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GASTROLIGA UESB SESSÃO ABERTA - DIARREIA INTRODUÇÃO Epidemiologia 2 ❖ Segunda causa de mortes em crianças <5 anos, cerca de 8%; ❖ A diarreia foi a nona principal causa de morte em todo o mundo em 2015; ❖ A maioria das mortes por diarreia ocorre entre crianças com menos de 2 anos de idade que vivem no sul da Ásia e na África subsaariana ❖ Mais de 1,7 bilhão de pessoas, no mundo, sofrem um ou mais episódios de diarreia aguda a cada ano; ❖ 80% dos casos são transmitidos através de alimentos contaminados. ❖ A maioria dos casos de diarreia está associada a alimentos e fontes de água contaminados / mais de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo não têm acesso ao saneamento básico; PATOGENIA O que causa a Diarreia? 3 • Quando há desequilíbrio entre absorção e secreção de fluidos pelo intestino ➢ Intestino delgado ■ Duodeno ● Recebe cerca de 10L de fluidos em 24horas; ● 2L (dieta)/ 8L(secreção gastrointestinais). ■ Grande capacidade de absorção - 85% ou +;. ➢ Intestino grosso ■ Grande capacidade absortiva de água (4L); ■ Aproximadamente 100 ml de água ficam nas fezes. PATOGENIA ❖ Fisiologia da diarreia 4 ➢ Absorção de líquidos; ■ Maior parte no jejuno; ■ 1,5L chegam ao cólon; ■ 100/150 ml nas fezes; ➢ Osmolaridade da luz intestinal; ■ Menor para maior; ■ Manitol, lactulose; ➢ Mucosa intestinal; ■ Função de barreira; ● Exiguidade intercelular; ● Muco; ● Imunoglobulinas ● Defensinas; ➢ Sistema nervoso entérico; ■ Plexo mioentérico e camadas neurais da Mucosa e submucosa ■ Modulação por VIP, Somatostatina, Neuropeptídeo y, norepinefrina, etc. ➢ Flora intestinal; ■ Variada; ■ Simbiose; ■ Enterites por: ● Reprodução bacteriana; ● Uso de antibióticos; ● Alterações nos mecanismos de defesa; ➢ Motilidade intestinal; ■ Diarreia funcional; ■ Doenças endócrinas (hipertireoidismo, síndrome carcinóide, vipoma) ■ Síndrome do intestino irritável INTRODUÇÃO O que é a Diarreia? 5 • Aumento do número de evacuações diárias (mais de três vezes ao dia); • Diminuição da consistência; • Peso (mais de 200g/dia). INTRODUÇÃO Classificação fisiopatológica 6 ❖ Diarreia osmótica ➢ Retenção osmótica; ➢ Cessa com o jejum; ➢ Causas frequentes: deficiência de dissacarídeos, uso de laxativos, antibióticos, carboidratos não absorvíveis (sorbitol, manitol, lactulose). ➢ Gap osmolar alto (>125 mosm/Kg) ❖ Diarreia secretora ➢ Toxinas bacterianas; ➢ Amp-cíclico, Gmp-cíclico; ➢ Gap osmolar baixo (<50 mosm/Kg) ➢ Persiste com o jejum; ➢ Fezes líquidas, abundantes, claras e fétidas. ➢ E. coli enterotoxigênica, Vibrio cholerae, Salmonella sp. INTRODUÇÃO Classificação fisiopatológica 7 ❖ Diarreia exsudativa ➢ Dano ao epitélio intestinal; ➢ Fezes com sangue, muco ou pus; ➢ Febre alta, leucocitose, neutrofilia e desvio à esquerda; ➢ Principais etiologias: DII, infecções, isquemia, radiação, neoplasias. ❖ Diarreia motora ➢ Aumento da motilidade do intestino delgado; ■ Hipertireoidismo; ➢ Aumento da motilidade do cólon; ■ Síndrome do cólon irritável. ❖ Diarreia disabsortiva ➢ Conhecida como esteatorreia; ➢ Doença celíaca, doença de Crohn, doença de Whipple, giardíase e linfoma intestinal. Etiologia ❖ Diarreias Infecciosas - Principais Vírus 8 ❖ Rotavírus e Norovírus ➢ Proteína viral atua como enterotoxina; ➢ Gastroenterite aguda; ➢ Fezes aquosas; ➢ Vômitos; ➢ Duração máxima de 72 horas. ❖ Citomegalovírus ➢ Forma persistente (entre 15 e 30 dias); ➢ Disentérica. Etiologia ❖ Diarreias Infecciosas - Principais Bactérias 9 ❖ Escherichia coli: ➢ Bastonete Gram-negativo; ➢ E. coli diarreiogênica: ■ Enteroinvasiva (EIEC), enterotoxigênica (ETEC), enteroagregante (EAEC), enteropatogênica (EPEC) e entero-hemorrágica (EHEC). ➢ Transmissão: Alimentos e água contaminados com fezes humanas ou de animais; ➢ Enterotoxinas: cloro; sódio ➢ Citotoxinas: Agridem o epitélio intestinal; Etiologia ❖ Diarreias Infecciosas - Principais Bactérias 1 0 ❖ Salmonella: ➢ Bastonete Gram-negativo; ➢ Transmissão: Ovos, aves domésticas, leite e outros; ➢ S. typhimurium: Gastroenterites; ➢ Enterotoxinas: cloro ➢ Manifestação: Diarreia aquosa > diarreia sanguinolenta) > colite (diarreia mucossanguinolenta). ❖ Shigella: ➢ Bastonete Gram-negativo; ➢ Transmissão: Fecal-oral (alimentos e água contaminados); ➢ Enterotoxina potente; ➢ Sintomas: Após incubação (1-2 dias); ➢ Enterite (diarreia aquosa) > colite (diarreia mucossanguinolenta). Etiologia ❖ Diarreias Infecciosas - Principais Bactérias 1 1 ❖ Staphylococcus: ➢ Coco Gram-positivo; ➢ Transmissão: Contaminação de alimentos (toxina termoestável); ➢ Sintomas: 2-8 horas após a ingestão; ➢ Fezes aquosas. DIARREIA AGUDA - ABORDAGEM 12 Antecedentes patológicos pessoais e familiares (Típicos da diarreia crônica) - Intolerância à lactose - HIV - Cirurgias - DII Medicamentos - Antibióticos(>10%) - Quimioterápicos(>10%) - Colchicina (>20%) - Prostaglandinas (>20%) Dados epidemiológicos - Contatos - Viagens - Refeições Características das evacuações Outros sintomas - Alta: Intestino delgado - Baixa: intestino grosso - Febre, vômitos, dor abdominal; Tempo de evolução - Diarreia tóxica (4/24 horas) → clostridium, staphylococus - Diarreia infecciosa (48/+horas) → frequentemente virais Diarreia aguda É autolimitada (regressão espontânea < 15 dias) Obs: Antecedentes podem indicar quadros de diarreia crônica, servindo portanto como critério de exclusão para diarreia aguda Obs: Diarreias funcionais (3/+ meses).Tem ausência de sintomas e sinais de alarme. É classificada como crônica. ● Característica clínica e topográfica: Vírus: duram geralmente de 3 a 4 dias Bactérias: podem durar até 7 dias Protozoários: podem durar até mais de uma semana PERÍODO DE INCUBAÇÃO E PROVÁVEIS CAUSAS DA DIARREIA AGUDA 1 3 AGENTES CAUSAIS DA DIARREIA AGUDA 1 4 ❖ Principais agentes etiológicos ➔ Virais ◆ Rotavirus, norovirus. ➔ Bacterianos ◆ E. Coli, Salmonella, shigella, Campylobacter ➔ Parasitológicos ◆ Cryptosporidium, giardia lamblia, entamoeba histolytica ➔ Farmacológicos ◆ Laxantes, colchicina EXAME FÍSICO 1 5 Avaliar: ➢ Nível de desidratação; ■ Diminuição da diurese; ■ Turgor da pele; ■ Formação da prega cutânea; ■ Mucosas ressecadas. ➢ FC e PA; ➢ Peso; ➢ Temperatura; ➢ Exame do abdome; EXAMES COMPLEMENTARES 1 6 ❖ Quando investigar? ❖ ➔ Casos graves hospitalizados ➔ Pacientes com mais de 70 anos ➔ Gravidez ➔ Número de episódios maior ou igual 6 por dia ➔ Desidratação grave ➔ Diarreia inflamatória ➔ HIV ➔ Imunossuprimidos ❖ Exames ❖ ➔ Coprocultura (viral e bacteriana); ➔ Hemograma (leucocitose e bioquímica) ➔ Parasitológico de fezes e imunoensaio (toxinas de vírus, bactérias e protozoários) ➔ Radiografia do abdome (suspeita de DII) 1 7 CONDUTA E TRATAMENTO TRATAMENTO 19 Conduta Medicação ❖ Hidratação e correção de distúrbios hidroeletrolíticos, realimentação, uso de antibióticos e de probióticos. ➔ Agentes antidiarreicos: ◆ Rececadotril: 100 mg VO 8/8 horas ◆ Loperamida: 4 mg de ataque seguido de 2 mg VO após cada evacuação, até um máximo de 16 mg/dia ◆ Subsalicinato de bismuto: 30 ml VO 6/6 horas ➔ Probióticos: ◆ Saccharomyces boulardii (100-200mg 8/8 horas) ➔ Antibióticos ◆ Azitromicina: 1g VO dose única ou 500mg VO por 3 dias ◆ Levofloxacino: 500mg VO dose única ou 3 dias de tratamento ◆ Ciprofloxacino: 750mg VO dose única ou 500mg VO por 3 dias* TRATAMENTO 20 ❖ Sem desidratação ➢ Manter alimentação; ➢ Aumentar a ingestão hídrica; ➢ Orientar; ➢ Zinco 1x/dia, 10-14 dias. ❖ Desidratação moderada ➢ Ingestão de SRO (50-100 mL/kg); ➢ Reavaliar; ➢ Orientar. ❖ Desidratação grave ➢ Reidratação intravenosa; ➢ Administrar conjuntamente SRO via oral. DIARREIA CRÔNICA ❖ Quadro de diarreia por mais de 2 semanas; ❖ O aspecto das fezes poderá servir como guia na formulação das hipóteses diagnósticas: ❖ Diarreia crônica sanguinolenta: Relacionada à doença intestinal inflamatória; ❖ Diarreia crônica não sanguinolenta:A investigação deve ser direcionada para G. lamblia e C. difficile. ❖ Diarreia Crônica Aquosa; ❖ Diarreia Crônica Inflamatória; ❖ Diarreia Crônica Gordurosa; HISTÓRIA 22 ❖ Duração dos sintomas (definir diagnóstico diferencial); ❖ Frequência das fezes; ❖ Sintomas de desidratação: Boca seca, aumento da sede, diminuição da urina, fraqueza; ❖ Perda de peso; ❖ Características das fezes: sangue, aquosas, muco, pus, gotículas de óleo, partículas de alimentos; ❖ Evacuação durante dia vs durante a noite; ❖ Urgência ou incontinência fecal; ❖ Dor abdominal (SII) HISTÓRIA 23 ❖ Flatulência; ❖ Inchaço; ❖ Distenção gasosa; ❖ Febre; ❖ Cólicas; ❖ Cirurgias abdominais anteriores; ❖ Ingestão de medicamentos; ❖ Dieta (frutoses, álcools de açúcares, como sorbitol e manitol); ❖ Dor abdominal associada à defecação. ❖ Indícios Epidemiológicos: ➢ Residência em ambiente rural ou urbano; ➢ Fonte de água potável; ➢ Abuso de laxantes; EXAME FÍSICO - O que fazer? 24 ❖ Procurar por mudanças ortostáticas na pressão arterial e no pulso; ❖ Observar febre e outros sinais de toxicidade; ❖ Exame abdominal cuidadoso ❖ Atenção para presença ou ausência de sons intestinais, distensão abdominal, sensibilidade localizada ou generalizada, massas, aumento do fígado; EXAMES COMPLEMENTARES ❖ Hemograma; ❖ Ureia e Creatinina; ❖ Sódio e Potássio; ❖ Albumina Sérica ACHADOS E INDICATIVOS 29 ❖ Mastocitose (urticária pigmentosa), ❖ Amiloidose (macroglossia, pápulas cerosas, pinch púrpura), ❖ Doença de Addison (aumento da pigmentação), ❖ Glucagonoma (eritema migratório necrosante), ❖ Síndrome carcinoide (rubor), ❖ Doença de Kõhlmeier-Degos (papulose atrófica maligna) ❖ Doença celíaca (dermatite herpetiforme). REFERÊNCIAS 30 ❖ ZATERKA, Schlioma; NATAN EISIG, Jaime. Tratado de Gastroenterologia: Da graduação à pós-graduação. 2. ed. [S. l.]: Atheneu, 2016. ❖ Sleisenger y Fordtran. Doenças digestivas e hepáticas: Fisiopatología, diagnóstico e tratamento. (2017). Espanha: Elsevier Health Sciences. ❖ QUEIROZ, C. ; Como Fazer Todos Os Diagnósticos. 1 ed. Salvador, Ba. Editora Sanar, 2020.
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