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Unidade 1 - Neuroeducação e Tecnologias Educacionais

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Aula 01
Conceitos e 
aproximações: 
Tecnologias 
Educacionais e 
Neuroeducação
Franciane Heiden Rios
Neuroeducação 
e Tecnologias 
Educacionais
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial 
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico 
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autor 
FRANCIANE HEIDEN RIOS
Desenvolvedor 
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Autor 
FRANCIANE HEIDEN RIOS
Olá. Meu nome é Franciane Heiden Rios. Sou formada em Pedagogia, 
especialista em Tecnologias Educacionais e Educação Especial e Inclusiva, 
com Mestrado em Educação. Estou na Educação desde o início da minha 
vida profissional, cursei Magistério e daí já iniciei com estágios em escolar e 
nunca mais sai. Esse espaço rico de aprendizagens humanas me oportunizou 
pensar sobre diferentes questões e perceber as pessoas em suas diferentes 
necessidades. Durante dez anos fui servidora concursada, educadora e 
professora dos Municípios de São José dos Pinhais, Curitiba e Araucária. 
Atuei como supervisora do curso de Pedagogia da UNIVESP, Universidade 
Federal do Paraná e lecionei em diversas instituições de ensino superior, 
sempre no curso de Pedagogia e em disciplinas correlatas à Educação. 
Atualmente sou diretora pedagógica da CuriosaIdade, instituição que atua 
em parceria com redes de ensino para desenvolvimento de boas práticas 
educativas tendo como subsídio a perspectiva do Desenho Universal para 
a Aprendizagem. Acredito no princípio básico da inclusão e no respeito pela 
diversidade, portanto, escrever, palestrar, capacitar ou qualquer outra ação 
ou prática profissional relacionada ao tema são hoje meu foco de atuação. E, 
nesse cenário, as tecnologias são essenciais, afinal, elas são ferramentas que 
permitem superar barreiras e ampliar possibilidades no processo ensino-
aprendizagem. Porém, como todo processo relacional, é fundamental 
compreender que a tecnologia por ela só não significa transformação, é a 
ação do educador, do professor, do ser humano por trás dessa ferramenta 
que significa a condição humana. 
INTRODUÇÃO: 
para o início do 
desenvolvimen-
to de uma nova 
competência;
DEFINIÇÃO: 
houver necessidade 
de se apresentar 
um novo conceito;
NOTA: 
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE: 
as observações 
escritas tiveram 
que ser prioriza-
das para você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado 
ou detalhado;
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e 
links para aprofun-
damento do seu 
conhecimento;
REFLITA: 
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou 
discutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO: 
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma ativi-
dade de autoapren-
dizagem for aplicada;
TESTANDO: 
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
Iconográficos
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo 
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha 
de aprendizagem toda vez que:
SUMÁRIO
Definição de tecnologias educacionais .................................... 12
Compreendendo o conceito de tecnologia ..........................................12
Tecnologias, Informação e Comunicação: conceitos e 
aproximações com a Educação ...................................................................... 15
Afinal, o que são Tecnologias Educacionais? -Ampliando e 
discutindo perspectivas ......................................................................................... 19
Tecnologias educacionais e as relações no processo de 
ensino-aprendizagem ....................................................................... 23
TDIC, conectividade e ensino-aprendizagem ....................................23
Interatividade e os caminhos possíveis para a autonomia ..... 26
Modelo de ensino a partir das competências digitais ................. 31
Racionalidade instrumental e determinismo tecnológico ...34
Nativos e imigrantes digitais ...............................................................................34
Modelo geracional: reflexões necessárias .............................................37
Desafios contemporâneos relacionados às tecnologias 
educacionais ......................................................................................... 41
Letramentos computacional, informacional e em mídias: 
ponderações necessárias ..................................................................................... 41
Alfabetização e Letramento digital...............................................................43
Fluência digital ................................................................................................................44
Bibliografia ............................................................................................. 47
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 9
UNIDADE
CONCEITOS E APROXIMAÇÕES: TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E NEUROEDUCAÇÃO
01
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais10
“Gente, com esse tamanho ele já sabe mexer no celular?” É 
possível que você já tenha ouvido essa frase. Ainda, é cada vez mais 
comum nos depararmos com crianças entretidas com seus tablets, 
celulares e demais aparatos tecnológicos em diversos espaços, tais 
como restaurantes, consultórios médicos, entre outros. Não somente as 
crianças, os jovens, adultos e idosos se ocupam cada vez mais, cada um 
a seu modo e convergentes às suas necessidades, das tecnologias e de 
suas possibilidades. Nesse cenário, a Educação não é e nem deve ficar 
isenta, isolada ou à parte nessa relação tecnologia e comportamento 
humano. Mais que se apropriar das ferramentas, cabe à Educação 
pensar sobre, com e a partir da tecnologia e suas facetas o ensino, a 
aprendizagem e, sobretudo, a concepção de sociedade que emerge 
dessas interações. Assim, no campo da neuroeducação é fundamental 
compreender os conceitos inerentes à tecnologia, desmistificando os 
sentidos de termos corriqueiros, porém, que mal concebidos repercutem 
em práticas educativas questionáveis. 
Com os termos esclarecidos, seguiremos nosso percurso 
de aprendizagem questionando e identificando as implicações das 
tecnologias educacionais nos objetivos de ensino e nas expectativas 
de aprendizagem. Abordaremos as competências digitais esperadas 
diante das TDIC e os conhecimentos, habilidades e atitudes objetivados 
nesse cenário. Os desafios para essas competências serão discutidos 
na terceira competência, na qual identificaremos as interferências 
sócioeconômicas e culturais influenciam nessa perspectiva, implicam na 
apropriação tecnológica e, consequentemente, no processo de ensino-
aprendizagem mediado por elas. Tema que será expandido na última 
competência, encerrando a proposta dessa unidade.
Mesmo aqui nesse início de conversa, é possível afirmar que, 
como todo tema relacionado à Educação, a relação neuroeducação e 
tecnologia não é diferente: apresenta desafios que precisam ser pensados 
e repensados intermitentemente, assim, finalizaremos essa primeira 
unidade identificando esses desafios no mundo contemporâneo. É da 
constante reflexão que se avança na construção do conhecimento e nos 
fazemos melhores profissionais, assim, a partir dessa premissa convido 
a você, estudante, trilhar esse percurso rico de aprendizagens, dando 
sentido e vida às reflexões e discussões propostas nesse material. 
Vamos juntos?
INTRODUÇÃO
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 11
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 01 – Conceitos e aproximações: 
Tecnologias Educacionais e Neuroeducação. Nosso objetivo é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o 
término desta etapa de estudos:• Compreender o conceito de Tecnologias Educacionais
 • Analisar as implicações das tecnologias educacionais nos 
objetivos de ensino e expectativas de aprendizagem.
 • Refletir sobre as condições sócioeconômicas e culturais que 
implicam no processo de apropriação tecnológica no processo ensino-
aprendizagem. 
 • Identificar os desafios contemporâneos relacionados à 
apropriação tecnológica no processo ensino-aprendizagem e sua 
relação com a neuroeducação. 
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao 
conhecimento? Juntos, um passo por vez, trilharemos esse caminho de 
aprendizagem! Ao trabalho! 
OBJETIVOS
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais12
Definição de Tecnologias Educacionais
Ao término deste capítulo você será capaz de conceituar 
tecnologia, reconhecer as particularidades das tecnologias quando 
relacionadas à informação e comunicação – TIC e TDIC e compreender 
a relação entre essas tecnologias e a educação, evidenciando o termo 
“tecnologias educacionais”. Esses conhecimentos são fundamentais 
para o exercício de sua profissão, afinal, a tecnologia permeia as relações 
humanas, portanto, é ativa nos processos de ensino-aprendizagem e, 
aqueles profissionais que não se atualizarem acerca dessa temática 
terão cada vez mais dificuldade de engajar seus alunos e, com isso, 
problemas variados na escola ou em outros espaços de aprendizagem 
serão cada vez mais acentuados. E então? Motivado para desenvolver 
esta competência? Então vamos lá. Avante!
Compreendendo o conceito de tecnologia
Iniciaremos fazendo um questionamento para podermos definir 
o conceito de tecnologia. Vamos lá! Qual “imagem mental” que você 
associa à tecnologia? Seria um notebook? Seria uma ferramenta de 
pedra talhada? 
A partir das questões anteriores é que nos propomos a 
“desconstruir” o conceito de tecnologia, avançando para além das 
“máquinas”. Nos exemplos anteriores temos representadas tecnologias 
fundamentais à humanidade em determinado tempo. Quando falamos 
de tecnologia não nos referimos apenas à computadores, celulares e 
Internet, remetemo-nos, principalmente, às três palavras: evolução, 
progresso e comodidade. 
Com a necessidade humana, o homem moldou a pedra para caçar, 
um grande progresso à sua condição de vida e, consequentemente, um 
fator de comodidade, afinal, tem-se uma arma afiada para a disputa 
com os animais, essa que era travada com “mãos vazias” ou com 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 13
instrumentos menos eficientes. Tem-se aqui uma tecnologia rudimentar 
que representa uma evolução para a humanidade.
A situação anterior nos permite avançar e sistematizar o conceito 
de tecnologia:
DEFINIÇÃO:
Para Kenski (2002) tecnologia é a totalidade das coisas 
resultantes da engenhosidade do cérebro humano. Está 
presente em todas as épocas, em diferentes formas de uso 
e para diferentes aplicações. 
Na história da humanidade vários são os exemplos de tecnologias 
rudimentares desenvolvidas para garantir a sobrevivência. Essas 
tecnologias rudimentares, a princípio em forma de instrumentos, 
permitiam a melhor realização das tarefas essenciais do dia a dia. 
Entretanto, conforme o homem foi evoluindo passando da condição 
nômade para sedentário, novas demandas surgiram em decorrência da 
necessidade de adaptação ao meio. 
Assim, outras ferramentas foram criadas, essas que operam no 
campo simbólico, tais como a linguagem e os números. Afinal, há a 
formação de organizações sociais tais como povoados e cidades com 
suas demandas que, com suas etapas de consolidação, contribuíram 
para o desenvolvimento social e cultural dos povos. 
O que é fundamental sabermos é que da pedra lascada para a 
caça, à linguagem, à máquina a vapor, ao computador, à Internet, todas 
essas tecnologias foram decisivas para a evolução da humanidade em 
determinado período histórico, transformando o homem e sua cultura, 
influenciando diretamente em seu modo de vida das pessoas.
Nesse momento é possível que a reflexão que abriu nossa 
conversa, se feita novamente, já tivesse respostas e novas perspectivas, 
não é mesmo? Afinal, ampliamos o conceito de tecnologia identificando 
a ele a totalidade daquilo que o homem constrói a partir dos diversos 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais14
recursos naturais e de sua capacidade intelectual, resultando em 
ferramentas instrumentais ou simbólicas que são essenciais para a 
transposição das barreiras naturais e a vida em sociedade. Ainda, é 
possível afirmar que:
“[...] conhecimentos e princípios científicos que se aplicam ao 
planejamento, à construção e à utilização de um equipamento 
em um determinado tipo de atividade, chamamos de 
“tecnologia”. Para construir qualquer equipamento - uma 
caneta esferográfica ou um computador -, os homens precisam 
pesquisar, planejar e criar o produto, o serviço, o processo. Ao 
conjunto de tudo isso, chamamos de tecnologias” (KENSKI, 
2002, p. 24). 
Portanto, ao assumirmos a tecnologia sob essa perspectiva, é 
evidente a relação de dependência tecnológica e o quão fundamental 
ela é no processo social, atuando efetivamente nos processos de 
mediação das ações. Vygotsky, um dos teóricos de referência da 
Psicologia Histórico-Cultural e no campo da Educação, afirma que a 
relação sujeito-ambiente não se dava diretamente, era sempre mediada 
por um elo intermediário que se interpunha entre ele (sujeito) e o mundo, 
seja um objeto, seja a linguagem, portanto, aproximando das nossas 
reflexões, para ele sem a tecnologia não haveria a mediação inicial, o 
que torna fundamental discutir e pensar acerca não só dos processos 
de mediação, mas também, desses diante das tecnologias que surgem 
no mundo contemporâneo, com suas especificidades e que operam 
significativas mudanças no modo de vida em sociedade. 
Essas são, a princípio, as TIC – Tecnologias da Informação e 
Comunicação, que no contexto histórico da humanidade se relacionam 
com a informação e os processos de comunicação e que, em tempos 
de Internet e virtualização, avançam para outras denominações, como 
TDIC – Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação. 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 15
Tecnologias, Informação e Comunicação: 
conceitos e aproximações com a Educação
O desafio que temos aqui, ao buscar conceituar TIC e TDIC, não 
é em apresentarmos a relação de instrumentos, ferramentas ou objetos 
que podem ser “aceitos” nessa categoria, afinal, essa lógica é simplista 
e reduz o próprio objetivo desse termo. A Professora Drª Luciana Massi 
com o excerto a seguir nos permite algumas reflexões fundamentais 
para avançarmos nosso caminho de aprendizagem: 
REFLITA:
“[...] O simples conceito de Tecnologias da Informação e 
da Comunicação, as famosas TIC, parece apontar para 
mudanças mais efetivas, já que a tecnologia passa a ser 
usada como fonte e meio de produção de informações e 
como nova forma de comunicação. [...] Nos parece claro, 
então, que a tecnologia é uma nova forma de linguagem 
e sua inserção e ampliação constante tornam quase 
impossível a tarefa de elencar todos os exemplos que a 
ilustrariam: desde a internet, com sua linguagem html, 
redes sociais, blogs, wikis, passando por visualizações de 
abstrações existentes apenas no mundo virtual dos jogos e 
simulações; até novas formas de educação proporcionadas 
pelos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), para 
cursos de educação a distância (EAD) ou “blended learning”, 
que unem EAD e educação presencial. [...]” (MASSI, 2015, 
p.1). 
Seriam, então, as TIC instrumentos, ferramentas, objetos, 
equipamentos, as “máquinas” ou as possibilidades de comunicação que 
elas possibilitam?
O próprio termo Tecnologias da Informação e Comunicação 
já nos aponta a “saída” desse conceito: diz respeito às tecnologias 
que permitem socializar informações e que possibilitam que a 
comunicação seja possível. Embora não possamos pensar em 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais16uma linearidade histórica efetiva para um fenômeno tão complexo, 
podemos perceber o desenvolvimento das TIC, a predominância das 
tecnologias e transformações associadas para Lévy (1990) a partir do 
desenvolvimento da oralidade, da escrita e da informática. Da escrita 
temos o desenvolvimento das tecnologias impressas e, da informática, 
as digitais. Ampliando essa concepção, podemos perceber duas outras 
culturas que permeiam as tecnologias impressas e as digitais: 
Figura 1 – Cultura de massas e Cultura das mídias 
Fonte: Adaptado de Santaella (2003).
Cultura de massas Cultura de mídias
 • Jornal
 • Telégrafo
 • Fotografia
 • Cinema
 • Televisão
 • Fotocopiadoras
 • Videocassetes
 • Videogames
 • Revistas
 • Programas de rádio 
especializados
 • TV a cabo
IMPORTANTE:
Mais que a tecnologia em si, essa classificação ocorre 
em decorrência do modo de produção, distribuição e 
consumo do conteúdo disponibilizado: a cultura de massa, 
em associação ao próprio nome, tende a ser mais massiva 
e passiva. Já a cultura das mídias, mais diversificadas e 
individualizadas.
Entretanto, em tempos atuais, diante da intensa e rápida produção 
e disseminação tecnológica há a incorporação das tecnologias digitais, 
essas que operam mudanças nessas perspectivas de organização de 
Lévy (1990) e culturais de Santaella (2003) e marcam um novo período de 
desenvolvimento. As TDIC repercutem significativamente nos diversos 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 17
âmbitos das atividades humanas e com elas podemos falar de uma nova 
cultura: a Cultura Digital. 
DEFINIÇÃO:
Para Santaella (2003, p.60) “a cultura digital se dá 
em decorrência do avanço das telecomunicações, 
principalmente com o advento da Internet e tem como 
característica a convergência das mídias escrita, audiovisual, 
telecomunicações e a informática permitindo com que 
seu conteúdo seja [...] traduzido, manipulado, armazenado, 
reproduzido e distribuído digitalmente.” 
Essa cultura prevê a maior capacidade, facilidade e agilidade em 
se obter, produzir e compartilhar informações, possibilitando uma forma 
de comunicação nominada por Lévy (1997) do tipo “todos-todos”. 
Uma nova sociedade se desenha e, sobre ela, Kenski (2012, p. 
22) aponta: “[...] o surgimento de um novo tipo de sociedade tecnológica 
é determinado principalmente pelos avanços das tecnologias digitais 
de comunicação e informação e pela microeletrônica”, afinal, é com a 
circulação mais eficaz da informação que vários campos da sociedade 
avançam, desde a economia, a medicina, à engenharia, até a educação, 
havendo uma infinidade de avanços positivos nessa evolução tecnológica 
possibilitada pelas TDIC. 
Entretanto, novamente a complexidade vem a luz das nossas 
reflexões: não apenas de pontos positivos o avanço das TDIC se 
manifesta, há muito ainda que precisamos pensar, avançar e corrigir, 
principalmente quando relacionado à condição humano de acesso 
e discernimento ao uso do que está ali disponível. A diversidade de 
conteúdos e funções dos novos aparelhos eletrônicos, em sua maioria 
conectados à Internet, resultam em ampla velocidade e interatividade, 
características, entre outras, marcantes dessas tecnologias, que 
possibilitam a quem as usam desenvolver competências e habilidades 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais18
cognitivas para a operacionalidade técnica, mas, e as questões éticas? 
Essas questões ainda são essenciais e precisamos discuti-las, observem:
EXPLICANDO MELHOR:
A Revista Galileu publicou em 24 de fevereiro de 2015, 
em sua versão online, a matéria intitulada “Quem são os 
trolls – e por que ninguém está livre deles”. Em seu texto 
são apresentados dados resultados de uma pesquisa 
sobre o “comportamento troll” e quatro transtornos de 
personalidade obtidos pela Universidade de Manitoba, no 
Canadá. Sabendo que o troll a que nos referimos aqui pode 
ser definido com usuários online que se utilizam das redes 
sociais para ofender, ameaçar e perseguir pessoas que 
pareçam vulneráveis, o que esses dados, de fato, podem 
contribuir para responder à pergunta anterior? 
Primeiramente, esse estudo define esse comportamento como: “a 
prática de se comportar de forma enganosa, desordenada ou destrutiva 
num local social da internet por um único motivo: prazer próprio”. Ainda, 
após entrevistas, observaram que: “Os trolls sentem um júbilo sádico com 
o sofrimento dos outros. Os sádicos só querem se divertir, e a internet é 
o seu playground”. Como segundo elemento trazem os seguintes dados: 
“73% dos usuários adultos de internet testemunharam um assédio on-
line, e 40% deles viveram isso na pele”. 
Assim, a frase “o mundo virtual é terra de ninguém” nunca fez 
tanto sentido. Apesar dos avanços em termos de leis e punições, ainda 
é preciso educar para, com e a partir das TDIC, afinal, operamos em 
um campo em que as aprendizagens operacionais são necessárias, 
porém, é fundamental e imperativo que avancemos para o que de fato 
“perturba” nesse cenário tecnológico: o ser humano em desenvolvimento 
e a sociedade em construção. 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 19
Afinal, o que são Tecnologias Educacionais? 
-Ampliando e discutindo perspectivas
Com as definições traçadas até aqui, é possível compreender e 
definir tecnologias educacionais como o uso dos recursos tecnológicos 
em prol do processo ensino-aprendizagem. Assim, novamente, não é 
possível limitar ou restringir à computadores, tabletes, ou projetores o 
conceito de tecnologias educacionais. Uma caneta e o quadro-negro 
são tecnologias utilizadas no processo educacional que de longa data 
ainda persistem nas relações desse processo. 
Dessa visão, mais que discutir “o que são” importa discutir “o 
porquê são” educativas e, dessa lógica, podemos afirmar que tecnologias 
educacionais são aquelas utilizadas em prol da educação, promovendo 
maior e mais qualificação do processo e do desenvolvimento social 
e educativo diante da disponibilização, acesso e socialização das 
informações. 
DEFINIÇÃO:
Para Niskier (1993, p.80) a tecnologia educacional é 
concebida da “[...] mediação do encontro entre Ciência, 
Técnicas e Pedagogia”, entendida como “[...] um exercício 
crítico com utilização de instrumentos a serviço de um 
projeto pedagógico”.
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais20
Figura 2 - Tecnologias Educacionais.
Fonte: Freepik
As tecnologias educacionais, portanto, não se limitam às TDIC e 
como apontado por Brito e Purificação (2011) sua criação também se dá 
mediante a necessidade do ser humano. 
Um exemplo dessa necessidade é o ábaco. Uma tecnologia 
primitiva que auxiliava os povos primitivos na contagem e pode ser 
considerado como um primeiro “computador”. 
A discussão do “porquê” são está diretamente relacionada à 
inovação educacional. É fato que a escola já avançou muito em sua 
apropriação de diversas tecnologias, desde o uso de materiais concretos 
e ferramentas tidas como tradicionais e, em tempos de Internet e 
TDIC voltamos ao “gancho” que encerrou nosso subtítulo anterior: o 
conhecimento operacional e o conhecimento ético necessário para a 
incorporação das tecnologias digitais, ligadas em rede, no processo 
educacional. 
Um fato é fundamental e certo: não podemos mais excluir da 
escola e dos espaços educacionais essas tecnologias, suas linguagens 
e suas características. Assim, o uso do computados e da Internet já 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 21
acontece – com desafios e barreiras a serem transpostas – já é um 
grande passo. Para tanto, cabe pensarmos no que é preciso para que 
essas tecnologias contribuam para a mais reflexiva do ser humano e de 
um mundo melhor. 
Não há receitas, mas, já sabemos que caminhos não seguir. O 
trabalho com as tecnologias no campo educacional não pode e não 
deve apenas substituir o “antigo” pelo “novo”, mas sim, deve potencializar 
a tecnologia em recurso eficaz na quebra de paradigmas da cultura demassa, promovendo a diversidade cultural que resulte na desmistificação 
de estigmas históricos, o respeito mútuo, a solidariedade, firmando, de 
fato, a “aldeia global” que tanto é propagado quando se faz referência às 
relações em rede. Afinal, a educação é um processo que não se encerra 
em si, dela se espera intervenções, significações, contextualizações, 
transformações, espera-se ações e reflexões! 
Com a incorporação das tecnologias digitais em rede na educação 
é possível fazer o que há tempos clamamos para a escola: romper com 
didáticas tradicionais que privilegiam a transmissão de informações, o 
que se torna obsoleto quando se tem a “um toque” vários resultados em 
sites de busca, passando a privilegiar a construção de aprendizagens 
significativas que permitam refletir, filtrar, questionar, selecionar, 
organizar e tantas outras ações necessárias esse fluxo extraordinário de 
informação acessível.
Assim, definir tecnologias educacionais é mais que pensar em 
ferramentas é pensar em uma postura perante do que essa ferramenta/
recurso permite e seu uso na educação deve ser sempre compreendido 
como um processo dinâmico, rápido e que se modifica diante do cenário 
que opera. Para nós, que tenhamos sempre em mente a afirmação 
de Lévy (1990, p.118) nesse processo formativo e em nossas práticas 
profissionais "[...] é mais difícil, mas também mais útil apreender o real 
que está nascendo, torná-lo autoconsciente, acompanhar e guiar seu 
movimento de forma que venham à tona suas potencialidades mais 
positivas". 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais22
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido 
que tecnologia não se restringe à computadores, celulares 
e Internet, esse termo diz respeito à totalidade das coisas 
resultantes da engenhosidade do cérebro humano. Está 
presente em todas as épocas, em diferentes formas de 
uso e para diferentes aplicações e se relaciona diretamente 
à três palavras: evolução, progresso e comodidade. 
Ainda, que o pensamento que organiza o conhecimento 
e o processo de construção de alguma ferramenta 
também é tecnologia. Avançamos para o conceito de 
TIC e TDIC, respectivamente, Tecnologias da Informação 
e Comunicação e Tecnologias Digitais da Informação e 
Comunicação, conceituando-as, em termos gerais, como 
como aquelas que permitem socializar informações e 
que possibilitam que a comunicação seja possível. Vimos 
que na relação com as TIC Santaella (2003) relaciona 
duas culturas: a de massa e de mídias; e à TDIC à cultura 
digital. Cultura essa, que se dá em decorrência do avanço 
das telecomunicações, principalmente com o advento 
da Internet e tem como característica a convergência 
das mídias escrita, audiovisual, telecomunicações e a 
informática. No que se refere às tecnologias educacionais, 
vimos que elas podem ser entendidas como o encontro 
entre Ciência, Técnica e Pedagogia, de forma crítica, 
em prol de um projeto pedagógico. Ainda, que não se 
restringem às TDIC mas, que são as tecnologias digitais e 
em rede que recuperam a discussão sobre a necessidade 
eminente de se quebrar paradigmas e superar práticas 
tradicionais, privilegiando a construção de aprendizagens 
significativas que permitam refletir, filtrar, questionar, 
selecionar, organizar e tantas outras ações necessárias 
esse fluxo extraordinário de informação acessível. Para 
tanto, finalizamos reforçando a necessidade de se pensar 
além da ferramenta, sendo necessário se pensar a postura 
perante ela quando na interface com a educação. 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 23
Tecnologias Educacionais e as relações 
no processo de ensino-aprendizagem
Ao término deste capítulo você será capaz de perceber, 
identificar e analisar as primeiras relações das TDIC - tecnologias digitais 
conectadas à Internet, no campo da educação. Conhecer os principais 
objetivos relacionados à formação como e a partir dessas tecnologias é 
essencial para incorporá-las às práticas docentes, seja na escola, seja em 
acompanhamentos individuais, seja em outros espaços educacionais, 
permitindo planejar e atuar de forma assertiva e coerente na relação 
objetivos de ensino e expectativa de aprendizagem. Desconhecer 
as especificidades dessas tecnologias compromete sua utilização, 
afinal, assim como toda ferramenta utilizada em prol de um objetivo 
educacional, a insegurança do profissional mediante o recurso, ou a má 
escolha, ou a má gestão da ferramenta é operante para o fracasso. E 
então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. 
Avante!
TDIC, conectividade e ensino-aprendizagem
Você já parou para pensar sobre seu comportamento de leitor 
quando está na Internet? Já reparou nas conexões que realiza para além 
do texto inicial que acessou? Já percebeu a relação entre as diferentes 
linguagens que as TDIC disponibilizam para além das palavras escritas? 
Já analisou a interferência de se ter um banner de “promoções” ao lado 
de uma reportagem, ou um vídeo com um tutorial daquela receita que 
está ali apresentada?
Quando nos propomos a discutir a interferência das TDIC no 
processo de aprendizagem é necessário analisar sua estrutura para além 
do espaço da escola ou de educação a que se propõe. Afinal, estamos 
imersos nessa relação e as informações que estão disponíveis, apesar 
da possibilidade de alguns filtros de moderação projetados, assumem 
uma conexão de conectividade que, por vezes, nos faz perguntar “como 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais24
cheguei nessa página?”, “como cheguei nesse conteúdo?”, se a ideia e o 
objetivo inicial eram divergentes do resultado final. Quem nunca acabou 
em um site de compra analisando o mais novo modelo de celular, ou um 
produto de destaque, ou qualquer outro serviço a venda, sem que essa 
tenha sido a ideia inicial? Ou ainda, quem ao “navegar” pela rede nunca 
acabou em um site com notícias de celebridades, seja sobre as roupas 
do tapete vermelho, seja sobre os relacionamentos de celebridades?
Essas questões nos apresentam as principais características das TDIC 
conectadas, por sua natureza são multilinguagens, conectivas e hipertextuais, 
sendo que o processo de interação, leitura e associação se configuram como 
multitarefas, não lineares, autodidáticos, exploratórios e colaborativos. 
É fato que na interface da educação essas características não são 
inéditas ou exclusivas dos ambientes conectados e virtuais, tampouco, 
as habilidades que essas características demandam também não são 
distantes dos objetivos de ensino e expectativas de aprendizagem que 
se espera nos espaços de escolarização, entretanto, com o advento 
das TDIC, tais características passam a ser encaradas como tendências 
contemporâneas que, para Lévy (1990), são ao mesmo tempo produtoras 
e produtos de uma ecologia cognitiva. 
Figura 3 – Conectividade. 
Fonte: Freepik
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 25
Nesse sentido, da interação com as TDIC e suas características 
há a demanda de habilidades relacionadas à participação ativa, criativa, 
lúdica e engajada por parte dos sujeitos, resultado em um novo estilo 
de ensino-aprendizagem. Afinal, dessa interação tecnológica há o 
favorecimento de novos modos de comunicação, de pensar, de lidar 
com a informação e de produzir conhecimentos e de agregar e rastrear 
informações que precisam ser consideradas, acolhidas e potencializadas. 
Figura 4 - Novos modos de aprender. 
Fonte: Adaptado de Venturi (2011)
Comunicar
Pensar
Lidar e produzir
Agregar e rastrear
de forma rápida e cifrada com o encurtamento de palavras e utilização 
de ícones para tornar mais eficaz a compreensão da mensagem
através de poucos clicks é possível lidar com as informações e 
produzir conhecimentos
para produzir conhecimento através da mediação do computadorcom acesso à internet
simultaneamente e/com acesso a várias “janelas”
Trazemos como imperativo, pois, conforme aponta Morin (2004) 
é necessário mobilizar recursos cognitivos, investimentos individuais 
e tenacidade para que esses novos modos de aprender se efetivem, 
afinal, as competências que as TDIC demandam no processo ensino-
aprendizagem são inatas ao sujeito, são identificadas de maneira 
espontânea apenas em pequena porção, cabendo à escola e aos 
profissionais a responsabilidade de promover possibilidades para “[...] uma 
crescente autonomia dos/as estudantes, visando seu desenvolvimento 
pessoal e provendo-os com ferramentas para pensar e agir de modo 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais26
informado e responsável num mundo cada vez mais permeado pela 
ciência e tecnologia” (CASTELI et al., s.d.).
Interatividade e os caminhos possíveis para 
a autonomia
Lévy (1996, p. 97) define “inteligência” como o “conjunto canônico 
das aptidões cognitivas, a saber, as capacidades de perceber, de 
lembrar, de aprender, de imaginar e de raciocinar”. Com as TDIC 
essas aptidões passam a ser potencializadas, ao menos no exercício 
do usuário da ferramenta, quando do acesso às informações. E aqui 
temos o elemento que inicia nossa discussão sobre os caminhos para a 
autonomia necessária para a aprendizagem nesse cenário tecnológico 
conectado, a interatividade. 
Esse conceito está diretamente relacionado à participação 
e intervenção ativa, ou seja, quando falamos em interatividade nos 
remetemos à possibilidade do sujeito em atuar, contribuir, modificar, 
questionar, enfim, agir com, a partir e no conteúdo/informação a ser 
aprendido. Com as TDIC se ampliou a possibilidade do “estudante-
autor”, aquele que constrói e produz, significa e altera, complementa e 
adequa o que está ali disponível para sua aprendizagem, possibilidades 
oferecidas diante do caráter tecnológico inovador das TDIC. 
No campo das TDIC, a interatividade se configura em ideal 
de comunicação entre humanos, direta ou indiretamente 
mediada pela máquina. A isso, preconiza-se a ruptura de 
modelos comunicacionais, pregando-se a transição do modo 
de comunicação “massivo” para o “interativo” (LÉVY, 1999 apud 
ALONSO et al 2014). ]]
É uma nova realidade que se projeta nas ações educativas “[...] 
superando as antigas hierarquias, estabeleceria uma relação totalmente 
outra, porque capaz de se dar de todos para todos” (LÉVY, 1999, p. 79). É 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 27
a possibilidade que o estudante tem de acessar tutoriais em vídeos, por 
exemplo, buscando novos caminhos para construir sua aprendizagem. E 
é aí que o desafio se estabelece. 
Figura 5- Tecnologias e cotidiano
Fonte: Freepik
Afinal, como categorizado por Coll e Monereo (2010), com o 
advento da informatização digital, avançamos para o que se atribuiu o 
nome de “tecnologias ubíquas” que são aquelas tecnologias que, de tão 
integradas à vida das pessoas, passam a não ser mais percebidas em 
suas relações e interações cotidianas, o que resulta na diminuição ou 
ausência de reflexão acerca das influências que elas ocasionam.
DEFINIÇÃO:
Tecnologia ubíqua “[...] se refere à progressiva interação 
dos meios informáticos nos diferentes contextos de 
desenvolvimento dos seres humanos, de maneira que 
não são percebidos como objetos diferenciados” (COLL; 
MONEREO, 2010, p. 46). 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais28
O conceito de tecnologia ubíqua nos é fundamental pois, é ele 
que nos permite avançar para o conceito de autonomia, para tanto, veja a 
seguinte situação. Digamos que “navegando” por alguma rede social você 
se depara com a seguinte notícia: “Extraterrestes invadem o México – há 
4 horas ninguém consegue contato com nenhuma autoridade local”. Por 
curiosidade – ou angústia, não é mesmo? – você clica e lê o texto e sobre 
o que ele se refere. Por experiência, você não compartilha e divulga a 
informação sem antes verificar a veracidade da notícia. Depois do acesso 
e leitura crítica, você identifica que se trata de uma chamada para um 
novo filme, entretanto, durante o dia você vê em sua timeline diversas 
postagens de outros usuários da rede social sobre a notícia tendo-a como 
verdadeira, a ponto do estúdio que produz o filme ter que produzir um 
comunicado oficial para “acalmar” determinada parcela da população. 
Desse exemplo podemos estabelecer o conceito de autonomia que 
encaminha nossas discussões. Definimos autonomia como a competência 
de poder escolher por si mesmo, de poder agir a partir de sua própria 
vontade e, principalmente, de dispor de recursos que permitam pensar de 
maneira crítica e reflexiva sobre essas ações exercidas, ou seja, a premissa 
do exercício da consciência. Freire (2009) afirma que autonomia: 
[...] implica na apropriação crescente de sua posição no contexto. 
Implica na sua inserção, na sua integração, na representação 
objetiva da realidade. Daí a conscientização ser o desenvolvimento 
da tomada de consciência. Não será, por isso mesmo, algo 
apenas resultante das modificações econômicas, por grandes 
e importantes que sejam. A criticidade, como entendemos, há 
de resultar de um trabalho pedagógico critico, apoiando em 
condições históricas propícias (FREIRE, 2009, p.61). ]]
Nesse sentido, interação e autonomia são faces da mesma moeda: 
não se pode produzir conteúdo sem pensar sobre ele, não se pode 
ser autor sem conhecer as responsabilidades de sua ação. Enquanto 
profissionais, não podemos ignorar essas demandas e relações no 
processo ensino-aprendizagem. 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 29
REFLITA:
Do que vale o estudante saber acessar a Internet ou 
fazer o download de um jogo se a ele não avançamos no 
processo de aprendizagens contextualizados, elaborados, 
significativos e essenciais tais como: responsabilidade no 
uso da rede não se colocando em perigo, respeito com o 
outro, entre outros? 
Essas premissas se consolidam enquanto legislação a partir 
da homologação da Base Nacional Comum Curricular – BNCC 
(BRASIL, 2017) que propõe dez competências, tanto cognitivas como 
socioemocionais, como objetivos de aprendizagem e desenvolvimento 
a serem alcançadas ao longo do ciclo da Educação Básica, inclusive 
relacionadas às TDIC. 
Para tanto, os caminhos possíveis para que essas competências 
sejam fomentadas são permeados pela educação baseada nas 
competências digitais, na modernização da educação escolar e na 
criação de oportunidades para que os estudantes sejam estimulados 
a desenvolver e utilizar seu senso crítico com os mais diversificados 
conhecimentos e na socialização do que aprenderam. 
É fundamental lembrar que, apesar das TIDC serem 
qualitativamente diferentes dos recursos convencionais, apenas 
sua utilização não produz as mudanças necessárias no processo 
de desenvolvimento e aprendizagem dos estudantes. Apenas o 
computador, o celular e/ou o tablet estarem no espaço educativo não 
significa a apropriação efetiva da tecnologia sob a égide dos princípios 
da interatividade e autonomia. Afinal, uma aula expositiva, mecânica e 
de baixa interatividade é possível tanto com o uso de multimídia como 
no quadro de giz, não é mesmo?
Para que as TDIC possam possibilitar a modificação, amplificação 
e exteriorização de numerosas funções cognitivas como a memória, a 
percepção, a imaginação, raciocínio é preciso a qualificação da mediação 
pedagógica. 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais30
Novamente lançamos mão de Lévy (2011) teórico-referência 
nas discussões sobre a cibercultura e que, sobre essa qualificação de 
mediação pedagógica, indica que as possibilidades são muitas e variadas 
quando na relação com as funções cognitivas, como por exemplo: 
 • Memória: uso de banco de dados, mapas mentais, conectores 
textuais, arquivos digitais, entre outros. 
 • Imaginação: simuladores virtuais, instrumentos de criação 
colaborativos e de representaçãoabstratos, jogos de narrativas, entre 
outros. 
 • Percepção: sensores, realidade virtual, entre outros. 
 • Raciocínio: principalmente por meio da inteligência artificial e 
pelo compartilhamento entre os indivíduos, que aumentam o potencial 
da inteligência coletiva. 
SAIBA MAIS:
Para saber um pouco mais sobre o que é Cibercultura, 
seus conceitos e seus fundamentos recomendamos a 
leitura do paper “Cibercultura: um estudo contextualizador 
e introdutório”, de autoria de Souza et al, disponível 
para acesso em: http://www.intercom.org.br/papers/
nacionais/2010/resumos/R5-2207-1.pdf
Nesse sentido a mediação pedagógica se constituí na relação 
com a mediação tecnológica, quando, enquanto profissionais, nos 
apropriamos dos meios e recursos sustentados por estas tecnologias 
privilegiando e promovendo práticas que ampliam as possibilidades 
de comunicação que rompem com o modelo unidirecional e 
passivo anteriormente previsto ao estudante. Assim, é fundamental 
compreendermos o modelo de ensino a partir das competências digitais. 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 31
Modelo de ensino a partir das 
competências digitais
Ensinar na relação com as TDIC deve, a priori, preconizar a 
promoção de práticas que permitam aos sujeitos: 
[...] explorar e enfrentar as novas situações tecnológicas de uma 
maneira flexível, para analisar, selecionar e avaliar criticamente os 
dados e informação, para aproveitar o potencial tecnológico com o 
fim de representar e resolver problemas e construir conhecimento 
compartilhado e colaborativo, enquanto se fomenta a consciência 
de suas próprias responsabilidades pessoais e o respeito recíproco 
dos direitos e obrigações. (CALVANI et al, 2008, p. 186). ]]
Espera-se, portanto, que do ensino proposto os sujeitos desenvolvam 
competências necessárias para que os sujeitos estabeleçam relações com 
as TDIC de forma consciente e reflexiva. Para tanto, três dimensões são 
inerentes às competências digitais: tecnológica, cognitiva e a ética. 
Figura 6 - Competências Digitais
Fonte: Adaptado de Silva e Behar (2019).
TECNOLÓGICA
 • Explora novas 
possibilidades 
tecnológicas com 
flexibilidade
ÉTICA
 • Interage de forma 
responsável com 
as tecnologias
COGNITIVA
 • Acessa, seleciona 
e avalia de 
forma crítica as 
informações 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais32
Na integração dessas três competências se espera que o estudante 
compreenda o potencial das TDIC para a construção do conhecimento de forma 
colaborativa e cooperativa. Em um panorama geral, podemos sistematizar as 
Competências Digitais em conhecimentos, habilidades e atitudes. 
Conhecimentos AtitudesHabilidades
 • Entender o 
funcionamento das 
tecnologias, suas 
potencialidades, seus 
benefícios e seus 
riscos relacionados, 
a veracidade das 
informações .
 • Criticidade, reflexão 
e autonomia.
 • Gerenciar a 
informação, distingui 
o virtual do mundo 
real, identifica as 
conexões entre 
esses dois domínios, 
utiliza os serviços 
básicos da internet 
como suporte à 
criação e à inovação.
Figura 7 - Conhecimentos, habilidades e atitudes relacionadas às Competências Digitais. 
Fonte: Adaptado de Silva e Behar (2019).
Desses dois esquemas representados nas figuras anteriores 
podemos ampliar o conceito de competência digital para: 
[...] um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, estratégias 
e sensibilização de que se precisa quando se utilizam as TICs e os 
meios digitais para realizar tarefas, resolver problemas, se comunicar, 
gestar informação, colaborar, criar e compartilhar conteúdo, construir 
conhecimento de maneira efetiva, eficiente, adequada de maneira 
crítica, criativa, autônoma, flexível, ética, reflexiva para o trabalho, o 
lazer, a participação, a aprendizagem, a socialização, o consumo e o 
empoderamento (FERRARI, 2012, p. 3-4 apud SILVA e BEHAR, 2019). 
Entretanto, existem outros elementos sociais, econômicos e 
culturais que implicam na efetivação das Competências Digitais, esses 
que serão discutidos na sequência. 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 33
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido 
que as TDIC conectadas são por natureza multilinguagens, 
conectivas e hipertextuais, sendo que o processo de 
interação, leitura e associação se configuram como 
multitarefas, não lineares, autodidáticos, exploratórios 
e colaborativos. Características que não são inéditas no 
processo de ensino-aprendizagem, mas que com o advento 
tecnológico passam a ser encaradas como tendências 
contemporâneas, demandando habilidades relacionadas à 
participação ativa, criativa, lúdica e engajada por parte dos 
sujeitos. Vimos dois conceitos fundamentais relacionados 
ao ensino-aprendizagem na relação com as TDIC: a 
interatividade e a autonomia. O primeiro está diretamente 
relacionado ao “estudante-autor”, que constrói e significa 
as informações disponíveis em prol de sua aprendizagem 
diante das possibilidades oferecidas diante do caráter 
tecnológico inovador das TDIC. O segundo, diz respeito à 
competência de poder escolher por si mesmo, de poder 
agir a partir de sua própria vontade e, principalmente, de 
dispor de recursos que permitam pensar de maneira crítica 
e reflexiva sobre essas ações exercidas, ou seja, a premissa 
do exercício da consciência. Vimos a necessidade da 
mediação pedagógica para que as TDIC de fato cumpram 
com essas intenções e, para isso, a prática deve objetivar, 
principalmente, o desenvolvimento de competências 
digitais, essas compreendidas como um um conjunto 
de conhecimentos, habilidades e atitudes, estratégias 
e sensibilização de que se precisa quando se utilizam 
as TICs e os meios digitais para realizar tarefas, resolver 
problemas, se comunicar, gestar informação, colaborar, 
criar e compartilhar conteúdo, construir conhecimento de 
maneira efetiva, eficiente, adequada de maneira crítica, 
criativa, autônoma, flexível, ética, reflexiva para o trabalho, 
o lazer, a participação, a aprendizagem, a socialização, o 
consumo e o empoderamento.
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais34
Racionalidade instrumental e 
determinismo tecnológico
Ao término deste capítulo você será capaz de perceber as relações 
entre as condições sócioeconômicas e culturais e o desenvolvimento 
das competências digitais trabalhadas na competência anterior. 
Compreender essa relação permite, principalmente, identificar os 
elementos que permeiam a relação TDIC – ensino – aprendizagem no 
contexto brasileiro. Isto será fundamental para a qualificação das TDIC 
em suas práticas pedagógicas, descontruindo ideias pré-concebidas e 
massivas acerca do conhecimento e competência dos sujeitos diante 
desses recursos. Sem conhecer essa relação, o trabalho pedagógico 
pode fracassar sem com que o profissional identifique os motivos reais. 
E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. 
Avante!
Nativos e imigrantes digitais
Como vimos, as tecnologias de forma geral surgem da 
necessidade humana e, como consequência, transformam o modo de 
vida das pessoas. Esse processo se dá em um ciclo retroalimentado: 
necessidade – tecnologia – necessidade – tecnologia. E é assim também 
na relação com as TDIC. 
Ao facilitar o acesso à informação na viabilização e expansão da 
cultura digital, essas tecnologias alteram as relações estabelecidas, seja 
na vida em geral, seja no contexto educacional, surgindo como objeto de 
pesquisa/estudo para alguns teóricos que buscam melhor compreender 
e definir as especificidades, características e outras perspectivas dessas 
relações na “era digital”.
Entre esses teóricos se destacam Palfrey e Gasser (2011) 
principalmente por serem eles os responsáveis pelos termos: nativos e 
imigrantes digitais. Para eles, aqueles que nasceram apósos anos 1980, 
por serem contemporâneos às tecnologias, teriam maiores habilidades 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 35
para usar as TDIC. Seriam, portanto, os nativos digitais e o aspecto etário 
que definiria a condição do usuário frente a ferramenta e seu conteúdo. 
Já os imigrantes digitais são aqueles que não se enquadram nesse 
grupo. A eles caberia conviver e interagir com os nativos digitais e “se 
familiarizar” com a tecnologia emergente. Nesse cenário ainda haveria 
um terceiro grupo, os colonizadores digitais, que seriam as pessoas 
que destoam do primeiro e do segundo grupo e corresponde àqueles 
que cresceram pré-mundo digital - em mundo analógico -, mas, que 
são responsáveis ou vem contribuindo para a evolução tecnológica. 
Diferente dos imigrantes, os colonizadores atuam conectados e fazem o 
uso sofisticado das tecnologias. 
Figura 8 - Nativos digitais. 
Fonte: Freepik
Essa classificação geracional, ao ser transposta para o cenário 
educacional, predispõe relações conflitantes, afinal, grande parte dos 
professores em atuação poderiam ser categorizados como imigrantes 
digitais frente a turmas de nativos digitais. Mais que um rótulo, esses 
termos nos permitem pensar sobre a forma como cada um desses 
sujeitos aprende, ensina e constrói conhecimento. 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais36
É provável, portanto, que o professor aprenda e construa 
conhecimentos de forma diferente que seus estudantes, 
consequentemente, sua forma de ensinar difere da forma como os 
estudantes percebem o conhecimento e sua produção. 
IMPORTANTE:
A perspectiva de nativos e imigrantes digitais contribui 
principalmente para evidenciar as possíveis barreiras 
e/ou dificuldades de comunicação que podem existir 
entre professores e estudantes. Se pensarmos a partir do 
proposto, considerando alunos e os professores de hoje, 
respectivamente, nativos e imigrantes digitais, é possível 
que nessa relação ambos busquem se fazer entender e ser 
compreendido por meio de “línguas diferentes”. 
Figura 9 - Dificuldades comunicativas. 
Fonte: Freepik
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 37
Assim, é possível que nessa relação os estudantes e suas 
demandas de aprendizagem coloquem em xeque as formas e métodos 
pelas quais os professores aprenderam e, consequentemente, ensinam. 
É preciso destacarmos que as análises que fizemos até aqui 
podem resultar em perspectivas simplistas, pressupondo-se que 
existam formas prontas e acabadas que são garantia de aprendizagem, 
afinal, superada a dificuldade de comunicação, não haveria motivo para 
que o que se ensina não seja aprendido, não é mesmo? Entretanto, 
sabemos que o processo educacional é complexo e não opera nessa 
lógica matemática, tampouco, dessa forma linear. 
Assim, quando pensamos no impacto positivo ou negativo 
das inovações decorrentes das TDIC na educação, é preciso que 
consideremos todo o cenário que comungam nesse processo dentro e 
fora do espaço escolar. Portanto, é fundamental destacar as controvérsias 
que emergem da perspectiva geracional apresentada. 
Modelo geracional: reflexões necessárias
Ao contrário de Palfrey e Gasser (2011), Monereo e Pozo (2010) 
afirmam que não devemos considerar a idade como condição 
determinante na relação com as TDIC. Apontam que não há um “abismo 
geracional” mas sim, um “abismo sóciocognitivo”, ou seja, a diferença está 
no modo de pensar e de se relacionar com o mundo das pessoas que 
não utilizam as tecnologias digitais ou as utilizam de forma esporádicas 
ou cotidianamente. 
Revisitando a sua primeira categorização, Prensky (2009) também 
acaba se considerando essas questões, tanto que sugere um novo 
conceito: sabedoria digital. Esse conceito se refere tanto à sabedoria 
decorrente do uso da tecnologia digital, quanto à sabedoria de saber 
usá-la com ética. Assim, indiferente da faixa etária, todos podemos nos 
tornar sábios no mundo digital, como em qualquer aprendizagem, com 
maior ou menor habilidade em determinados campos de operação. 
Para tanto, é necessário perceber em que cenário se estabelecem 
as relações com as TDIC que possibilitam a sabedoria digital. Conforme 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais38
dados do CENSO, 41% (quarenta e um por cento) das pessoas que 
apontaram “falta de habilidade com o computador” são “[...] mais velhas 
e menos escolarizadas" (BRASIL, p. 51, 2015), a lógica etária parece fazer 
sentido. Entretanto, dados divulgados pelo CETIC – Centro Regional 
de Estudos para o desenvolvimento da sociedade da informação, 
publicados em 2018, apontam que 33% (trinta e três por cento) das 
residências não tem acesso à Internet, ou seja, reduz a todos, indiferente 
de sua idade, a possibilidade de avanços no sentido da sabedoria digital. 
Essa condição – mazela – de exclusão digital decorrente das 
condições sociais e econômicas pode ser definida como uma “fratura 
digital”. Para Mattelart (2002) em uma sociedade desigual dois papéis se 
desenham: os "inforricos" - aqueles com uso proficiente das tecnologias 
e, os "infopobres" - sujeitos marginalizados no cenário tecnológico. 
Portanto, essa condição nos alerta para compreender a condição 
brasileira no trabalho integrado às TDIC: as condições de usuário é um 
fenômeno que engloba aspectos de ordens econômica e social, nos 
quais os mais pobres, mais velhos e menos escolarizados, os primeiros 
e os últimos em diferentes faixas etárias, são marginalizados do cenário 
tecnológico por sua condição de existência (CASTELLS, 1998). 
Portanto, é preciso considerar que muitos dos estudantes não 
estão/não se encontram inseridos na cultura digital. Embora esses 
mesmos estudantes possam se engajar diante das TDIC em sua 
aprendizagem, precisamos estar atentos para perceber a condição 
de usuário desse estudante que será fundamental na relação ensino-
aprendizagem, afinal, a inabilidade ou desinteresse ou até mesmo o 
“fracasso” nesse processo pode estar relacionado diretamente ao fato 
de não terem acesso às tecnologias cotidianamente em decorrência de 
sua condição sócioeconômica. 
Fato que, para Koutropoulos (2011), é o suficiente para 
questionarmos a existência de uma geração digital e as premissas – 
quase de mágicas – de como ensinar e trabalhar com os “nativos digitais”, 
afinal, esse termo carrega em si um estereótipo que precisa ser rompido 
e, infelizmente, em decorrência das desigualdades sociais, representa 
minoria da população. 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 39
Assim, precisamos considerar como fator essencial para o 
trabalho com as TDIC a Inclusão Digital entendida como a efetivação – 
mínima – de três ações:
 1º) a disponibilização da tecnologia aos usuários;
2º) a formação técnica desses para o uso e; 
3º) a formação intelectual crítica para refletir sobre seu papel de 
usuário. (BARRETO, 2009; CASTELLS, 1998; MATTELART, 2002). 
É fato que na escola já avançamos significativamente na 
disponibilização das tecnologias, ainda é preciso avançar e para tanto, é 
preciso participarmos ativamente das discussões sobre políticas públicas 
para que a infraestrutura seja qualificada. A segunda ação podemos 
encarar como decorrente, afinal, tendo a “ferramenta” disponível, 
identificaremos a demanda do estudante e, a partir dela podemos 
intervir e avançar. Já a terceira ação é o que irá, de fato, superar o abismo 
ocasionado pela “fratura digital”, pois, é o uso proficiente e autônomo das 
TDIC e é sobre essa ação que avançaremos na próxima competência. 
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo deste 
capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter 
aprendido que Palfrey e Gasser (2011) são responsáveis 
pelos termos nativos, imigrantes e colonizadores digitais. 
Esses autores relacionaram as habilidades para o uso das 
TDIC com a faixa etária populacional, assim,aqueles que 
nasceram após os anos 80, por serem contemporâneos 
às tecnologias, teriam maiores habilidades e seriam os 
“nativos digitais”, os imigrantes seriam os que antecedem 
essa geração e, portanto, precisariam “se familiarizar” 
com a tecnologia emergente e, os colonizadores digitais, 
seriam as pessoas que destoam do primeiro e do segundo 
grupo, correspondendo àquelas pessoas que nasceram 
em mundo analógico, mas, que são responsáveis ou vem 
contribuindo para a evolução digital, fazendo. No cenário
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais40
educacional, essa perspectiva contribui para refletirmos 
sobre possíveis relações conflitantes em decorrência das 
diferenças geracionais, permitindo pensar nas diferenças 
como cada geração constrói conhecimento e, no caso dos 
professores, acaba por ensinar, o que resultaria em uma 
barreira comunicacional. Entretanto, vimos que essa relação 
é mais complexa, afinal, há fatores sociais e econômicos 
envolvidos que interferem no acesso e proficiência na 
apropriação das TDIC pelos sujeitos. Vimos que para 
Monereo e Pozo (2010) não há um “abismo geracional” 
mas sim, um “abismo sóciocognitivo”, ou seja, a diferença 
está no modo de pensar e de se relacionar com o mundo 
das pessoas que não utilizam as tecnologias digitais ou as 
utilizam de forma esporádicas ou cotidianamente. Premissa 
que resulta no conceito de sabedoria digital que acolhe 
a todos na possibilidade de domínio das TDIC. Vimos 
também que para que a sabedoria digital seja algo possível, 
é preciso considerar a “fratura digital”, compreendendo 
que grande parte da sociedade não se encontra inserida 
na cultura digital por não terem acesso em decorrência de 
sua condição sócioeconômica. Fato que nos alerta para 
questionarmos a existência de uma geração digital e as 
“receitas mágicas” para educa-los. Ainda, vimos que na 
relação com as TDIC é fundamental que a Inclusão Digital 
seja efetiva e, para tanto, três ações são essenciais: 1º) a 
disponibilização da tecnologia aos usuários; 2º) a formação 
técnica desses para o uso e; 3º) a formação intelectual 
crítica para refletir sobre seu papel de usuário.
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 41
Desafios contemporâneos relacionados 
às Tecnologias Educacionais
Ao término deste capítulo você será capaz de identificar os 
desafios contemporâneos relacionados à apropriação tecnológica 
no processo ensino-aprendizagem. Iremos perceber como as 
competências digitais se desenvolvem da perspectiva do letramento 
computacional à fluência digital. Isto será fundamental para a promoção 
de práticas em prol da inclusão digital e, consequentemente, para a 
superação da “fratura digital” discutida anteriormente. Ainda, no campo 
da neuroeducação, opera no sentido possibilitar o desenvolvimento 
cognitivo dos estudantes na interface com as TDIC. E então? Motivado 
para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
Letramentos computacional, informacional 
e em mídias: ponderações necessárias
Vimos que para que a Inclusão Digital se efetive, três ações 
essenciais são necessárias: a disponibilização da tecnologia aos usuários, 
a formação técnica desses para o uso e, a formação intelectual crítica 
para refletir sobre seu papel de usuário. Dessa forma, podemos perceber 
que a inclusão segue um caminho: acesso, uso e emancipação. 
Produzir informação e conhecimento passa a ser, portanto, 
a condição para transformar a atual ordem social. Produzir 
de forma descentralizada e de maneira não-formatada ou 
preconcebida. Produzir e ocupar espaços, todos os espaços, 
através das redes. Nesse contexto, a apropriação da cultura 
digital passa a ser fundamental, uma vez que ela já indica 
intrinsecamente um processo crescente de reorganização 
das relações sociais mediadas pelas tecnologias digitais, 
afetando em maior ou menor escala todos os aspectos da 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais42
ação humana. Isso inclui reorganizações da língua escrita e 
falada, as ideias, as crenças, costumes, códigos, instituições, 
ferramentas, métodos de trabalho, arte, religião, ciência, enfim, 
todas as esferas da atividade humana. Até mesmo os aspectos 
mais pessoais, como os rituais de namoro e casamento, entre 
outras práticas, têm sua regulação alterada, dadas as novas 
formas de interação vivenciadas na cultura digital (PRETTO, 
2008, p. 78). 
Para tanto, partiremos do pressuposto – que pode e deve ser 
questionado – que de menor ou maior qualidade, de alguma forma, o 
acesso as TDIC nas escolas são uma realidade, cumprindo a primeira ação, 
ao menos no espaço escolar, necessária para a Inclusão Digital. Assim, 
nosso percurso de aprendizagem segue em busca da compreensão dos 
caminhos já trilhados e a serem trilhados para a sabedoria digital com 
vistas às competências digitais.
A partir da década de 80 e a “novidade” dos computadores a 
principal competência priorizada nos processos educacionais era aquela 
relacionada à informática. O objetivo era, a grosso modo, possibilitar a 
familiarização e a experiência com o computador. Com o avanço dessas 
tecnologias, passa-se dessas competências – da informação -, para as 
competências relacionadas à comunicação, avançando para termos 
como “letramento informacional”, “Educação em Mídias”, entre outros. 
IMPORTANTE:
Essas perspectivas não se limitam apenas as TDIC, dizem 
respeito às discussões estabelecidas de forma geral às TIC 
e as suas influências no consumo e interferência na vida 
cotidiana das pessoas. 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 43
As mudanças dos conceitos estão diretamente relacionadas 
ao desenvolvimento tecnológico decorrente e a forma com que se 
possibilitam as relações com as tecnologias, suas funções e conexões 
no cotidiano. Essa base nos permite afirmar a partir das discussões 
propostas na segunda competência do nosso material, com base 
em Silva e Behar (2019), que o conceito de competências digitais foi 
construído à medida que as TDIC interferiam e modificavam as relações 
no âmbito da sociedade. Ainda, que a complexidade tecnológica faz com 
que a cada dia uma nova necessidade “apareça” e uma nova tecnologia 
seja criada ou, uma anterior seja atualizada, o que não nos garante que 
“ter” a ferramenta digital seja sinônimo de “ser” digitalmente competente. 
Se, a partir do conceito de emancipação apresentado na abertura 
dessa competência em convergência aos termos e suas perspectivas 
apontados por Silva e Behar (2019), as práticas que efetivamos na 
interface com as TDIC seriam, de fato, convergentes para uma educação 
em prol da superação das desigualdades, que possibilita a autonomia e 
a competência dos estudantes?
Alfabetização e Letramento digital
A reflexão proposta não pretende ser respondida, ela nos servirá 
como “guia” nas análises que faremos sobre os termos que aparecem 
na sistematização apresentada na figura anteriormente e que, por vezes, 
povoam as práticas pedagógicas. 
O primeiro diz respeito à Alfabetização e Letramento digital. 
Aproximando ao conceito utilizado nos processos relacionado à Língua 
Portuguesa, entendemos alfabetização como o domínio do código 
escrito, com as habilidades de leitura e escrita, nessa perspectiva, o 
letramento, opera na compreensão do caráter comunicacional dessa 
ferramenta simbólica, em sua significação e identidade, ou seja, é o 
caráter de autonomia e emancipação na utilização da linguagem.
Transpondo para as TDIC, alfabetizar e letrar passar a, 
obrigatoriamente, a agregar as mudanças tecnológicas, afinal, as 
demandas digitais e suas particularidades são essenciais para que 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais44
a comunicação se efetive. Coll e Illera (2010) relacionam que, ser 
alfabetizado e letrado em tempos de tecnologias digitais, é preciso 
necessariamente ter conhecimentos e domínios das TDIC. Soares (2002) 
avança para as particularidades da leitura em tela, da hipertextualidade 
e das característicasque as TDIC agrupam ao código escrito. 
“[...] o letrado digitalmente interage com as tecnologias, 
realizando práticas como saber pesquisar, selecionar, avaliar a 
informação, realizar trocas entre pares, compartilhar, ser autor, 
sempre utilizando os recursos da Web, e utilizando diferentes 
ferramentas para isso” (SILVA, 2012, p. 74). 
Nesse sentido, o processo de alfabetização e letramento – 
tradicional e digital – são desenvolvidas em conjunto, de modo concreto, 
mas, acontecem em diferentes momentos. 
Uma prática que representa essa lógica é a do Laboratório de 
Informática. Os estudantes em processo de alfabetização desenvolvem 
determinado conteúdo em sala e, em um período pré-agendado 
e esporádico, vão a esse espaço para utilizar os recursos e realizar 
pesquisar, sistematizar produções, entre outras ações. 
Para Silva (2012) essas práticas podem até garantir o caráter de 
alfabetização, porém, fracassam no princípio do letramento – tradicional 
e digital – afinal, descontextualizam as práticas sociais realizadas no 
ambiente virtual. 
Fluência digital
Dessas considerações, podemos avançar para a perspectiva da 
fluência digital. Essa condição de “ser fluente” diz respeito ao “algo a 
mais” para se comunicar diante das peculiaridades das TDIC. 
Hoje nas redes sociais é comum nos depararmos com “memes” 
que são imagens com textos ou outros formatos, geralmente com 
conteúdos engraçados. Para compreender a “graça” que esse recurso 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 45
carrega em si é preciso ser fluente na linguagem que o compõe, afinal, 
há um contexto que o significa e faz como que ele seja, portanto, 
engraçado ao comunicar sua mensagem. 
Na relação entre alfabetização, letramento e fluência digital, 
podemos sistematizar seus conceitos e perspectivas conforme a Figura 
10 a seguir: 
Figura 10 - Relação entre o processo de alfabetização, letramento e fluência digital.
Fonte: Adaptado de Silva e Behar (2019).
Alfabetização digital Fluência digitalLetramento digital
 • Considera a 
influencia da 
tecnologia na 
definição da leitura 
e da escrita. Com 
as mudanças 
tecnológicas é 
preciso considerar 
os processos de 
alfabetização 
tradicional e 
digital como 
complementares. 
 • Compreende 
a capacidade 
pessoal de 
avaliar, selecionar, 
aprender e usar as 
novas tecnologias 
da informação 
conforme 
apropriado para 
suas atividades 
pessoais e 
profissionais 
(Tarouco, 2013).
 • Evidencia a 
importância da 
capacidade de 
entender e usar 
a informação em 
múltiplos formatos.
Portanto, a partir do desenvolvimento desses conceitos é 
fato que ainda é preciso avançarmos significativamente nas práticas 
desenvolvidas na relação com as TDIC para que possamos o conceito 
de Competências Digitais almejado seja alcançado. Entretanto, se ainda 
estivermos em alfabetização, em práticas de letramento ou já avançando 
para a fluência, o importante é sempre ter em mente que o objetivo 
maior de todo o trabalho na relação com as TDIC é a formação do sujeito 
competente, crítico e capaz de se comunicar, objetivos que variam de 
pessoa para pessoa, pois, são várias as condições que permeiam essa 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais46
relação tão complexa. Ainda, mesmo no campo das Competências 
digitais, cabe destacarmos seu caráter dinâmico e a necessidade 
constante de atualização por parte dos profissionais que se predisporem 
a esse trabalho desafiante. 
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido 
que a inclusão digital segue um caminho que é acesso, uso 
e emancipação na relação com as TDIC e, dessa relação 
algumas perspectivas se evidenciam. Perspectivas e 
conceitos que sofrem mudanças com desenvolvimento 
tecnológico e que permitem, na atualidade, compor o 
conceito de competências digitais. Vimos que alfabetizar 
e letrar passa a agregar as mudanças tecnológicas 
considerando essenciais os conhecimentos e domínios das 
TDIC, como, por exemplo: as particularidades da leitura em 
tela e da hipertextualidade. Portanto, evidenciou-se que 
essa perspectiva avança no sentido de discutir o processo 
de alfabetização e letramento tradicional e digital de 
forma conjunta, de modo concreto, porém, por separá-los, 
acabam por fracassar no princípio do letramento tradicional 
e digital, descontextualizam as práticas sociais realizadas no 
ambiente virtual. Questão que nos permitiu avançar para o 
conceito de fluência digital, entendida como o “algo a mais” 
necessário para se comunicar diante das peculiaridades 
das TDIC. Desses conceitos foi possível discutir que ainda se 
tem um extenso caminho para se concretizar as premissas 
das competências digitais, mas que, ao profissional que se 
dispõe ao desafio de trabalhar com as TDIC, é fundamental: 
formação do sujeito competente, crítico e capaz de se 
comunicar, considerando a diversidade dos sujeitos, diante 
das condições que permeiam essa relação tão complexa. 
Neuroeducação e Tecnologias Educacionais 47
BIBLIOGRAFIA
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In: PRETTO, Nelson De Luca; SILVEIRA, Sérgio Amadeu da (Org.). Além 
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