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7- PARASITOLOGIA - Estrongiloidíase

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PARASITOLOGIA 
ESTRONGILOIDÍASE 
 É uma infecção pelo verme Strongyloides stercoralis, 
da classe nematoda. 
Morfologia 
 Durante a evolução, esse verme passa por várias 
formas morfológicas – ovo, larva rabditóide, larva filarióde, 
machos e fêmeas de vida livre (fêmea partenogenética). 
 A única forma parasita desse verme é a fêmea 
partenogenética, a qual é capaz de realizar a partenogênese, 
que é o desenvolvimento de um ser vivo a partir de um óvulo 
não fecundado. Essa fêmea possui aproximadamente 2 mm 
de comprimento, fica dentro da mucosa do intestino delgado 
do hospedeiro e realiza a postura de 30 a 40 ovos/dia. 
 Além dessa forma, os estrongiloides passam pela 
forma de vida livre, verme machos e fêmeas. O macho mede 
em torno de 0,7 mm e a fêmea mede em torno de 1 mm de 
comprimento. 
 Os nematoides, antes de atingir o estado adulto, 
geralmente, passam por cinco estágios larvais – L1, L2, L3, 
L4 e L5. Comumente, os dois primeiros estágios larvais (L1 e 
L2) são caracterizados com rabditoides, já os outros três 
estágios (L3, L4 e L5) são conhecidos como filarioides. Esses 
conceitos, rabditoides e filarioides, estão associadas as 
características do esôfago da larva. O esôfago rabditoide é um 
esôfago curto, que começa retilíneo, sofre um estreitamento 
e, posteriormente, sofre uma dilatação. Já o esôfago filariode 
é de maior tamanho e é só retilíneo, sendo essa larva, 
geralmente, a infectante, como é o caso do Strongyloides 
stercoralis, cuja larva infectante é a L3. 
 Os ovos são elipsoides e com uma casca fina e 
transparente. Esses ovos raramente serão encontrados nas 
fezes, pois a larva fêmea fica dentro da mucosa, local onde 
deposita os ovos, que eclodem e liberam a larva L1, a qual 
atravessará a mucosa, cairá na luz intestinal, seguindo para o 
meio exterior junto com as fezes do paciente. 
Habitat 
 O habitat é o intestino delgado, principalmente o 
duodeno e o jejuno. Entretanto, em formas graves, as larvas 
podem estar presentes desde a porção pilórica do estômago 
até o intestino grosso, ocupando, assim, todo o intestino. 
Ciclo evolutivo 
 Durante a sua evolução, realiza dois tipos de ciclo 
biológico, um ciclo direto/partenogenético e um ciclo 
indireto – sexuado ou de vida livre. 
 O indivíduo parasitado pelo Strongyloides stercoralis, 
possui a fêmea partenogenética dentro do intestino delgado 
(única forma parasita). Essa fêmea põem ovos, os quais 
eclodem ainda dentro da mucosa intestinal, liberando a larva 
de primeiro estágio L1 (rabditoide). Essa larva atravessa a 
mucosa, cai na luz intestinal e segue para o meio exterior 
junto com as fezes. 
 No meio exterior, ela pode sofrer dois tipos de 
evolução: 
 Ciclo direto/partenogenético: pode passar 
diretamente para a larva filarioide infectante, a qual 
penetra pela pele do indivíduo, cai na circulação e é 
levada passivamente pelo sangue para o lado direito 
do coração, para a circulação pulmonar, onde a 
larva perfura os capilares pulmonares, caindo nos 
alvéolos e sobe na árvore respiratória. Ao chegar na 
faringe, são deglutidas, seguindo para o intestino, 
onde penetra na mucosa e evolui até se tornar uma 
fêmea partenogenética. 
 Ciclo indireto: a larva que foi para o solo evolui e 
passa por diversos estágios larvais, até chegar em 
macho e fêmea de vida livre. Ambos permanecem 
no solo, copulam e a fêmea posta ovos, os quais 
formam larvas e eclodem, liberando a larva 
rabditoide de primeiro estágio. Essa larva evolui até 
chegar a larva filarioide infectante que realiza o 
mesmo trajeto da larva do ciclo partenogenético. 
 Sendo assim, esse verme é um geoelminto, pois as 
larvas devem amadurecer no solo. Obs: essa larva realiza o 
ciclo de Loss, independente do ciclo que ela faz, seja ele 
direto ou indireto. 
Fêmea partenogenética 
 O Strongyloides stercoralis pode realizar os dois tipos 
de ciclo, pois a fêmea partenogenética é triploide (3n) e, ao 
depositar os ovos, dá origem a larvas que podem ser de 3 
tipos: haploide (n), diploide (2n) e triploide (3n). 
 As larvas triploides realizam o ciclo direto, passando 
diretamente de larva rabditoide para larva filarioide 
infectante, que dá origem a fêmea partenogenética. 
 As larvas diploides dão origem às fêmeas de vida 
livre, já as haploides, aos machos de vida livre. Juntas 
realizam o ciclo indireto, sendo a fêmea fecundada pelo 
macho. Dessa forma, haverá a postagem de larvas triploides, 
que se transformarão na fêmea partenogenética (3n). 
Transmissão 
 O indivíduo pode se infectar de três formas: 
1. Heteroinfecção: penetração de larvas através da 
pele, quando o indivíduo entra em contato com o 
solo contaminado com larvas. 
2. Autoinfecção externa: quando resíduos de fezes 
ficam retidos na região perianal e as larvas 
rabditoides se transformam em larvas infectantes 
filarioides, penetram pela pele e realizam a 
autoinfecção externa. 
3. Autoinfecção interna: quando larvas rabditoides 
passam a larvas infectantes filarioides ainda dentro 
do intestino, o que pode levar a quadros graves da 
infecção, transformando-se em uma hiperinfecção 
ou em uma infecção disseminada. 
 Essas formas graves ocorrem principalmente em 
pacientes imunodeprimidos – seja por desnutrição, por HIV, 
por HTLV-1, por uso de drogas imunossupressoras 
(corticosteroides – aceleram a transformação das larvas 
rabditoides em larvas filarioides contaminantes ainda dentro 
do intestino, podendo levar a um quadro de hiperinfecção ou 
uma infecção disseminada, quando as larvas migram para 
outros órgãos). 
 Nas infecções disseminadas, também podem ocorrer 
infecções bacterianas secundárias, pois, quando as larvas 
migram do intestino, podem transportar bactérias intestinais 
mecanicamente, causando infecções bacterianas secundárias 
graves. 
 Nos casos de hiperinfecção, podem ocorrer 
ulcerações em extensas áreas da mucosa intestinal, o que 
pode permitir a passagem direta de bactérias intestinais para a 
corrente circulatória. 
Patogenia 
 No ponto de penetração das larvas, ocorre um 
infiltrado inflamatório, com a destruição de larvas naquele 
local, e, como consequência podem ocorrer edemas, 
eritemas, pruridos e pápulas hemorrágicas. 
 Durante a migração pulmonar das larvas, elas 
passam do sistema circulatório para o respiratório, levando 
ao aparecimento de pontos hemorrágicos nos pontos de 
passagem das larvas, o que atrai um infiltrado inflamatório – 
formado, principalmente, por linfócitos e eosinófilos. Como 
consequência, o paciente pode apresentar tosse – com ou 
sem expectoração –, febre, dispneia e crises asmatiformes. 
 Na fase intestinal da infecção, ocorre, 
principalmente, um quadro de enterite catarral – aumento da 
secreção de muco pelas células mucíparas. Pode evoluir para 
uma enterite edematosa, com edema de submucosa, 
desaparecimento do relevo mucoso e síndrome da má 
absorção intestinal – levando a um quadro de esteatorreia. 
Em uma fase mais adiantada, quando ocorre um volume muit 
grande de formas parasitárias, pode ocorrer enterite ucerosa, 
com eosinofilia intensa, ulcerações, invasão bacteriana e 
fibrose. Nessa fase de fibrose na enterite ulcerosa, o processo 
é irreversível. 
Sintomas 
 Os principais sintomas são: 
 Dor epigástrica. 
 Diarreia. 
 Náuseas e vômitos. 
 Esteatorreia – eliminação de gordura nas fezes. 
 Desidratação. 
 Emagrecimento. 
 Anemia. 
 Diagnóstico laboratorial 
 É realizada a pesquisa de larvas nas fezes e, em casos 
de infecção disseminada, também se pesquisa em secreções e 
outros líquidos orgânicos. 
Profilaxia 
 É importante fazer diagnóstico e tratamento das 
pessoas infectadas, a fim de melhorar o prognóstico do 
paciente e de eliminar o elo de transmissão. 
 Instruir a utilização de calçados, para evitar o 
contato do pé com o solo contaminado. 
 Instruir o destino adequado dos dejetos humanos 
(saneamento básico). 
 Realizar triagem deindivíduos que estão iniciando o 
tratamento de imunossupressores. 
 Instruir sobre medidas de higiene pessoal e 
melhorias na alimentação.

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