Relatório - Farmacotécnica 2 Pós e grânulos sal efervescente e talco mentolado.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA
COMPONENTE CURRICULAR: FARMACOTÉCNICA II
DOCENTE: CARLOS ARTHUR CORREIA VELOSO
DISCENTES:
ELLEN FRANCISCA MACIEL LUSTOSA
RODRIGO GONÇALVES DE ARAÚJO
TALITA CARDOSO CUSTODIO
WALLYSON JUNIO SANTOS DE ARAÚJO
RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA:
FORMAS FARMACÊUTICAS “PÓS” - MANIPULAÇÃO DE SAL DE FRUTA E
TALCO MENTOLADO
CAMPINA GRANDE - PB
2022
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 3
2. OBJETIVOS 7
3. MATERIAIS E MÉTODOS 7
3.1. Preparação do Sal de Frutas 7
3.2. Preparação do Talco Mentolado 8
4. RESULTADOS 13
REFERÊNCIAS 15
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1. INTRODUÇÃO
Formas farmacêuticas em pó são misturas sólidas e secas constituídas por
um com mais princípios ativos, podendo ou não estar vinculado a um excipiente. Os
pós podem ser utilizados para preparação de outras formas farmacêuticas, como
comprimidos, serem utilizados na forma de pó solto, como o talco mentolado, ou
serem solubilizados em água para consumo por via oral, como é o exemplo do sal
de frutas. Iremos abordar ambas as formulações a seguir.
O sal de frutas é um composto indicado para alívio de azia, má digestão e
outros sintomas como excesso de acidez estomacal e indigestão ácida. O pó reage
rapidamente e efervesce à medida que se adiciona água para produzir um líquido
para consumo.
O ácido cítrico, carbonato de sódio e o bicarbonato de sódio são as
substâncias presentes no sal de frutas. O ácido cítrico é uma substância
eflorescente, ou seja, possui uma molécula de hidratação que é liberada e pode
tornar a formulação pastosa ou liquefeita, para corrigir esta propriedade é
necessário secá-lo em estufa para eliminar as moléculas de água antes da
manipulação.
O bicarbonato de sódio e o ácido cítrico, na presença de água, reagem entre
si e liberam dióxido de carbono. A reação ocorre em meio aquoso pois em presença
de água ocorre a dissociação do sal nos íons Na+, H+ e CO32- e ionização do ácido
cítrico em 3 H+ + C6H5O7–, permitindo a formação do citrato de sódio, água e gás
carbônico, conforme reação I logo a seguir:. A mistura de fármacos forma uma
solução carbonatada no qual é possível mascarar o sabor desagradável dos
componentes. O CO2 também pode atuar como estabilizador da mucosa gástrica e
aumentar a absorção do fármaco.
I. 3 NaHCO3(aq) + C6H8O7(aq) ↔ Na3C6H5O7(aq) + 4 H2O(l) + 3 CO2(g)
Uma pequena quantidade residual de bicarbonato de sódio permanece em
solução. O bicarbonato irá reagir com o excesso de ácido clorídrico no esôfago e no
estômago para formar cloreto de sódio. Conforme mostra a reação II:
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II. NaHCO3(aq) + HCl(aq) ↔ NaCl(aq) + CO2(g) + H2O
O citrato de sódio irá sofrer degradação aeróbica formando bicarbonato que
continuará a reagir com o ácido clorídrico. Na reação III pode-se observar a
dissociação do citrato de sódio, enquanto que na IV observa-se a formação do
bicarbonato de sódio, que irá ser formado a partir dos íons presentes no estômago,
e do ácido cítrico, na reação V.
.
III. Na3C6H5O7 ↔ C6H5O7– + 3 Na+
IV. Na+ + H– + CO32- ↔ NaHCO3
V. C6H5O7– + 3 H+ - ↔ C6H8O7
O ácido cítrico é um ácido fraco que não irá provocar um feedback positivo de
produção excessiva de ácido clorídrico devido à alcalinização do meio. O citrato de
sódio é oxidado nos tecidos e eliminado como gás carbônico.
O carbonato de sódio servirá na formulação para fornecer os íons
necessários para as reações mencionadas anteriormente e também poderá reagir
com o ácido clorídrico. Esta dissociação e reação ocorre conforme mostrado na
reação VI e VII, respectivamente:
VI. Na2CO3(aq) ↔ 2 Na+ + CO32-
VII. Na2CO3(aq) + 2 HCl(aq) ↔ CO2(g) + H2O + 2 NaCl(aq)
Após a absorção poderá ocorrer alcalose metabólica transitória devido ao
aumento do íon bicarbonato (HCO3−) na corrente sanguínea, visto que o íon não é
metabolizado, e sim reabsorvido pelos rins, podendo ocasionar aumento da pressão
arterial em pacientes predispostos devido ao sódio, devendo ser administrado com
cautela em pacientes hipertensos.
O Talco Mentolado é produzido em especial para os pés, pois previne e
combate os odores aborrecedores da região, além de evitar o surgimento de calos e
brotoejas, como também, devido ao mentol, promove alta sensação de frescor. Além
disso, o Talco Mentolado consegue exercer a função de proteger - como um todo -,
as superfícies da nossa pele. Outro efeito positivo é que, devido às partículas do
Talco Mentolado possuírem poros microscópicos, estes agem absorvendo a
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umidade, conseguem proporcionar efeito antisséptico e, por fim, atua aliviando os
sintomas da catapora e picadas de insetos.
Na tabela 1 podemos observar as substâncias utilizadas para a formulação
do talco mentolado, bem como suas funcionalidades e características gerais
físico-químicas.
Tabela 1: Funcionalidade e características de cada uma das substâncias utilizadas para
preparo do talco mentolado:
Substância Funcionalidade Característica físico-química
Amido Secante O amido é um polímero semicristalino
constituído basicamente por amilose e
amilopectina. Seus grânulos são formados
por regiões amorfas intercaladas com
áreas mais densas compostas por lamelas
alternadas de material cristalino e amorfo.
Cânfora Aromatizante Cristais, brancos ou incolores, massas
cristalinas ou grânulos. Odor característico
penetrante, sabor aromático pungente.
Volatiliza-se lentamente à temperatura
ambiente. Pouco solúvel em água; muito
solúvel em etanol, em clorofórmio e em
éter etílico
Mentol Promove o efeito de
refrescância
O mentol é um material ceroso, cristalino,
de cor clara ou branca. Na temperatura
ambiente encontra-se em estado sólido e
entra em estado de fusão a poucos graus
acima.
Óxido de
zinco
Adstringente Um pó branco ou amarelado-branco,
inodoro, muito fino, amorfo, livre de
aspereza. Possui densidade igual a 5,6 g
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Substância Funcionalidade Característica físico-química
cm3, é uma molécula covalente, com
hibridização sp3 e apresenta caráter
anfótero. Insolúvel em água e etanol.
Solúvel em ácido acético e amônia.
Solúvel em ácidos minerais diluídos.
Talco Veículo e
adstringente
Pó cristalino muito fino branco a
branco-acastanhado inodoro (untuoso).
Prontamente adere à pele. Não tóxico.
Insolúvel em água.
Vale salientar que a mistura de pós entre cânfora e mentol produz uma
formulação eutética que, ao serem misturadas, se liquefazem a temperatura
ambiente devido à diminuição de seus pontos de fusão. Isso ocorre devido ao
comportamento das substâncias presentes, não há uma reação química entre elas,
mas quando juntas se comportam como uma substância pura. Para corrigir este
problema na formulação é incorporado o talco e o amido que, além de servirem
como excipientes, possuem elevado ponto de fusão e absorvem a umidade do meio
impedindo a liquefação.
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2. OBJETIVOS
As aulas práticas tiveram como objetivo desenvolver o conhecimento
adquirido na aula de formas farmacêuticas sólidas, através da fabricação de talco
mentolado e sal de frutas, de forma que pudéssemos compreender um pouco sobre
o uso farmacêutico dos pós, suas vantagens e desvantagens, a forma de obtenção
e os procedimentos que envolvem sua mistura à outros compostos sólidos, bem
como a compreensão de suas características físico-químicas e os problemas que
podem ser causados devido à sua instabilidade, por exemplo.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Preparação do Sal de Frutas
Para a produção de 5g de Sal de Frutas, foram utilizados os seguintes
materiais e substâncias:
Vidro de relógio (Vários)
Balança semi-analítica
Balança de precisão
Espátula metálica (Várias)
Espátula de silicone
Gral de cerâmica
Pistilo de cerâmica
Bicarbonato de Sódio 2,3g
Ácido Cítrico 2,2g
Carbonato de Sódio 0,5g
Assim como descrito na prática anterior, um vidro relógio e uma espátula
metálica foram utilizados para realizar a pesagem de cada uma das substâncias,
para a pesagem foram utilizadas as balanças semi-analítica e de precisão. As
substâncias também foram pulverizadas,utilizando-se o gral e o pistilo, a fim de
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atingirem uma tenuidade parecida para a mistura, todas as substâncias foram
devolvidas aos seus respectivos vidros relógios com exceção do Carbonato de
Sódio.
Ainda no gral e com ajuda do pistilo, foi realizada uma diluição geométrica
onde do Ácido Cítrico foi adicionado e misturado ao Carbonato de Sódio até que12
homogêneo e pronto para receber a outra metade e misturado novamente.
Por fim, o Bicarbonato de Sódio foi adicionado e agregado na mistura.
Observa-se que a espátula de silicone foi utilizada para auxiliar a mistura dos pós no
gral. Na imagem 1, observa-se a formulação de pó efervescente pronto.
Imagem 1: Pó efervescente pronto.
Fonte: Dos Autores, (2022).
3.2. Preparação do Talco Mentolado
Para a produção de 20g do Talco mentolado, foram utilizados os seguintes
materiais e substâncias:
Vidro de relógio (Vários)
Balança semi-analítica
Balança de precisão
Espátula metálica (Várias)
Espátula de silicone
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Gral de cerâmica (Foram utilizados dois tamanhos de gral)
Pistilo de cerâmica (Foram utilizados dois tamanhos de pistilo)
Tamis
Amido 8g
Cânfora 0,2g
Mentol 0,2g
Óxido de Zinco 4g
Talco (qsp 20g) 7,6g
Em primeiro momento, foram utilizados um vidro relógio e uma espátula
metálica para realizar a pesagem de cada uma das substâncias, para a pesagem
foram utilizadas as balanças semi-analítica e de precisão. Na imagem 2 é possível
observar a passagem dos componentes para pulverização no grau.
.
Imagem 2: passagem dos componentes da formulação para pulverização no grau
Fonte: Dos Autores, (2022).
Seguindo adiante, o grau e pistilo menores foram utilizados para pulverização
do Amido, do Talco e do Óxido de Zinco, separadamente e respectivamente, de
forma que atingissem tenuidade próxima para a mistura, todos eles foram
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devolvidos aos seus respectivos vidros relógios após a pulverização, com exceção
do Óxido de Zinco. Observa-se que nesta etapa em especial, a espátula de silicone
foi usada para auxiliar a pulverização e a devolução das substâncias em seus vidros
relógios, como mostra a imagem 3.
Imagem 3: demonstração dos graus e pistilos de diferentes tamanhos. O menor encontra-se
preenchido com substâncias pulverizadas na imagem.
Fonte: Dos Autores, (2022).
Com todos os pós já devidamente pulverizados, iniciou-se uma diluição
geométrica onde foi adicionado de Talco no Óxido que ainda se encontrava no12
gral menor, foi misturado com auxílio do pistilo e da espátula de silicone. Após boa
mistura, o de Talco restante foi adicionado e misturado novamente até que o12
amido pudesse ser acrescentado e agregado à mistura.
No gral de tamanho maior foram depositados a Cânfora e o Mentol onde
foram combinados com o auxílio do pistilo maior, observou-se uma reação de
liquefação entre estas duas substâncias, imagem 4, e após sua mistura total foi
finalmente adicionado a mistura de pós presente no grau menor.
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Imagem 4: pulverização do mentol e cânfora. A reação de liquefação pode ser observada através do
brilho nas paredes internas do grau.
Fonte: Dos Autores, (2022).
A homogeneização de toda a mistura foi feita no gral maior e passada no
tamis com o auxílio da espátula de silicone para o grau menor, de onde poderia ser
passado para embalagem correta, imagem 5.
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Imagem 5: Tamisação da formulação. Na imagem é possível observar também o auxílio da espátula
de silicone no processo.
Fonte: Dos Autores, (2022).
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4. RESULTADOS
Ambas as formulações foram produzidas e pode-se observar os problemas
relacionados às suas características. No talco mentolado houve a liquefação após a
mistura de cânfora e mentol, que pode ser totalmente revertida a pó após a adição
do talco e em seguida do óxido de zinco. Já para o sal de frutas, embora seja
necessário levar à estufa as substâncias utilizadas para preparo devido o ácido
cítrico ser eflorescente, o método não foi utilizado devido às circunstâncias
relacionadas ao tempo de aula. Não houve alteração visual quanto a esta
formulação, mas sabe-se que não é o ideal, visto que pode afetar a estabilidade da
forma farmacêutica.
Na imagem 6, é possível observar o talco mentolado pronto no grau, um pó
branco e opaco, produzido em maior quantidade que o pó efervescente.
Imagem 6: Talco mentolado pronto no grau.
Fonte: Dos Autores, (2022).
A fins de teste, após a formulação do pó efervescente pronto, foi acrescido
água destilada para verificação da gaseificação resultante da reação entre o ácido
cítrico e o bicarbonato de sódio, conforme a imagem 7.
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Imagem 7: Demonstração da reação entre o ácido cítrico e o bicarbonato de sódio em meio
aquoso e liberação de dióxido de carbono. Na imagem observa-se o dióxido de carbono através da
formação de bolhas.
Fonte: Dos Autores, (2022).
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REFERÊNCIAS
1. BARBOSA, F. Apostila teórica de Farmacotécnica I. Academia:
Accelerating the world’s research, 1 ed. Rio de Janeiro, 2018.
2. BICARBONATO DE SÓDIO + CARBONATO DE SÓDIO + ÁCIDO CÍTRICO:
pó efervescente. Francielle Tatiana Mathias CRF/PR 24612. Paraná: Cimed
[s.d.]. Bula de remédio.
3. ESTOMAZIL: pó efervescente. Luciana Lopes da Costa - CRF-GO nº 2.757.
Goiana: Brainfarma Indústria Química e Farmacêutica S.A. [s.d.]. Bula de
remédio.
4. WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELIL, T. A.; Farmacologia ilustrada:
ARTMED, 6. ed. – Porto Alegre, 2016.
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