outro não significa 
aprender a esmagar o adversário. O esporte é o maior exemplo de como podemos praticar o 
perder e o ganhar na vida; ao estabelecer uma relação com o outro, podemos estabelecer desafios 
para nós mesmos.
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Unidade I
• Vertigem: refere-se à capacidade de se deixar levar, correr riscos: o escorregador, a 
montanha-russa, os jogos virtuais, a fascinação pela velocidade.
• Fantasia: é o devaneio, o pensamento sem amarras, a imaginação que pode ser despertada nas 
artes plásticas, na literatura, no cinema, no teatro, na música. A capacidade de imaginar possibilita 
a oportunidade de ver o mundo e as situações de diferentes formas e ângulos.
Podemos dizer que a mesma atividade de lazer pode atender a diferentes motivações, o que nos 
possibilita pensar e refletir sobre como o lazer é fundamental para o exercício do lúdico. Isso porque 
o lúdico é importante para nos fortalecer para enfrentarmos o cotidiano e os desafios do Homo faber. 
Retomando a discussão de como é importante e enriquecedor brincar na infância, assim como na 
juventude, na vida adulta e na melhor idade, reafirmamos que ter experiências lúdicas criativas por meio 
do lazer possibilita o exercício de viver socialmente e de fazer novas leituras do mundo.
A diversão em nossa sociedade é baseada nas relações de consumo, como veremos mais adiante, 
e, por isso, pode se corromper facilmente e gerar problemas muitas vezes difíceis – até irreversíveis: 
do gosto pela competição pode nascer a violência; do gosto pela aventura, a dependência dos 
jogos de azar; do gosto pela vertigem, o uso compulsivo de drogas químicas e não químicas; da 
fantasia, a paranoia.
Muitas vezes a organização econômica de nossa sociedade globalizada se utiliza dos mais diferentes 
subterfúgios e estratégias para inserir necessidades criadas a fim de promover o consumo. As formas 
concretas ou simbólicas de necessidade/estímulo permanente do consumo podem corromper o lúdico. 
Por exemplo, as propagandas de bebidas, refrigerantes, automóveis e brinquedos utilizam o lúdico para 
promover seus produtos pela diversão. Muitas vezes, o que é imposto, a mensagem, não é se divertir, 
mas sim consumir.
3.3 Integração do faber e do ludens
A seguir veremos uma música sobre lazer:
Arnaldo Antunes – Se assim quiser
Acabou a hora do trabalho
começou o tempo do lazer
você vai ganhar o seu salário
pra fazer o que quiser fazer
O que você gosta e gostaria
de estar fazendo noite e dia
ler, andar, ir ao cinema, brincar com seu neném
e até mesmo trabalhar também
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EDUCAÇÃO FÍSICA INTEGRADA
Quando quiser, se assim quiser
se assim quiser, como quiser
como quiser, quando quiser
Ir de bicicleta ao mercado
escolher um peixe pro jantar
encontrar a namorada ou o namorado
escolher alguém pra visitar
Quando quiser, se assim quiser
se assim quiser, como quiser
como quiser, quando quiser
Fonte: Antunes (2004).
A música de Arnaldo Antunes apresenta o lazer a partir da sua livre vontade, elemento que caracteriza 
o lazer livre e desinteressado. Ainda assim menciona, em seu início, a relação que temos com o trabalho 
como forma de sobrevivência.
A letra da canção menciona algo recorrente quando nos referimos ao mundo do trabalho, 
principalmente às vocações: pessoas trabalhando sem nenhuma motivação ou paixão. Como 
vimos, as doenças físicas e mentais revelam a falta de qualidade no trabalho e a falta de respeito 
ao trabalhador, caracterizando diversos tipos de abuso. Muitas pessoas aguardam ansiosamente 
o horário marcado do relógio para recomeçar a viver, assim como submetem a sua felicidade e 
seus sentimentos de realização ao salário recebido no final de todos os meses. Há uma frustração 
no mercado de trabalho, atividades são malrealizadas porque muitas pessoas não gostariam de 
exercer a profissão na qual atuam.
A sociedade que foi construída tem na sua centralidade o trabalho. Ao ser apresentados a ele, muitas 
vezes muito novos, escolhemos uma profissão para seguir sem descobrir que temos não só uma, mas 
muitas vocações. Quantas pessoas não mudam radicalmente de profissão e buscam outras para se 
sentirem completas e realizadas?
O que é importante considerar ao escolhemos a profissão para que possamos estabelecer uma 
convivência entre o faber e o ludens?
É importante considerar três fatores:
• gosto ou interesse;
• aptidão;
• disposição para enfrentar obstáculos.
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Unidade I
Embora a sociedade nos aponte o trabalho como atividade mais importante, não podemos nos 
esquecer de que o trabalho mais prazeroso do mundo não pode dar conta de toda a nossa necessidade 
existencial. É preciso pensar no trabalho, escolher e buscar a atividade com a qual mais nos identificamos, 
e não aquela que paga melhor. Também no não trabalho, ou seja, no lazer, é imperativo buscar atividades 
que nos favoreçam a satisfação. É preciso ser faber, mas também é necessário ser ludens para que 
possamos nos tornar melhores, embora inacabados.
4 LAZER E ÓCIO NA CONTEMPORANEIDADE: CONCEITOS, CONCEPÇÕES E 
SIGNIFICADOS
Além de

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