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Aula 3 1 Prof. Eliana Gulão Carboidratos Apresentam estreita relação com: Energia Estruturas Celulares Mono- Glicose Ribose Di- Sacarose Lactose Poli- Celulose Amido Sacarídeos 2 Ou oses são os carboidratos mais simples, com fórmula geral CnH2nOn ou Cn(H2O)n, onde n = 2 a 7, e que não sofrem hidrólise. São divididos em Aldoses (contêm o grupo aldeído) e Cetoses (contêm o grupo cetona). De acordo com os valores de carbonos, os monossacarídeos podem ser: trioses (3C), tetroses (4C), pentoses (5C), hexoses (6C) e heptoses (7C). 3 GLICOSE → Carboidrato de maior importância (“combustível” dos tecidos animais e fetal). 4 Um açúcar redutor é qualquer açúcar que, em solução básica, apresenta um grupo livre aldeído ou cetona livres. Todo monossacarídeo, alguns dissacarídeos e oligosacarídeos. Dissacarídeos São oligossacarídeos constituídos por apenas 2 moléculas de monossacarídeos, desta forma, quando submetidos à hidrólise, fornecem 2 oses. Sacarose (glicose-frutose) Lactose (glicose-galactose) Maltose (glicose-glicose) 5 A ligação glicosídica resulta da união de uma das hidroxilas de um monossacarídeo com o H de outro, liberando água. Sua quebra envolve o processo oposto, denominado hidrólise. O CH2OH O OH OH HO H H H H H Frutose O OH HO OH HOCH2 H H H Glicose H CH2OH CH2OH H H H HOCH2 OH HO Sacarose H H H H H HO OH OH CH2OH O OO + H2O ligação glicosídica 6 São compostos originados pela união de algumas moléculas de monossacarídeos (em geral, de 2 a 10 unidades), unidas entre si através de ligações glicosídicas. 7 São macromoléculas formadas pelo encadeamento de várias unidades de monossacarídeos (mais de 10). Exemplos: Amidos podem ser derivados de milho, batata, trigo ou arroz. 8 Se todos os monômeros constituintes são do mesmo açúcar, denominam-se homoglicanas (celulose, amilose, amilopectina). Quando são de diferentes açúcares, denominam-se heteroglicanas (gomas). Características: dissolvem-se com mais dificuldade, têm pouco sabor doce, suas reações são muito mais lentas. 9 ➢ Polissacarídeos formam soluções viscosas por serem grandes moléculas; ➢ Polissacarídeos lineares formam soluções mais viscosas que os ramificados de mesmo peso molecular ➢ Os açúcares livres e os sais podem competir pela água deixando menos quantidade disponível para o polissacarídeo, diminuindo a viscosidade do alimento 10 ➢ O gel é uma rede tridimensional que mantém retida grande quantidade de fase líquida em seu interior ➢ A rede de gel é formada por fibras de polímeros unidos por ligações de hidrogênio, associações hidrofílicas, forças de Van der Waals, ligações iônicas ou covalentes ➢ Propriedade utilizada para modificar a textura e conferir estabilidade aos produtos. 11 Gel formado pelo aquecimento entre carboximetilcelulose e inulina É qualquer material comestível que não seja hidrolisado pelas enzimas endógenas do trato digestivo humano (RDC 360/03). 12 Tipo Componentes Efeito Insolúveis Celulose, lignina, hemicelulose, taninos, produtos de Maillard, ceras e amido resistente Aumento do volume fecal e trânsito intestinal Solúveis pectinas, hemiceluloses, gomas, mucilagens Aumento da viscosidade do conteúdo gástrico 13 Naturais Processadas Frutas, legumes, verduras, cereais integrais Onde ocorre um aumento do teor de fibra alimentar: produtos de panificação, etc. 14 biodisponibilidade da glicose glicemia pós-prandial (determinação dos níveis glicêmicos 1-2h após ingestão calórica) risco de câncer de cólon, reto e gástrico triglicerídios absorção de colesterol 15 16 Meira, et al. (2021) 17 ➢ O aquecimento dos carboidratos produz um conjunto de reações complexas conhecidas como caramelização; ➢ Ocorre principalmente em açúcares redutores na ausência de compostos nitrogenados; ➢ O aquecimento provoca reações de desidratação dos açúcares com introdução de duplas ligações e formação de anéis insaturados; ➢ Essas ligações duplas absorvem a luz e provocam o aparecimento da cor, enquanto os anéis se condensam uns aos outros para produzir polímeros com cor e aroma. 18 ➢ JECF (Expert Committee on Food Additives, FDA) estabeleceu que o corante caramelo é uma complexa mistura de compostos, alguns dos quais na forma de agregados coloidais, fabricados pelo aquecimento de carboidratos, isoladamente ou na presença de ácidos, álcalis ou sais de grau alimentício. ➢ A ANVISA, através do decreto nº 55871/65 define “caramelo” como sendo o produto obtido, a partir de açúcares, por meio do aquecimento a temperatura superior ao seu ponto de fusão e ulterior tratamento indicado pela tecnologia. 19 A velocidade com que se formam aumenta conforme aumenta o pH e a temperatura Os pigmentos podem ser de três tipos: Caramelo de cor parda: aparece quando se aquece a solução de sacarose com bissulfito de amônio. Utilizado nas bebidas tipo cola, bebidas ácidas e em xaropes (pH 2 a 4,5); Caramelo avermelhado: aparece pelo aquecimento da glicose em presença de sais de amônio. Produtos de confeitaria e xaropes (pH 4,2 e 4,8); Caramelo pardo-avermelhado: Obtido quando aquece o açúcar sem sais de amônio. Responsável pela cor malte da cerveja e outras bebidas alcoólicas (pH 3 a 4). O JECFA apresentou em 1978 uma classificação com três classes de caramelo. Posteriormente, a Associação dos Fabricantes Ingleses de Caramelo propôs uma subdivisão em seis tipos: Classe I caramelo simples ou caramelo cáustico – preparado pelo tratamento térmico controlado de carboidratos com álcali ou ácido; Classe II caramelo sulfito cáustico – preparado pelo tratamento térmico controlado de carboidratos com compostos contendo sulfito; Classe III caramelo amônia ou caramelo beer – preparado pelo tratamento térmico controlado de carboidratos com compostos de amônia; Classe IV caramelo sulfito amônia ou caramelo soft drink – preparado pelo tratamento térmico controlado de carboidratos com compostos de amônia e de sulfitos. ➢ Estudos feitos pelo Programa Nacional de Toxicologia dos Estados Unidos mostraram que o 4-Metilimidazol (4-MI), presente no corante caramelo IV, pode causar câncer de pulmão, fígado, tireóide e leucemia. ➢ A Agência de Proteção Ambiental da Califórnia classificou o 4-MI como cancerígeno, e determinou que qualquer produto com concentração maior que 29 microgramas de 4-MI por porção deve informar o possível risco na embalagem. ➢ A ANVISA reconhece oficialmente a Resolução da Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos (CNNPA), do Ministério da Saúde, de que o teor de 4-MI não deve exceder 200 miligramas em cada quilo de alimento. ➢ Propriedades físicas: ➢ Cristalização ➢ Pode gerar defeitos tecnológicos como no sorvete e leite condensado; ➢ Cristais formados são perceptíveis na boca a partir de 16 mm; ➢ Atrasam ou impedem a cristalização: riboflavina (0,25 mg/100g) Propriedades químicas: ➢Propriedades redutoras • Açúcar redutor = reação de maillard; • Hidrólise: enzima lactase • Degradação pelo calor: origina a lactulose (galactose + frutose) = mais doce; A lactulose é um açúcar não absorvível usado no tratamento da constipação e encefalopatia hepática. É usado por via oral para constipação e por via oral ou no reto para encefalopatia hepática. Formação de lactulose após o tratamento térmico Pasteurização do leite: 50 mg/l UHT: 100 – 500 mg/l Leite em pó: 300 – 800 mg/l Ou reação de Maillard, conjunto de reações complexas onde os açúcares podem reagir com as proteínas e produzir pigmentos de cor pardo-escura e modificações no odor e sabor dos alimentos Desejáveis em alguns casos: assados, tostados ou frituras Indesejáveis em outros: escurecimento durante o armazenamento 28 Essas reações foram agrupadas com o nome de E.Ñ.E. (escurecimento não enzimático) por analogia ao outro tipo genérico de escurecimento de frutas provocado por reações de enzimas. Temperatura, tempo, umidade, meio ácido ou alcalino e outros componentes mais susceptíveis provocam a reação. 29 No caso da reação de Maillard, além da cor tem-se a formação do aroma. Reação de Maillard 30 http://www.mundodaquimica.com.br/wp-content/uploads/2012/08/grelhado.jpg 31 ➢ O mel é considerado um dos produtos mais puros da natureza, derivado do néctar e de outras secreções naturais das plantas que são coletadas e processadas pelas abelhas, possibilitando uma nova fonte de alimentação alternativa potencialmente nutritiva e saudável; ➢ Em sua composição possui ácidos orgânicos, flavonóides, enzimas, água, glicose, frutose, sacarose, maltose, sais minerais e vitaminas; ➢ Sua composição varia devido a fontes vegetais das quais ele é derivado, o solo, a espécie da abelha, o estado fisiológico da colônia, o estado de maturação do mel, as condições meteorológicas da colheita, entre outros. Definição: Entende-se por mel, o produto alimentício produzido pelas abelhas melíferas, a partir do néctar das flores ou das secreções procedentes de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas que ficam sobre partes vivas de plantas, que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas próprias, armazenam e deixam madurar nos favos da colmeia (Instrução Normativa Nº 11, de 20 de Outubro de 2000, MAPA). ➢ Mel unifloral ou monofloral: quando o produto proceda principalmente da origem de flores de uma mesma família, gênero ou espécie e possua características sensoriais, físico-químicas e microscópicas próprias; ➢ Mel multifloral ou polifloral: é o mel obtido a partir de diferentes origens florais; ➢ Melato ou Mel de Melato: é o mel obtido principalmente a partir de secreções das partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas que se encontram sobre elas; (Instrução Normativa Nº 11, de 20 de Outubro de 2000, MAPA). Segundo sua apresentação e/ou processamento: ➢ Mel: é o mel em estado líquido, cristalizado ou parcialmente cristalizado. ➢ Mel em favos ou mel em secções: é o mel armazenado pelas abelhas em células operculadas de favos novos, construídos por elas mesmas, que não contenha larvas e comercializado em favos inteiros ou em secções de tais favos. ➢ Mel com pedaços de favo: é o mel que contém um ou mais pedaços de favo com mel; ➢ Mel cristalizado ou granulado: é o mel que sofreu um processo natural de solidificação, como conseqüência da cristalização dos açúcares; ➢ Mel cremoso: é o mel que tem uma estrutura cristalina fina e que pode ter sido submetido a um processo físico, que lhe confira essa estrutura e que o torne fácil de untar. ➢ Mel filtrado: é o mel que foi submetido a um processo de filtração, sem alterar o seu valor nutritivo. (Instrução Normativa Nº 11, de 20 de Outubro de 2000, MAPA). Classificação de acordo com sua obtenção: ➢ Mel escorrido: é o mel obtido por escorrimento dos favos; ➢ Mel prensado: é o mel obtido por prensagem dos favos; ➢ Mel centrifugado: é o mel obtido por centrifugação dos favos. (Instrução Normativa Nº 11, de 20 de Outubro de 2000, MAPA). Mel em favos Mel com pedaços de favo Mel cristalizado Mel cremoso Mel filtrado Características físico-químicas Açúcares redutores: ➢ Mel floral: mínimo 65g/100 g; ➢ Melato ou Mel de Melato e sua mistura com mel floral: mínimo 60g/100 g; ➢ Umidade: máximo 20g/100 g; ➢ Sacarose aparente: Mel floral: Máximo 6g/100g; ➢ Melato ou Mel de Melato e sua mistura com mel floral: máximo 15g/100 g Características físico-químicas Pureza: ➢ Sólidos insolúveis em água: máximo 0,1 g/100 g., exceto no mel prensado, que tolera-se até 0,5 g/100 g., unicamente em produtos acondicionados para sua venda direta ao público; ➢ Minerais (cinzas): máximo 0,6 g/100 g. No melato ou mel de melato e suas misturas com mel floral, tolera-se até 1,2 g/100 g; ➢ Pólen: o mel deve, necessariamente, apresentar grãos de pólen. Deterioração ➢ Fermentação: O mel não deve ter indícios de fermentação. ➢ Acidez: máxima de 50 mil equivalentes por quilograma. ➢ Atividade diastásica: Sua função é digerir a molécula de amido, estando, possivelmente, envolvida na digestão do pólen. Sua relevância principal para o mel é que essa enzima apresenta maior sensibilidade ao calor que a enzima invertase. ➢ Hidroximetilfurfural: máximo de 60 mg/kg. Características físico-químicas É expressamente proibida a utilização de qualquer tipo de aditivos. ➢ As adulterações mais empregadas são pela adição de água , amidos, e glicoses como forma de fazer render o mel e aumentar seu constituinte sólido e, consequentemente, os lucros com a venda do mel adulterado; ➢ Os testes mais utilizados para indicar possíveis alterações em méis são as reações de Lund, Fiehe, Lugol e refratometria; Baseia-se na determinação de substâncias albuminoides precipitáveis como o ácido tânico. Determina também se houve adição de água ou outro diluidor no mel. A reação de Lund constitui-se na precipitação de derivados proteicos naturalmente existentes no mel pelo reagente ácido tânico. O valor do precipitado varia entre 0 ,6 e 3 ,0 . Se o valor for abaixo de 0 ,6 ml, significa que o produto é ilegítimo ou foi acrescentado substâncias artificiais. Já a reação de Fiehe é uma análise que vai identificar a presença de substâncias que são produzidas durante o superaquecimento do mel ou adição de xaropes de açúcares. Consiste na identificação do hidroximetilfurfuraldeido (HMF), que é obtida através da hidrólise ácida da sacarose , que reage com resorcina. O resultado sendo positivo a substância vai apresentar coloração avermelhada, indicando alteração e/ou adulteração do produto A reação de Lugol é uma reação colorimétrica qualitativa, realizada conforme metodologia do Instituto Adolfo Lutz (2008). Indica a presença de dextrinas e amido, e considera-se positiva quando a coloração final for violeta ou azul. Método refratométrico da AOAC e Lutz O conteúdo de umidade é determinado em método refratométrico da AOAC (2000) - sem qualquer pré-tratamento das amostras de mel em um refratômetro de Abbé, termostatizado a 20 °C. 46 O princípio da refratometria baseia-se na lei de Snell-Descartes, onde o desvio angular suportado pelo raio de luz é refratado, ou seja, a penetração de luz no liquido, onde o raio de luz monocromática passa de uma região para outra é deformado considerando as características do liquido. Os valores do índice de refração são medidos e comparados com um valor padrão previamente conhecido e cuja unidade de referência para os valores determinados é o grau Brix (ºBx), que é a quantidade de sólidos solúveis em solução 47 48 Fonte: SP labor 49 TABELA DE CHATAWAY OBRIGADA! eliana.gulao@estacio.br 50