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Transtornos Cognitivos e Comportamentais _____________________________________________________ Transtorno do espectro autista (TEA) Definição - O TEA não é uma doença única, mas sim um distúrbio de desenvolvimento complexo, definido de um ponto de vista comportamental, com etiologias múltiplas e graus variados de severidade. - Não tem prevenção, tratamento efetivo ou cura. - Macrocefalia pode ser observada em 20% das crianças nos primeiros anos de vida. - Tem uma grande heterogeneidade na apresentação fenotípica (tem crianças gravemente comprometidas e crianças que nem parecem ser autistas), apresentam uma ampla gama de severidade e prejuízos, sendo frequentemente a causa de deficiência grave, representando um grande problema de saúde pública. - Quanto mais precoce o diagnóstico, mais rápido o tratamento pode ser iniciado e os resultados serão mais expressivos (devido a neuroplasticidade) - Quanto antes tratar, menor a chance de ter problemas de fala O Espectro - Espectro de comportamentos anormais que incluem (tripé do autismo): • Comprometimento na interação social • Dificuldades na comunicação • Atividades e interesse restrito (repetitivo e estereotipado) Interação Social - Isolamento ou comportamento social impróprio (brinca sozinha) - Pobre contato visual - Dificuldade em participar de atividades em grupo - Indiferença afetiva ou demonstrações inapropriadas de afeto (ex: ao invés de dar um abraço da um soco) - Falta de empatia social ou emocional - Nos adultos geralmente observa-se melhora do isolamento social, mas a pobre habilidade social e a dificuldade em estabelecer amizades persistem. Comunicação - As dificuldades ocorrem em graus variados, tanto na habilidade verbal quanto na não verbal. - Algumas crianças não desenvolvem habilidades de comunicação, outras tem uma linguagem imatura, caracterizada por uso de jargão, ecolalia, reversões de pronome, prosódia anormal, entonação monótona. - Os déficits da linguagem e comunicação persistem na vida adulta, e vários permanecem não verbais. - Aqueles que adquirem a habilidade verbal podem demonstrar déficits persistentes em estabelecer conversação (não entender ironia, gestos com a mão, linguagem conotativa, etc) Padrões repetitivos e estereotipados - Essas crianças tem resistência a mudanças, insistência em determinadas rotinas, apego excessivo a objetos e fascínio com o movimento de peças (como rodas e hélices). - Estereótipos motores e verbais, tais como se balançar, bater palmas repetitivamente, andar em círculos ou repetir determinadas palavras, frases ou canções são também manifestações frequentes. Epidemiologia - Em 2016 a taxa era de 1 para cada 36 crianças americanas (taxa mais alta já registrada). - Segundo a OMS: 1 para cada 160 crianças no mundo Nutrição - Todos os estudos tem evidência baixa ou insuficiente - Nada justifica começar uma dieta restrita ou com suplementação para crianças com TEA. Triagem - É obrigatória mesmo se não tiver sinais da doença. - Para isso podem ser usados escalas, como o M-CHAT. - Os sinais tornam-se mais evidentes após os 18 meses. - A SBP recomenda que toda criança seja submetida a triagem do M-CHST para o TEA entre 18 e 24 meses de idade. - O M-Chat demora menos de 2 minutos para ser feito, está disponível online e é composto por 23 perguntas que devem ser feitas aos pais e/ou educadores. - Resultados superiores a 3 (falhas em 3 itens no total) ou em 2 itens considerados críticos (2, 7, 9, 13, 14 e 15) levantam suspeita de autismo - As respostas Sim/Não são convertidas em Passa/Falha Sinais do Lactente - Crianças que tem atraso para adquirir o sorriso social e não se movimenta em direção aos objetos - Pouco interesse pela face humana - Olhar não sustentado ou ausente - Preferência por dormir sozinho no berço (e não no colo) - Fica irritado quando ninado no colo - Ausência da ansiedade de separação e indiferença quando os pais se ausentam Sinais de Alerta - Não responde ao chamado até os 12 meses - Não aponta até os 14 anos - Não brinca até os 18 anos - Pouco seguimento com os olhos - Atraso na linguagem e ecolalia - Sem balbucio até os 12 meses - Não fala palavras até os 18 meses - Não fala frases até os 24 meses - Interesses obsessivas - Não acena ou bate palmas - Hipersensibilidade a sons altos e tato - Seletividade alimentar - Apego a rotina - Estereotipias Habilidades Especiais - Capacidade de compreender conceitos concretos, regras e sequências - Excelente memória de longo prazo - Aptidão para matemática, informática, música e parte artística - Capacidade de pensar através de imagens - Capacidade de decodificar a escrita precocemente (hiperlexia) - lê e escreve mais cedo, mas nem sempre compreendem o que está lendo - Honestidade (até demais) - Grande capacidade de foco se estiverem trabalhando em algo que gostem Causas - O autismo não é um transtorno mas sim um grupo comum de transtornos relacionados com muitas causas diferentes. - Só metade dos casos está relacionado com causa hereditária - É um transtorno geneticamente heterogêneo e complexo, o que torna o processo de aconselhamento genético difícil. - Testes moleculares só fornecem diagnóstico em uma minoria dos casos e não fornecem um tratamento diferente - Fatores ambientais: estresse, infecções, exposição a substâncias químicas tóxicas, complicações na gravidez. Associações - Doenças Congênitas/Adquiridas: • Rubéola; Toxoplasmose; CMV; Síndrome de Moebius - Convulsões (39%) - Doenças Genéticas: • Cromossomopatias; Esclerose tuberculosa; Neurofibromatose • 10-15% tem uma condição neurogenética identificável (síndrome do X frágil, síndrome de Angelman, esclerose tuberosa, síndrome da duplicação do cromossomo 15 ou outra anormalidade cromossômica). • A probabilidade da ocorrência dessas anormalidades é maior se a criança tiver um déficit cognitivo ou retardo mental. - Transtornos gastrointestinais: • Constipação crônica ou diarréia (46 - 85%) - Transtorno do sono: • Pode estar associada a apneia obstrutiva do sono ou refluxo gastroesofágico • Quando não tem causa pode ser tratado com intervenções comportamentais (medidas de higiene do sono) • Algumas evidências sugerem que crianças autistas tem regulação anormal de melatonina - Distúrbios de integração sensorial (DIS): • Dificuldade em processar e integrar a informação sensória, reagindo de modo incomum aos estímulos sensoriais. • Estímulos normais para outras pessoas podem causar sensações dolorosas, desagradáveis - Picamalácia: • Ingestão de itens que não são alimentos. • As crianças entre os 18 e 24 meses, frequentemente, comem itens não comestíveis, como parte normal do seu desenvolvimento. • Algumas crianças autistas continuam a ingerir terra, barro, giz ou lascas de tinta. Diagnóstico - É essencialmente clínico, baseando-se em sinais e sintomas e critérios estabelecidos pelo DSM V como: • Déficits clinicamente significativos e persistentes na comunicação social e nas interações • Padrões restritivos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos duas das maneiras - Os sintomas costumam estar presentes antes dos 3 anos de idade, sendo possível fazer o diagnóstico por volta dos 18 meses (sintomas mais evidentes). - Segundo o DSM V o espectro inclui: • Autismo infantil precoce, autismo infantil, autismo de Kanner, autismo de alto funcionamento, autismo atípico, transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação, transtorno desintegrativo da infância e transtorno de Asperger • Distinções de acordo com o nível de gravidade em relação à interação e comunicação: • 1. Quando exige apoio • 2. Quando exige apoio substancial • 3. Quando exige muito apoio substancial. - A avaliação multidisciplinar é importante para identificar outros desafios que acompanham o autismo: • A equipe pode incluir um fonoaudiólogo,especializado em audiologia, para avaliar as perdas de audição em fala e em linguagem para determinar as habilidades e as necessidades de comunicação. • Terapeuta ocupacional para avaliar as habilidades motoras e físicas. Tratamento - Treinamento e educação dos pais - Fonoaudiologia comportamental - Terapia cognitivo e comportamental - Análise comportamental aplicada (ABA) - padrão ouro! - Integração sensorial/terapia ocupacional - Medicação para sintomas, como depressão, ansiedade, déficit de atenção ou hiperatividade Análise Comportamental Aplicada (ABA) - TÉ o melhor tratamento para essas crianças - Ensina comunicação, brincadeiras, habilidades sociais, habilidades acadêmicas, cuidados pessoais, habilidades para o trabalho e habilidades da vida em comunidade. - É eficaz para melhorar resultados das crianças, especialmente habilidades cognitivas linguísticas - É específica para cada criança. - Processo de 3 etapas para ensinar com a terapia ABA: 1. Antecedente: estímulo verbal ou físico, pode vir do ambiente ou de outra pessoa. 2. Comportamento resultante: reação ou falta de reação da criança 3. Consequência: que depende do comportamento, pode incluir reforço positivo ao comportamento desejado ou nenhuma resposta para a reação incorreta. - Resumindo, você escolhe o comportamento que você quer excluir e faz um reforço negativo. - Ex: Criança chorar com os cachorros da praça, o reforço negativo é falar que não vai mais para a praça porque a criança vai chorar - O reforço negativo é mais eficiente que o positivo _____________________________________________________ Deficiência Intelectual Definição - É um dos transtornos neuropsiquiátricos mais comuns em crianças e adolescentes. - No CID-10 utiliza a pontuação do QI como aspecto importante. - É caracterizada pelo funcionamento cognitivo que não corresponde a média esperada. - Também se observa déficits no comportamento adaptativo, manifestados durante o período de desenvolvimento da criança e adolescente. • Exemplos de habilidades adaptativas: • Conceituais: linguagem, leitura e escrita, raciocínio matemático, autodirecionamento e memória • Sociais: interpessoais, responsabilidade, autoestima, seguir regras, obedecer leis, credibilidade • Práticas: atividades de vida diária (usar o banheiro, por exemplo) - As limitações devem estar presentes antes dos 18 anos. Diagnóstico - A deficiência intelectual deve ser diagnosticada após os 5 anos, quando é possível mensurar a inteligência pelos testes de QI. - Antes dos 5 anos o termo usado para as crianças abaixo da media é “atraso no desenvolvimento psicomotor” - O critério de QI não é característica central do diagnóstico, ele também é baseado no nível das funções adaptativas, domínio social, conceitual e habilidades práticas. Severidade - Há 4 níveis de severidade: 1. Leve: QI 50-70 2. Moderada: QI 36-50 3. Grave: QI 20-35 4. Profunda: QI < 20 _____________________________________________________ Transtorno dos Games Definição - Vício em jogos eletrônicos passou a ser considerado um transtorno mental pela OMS. - Exposição excessiva a telas: • O uso excessivo de telas está associada a crise epiléptica fotossensível, crises de enxaqueca, miopia, menor controle emocional, baixo limiar de frustrações, falha escolar e desempenho cognitivo prejudicado, obesidade, tendinite de polegar e TVP. • Além disso, está relacionado com o afastamento das relações interpessoais. _____________________________________________________ Transtorno de Escoriação (Automutilação) Definição - É a escoriação recorrente da pele resultando em lesões cutâneas - Deve-se iniciar tentativas para diminuir ou parar de escoriar repetidamente a pele - A escoriação da pele causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no funcionamento funcional ou outras importantes áreas de funcionamento. - A escoriação da pele não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou patologia - A escoriação da pele é melhor explicada por sintomas de transtorno mental Fatores de risco - Sexo feminino - Abuso físico/sexual - Bullying - Consumo excessivo de álcool ou drogas - Termino de relacionamentos - Baixa qualidade de relacionamento com a mãe ou falta de apoio familiar - Conhecer outra pessoa que se automutila - Distúrbios do sono - Impulsividade - Baixa autoestima - Baixo nível econômico - Autocrítica - Dificuldade de solucionar problemas - Não possuir identificação religiosa ou espiritual Tratamento - Terapias familiares e dialéticas - Também pode ser usados inibidores da receptação de serotonina (ISRS), apesar do risco aumentado de suicídio nos primeiros meses de tratamento.
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