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4 PPM IV - Dor

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PPM IV 
DOR 
Objetivos 
 Revisar a anatomia funcional da dor. 
 Conhecer: 
 A classificação temporal da dor; 
 A classificação fisiopatológica da 
dor; 
 Os tipos de dor; 
 As características semiológicas da 
dor. 
 Dor é uma desagradável experiência sensorial e 
emocional associada a uma lesão tecidual já existente ou 
potencialmente existente (ou seja, que veja a acontecer), ou 
ainda relatada como se uma lesão existisse (mas que, no caso, 
é inexistente). 
 Obter uma história clínica detalhada constitui a 
parte mais importante da avaliação do paciente com dor e 
traz informações relevantes, não somente sobre os possíveis 
mecanismos fisiopatológicos, como também sobre o estado 
psicológico do paciente. Com a anamnese, pode-se chegar a 
uma hipótese diagnóstica e os possíveis mecanismos 
fisiopatológicos envolvidos. 
Anatomia funcional da dor 
 A dor compreende três mecanismos básicos: 
 Transdução: ativação dos nociceptores. 
 Transmissão: permite que o impulso 
nervoso, gerado a nível de nociceptores, 
seja conduzido para estruturas do SNC 
comprometidas com o reconhecimento da 
dor. 
 Modulação: vias responsáveis pela 
supressão da dor. 
 Os nociceptores são terminações nervosas livres, 
localizados de forma difusa nos tecidos do nosso corpo, sendo 
eles excitados por alguns estímulos, como os mecânicos, os 
térmicos e os químicos. 
Classificação temporal 
 Dor aguda: duração inferior a 3 semanas. Essa dor é um 
sinal de alerta, pois é um aviso de que algo não está 
funcionando adequadamente. Muitas vezes a dor aguda 
vem acompanhada de manifestações neurodegenerativas, 
por ex. um paciente com dor precordial intensa e que, 
além disso, apresenta vômitos e sudorese. Esse tipo de 
dor tende a desaparecer com a remoção do fator causal, 
ou seja, ocorre a resolutividade do processo patológico. 
 Dor subaguda: entre 3 semanas e 3 meses. 
 Dor crônica: duração superior a 3 meses. Essa dor 
persiste por um período superior ao necessário para a 
cura do processo mórbido, do processo desencadeante. 
Ela está associada a doenças crônicas, como em pacientes 
com histórico de câncer, com doenças reumáticas (ex. 
artrite reumatoide), ou está associada (a dor) a lesões do 
sistema nervoso. Assim, não são dores com sinal de 
alerta, mas sim dores prolongadas, que mesmo que se 
resolva o agente causal, o paciente ainda apresentará a 
queixa de dor, causando problemas na qualidade de vida 
do paciente. 
Classificação fisiopatológica 
 Pode ser classificada em quatro formas: 
 Dor nociceptiva. 
 Dor neuropática. 
 Dor mista. 
 Dor psicogênica. 
Dor nociceptiva 
 É causada pela ativação dos nociceptores e pela 
transmissão dos impulsos gerados até as regiões do SNC onde 
são interpretados. 
 A dor nociceptiva é uma dor secundária a agressões 
externas, como picada de inseto, corte na pele; dor 
secundária a algum comprometimento de vísceras, como 
apendicite, cólica nefrética, cólica renal; ou ainda um 
processo inflamatório articular, como a artrite. 
 A dor nociceptiva possui algumas características 
próprias: 
 Ocorre simultaneamente ao início da 
atividade do fator causal. 
 Sua remoção, geralmente, culmina com o 
alívio da dor. 
 Sem déficit sensitivo. 
 A distribuição da dor corresponde 
exatamente às fibras nociceptiva 
estimuladas. 
Dor neuropática 
 Decorre de uma lesão do sistema nervoso, que pode 
ser gerada por várias causas, como: afecções traumáticas, 
neoplásicas, diabetes mellitus, neurite alcoólica, infecciosas, 
neuralgia pós-herpética, vasculares, dor membro fantasma. 
 A dor neuropática também apresenta características: 
 Geralmente, o início da dor não coincide 
com a atuação do fator causal. Ex: paciente 
diabético demora anos antes de 
desenvolver uma neuropatia diabética. 
 Em geral, o fator causal não pode ser 
removido. 
 Déficit sensitivo. 
Trabalham 
juntas, 
resultando no 
desenvolvimento 
de dor. 
 A dor neuropática pode ser subdividida em dor 
espontânea e em dor evocada. 
 Dor espontânea: ocorre espontaneamente, 
pode ainda ser subdividido em dor 
constante – cuja sua característica é dor em 
queimação, dormência – ou dor 
intermitente – dor em choque, ex. lesão 
de coluna. 
 Dor evocada: tem duas formas de 
apresentação – a alodínia e a hiperpatia. A 
alodínia é a sensação dolorosa causada por 
estímulos que habitualmente não causariam 
dor. Já a hiperpatia é a percepção excessiva 
da dor provocada por algum estímulo 
mínimo. 
Dor mista 
 O paciente apresentará tanto mecanismos 
nociceptivos quanto os neuropáticos na fisiopatologia da dor, 
ex. paciente com neoplasia maligna com tumoração. 
Dor psicogênica 
 Não se encontra nenhum substrato orgânico para a 
dor, sendo essa, então, de natureza psíquica. 
 Possui as seguintes características: 
 Dor difusa; generalizada. 
 Muda de localização sem razão aparente. 
 Irradia sem respeitar o trajeto dos nervos. 
 Intensidade variável. 
 Agrava pelas condições emocionais. 
Tipos de dor 
 Considera-se o sítio de origem. A dor pode ser 
classificada em: 
 Dor somática superficial. 
 Dor somática profunda. 
 Dor visceral. 
 Dor irradiada. 
 Dor referida. 
Dor somática superficial 
 É decorrente da estimulação dos nociceptores do 
tegumento, ou seja, a níveis superficiais. Causas: trauma, 
queimadura, processo inflamatório. 
 A dor somática superficial apresenta uma facilidade 
de localização, assim, o indivíduo consegue mostrar 
exatamente a região que está ocorrendo a dor. No entanto, a 
intensidade pode ser variável (dor leve, moderada ou 
intensa). 
Dor somática profunda 
 É decorrente da estimulação de nociceptores dos 
músculos, das fáscias, dos tendões e das articulações. 
 As principais causas para a dor somática profunda 
são: contusão, estiramento muscular, artrite, artrose. 
 Pela dor ser mais profunda, a localização é menos 
precisa e mais difusa. 
Dor visceral 
 É decorrente da estimulação de nociceptores 
viscerais. As características desse tipo de dor são: dor 
profunda, difusa e de difícil localização. 
Dor irradiada 
 É uma dor sentida à distância da sua origem, 
respeitando o trajeto da raiz nervosa estimulada. Ex: 
radiculopatia. 
Dor referida 
 A dor referida também é sentida à distância do local 
com problema, no entanto, ela não respeita o trajeto nervoso 
do local de origem, pois o que ocorre é uma convergência 
das fibras aferentes cutâneas e profundas de um determinado 
nervo. Sendo assim, a sensação dolorosa superficial é 
localizada à distância da estrutura profunda, cuja estimulação 
nóxica é responsável pela dor. 
Características semiológicas da dor 
1. Localização. 
2. Irradiação 
3. Qualidade ou caráter. 
4. Intensidade. 
5. Duração. 
6. Evolução. 
7. Relação com funções orgânicas. 
8. Fatores desencadeantes. 
9. Fatores atenuantes. 
10. Manifestações concomitantes. 
1. Localização 
 Região que o paciente sente dor. Utilizar a 
nomenclatura das regiões da superfície corporal. 
2. Irradiação 
 O reconhecimento da localização inicial da dor e sua 
irradiação pode indicar a estrutura nervosa comprometida. 
3. Qualidade ou caráter 
 Solicitar que paciente descreva a sensação que 
percebe, ou seja, se a dor é do tipo: 
 Dor latejante ou pulsátil (ex: enxaqueca) 
 Dor em choque (ex: lombociatalgia) 
 Dor em cólica (ex: cólica biliar) 
 Dor em queimação (ex: esofagite) 
 Dor constritiva (ex: IAM) 
 Dor em pontada (ex: pleurítica) 
 Dolorimento (ex: musculares) 
4. Intensidade 
 Costuma ser classificada em uma escala visual 
analógica, na qual o paciente dá uma nota para a dor que está 
sentindo, sendo 0 quando não possui dor e 10 o máximo de 
dor. 
 
5. Duração 
 Dor contínua: do início até o momento da 
anamnese. 
 Dor intermitente: dor que aparece e desaparece, 
por isso, deve se anotar a data e a duração de cada episódio. 
6. Evolução 
 Descreve/revela a trajetóriada dor. 
 Modo de instalação: súbito x insidioso. 
 Possíveis modificações e características atuais. 
7. Relação com funções orgânicas 
 A dor é avaliada considerando a sua localização e os 
órgãos e estruturas situados na mesma área. Exemplos: 
 Dor lombar: movimentos flexão, rotação. 
 Dor torácica: movimentos, respiração, 
esforços. 
 Dor hipocôndrio direito: alimentos 
gordurosos. 
 Dor pélvica: micção, evacuação, 
menstruação. 
8. Fatores desencadeantes 
 Questionar possíveis fatores desencadeantes da dor. 
9. Fatores atenuantes 
 São aqueles que aliviam a dor. 
10. Manifestações concomitantes 
 Pacientes que apresentam queixa de dor podem ter 
algumas manifestações associadas. Assim como as 
manifestações neurovegetativas que se devem à estimulação 
do sistema nervoso autônomo pelos impulsos dolorosos: 
sudorese, palidez, taquicardia, náuseas, vômitos.

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