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DIREITO PENAL - PARTE ESPECIAL - ABORTO - RESUMO - CONCURSOS

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Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022.1 
ABORTO (ARTS. 124 A 127, CP) 
O crime de aborto é abordado pelo CP sob três perspectivas: 
i) quando provocado pela gestante; 
ii) quando provocado por terceiro 
iii) ou quando provocado por terceiro, mas com o consentimento da gestante. 
Bitencourt (2022) define o aborto como interrupção da gravidez antes de atingir o limite fisiológico, isto é, 
durante o período compreendido entre a concepção e o início do parto, que é o marco final da vida intrauterina. 
 
BEM JURÍDICO TUTELADO: Vida do ser humano em formação. 
Quando o aborto é provocado por terceiro, o tipo penal protege também a incolumidade da gestante. 
 
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA: A consumação do crime de aborto ocorre quando há a interrupção forçada da gravidez, 
com a consequente morte do feto ou a destruição do ovo. 
Ou seja, o crime de aborto pressupõe gravidez em curso e é indispensável que o feto esteja vivo, sob pena de crime 
impossível. 
O crime também admite a figura da tentativa, desde que, a despeito da utilização, com eficácia e idoneidade de meios 
ou manobras abortivas18, não ocorra a interrupção da gravidez com a morte do feto, por causas alheias à vontade do 
agente. 
 
ANÁLISE SUBJETIVA: Tratam-se de crimes dolosos contra a vida, não se admitindo a forma culposa. 
Além disso, pode ser praticado pela própria mãe ou por terceiros, com ou sem o consentimento da mãe. O sujeito 
passivo, por sua vez, será o feto. 
 
CLASSIFICAÇÃO: 
❖ Crime de mão-própria; 
❖ Doloso; 
❖ Material; 
❖ Comum na forma dos arts. 126 e 125 do CP; 
❖ Próprio na forma do art. 124 do CP. 
❖ Instantâneo; 
 
18 Ou seja, para que se configure a tentativa de homicídio, é preciso que sejam utilizados meios idôneos para a realização do crime. Assim, 
a prática de rezas, mesmo com o fim de interromper a vida do feto, não será classificada como uma tentativa de aborto, vez que 
cientificamente não se trata de um meio idôneo para tanto. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022.1 
❖ Crime de dano. 
 
AÇÃO PENAL: A ação penal será pública incondicionada, de competência do tribunal do júri. 
 
 
ABORTO AUTOPROVOCADO OU CONSENTIDO 
 
 
 
Art. 124, CP: Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque. 
Pena: detenção, de um a três anos. 
 
ANÁLISE SUBJETIVA: No caso do aborto autoprovocado, o agente ativo é a própria gestante. 
No caso do aborto consentido, o agente passivo também será a gestante, já que nesse caso está sendo punido o 
consentimento, não o aborto em si19. 
O autoaborto e o consentimento para que terceiro aborte são tratados pelo mesmo tipo penal. Assim, a mulher que 
consente com o aborto incidirá nas mesmas penas do autoaborto. 
 
Contudo, serão responsabilizados tanto a gestante quanto o terceiro que provocar o aborto. A gestante será 
responsabilizada pelo consentimento, enquanto o terceiro será responsabilizado pelo aborto em si. 
 
Art. 126, CP: Provocar aborto com o consentimento da gestante. 
Pena: reclusão, de um a quatro anos. 
 
Parágrafo Único: Aplica-se a pena do artigo anterior (art. 125, CP), se a gestante não é 
maios de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido 
mediante fraude, grave ameaça ou violência. 
 
 
19 A figura do consentimento encerra dois crimes: um para a gestante que consente (art. 124) e um para o sujeito que provoca o aborto 
(art. 126). 
Se houver vício no 
consentimento, ele será 
desconsiderado. 
A ação de provocar o aborto com a 
finalidade de interromper a gravidez e 
eliminar o produto da concepção. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022.1 
O art. 126 trata da punição do agente que efetivamente cometeu o aborto, mesmo que com o consentimento da 
gestante. Nesse caso, não há que se falar em coautoria, sendo esse crime uma exceção à teoria monista. 
Além disso, o agente ativo da hipótese prevista pelo art. 126 do CP é qualquer pessoa. 
Em ambos os casos, o agente passivo será o feto, sendo a maior parte da doutrina favorável à ideia de que não há 
que se falar em autolesão por parte da gestante. 
 
ABORTO PROVOCADO POR TERCEIRO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE 
 
 
 
 
ANÁLISE SUBJETIVA: No caso de aborto sem o consentimento da gestante, o agente ativo pode ser qualquer pessoa. 
O agente passivo, contudo, é tanto a gestante quanto o feto, havendo a configuração de uma dupla subjetividade 
passiva. 
 
FIGURAS MAJORADAS DE ABORTO 
 
 
 
 
O que se extrai desse artigo é que, se em decorrência do aborto a vitima sofre lesões corporais leves, o agente 
responde somente pelo crime de aborto, vez que esta lesão integra o resultado natural da prática abortiva. Contudo, o 
crime será analisado sob sua forma majorada, o que implica em dizer que haverá o aumento da pena. 
 
 
EXCLUDENTES ESPECIAIS DA ILICITUDE 
Em algumas hipóteses, o aborto não é punido. As hipóteses previstas pelo CP são aquelas em que o aborto não é 
crime. 
 
Art. 125, CP: Provocar aborto sem o consentimento da gestante. 
Pena: reclusão, de três a dez anos. 
Art. 127, CP: As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um 
terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a 
gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer 
dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
Elementar negativa do tipo. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022.1 
 
 
 
 
 
 
 
ABORTO NECESSÁRIO/TERAPÊUTICO ABORTO HUMANITÁRIO/ÉTICO/SENTIMENTAL 
Pressupõe dois fatores: 
❖ Perigo de vida da gestante; 
❖ Inexistência de outros meios para salvá-la. 
 
É dispensável o consentimento da gestante ou de seu 
representante. 
 
A figura do médico é importante para a configuração do 
tipo. Nesse caso, se um terceiro fizer um aborto nas 
condições acima elencadas, responderá pelo crime de 
aborto, mas poderá se respaldar no art. 24 do CP, o qual 
exclui a culpabilidade em razão do estado de 
necessidade. 
Pressupõe a gravidez resultante de um estupro. 
 
Nessa hipótese, é necessário o consentimento da 
gestante ou de seu representante legal. 
 
Não é necessário nenhuma autorização judicial20. 
 
Na hipótese de um terceiro não médico fazer o aborto, 
ainda que nessas condições, haverá responsabilidade por 
meio do art. 125 do CP. 
 
 
 
20 Nesse caso, o médico deve procurar certificar-se da autenticidade da afirmação da paciente, seja por diligências externas ou por 
exames promovidos por ele próprio. Dessa forma, caso a alegação seja falsa, apenas a gestante responderá criminalmente, nos termos 
do art. 124 do CP. 
Logo, a boa-fé do médico caracteriza erro de tipo, excluindo o dolo e afastando a tipicidade. 
Art. 128, CP: Não se pune aborto praticado por médico: 
I – Se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
II – Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da 
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. 
ABORTO 
NECESSÁRIO 
ABORTO HUMANITÁRIO

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