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DESCRIÇÃO Abordagem conceitual e prática dos direitos reais de garantia (propriedade fiduciária, penhor, anticrese e hipoteca) e do direito real de servidão. PROPÓSITO Esta é uma das principais matérias das quais resultam demandas discutidas em ações judiciais, sendo, portanto, um assunto de grande viés prático e de operabilidade para o exercício das profissões jurídicas que o aluno exercerá no futuro. PREPARAÇÃO Para iniciar o estudo deste conteúdo, tenha o Código Civil atualizado em mãos, pois você precisará consultá-lo para compreender como é a disciplina jurídica. OBJETIVOS MÓDULO 1 Distinguir as principais características da servidão MÓDULO 2 Identificar a relação entre alienação fiduciária e propriedade fiduciária MÓDULO 3 Identificar as modalidades de direito real de garantia INTRODUÇÃO Os direitos reais de garantia são instrumentos importantes para o desenvolvimento econômico, pois contribuem para a concessão de empréstimos e financiamentos, que, por vezes, são aplicados no patrocínio de atividades econômicas e empresariais. Daí, a importância de se compreender em detalhes como se dá a constituição da propriedade fiduciária, do penhor, da hipoteca e da anticrese, pois as consequências sociais e jurídicas que podem advir dessas situações servem de campo fértil para o desenvolvimento profissional do aluno que está sendo formado. Paralelamente a isso, um direito real muito comum e nem sempre conhecido é a servidão, que se destina ao melhor uso de um imóvel, o que favorece a função social da propriedade e ameniza conflitos entre vizinhos. MÓDULO 1 Distinguir as principais características da servidão. O DIREITO REAL DE SERVIDÃO Você sabe o que é servidão? Apesar de comum, esse é um direito um tanto quanto complexo, além de pouco conhecido. Vamos entender suas nuances antes de nos aprofundarmos nas regras peculiares do Código Civil. DEFINIÇÃO E FINALIDADE A servidão é um tipo de direito real previsto no Código Civil no inciso III do art. 1.225 e dos arts. 1.378 a 1.389. Integra o rol de direitos reais sobre coisas alheias, ou seja, um poder que alguém tem sobre o imóvel de outra pessoa. ATENÇÃO Ao tratar de servidões, o Código Civil refere-se a “imóvel” como “prédio”. Aqui, então, prédio não significa, necessariamente, uma construção de alguns andares; diz respeito a qualquer tipo de construção e até mesmo a lotes vazios. Por isso, inclusive, as servidões também são chamadas de “servidões prediais”. Para entender o que é uma servidão, é necessário estabelecer conceitos preliminares. Na servidão, sempre haverá dois ou mais imóveis (“prédios”) envolvidos: PRÉDIO SERVIENTE Um (ou mais) deles é chamado de “prédio serviente”: trata-se do imóvel sobre o qual o proprietário de outro terá algum poder; este é o imóvel que caracteriza a “coisa alheia” do direito real de servidão. PRÉDIO DOMINANTE O outro imóvel é chamado de “prédio dominante”: é o imóvel beneficiado pelo encargo estabelecido sobre o prédio serviente, ou seja, a servidão é constituída para favorecer este prédio dominante de alguma maneira. Observe, então, que: O prédio serviente é o imóvel que sofre restrições ou se submete a encargos. O prédio dominante é aquele que se beneficiará das restrições ou encargos sobre o imóvel serviente. Um exemplo simples e preliminar para começar a entender o assunto: X e Y são proprietários de duas casas contíguas (uma ao lado da outra). X compra um carro, mas não tem espaço suficiente para passar com ele em seu quintal para chegar à garagem. X pede a Y uma autorização para passar em um trecho de um metro no quintal de Y todas as vezes em que precisar retirar e recolocar o carro na garagem. Y permite e ambos procedem à formalização necessária. Ilustrando: Imagem: Gilberto Fachetti. Ilustração de uma servidão. Imagem: photos.google.com Nesse exemplo, observe que a faixa de um metro do quintal de Y permanece sendo dele, mas X passa a ter o direito de utilizar, de alguma forma, esse trecho para seu benefício e para melhor uso do seu imóvel (que não tem passagem para carro. X somente poderá utilizar essa faixa do imóvel de Y para a passagem do seu carro, e para nada mais (a não ser, talvez, praticar obras de conservação). O imóvel de Y é o prédio serviente, pois passará a servir ao imóvel de X, que é o dominante. Imagem: Shutterstock.com Observe, também, que o imóvel de Y terá seu uso, de certo modo, parcialmente restringido. Embora a faixa do terreno permaneça sendo de Y e esta possa até utilizar, haverá uma restrição porque ele terá que tolerar o uso por X. Ou seja, seu uso não mais será pleno, como antes. Essa situação ilustra a servidão predial: trata-se de um direito real constituído sobre o imóvel de uma pessoa para garantir o exercício mais útil da propriedade de outro imóvel. Essa é definição do Código Civil quanto a este direito real: “Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis”. Quando o art. 1.378 diz que a servidão “grava o prédio serviente”, isso significa que a servidão cria uma obrigação propter rem, ou seja, não recai sobre as pessoas dos proprietários dos imóveis dominante e serviente. Na verdade, a servidão recai sobre os imóveis. É como se a servidão fosse um direito do prédio dominante e um dever do prédio serviente, ou seja, são poderes e encargos das coisas, e não dos proprietários de tais coisas. foto: Shutterstock.com Por isso, havendo transmissão da propriedade do prédio serviente, o novo proprietário suportará a servidão, pois esta não foi constituída sobre o antigo proprietário, mas sobre o imóvel serviente. De igual maneira, se o proprietário do prédio dominante transferir a propriedade para terceiro, o adquirente recebe o imóvel com a possibilidade de usufruir da servidão e o proprietário do imóvel serviente deve suportá-lo. ATENÇÃO Isso não significa dizer que a servidão será, obrigatoriamente, perpétua. Ela pode ser extinta nas hipóteses dos arts. 1.387 a 1.389, que inclui a extinção por acordo de vontades. A servidão predial serve à coisa, e não ao proprietário da coisa, pois o que é gravado com direito real é o imóvel, e não a pessoa do proprietário. EXEMPLO Os exemplos mais comuns são: servidão de passagem (de pessoas, de veículos, de cabos, de tubulações etc.); servidão de vista (acordo para não edificar acima de determinada altura); ventilação (deixar espaço entre construções para aumento da circulação de ar); retirada de água (acesso a nascentes e rios em outro imóvel). CARACTERÍSTICAS Vejamos agora as principais características da servidão. ACESSORIEDADE A servidão é um acessório do direito de propriedade, pois se destina a melhorar e aperfeiçoar o exercício da propriedade do imóvel dominante, sem prejuízo do imóvel serviente (apesar das restrições que serão sofridas, não haverá prejuízo substancial); SEQUELADO A servidão adere à coisa e a acompanha, podendo o proprietário dominante tomar medidas para garantir a posse sobre a coisa em caso de moléstia; INALIENABILIDADE O imóvel dominante pode ser alienado, ou seja, terceiro pode se tornar novo proprietário dominante; por ser obrigação propter rem, a servidão permanece aderida ao imóvel dominante e o novo proprietário poderá utilizá-la. O adquirente recebe a servidão porque ela é alienada com a propriedade. A inalienabilidade da servidão consiste na impossibilidade de transferir exclusiva e unicamente a servidão para terceiro, ou seja, não é possível alienar ou transferir somente a servidão; ela pode ser transferida junto com a propriedade do imóvel dominante, mas nunca isoladamente. PERPETUIDADE A servidão é constituída para ser perpétua, ou seja, nunca desfeita. Ocorre que a regra comporta exceções, que são as previstas dos arts. 1.387a 1.389 do Código Civil). PUBLICIDADE Todo direito real constituído ou transmitido sobre coisas imóveis são adquiridos somente com o registro no Cartório de Registro de Imóveis (arts. 1.245 a 1.247). Essa regra não é diferente no caso da servidão, conforme art. 1.378 do Código Civil, que diz que a servidão “constitui-se [...] subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis”. Se existir o título que confere ao dominante o direito à servidão, mas que não foi registrado, o caput do art. 1.379 do Código Civil permite a aquisição da servidão pela usucapião, desde que haja posse contínua e aparente por pelo menos 10 anos. INDIVISIBILIDADE Caso o imóvel serviente ou o imóvel dominante sejam divididos (loteados, p. ex.), a servidão não será “dividida” em partes tal e qual os imóveis; a servidão se mantém única e as novas partes resultantes se subordinam à servidão. IMPRESUNTIBILIDADE A servidão não é presumida, devendo ser provada de maneira explícita e inequívoca; logo, não se admitem interpretações extensivas para caracterizar servidão em uma determinada situação. VOLUNTARIEDADE Uma servidão é constituída sempre com base em um negócio jurídico (unilateral, como o testamento, ou bilateral, como um contrato). É possível que você encontre alguns livros falando em “servidões legais”, que seriam servidões constituídas compulsoriamente por determinação legal. Na verdade, esses casos existem, mas não são servidões; são questões de vizinhança ou direito de vizinhança (arts. 1.282 a 1.313 do Código Civil). Além disso, observe que o art. 1.378 do Código Civil diz que a servidão “constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento”, ou seja, por atos jurídicos voluntários. USUCAPIBILIDADE A servidão pode ser usucapida após 20 anos de posse contínua e aparente, caso o dominante não tenha título que lhe confere o direito de usar o imóvel serviente. TIPOS Abaixo, você encontra os tipos de servidão. Quanto Tipos Ao imóvel serviente Servidão urbana: o imóvel é urbano, ou seja, localizado em perímetro urbano. Servidão rural ou rústica: o imóvel encontra-se em zona rural e se destina a atividades agrícolas, pecuaristas, extrativistas etc. Ao direito concedido Servidão positiva: quando o proprietário do imóvel dominante pode praticar algum ato sobre o imóvel serviente (ex.: passagem por um beco para ter acesso à rua); depende de uma ação do proprietário dominante. Servidão negativa: quando o proprietário do imóvel serviente fica impedido de praticar atos sobre o seu imóvel (ex.: construir acima da laje); depende de uma omissão do proprietário serviente. À forma de exercício Servidão aparente ou contínua: é o tipo de servidão que necessita de ação humana reiterada para ser exercida e visualizada (ex.: passagem de cabos de energia elétrica). Servidão não aparente ou descontínuas: é aquela que o exercício é imperceptível, pois não pode se visualizada (ex.: não construir acima de certa altura para garantir vista para a rua. Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro: Classificação das servidões. Elaborado por: Gilberto Fachetti. ATENÇÃO Dependendo do livro utilizado para aprofundamento do conteúdo, é possível que você encontre outros nomes para as classificações da tabela. É possível, também, que você encontre mais classificações, as quais repetirão conceitos de classificações quanto a outros elementos. SERVIDÃO REAL E SERVIDÃO PESSOAL As servidões real e pessoal possuem conceitos diferentes. foto: Shutterstock.com A servidão pessoal diz respeito aos direitos reais de usufruto, uso e habitação. São pessoais porque dizem respeito ao uso e ao gozo de bens por parte do usuário, do usufrutuário e do habitante. Aqui, a relação não é entre prédios, mas entre um terceiro e a coisa. foto: Shutterstock.com A servidão predial (real), por sua vez, é quando um prédio utiliza algo de outro prédio; não há relação pessoa-coisa, mas coisa-coisa (isto é, prédio dominante-prédio serviente). As servidões pessoais estão vinculadas a alguém, embora não sejam transmitidas por herança. Como a servidão predial é um “direito da coisa”, ela é perpétua e independe de quem sejam os titulares das propriedades dos prédios envolvidos. Apesar do nome, as servidões pessoais não são servidões propriamente ditas, pois estas são somente as prediais. É um conceito tradicional que precisa ser diferenciado, mas que não se submetem ao regime jurídico da servidão. SERVIDÃO E PASSAGEM FORÇADA A servidão é constituída voluntariamente entre os proprietários dos prédios dominante e serviente. Contudo, às vezes, o proprietário de um imóvel precisa de acesso à via pública e não consegue constituir a servidão de passagem com seu vizinho. Isso acontece, geralmente, naqueles loteamentos ou quadras em que um terreno ou uma construção não tem acesso à rua. Se há recusa em constituir uma servidão de passagem e se há necessidade em obter acesso à via pública, o proprietário do prédio encravado poderá, judicialmente, exercer o seu direito de passagem forçada (art. 1.285 do Código Civil). Contudo, o direito de passagem pode ser constituído voluntariamente e, à diferença da servidão, não precisa ser registrado no Cartório de Registro de Imóveis, pois não é direito real. O problema é quando nem o direito de passagem e nem a servidão podem ser constituídas por desinteresse do proprietário do prédio serviente. A passagem forçada não é servidão e não é um direito real; é um direito de vizinhança, de caráter pessoal e constituído judicialmente. Assim, depende de uma ação judicial que determinará que um prédio vizinho ceda uma parte de seu imóvel para a passagem do proprietário do prédio encravado, que, assim, terá acesso à via pública. Veja que o direito de passagem forçada tem lugar nos casos de encravamento em que a constituição de uma servidão de passagem não ocorreu. Algumas distinções: Servidão de passagem Passagem forçada Voluntária Direito previsto na lei (art. 1.285 do Código Civil) e que poderá ser constituído coercitivamente por sentença judicial. Gratuito ou oneroso Oneroso. Natureza real (direito real) Natureza pessoal/obrigacional (direito de vizinhança). Constituída pelo registro no Cartório de Registro de Imóveis Não é registrada e é constituída por sentença judicial. Usucapíveis (usucapião de uma servidão) Não se submete à usucapião (não existe “usucapião de passagem forçada”, mas pode existir usucapião de propriedade). Perpétua Pode ser revogada se o encravamento deixar de existir. Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro: Diferenças entre servidão e passagem forçada. Elaborado por: Gilberto Fachetti. CONSTITUIÇÃO E EXTINÇÃO A servidão pode ser gratuita ou onerosa: Gratuita O imóvel dominante não remunera o imóvel serviente pela constituição da servidão. Dominante O proprietário do imóvel dominante pagará uma remuneração ao proprietário do imóvel serviente. A onerosidade precisa ser fixada no instrumento que constitui a servidão, pois, do contrário, presume-se que a servidão é gratuita. Uma servidão pode ser constituída a partir de: Negócio jurídico (inter vivos ou mortis causa) Usucapião Sentença judicial O art. 1.378 do Código Civil admite que a servidão seja constituída por ato negocial, ou seja, um contrato entre os proprietários dos prédios serviente e dominante (ato inter vivos) ou um testamento do proprietário do prédio serviente em favor do proprietário do prédio dominante (ato mortis causa). foto: Shutterstock.com Porém, como se trata de direito real sobre coisa imóvel, o art. 1.227 do Código Civil exige que a constituição desse direito seja registrada na matrícula do prédio no Cartório de Registro de Imóveis. Assim, tanto o contrato quanto o testamento devem ser registrados para que a servidão exista no mundo do Direito. Sem o registro, o que existe entre os envolvidos é umarelação de confiança, uma promessa de constituir a servidão, mesmo que o prédio serviente já esteja sendo usado. Haverá, assim, um direito pessoal, e não real. Para que a situação seja considerada juridicamente uma servidão (direito real) e, consequentemente, possa produzir seus efeitos perante os envolvidos e os terceiros, dependerá de registro. E não apenas: se os imóveis envolvidos tiverem valor superior a 30 salários-mínimos, o contrato e o testamento não podem ser celebrados por instrumento particular; deverão, obrigatoriamente, ser celebrados em instrumento público (escritura pública feita em Cartório de Notas), conforme art. 108 do Código Civil: “Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País”. foto: Shutterstock.com CPC - 1973 O Código de Processo Civil de 1973, ao tratar do procedimento especial da ação de divisão de terras particulares (arts. 967 a 981), previa a possibilidade de o juiz instituir servidões necessárias quando fosse decidir a partilha: “Art. 979. Ouvidas as partes, no prazo comum de 10 (dez) dias, sobre o cálculo e o plano da divisão, deliberará o juiz a partilha. Em cumprimento desta decisão, procederá o agrimensor, assistido pelos arbitradores, à demarcação dos quinhões, observando, além do disposto nos arts. 963 e 964, as seguintes regras: [...]; II – instituir-se-ão as servidões, que forem indispensáveis, em favor de uns quinhões sobre os outros, incluindo o respectivo valor no orçamento para que, não se tratando de servidões naturais, seja compensado o condômino aquinhoado com o prédio serviente; [...]”. CPC - 2015 No Código de Processo Civil de 2015, foi mantida a mesma sistemática de instituição de servidões na via judicial, também no procedimento especial da ação de divisão de terras particulares (arts. 588 a 598): “Art. 596. Ouvidas as partes, no prazo comum de 15 (quinze) dias, sobre o cálculo e o plano da divisão, o juiz deliberará a partilha. Parágrafo único. Em cumprimento dessa decisão, o perito procederá à demarcação dos quinhões, observando, além do disposto nos arts. 584 e 585, as seguintes regras: [...]; II – instituir-se-ão as servidões que forem indispensáveis em favor de uns quinhões sobre os outros, incluindo o respectivo valor no orçamento para que, não se tratando de servidões naturais, seja compensado o condômino aquinhoado com o prédio serviente; [...]”. Outra forma de constituição é a que ocorre pela usucapião. Não se trata da usucapião da propriedade de um imóvel, mas da usucapião específica para o direito real de servidão. Essa previsão se encontra no art. 1.379 do Código Civil: “Art. 1.379. O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião. Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o prazo da usucapião será de vinte anos”. foto: Shutterstock.com O caput traz a hipótese de uma usucapião ordinária de servidão; e o parágrafo único traz uma hipótese de usucapião extraordinária. Como toda e qualquer usucapião, estas dependem de exercício contínuo (sem interrupção) e inconteste (sem dúvidas) da servidão. Em ambas as hipóteses (caput e parágrafo único), a servidão é exercida sem registro do título constitutivo no Cartório de Registro de Imóveis. Esse exercício da servidão é aparente (servidão aparente), ou seja, há exteriorização da relação de serventia entre os prédios dominante e serviente. O caput do art. 1.379 remete à usucapião ordinária da propriedade do art. 1.242: “Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico”. Usucapião do caput do art. 1.379 Usucapião do parágrafo único do art. 1.379 Justo título Obrigatório. Essa usucapião é para os casos em que há título (contrato ou testamento) que não foi registrado ou que foram registrados, porém, esse registro foi anulado posteriormente (relação com o art. 1.242). Não é exigido o título, bastando a aparência de servidão ao longo do tempo. Prazo do uso 10 anos 20 anos Sentença judicial Obrigatória a declaração de usucapião em sentença para registro no Cartório de Registro de Imóveis. Obrigatória a declaração de usucapião em sentença para registro no Cartório de Registro de Imóveis. Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro: Usucapião de servidão. Elaborado por: Gilberto Fachetti. Os seguintes motivos levam à extinção de uma servidão, conforme previsto nos arts. 1.388 e 1.389 do Código Civil: RENÚNCIA Pelo proprietário do prédio dominante, ou seja, o titular beneficiado pela servidão. FIM DA UTILIDADE OU COMODIDADE Que deram causa à constituição da servidão (equivaleria a uma “perda de objeto”). RESGATE Da servidão pelo proprietário do prédio serviente, que consiste em uma resilição unilateral (art. 473 do Código Civil) pela qual o proprietário pagará ao proprietário dominante um valor pecuniário para extinguir a servidão (se houver divergências quanto aos valores, a questão deve ser levada a juízo para decidir). RESILIÇÃO BILATERAL (distrato), que não é uma hipótese prevista nos incisos dos arts. 1.388 e 1.389, mas que é uma regra geral de extinção de todo e qualquer contrato (art. 472 do Código Civil). RESOLUÇÃO Que também não está prevista nos incisos dos arts. 1.388 e 1.389, mas que se aplica aos casos de inadimplemento da remuneração nas servidões onerosas (art. 475 do Código Civil). CONFUSÃO Que ocorre quando a propriedade dos prédios serviente e dominante passa a pertencer à mesma pessoa (toda servidão exige que os prédios envolvidos tenham, obrigatoriamente, proprietários diferentes). SUPRESSÃO DAS OBRAS Nas servidões aparentes, ou seja, das ações que permitem perceber que há servidão constituída sobre um prédio. DESUSO No período de 10 anos, ou seja, a servidão deixa de ser utilizada durante uma década. DESAPROPRIAÇÃO ADMINISTRATIVA OU JUDICIAL Em que os imóveis ou somente um deles passará a pertencer à Administração Pública para a realização de ações de interesse público. PERECIMENTO DO IMÓVEL (destruição). TRANSCURSO DE PRAZO No caso de servidão constituída por tempo determinado. DIREITOS E DEVERES Os direitos e deveres em uma servidão são recíprocos entre proprietários serviente e dominante. Pode-se fazer a seguinte sistematização: Proprietário do imóvel dominante Proprietário do imóvel serviente Direitos Usar e usufruir da servidão, dentro dos limites do fixado no ato constitutivo e dentro do necessário para não causar prejuízos ao proprietário serviente. Realizar as obras necessárias e ampliar a servidão, se necessário, para a sua melhor utilidade. Resilir unilateralmente (renunciar) a servidão; e remover a servidão, se necessário, para outro ponto do imóvel serviente, desde que não prejudique o uso deste último. Abandonar ao proprietário do prédio dominante, total ou parcialmente, a propriedade do imóvel serviente. Remover a servidão, se necessário, para outro ponto do imóvel serviente. Impedir mudanças no prédio organizadas pelo proprietário dominante. Resilir unilateralmente (renunciar) a servidão; e Declarar extinta a servidão nas hipóteses de perda e extinção. Deveres Conservar a servidão, para não causar prejuízos ao imóvel serviente.Não agravar as condições de uso para não forçar a ampliação da servidão. Pagar a remuneração devida nos casos de servidão onerosa. Pagar pelas obras realizadas. Pagar as despesas de conservação da servidão; e Se as necessidades da cultura, ou da indústria, do prédio dominante impuserem à servidão maior largueza, indenizar o dono do serviente pelo excesso. Não embaraçar o uso da servidão pelo proprietário dominante. Permitir as obras necessárias. Se as necessidades da cultura, ou da indústria, do prédio dominante impuserem à servidão maior largueza, o dono do serviente é obrigado a sofrê- la. Pagar despesas com uma possível remoção por ele exigida. Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro: Direitos e deveres na servidão. Elaborado por: Gilberto Fachetti. SERVIDÃO ADMINISTRAVA E SERVIDÃO CIVIL Foto: Shutterstock.com A servidão civil é constituída voluntariamente entre sujeitos particulares, para uso individual pelo prédio dominante. Foto: Shutterstock.com A servidão administrativa, contudo, decorre do interesse público representado pela Administração Pública. O ente público constitui forçadamente uma servidão para uso público. Exemplo As ruas, as rodovias e as estradas vicinais. Nosso objeto de estudo, aqui, é a servidão civil; a servidão administrativa é matéria tratada no Direito Administrativo. TUTELA PROCESSUAL Além das ações possessórias típicas (reintegração, manutenção e interdito proibitório) de uma possível ação de usucapião na hipótese do art. 1.379 do Código Civil e do embargo de obras prejudiciais, a servidão possui duas ações específicas quando ela for a causa de pedir próxima e/ou remota de uma ação judicial, quais sejam: AÇÃO CONFESSÓRIA É proposta tanto pelo proprietário do imóvel dominante quanto do imóvel serviente, com o objetivo de declarar a existência de uma servidão constituída entre eles; a discussão gira em torna do título da servidão, se ele é capaz de constituir uma servidão. Exemplos: 1) o proprietário dominante propõe a ação para que seja declarada a existência da servidão que está sendo negada pelo possível proprietário serviente, que está impedindo a prática dos atos típicos da servidão; e 2) o proprietário do imóvel serviente propõe a ação para ver declarada a existência de uma servidão, recusada pelo proprietário dominante, e, assim, exercer seu direito de ser indenizado ou remunerado, por exemplo. AÇÃO NEGATÓRIA É proposta, tanto pelo proprietário do imóvel dominante quanto pelo proprietário do imóvel serviente, com o objetivo de declarar a inexistência de uma servidão constituída entre eles. Exemplo: 1) o proprietário serviente propõe a ação para negar a existência de uma servidão e, assim, impedir o uso de parte de seu imóvel por aquele sedizente proprietário dominante; 2) alguém tido por “proprietário dominante” recebe uma notificação de um sedizente proprietário serviente que cobra por obras ou remuneração da servidão, situação em que esse possível “proprietário dominante” pode propor a ação para negar que exista a relação de servidão entre eles. Essas ações têm diferenças conceituais e, no final das contas, têm a mesma causa de pedir próxima: a servidão. Mas não têm, porém, um procedimento especial típico, recaindo no procedimento comum do Código de Processo Civil. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CONTÉM UMA HIPÓTESE DE SERVIDÃO: A) Locação de imóvel residencial urbano B) Cessão de lote rural para plantio de café C) Passagem de cabos de telefone e internet determinada por sentença D) Passagem de boiada por um terreno para pastagem E) Divisão de cabos de telefone e internet entre imóveis contíguos 2. SERVIDÃO APARENTE É AQUELA: A) Constituída por acordo de vontades entre os proprietários, porém nunca foi utilizada pelo proprietário dominante. B) Constituída por ato particular, porém nunca foi registrada no Cartório de Registro de Imóveis. C) Exercida ininterruptamente pela ação humana. D) Caracterizada pela descontinuidade do uso pelo proprietário dominante, que interrompe de tempos em tempos a utilização da servidão. E) Manifestada por obras exteriores. GABARITO 1. Assinale a alternativa que contém uma hipótese de servidão: A alternativa "D " está correta. É o caso de uma fazenda (dominante) que utiliza trecho ou faixa de uma outra fazenda (serviente) para a passagem de rebanho. A utilização é uma restrição à fazenda serviente, que deve suportar a passagem dos animais. Já a fazenda dominante pode utilizar somente para fins de passagem. 2. Servidão aparente é aquela: A alternativa "E " está correta. A servidão aparente é aquela que se manifesta por obras exteriores porque são aquelas visíveis e permanentes, como a servidão de passagem. A alternativa A é hipótese de desuso, que extingue a servidão. B não é um tipo de servidão, mas o fator que enseja a usucapião. C é a definição equivocada de servidão contínua (invertida, pois independente de uma ação humana). A letra D não existe enquanto tipo de servidão, mas como hipótese de extinção. MÓDULO 2 Identificar a relação entre alienação fiduciária e propriedade fiduciária. PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA O professor Gilberto Fachetti introduz o módulo com uma explicação geral sobre o assunto. Para entender a propriedade fiduciária, antes, você precisa entender o que é a “propriedade resolúvel” (arts. 1.359 e 1.360 do Código Civil). O direito real de propriedade é perpétuo, ou seja, é constituído para existir até a morte do proprietário ou até que este transfira a coisa para outrem. Mas há uma exceção: é a propriedade resolúvel, caracterizada pelo fato de que o direito de propriedade tem prazo de existência para um determinado proprietário; após certo tempo, o titular deixa de ser proprietário da coisa. Foto: Shutterstock.com Na propriedade resolúvel, há uma condição ou um termo resolutivo que retira de seu titular a propriedade da coisa. Com a resolução da propriedade, outra pessoa a adquire. DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS A propriedade fiduciária é um tipo de propriedade resolúvel. Ela resulta de um contrato ou de uma cláusula de outro contrato. A propriedade fiduciária é uma forma do credor ter garantias de que receberá o valor de uma determinada dívida. Uma determinada coisa é registrada no nome do credor, que permanece seu proprietário até que o devedor quite a dívida. O devedor, enquanto isso, tem a posse da coisa, mas não a propriedade. Quitando a dívida, a propriedade é transferida do credor para o devedor (é nesse sentido que se trata de uma propriedade resolúvel). Havendo inadimplemento, o credor toma a coisa do devedor (afinal, é seu proprietário), como forma de quitar a dívida. A propriedade em nome do credor gera o desdobramento da posse (§ 2º do art. 1.361): o devedor (fiduciante) terá a posse direta (art. 1.363 do Código Civil); e o credor (fiduciário) terá a posse indireta. O exemplo mais comum de propriedade fiduciária é a decorrente de uma alienação fiduciária na compra de veículos, popularmente conhecida como “financiamento”. Contudo, atenção: a alienação fiduciária não se confunde com a propriedade resolúvel; na alienação, existe uma propriedade fiduciária, mas a alienação é um contrato. Foto: Shutterstock.com A alienação fiduciária, por exemplo, pode ser para bens móveis e imóveis. Foto: Shutterstock.com Já a propriedade fiduciária incide somente sobre coisa móvel (caput do art. 1.361 do Código Civil). Com a quitação da dívida, o fiduciante (re)adquire a propriedade perpétua da coisa e o fiduciário deixa de ser proprietário e possuidor indireto. Quanto ao regime jurídico da propriedade fiduciária, tem-se: PARA BENS MÓVEIS Arts. 1.361 a 1.368-B do Código Civil PARA BENS IMÓVEIS Arts. 22 a 33 da Lei nº 9.514/1997 REQUISITOS O objeto da propriedade fiduciária deve ser uma coisa móvel. O Código Civil refere-se à propriedade resolúvel como sendopara coisas móveis; porém, outras leis admitem que exista propriedade resolúvel em contratos que envolvam imóveis (Lei nº 9.514/1997). O objeto da propriedade fiduciária deve ser coisa infungível. Trata-se de bem insubstituível por outro, pois possui características que o tornam único, ou seja, não pode ser sub-rogado (trocado) por outro semelhante, pois este semelhante não existe. A causa da constituição da propriedade fiduciária é a garantia de uma obrigação. O objetivo é constituir uma garantia de pagamento de dívida; a coisa registrada em nome do credor se torna a garantia de que, se o devedor não pagar, o credor terá como ser ressarcido dos seus prejuízos. O contrato ou cláusula que constitui a garantia deve ser formal, ou seja, escrito (instrumento público ou particular). Para esse contrato, o art. 1.362 traz os elementos obrigatórios: Valor total ou estimativa da dívida Prazo do pagamento Taxa de juros, se pactuados javascript:void(0) javascript:void(0) Descrição da coisa objeto da transferência, com os elementos indispensáveis à sua identificação. Para ser constituída a propriedade fiduciária, o contrato ou cláusula deve, obrigatoriamente, ser levado a registro no Cartório de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, ou, em se tratando de veículos, na repartição competente para o licenciamento, fazendo-se a anotação no certificado de registro. Com a constituição da propriedade fiduciária, o devedor-possuidor direto fica impossibilitado de dispor da coisa alienada, ou seja, não pode ceder a terceiros. CONSEQUÊNCIAS EM CASO DE INADIMPLEMENTO DA DÍVIDA GARANTIDA Se a dívida não for paga, ou seja, em caso de inadimplemento, o credor pode tomar a coisa para vendê-la judicial ou extrajudicialmente a terceiros (art. 1.364). O credor é obrigado a vender a coisa, pois é nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a dívida não for paga no vencimento (caput do art. 1.365). Porém, o devedor pode, com a anuência do credor, dar seu direito eventual à coisa em pagamento da dívida, após o vencimento desta (parágrafo único do art. 1.365). Foto: Shutterstock.com Ao alienar a coisa: O credor deve aplicar o preço no pagamento de seu crédito e das despesas de cobrança. Se houver saldo, deve entregá-lo ao devedor. Se o valor obtido com a venda não for suficiente para quitar a dívida, a cobrança prossegue quanto ao remanescente. Conforme art. 1.366: “Quando, vendida a coisa, o produto não bastar para o pagamento da dívida e das despesas de cobrança, continuará o devedor obrigado pelo restante”. DIREITOS E DEVERES DAS PARTES ENVOLVIDAS Vejamos no resumo abaixo quais são os direitos e os deveres das partes envolvidas. Fiduciante (devedor) Fiduciário (credor) Direitos Ter a posse direta da coisa. Usar e usufruir a coisa. Receber o saldo remanescente na hipótese de venda pelo credor decorrente de inadimplemento. Reaver a coisa de terceiro ou do credor que, injustamente, possua ou detenha (ação possessória). Ter a posse indireta da coisa, constituída por meio do registro da alienação no Cartório de Títulos e Documentos. Reaver a coisa de terceiro que, injustamente, possua ou detenha (ação possessória). Receber o valor da dívida. Requerer busca e apreensão da coisa ou reivindicá-la. Praticar atos de conservação da coisa e fiscalizar o uso pelo credor. Vender a coisa para quitação da dívida. Oferecer embargos de terceiros. Deveres Pagar a dívida garantida. Conservar a coisa garantida (com isso, o credor tem a garantia da coisa em sua integridade para uma possível venda). Reaver a coisa de terceiro que, injustamente, possua ou detenha (ação possessória) (observe que este também é um direito do devedor). Pagar o débito remanescente se o valor da venda da coisa não for suficiente para saldar a dívida no todo. Permitir fiscalização do credor quanto à conservação da coisa. Respeitar a posse direta do fiduciante. Restituir o remanescente do saldo da venda da coisa, se houver. Transferir a propriedade da coisa para o devedor após a quitação da dívida. Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro: Direitos e deveres na propriedade fiduciária. Elaborado por: Gilberto Fachetti. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. SOBRE O DESDOBRAMENTO DA POSSE NO CASO DE CONSTITUIÇÃO DE UMA PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) Não se admite o desdobramento da posse na propriedade fiduciária, pois o credor tem a propriedade da coisa, mas não tem a posse. B) A partir do registro do contrato no Cartório de Títulos e Documentos, o credor torna-se o possuidor direto da coisa, por ser seu proprietário, e o devedor será possuidor indireto. C) Não se admite desdobramento da posse porque a propriedade transferida é fictícia e resolúvel. D) Há desdobramento da posse, pelo qual o fiduciário se torna o possuidor indireto e o fiduciante se torna o possuidor direto. E) Não se admite desdobramento da posse porque o fiduciante está impossibilitado de usar a coisa. 2. A PROPRIEDADE FIDUCIÁRIA É UM TIPO DE PROPRIEDADE: A) Resolúvel B) Fictícia C) Perene D) Indireta E) Pessoal GABARITO 1. Sobre o desdobramento da posse no caso de constituição de uma propriedade fiduciária, assinale a alternativa correta: A alternativa "D " está correta. Para ter a posse, ninguém precisa ter a coisa consigo; ela é um desdobramento da propriedade. Pelo § 2º do art. 1.361 do Código Civil, com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o desdobramento da posse, tornando-se o devedor possuidor direto da coisa. 2. A propriedade fiduciária é um tipo de propriedade: A alternativa "A " está correta. O próprio caput do art. 1.361 do Código Civil define a propriedade fiduciária como resolúvel: “Art. 1.361. Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor”. As hipóteses das alternativas B, C, D e E são todas fictícias. MÓDULO 3 Identificar as modalidades de direito real de garantia. DIREITOS REAIS DE GARANTIA: PENHOR, HIPOTECA E ANTICRESE O professor apresentará a seguir a definição geral de direito real sobre a coisa alheia e sobre o direito de garantia, lançando conceitos comuns para aprimorar o nosso entendimento sobre o regime jurídico comum da hipoteca, da anticrese e do penhor. INTRODUÇÃO: OS DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS Um direito real de garantia é aquele constituído, em favor do credor, sobre uma coisa pertencente ao devedor, de modo que, se a dívida não for paga, o credor poderá utilizar o bem dado em garantia para a quitação da dívida. A coisa é vendida a terceiros pelo credor (penhor e hipoteca) ou o credor se apropria dos frutos e dos produtos produzidos pela coisa (anticrese), mas não pode se apropriar da coisa para si. O acordo que permitiria ao credor se apropriar da coisa é a chamada “cláusula comissória”, porém ela é nula de acordo com o art. 1.428 do Código Civil: “É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento”. Para ser constituído, um direito real de garantia deve atender aos seguintes requisitos ou exigências: COISA ALIENÁVEL O direito real de garantia somente pode ser constituído sobre uma coisa que pode ter sua propriedade transmitida a outrem (alienabilidade) (caput do art. 1.420 do Código Civil). CAPACIDADE E LEGITIMIDADE PARA ALIENAR O devedor só pode instituir garantia real se tiver capacidade civil e legitimidade para realizar atos de alienação da coisa alienável (caput do art. 1.420 do Código Civil). CONSTITUIÇÃO POR NEGÓCIO JURÍDICO Em regra, os direitos reais são constituídos voluntariamente entre credor e devedor, via negócio jurídico, mas há exceções, como no caso do penhor legal, da hipoteca judicial e da hipoteca legal. De qualquer maneira, nocaso de constituição por negócio jurídico, o instrumento contratual deve ser escrito (instrumento público ou particular) e detalhar a coisa, para, então, ser levado a registro no cartório competente. O art. 1.424 determina que o negócio constitutivo tenha, obrigatoriamente, os seguintes elementos: Valor do crédito (estimação ou valor nominal) Prazo fixado para pagamento Taxa dos juros, se fixada pelas partes Especificações da coisa dada em garantia Somente com o registro é que a garantia se torna real e passa a produzir os efeitos típicos de um direito real. PUBLICIDADE No caso dos direitos reais de garantia constituídos sobre imóveis, o art. 1.227 do Código Civil exige o registro no Cartório de Registro de Imóveis do ato constitutivo. Além disso, caso o imóvel tenha valor superior a 30 salários-mínimos, o art. 108 do Código Civil exige que o ato constitutivo seja celebrado em instrumento particular. Este é o caso da hipoteca, que só terá eficácia se for registrada na matrícula do imóvel. Já os direitos reais de garantia constituídos sobre bens móveis (por exemplo: penhor e propriedade fiduciária) devem ser registrados em Cartório de Títulos e Documentos. Não precisam ser, obrigatoriamente, constituídos por escritura pública, mas deverão ser constituídos por instrumento particular porque só assim é possível proceder ao registro. Feito o registro do ato constitutivo no cartório competente, tem origem o direito real de garantia. Sendo um direito real, tem eficácia real, um conjunto de efeitos próprios dos direitos reais que configuram a vantagem de se constituir uma garantia desse tipo. Os efeitos reais produzidos por esses direitos reais de garantia podem ser assim sistematizados: AMBULACRARIEDADE (OU AMBULATORIEDADE) O direito real adere à coisa e a acompanha onde quer que esteja e com quem quer que esteja. SEQUELA É o poder do titular do direito de tomar a coisa de quem a tenha para exercer seus poderes. EXCUSSÃO É o poder do credor hipotecário e do credor pignoratício de levar a coisa dada em garantia à venda, judicial ou extrajudicialmente (quando esta for cabível); é a possibilidade de promover a execução judicial da dívida com a tomada da coisa para ser levada à hasta ou a leilão públicos. PREFERÊNCIA O credor anticrético, pignoratício, fiduciário e hipotecário tem preferência em receber os valores da sua dívida em relação a outros credores que não constituíram a garantia real, ainda que sua dívida seja mais recente que a dívida de um credor quirografário ou garantido por fiança. Além disso, existe uma preferência dentro das próprias garantias reais, que é, na verdade, uma ordem de prioridade: aquele credor que primeiro registrou seu direito real de garantia tem prioridade no pagamento da sua dívida em relação a outros credores anticréticos, pignoratícios, fiduciários e hipotecários que registraram seu direito posteriormente, ainda que sua dívida seja temporalmente mais recente. INDIVISIBILIDADE O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa exoneração correspondente da garantia, ainda que esta compreenda vários bens, salvo disposição expressa no título ou na quitação (art. 1.421 do Código Civil). De igual maneira, os herdeiros do devedor não podem remir parcialmente o penhor ou a hipoteca na proporção dos seus quinhões, mas qualquer um deles pode remir no todo (art. 1.429). PENHOR Primeiramente, não confunda “penhor” com “penhora”. Penhor O penhor é um direito real constituído voluntariamente para garantir uma dívida. No penhor, a venda da coisa é feita pelo próprio credor. Penhora A penhora é o ato de constrição judicial de bens na execução ou no cumprimento de sentença, ou seja, é um ato processual de apreensão de bens pertencentes a um devedor a fim de que sejam utilizados para o pagamento de uma dívida. Na penhora, a coisa é vendida judicialmente. Imagem: Shutterstock.com O penhor é um direito real que incide sobre uma coisa móvel pertencente a um devedor a fim de que tal coisa seja utilizada para o pagamento da dívida. Imagem: Shutterstock.com O objeto do penhor é uma coisa móvel, inclusive os semoventes (animais). Joias, veículos, máquinas, frutos colhidos, títulos de crédito, gado e eletrodomésticos podem ser objetos de penhor. Imagem: Shutterstock.com Quando se constitui um penhor, diz-se que a coisa objeto do penhor está “empenhada”, ou seja, uma coisa empenhada é aquela sobre a qual incide um direito real de penhor. O penhor é criado em um contrato ou em uma cláusula de um contrato e tem como objetivo utilizar o bem dado em garantia para a quitação da dívida, caso o devedor não a faça. A coisa é vendida e os valores obtidos são destinados ao pagamento da obrigação. Se houver saldo remanescente, será entregue ao devedor; e, se o valor da venda não for suficiente para quitar o débito, o devedor continua obrigado a pagar o saldo devedor. O credor garantido por um penhor é chamado de “credor pignoratício”; o devedor que oferece coisa sua para o penhor é designado “devedor pignoratício”. Existem dois tipos de penhor que podem ser assim sistematizados: Penhor convencional Penhor legal É constituído por meio de um negócio jurídico celebrado entre o credor e o devedor. Deve ser levado a registro no Registro de Títulos e Documentos. Essa modalidade se subdivide em duas subcategorias: Penhor comum: aquele em que há a transferência da coisa do devedor para o credor. Penhor especial: são situações específicas nas quais a lei prevê um regime jurídico próprio, com normas específicas, e nos quais não exige, necessariamente, a entrega da coisa ao credor; é o caso do penhor de títulos de crédito, rural, industrial, mercantil e de veículos. São situações em que a lei considera determinada pessoa como sendo credor pignoratício, independentemente de contrato entre tal credor e devedor. Este caso se dá nas seguintes situações do art. 1.467 do Código Civil, em que serão considerados credores pignoratícios: Os hospedeiros, ou fornecedores de pousada ou alimento, sobre bagagens, móveis, joias ou dinheiro que seus consumidores ou fregueses tiverem consigo nas respectivas casas ou estabelecimentos, pelas despesas ou consumo que aí tiverem feito. O dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio, pelos aluguéis ou rendas. Nesses casos, o credor poderá tomar em garantia um ou mais objetos até o valor da dívida. Porém, o credor deve tomar a coisa e imediatamente requerer a homologação judicial do penhor. Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro: Diferenças entre penhor convencional e penhor legal. Elaborado por: Gilberto Fachetti. De acordo com o caput do art. 1.431 do Código Civil, a regra é que a coisa objeto do penhor fique na posse do credor: “Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação. [...]”. Contudo, o parágrafo único do art. 1.431 estabelece uma exceção a essa regra, ou seja, situações em que a coisa empenhada permanecerá com o devedor: “No penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as coisas empenhadas continuam em poder do devedor, que as deve guardar e conservar”. O credor terá a posse nos casos de penhor comum, de direitos e de título de créditos; já o devedor permanece na posse da coisa quando o penhor for rural, agrícola, pecuário, veículo, industrial e mercantil. Ter a posse não significa dizer que o credor pignoratício poderá usar e usufruir da coisa; ele apenas a guarda e a conserva. O objetivo de dar a posse ao credor é facilitar que este a tenha em mãos para uma possível venda diante do inadimplemento do devedor. Uma vez paga a dívida, o credor deve restituir a coisa ao devedor. Foto: Shutterstock.com Embora o penhor seja um direito real constituídosobre coisa móvel, o que afastaria a aplicação do art. 1.227, o título que o constitui deve ser registrado no Cartório de Títulos e Documentos, para fins de publicidade e de salvaguarda de direitos, conforme o art. 1.432: “O instrumento do penhor deverá ser levado a registro, por qualquer dos contratantes; o do penhor comum será registrado no Cartório de Títulos e Documentos”. A seguinte tabela destina-se a sistematizar as características principais dos penhores especiais: Tipo de penhor Código Civil Características Rural Arts. 1.438 a 1.441 É um gênero de penhor que envolve coisas resultantes de matéria agrícola, pecuária, extrativista e outras, enfim, atividades tipicamente do campo. Aqui, o penhor tem um prazo limitado de dois anos, podendo ser prorrogado por igual período. Aqui, as coisas penhoradas ficam na posse do devedor. Agrícola Arts. É uma espécie de penhor rural, com disciplina própria. 1.442 e 1.443 Envolve colheitas, madeiras, frutos, máquinas e insumos. Pecuário Arts. 1.444 a 1.446 Também é uma espécie de penhor rural, com disciplina própria. Refere-se a animais de criação de uma propriedade rural (gado de corte e leiteiro, aves, suínos, outros animais de pastoreio). Caso ocorra a morte ou o desaparecimento de algum animal no período de vigência do penhor, deve ele ser substituído no instrumento que foi registrado. Além disso, a venda de qualquer dos animais pelo devedor deve ser expressamente consentida pelo credor pignoratício. Industrial e mercantil Arts. 1.447 a 1.450 É aquele que recai sobre equipamentos de atividades industriais ou comerciais, inclusive abrangendo os produtos dessas atividades. Para a alienação dos bens e dos produtos, o devedor necessita da autorização expressa do credor. Vendendo ou perecendo a coisa, esta deve ser substituída por bens semelhantes. Direitos e títulos de crédito Arts. 1.451 a 1.460 Títulos de crédito são ordens de pagamento assinadas em documento escrito em favor de alguém. Os exemplos principais são o cheque, a duplicata e a nota promissória. É possível que um desses títulos seja retido pelo credor, o qual poderá compensá-lo junto ao banco ou ao devedor do título, como forma de receber os valores devidos pelo devedor pignoratício. Por esta razão, nesta modalidade de penhor, o título fica na posse do credor pignoratício. Veículos arts. 1.461 a 1.466 Abrange qualquer tipo de veículo automotor, o qual, antes da constituição do penhor, deve ser segurado contra furto e roubo e danos praticados envolvendo terceiros. Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro: Direitos e deveres no penhor. Elaborado por: Gilberto Fachetti. Todas essas modalidades precisam ser registradas no Registro de Títulos e Documentos, pois, do contrário, não produzem a eficácia real típica dos direitos reais, sendo apenas instrumentos de prova da existência do débito. Foto: Lais Monteiro / Shutterstock.com Unidade da Caixa Econômica Federal em São Paulo. Há, ainda, o “penhor de joias”, que é uma modalidade que somente pode ser praticada pela Caixa Econômica Federal, que detém seu monopólio (Decreto-Lei nº 759/1969 e Decreto nº 7.973/2013). Quanto aos direitos e aos deveres recíprocos entre o devedor pignoratício e o credor pignoratício, eles estão previstos nos arts. 1.433 a 1.435 do Código Civil e podem ser assim sistematizados: Devedor pignoratício Credor pignoratício Direitos Ter a coisa restituída, junto dos frutos, em caso de pagamento voluntário da dívida. Ter a posse da coisa dada em penhor (exceto nas hipóteses de penhor rural, industrial, mercantil e de veículos); Exercer direito de retenção da coisa até a quitação total das despesas que teve para a conservação da coisa; Defender a posse da coisa contra moléstia de terceiro. Defender a coisa em caso de má conservação pelo credor. Vender a coisa ou promover a execução judicial; Apropriar-se dos frutos; Promover a venda antecipada, mediante prévia autorização judicial, sempre que haja receio fundado de que a coisa empenhada se perca ou deteriore; Resilir o penhor, ou seja, renunciá-lo, extingui-lo; Proceder à proteção possessória da coisa. Deveres Garantir posse pacífica da coisa pelo credor. Pagar a dívida. Ressarcir ao dono da coisa pela perda ou deterioração de que for culpado. Dar compensação ou abatimento sobre o valor da dívida em caso de perda ou de deterioração da coisa de que for culpado, se o devedor assim preferir. Defender a posse da coisa empenhada e dar ciência, ao dono dela, das circunstâncias que tornarem necessário o exercício de ação possessória. Compensar despesas de guarda e conservação, juros e capital da obrigação garantida ao valor dos frutos de que se apropriar. Restituir a coisa quando da quitação voluntária da dívida pelo devedor. Entregar o saldo remanescente, se houver, em caso de venda da coisa empenhada. Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro: Direitos e deveres no penhor. Fonte: Gilberto Fachetti. Os arts. 1.436 e 1.437 do Código Civil tratam da extinção do penhor, enumerando as seguintes hipóteses: EXTINÇÃO DO DÉBITO QUE ENSEJOU O PENHOR Se a dívida do devedor for paga, não se justifica a manutenção do penhor; ele é extinto e a coisa restituída ao devedor. PERECIMENTO DA COISA Ocorre quando a coisa se deteriora, de modo que deixa de existir ou perde seu valor e sua utilidade. Se o perecimento ocorreu por culpa do credor, este deverá indenizar o devedor ou, então, compensar o prejuízo que causou com abatimento do valor da dívida. RENÚNCIA PELO CREDOR É a resilição unilateral do contrato de penhor pelo credor (art. 474 do Código Civil). A renúncia do credor é presumida quando ele consentir com a venda da coisa, quando restituir a sua posse ao devedor ou quando concordar com a substituição do penhor por outra garantia. CONFUSÃO Após a constituição do penhor, por algum motivo, o credor se tornará proprietário da coisa empenhada (por exemplo: é herdeiro do devedor e, morrendo este, torna-se proprietário dos bens por ele deixados). Se, porém, essa confusão não for suficiente para saldar a dívida totalmente, então o penhor não será extinto e seguirá vigente quanto ao resto da dívida que precisa ser quitada. OCORRENDO A ADJUDICAÇÃO JUDICIAL, A REMISSÃO OU A VENDA DA COISA EMPENHADA Feita pelo credor ou por ele autorizada quando a dívida não for paga. Mas, de acordo com o art. 1.437, a extinção do penhor somente ocorrerá efetivamente (ou seja, produzirá efeitos) depois de averbado o cancelamento do registro no Cartório de Títulos e Documentos, devendo-se apresentar a respectiva prova do fato que enseja a extinção. HIPOTECA A hipoteca é um direito real de garantia que incide sobre bem imóvel (ou bem equiparado por lei a imóvel). Caso o devedor não pague sua dívida, o credor hipotecário tem o direito de executar judicialmente o imóvel hipotecado e utilizar o valor obtido na venda judicial para saldar a dívida. Já que seu objeto é um imóvel, não há necessidade de a posse da coisa ser entregue ao credor, como ocorre no penhor e na anticrese (afinal, a coisa sempre estará ali). Evidentemente, essa imobilidade não existe nas coisas equiparadas a imóveis (por exemplo: aeronaves e embarcações, que podem ser objeto de hipoteca), mas, mesmo assim, a posse da coisa permanece com o devedor. A hipoteca tem um prazo máximo de duração, qual seja, 30 anos, conforme art. 1.485 do Código Civil: “Mediante simples averbação, requerida por ambas as partes, poderá prorrogar- se a hipoteca, até 30 (trinta) anos da data do contrato. Desde que perfaça esse prazo, só poderá subsistir o contrato de hipoteca reconstituindo-se por novo título e novo registro; e, nesse caso, lhe será mantida a precedência, que então lhe competir”. Mas o contrato que cria a hipoteca pode fixar outro prazo, desde que inferior a 30 anos. Esse prazo é chamado de perempção.Foto: Shutterstock.com Transcorridos os 30 anos, a hipoteca é extinta e, consequentemente, a dívida não estará mais garantida com a coisa anteriormente hipotecada. O credor hipotecário, então, torna-se um credor quirografário, ou seja, sem garantias e que tem apenas um título representativo da dívida. Caso o credor e o devedor queiram reestabelecer a hipoteca, deverão iniciar todo o processo de constituição novamente. Foto: Shutterstock.com Existem três tipos de hipoteca: HIPOTECA CONVENCIONAL HIPOTECA LEGAL HIPOTECA JUDICIAL OU JUDICIÁRIA Instituída voluntariamente entre devedor e credor por meio de negócio jurídico, sendo levada a registro no Registro Geral de Imóveis (RGI). São hipóteses em que a lei fixa uma hipoteca de pleno direito. Para produzir efeito, precisa ser reconhecida judicialmente e registrada mais tarde no RGI. As hipóteses estão previstas no art. 1.489 e são conferidas: Às pessoas de direito público interno: sobre os imóveis pertencentes aos encarregados da cobrança, guarda ou administração dos respectivos fundos e rendas. Aos filhos: sobre os imóveis do pai ou da mãe que constituírem novo casamento (com outras pessoas) sem antes fazer o inventário e a partilha do casal. Ao ofendido ou aos seus herdeiros: sobre os imóveis do ofensor (“delinquente”), para indenização do dano causado pelo ato ilícito e pelo pagamento das despesas judiciais. Ao coerdeiro: sobre o imóvel adjudicado ao herdeiro reponente, para garantia do seu quinhão ou torna da partilha. Ao credor: sobre o imóvel arrematado, para garantia do pagamento do restante do preço da arrematação. Obs.: À époccmóvel do tutor e do curador, respectivamente, enquanto durar a tutela e a curatela (art. 1.188); o CPC/2015 não repetiu essa modalidade de hipoteca legal. Constituída pelo juiz na execução de uma dívida, como forma de garantia para o exequente. De acordo com o art. 495 do Código de Processo Civil, a decisão que condenar o réu ao pagamento de prestação consistente em dinheiro e a que determinar a conversão de prestação de fazer, de não fazer ou de dar coisa em prestação pecuniária valerão como título constitutivo de hipoteca judiciária. REPONENTE javascript:void(0) Reponente é o herdeiro que está obrigado a “repor” a herança que recebeu em excesso sobre a parte disponível do doador ou do testador. O art. 1.473 do Código Civil fixa aqueles que podem ser os bens objeto de hipoteca. Antes de sistematizá-los, porém, é importante que você saiba que direitos também podem ser objeto de hipoteca. Isso se deve ao fato de que o inciso I do art. 80 do Código Civil considera bens imóveis, para os efeitos legais, os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram. Então, direitos reais sobre coisas imóveis também são bens hipotecáveis, conforme a seguinte sistematização: Bens hipotecáveis Descrição Imóveis e acessórios É o solo e tudo o que a ele adere, como construções e plantações. A hipoteca abrange todas as acessões, melhoramentos ou construções do imóvel. Domínio direto O exercício do domínio pode ser desdobrado em direto e útil. O domínio direto é a propriedade formal do imóvel, em que o titular se mantém proprietário, porém não usufrui da coisa. Domínio útil Domínio útil é aquele que permite a fruição de uma coisa; seu titular tem a plena utilização do bem. Estradas de ferro A hipoteca de via férrea está prevista nos arts. 1.502 a 1.505 do Código Civil. A hipoteca será circunscrita à linha ou às linhas especificadas na escritura e ao respectivo material de exploração. Os credores hipotecários poderão se opor à venda da via ou de suas linhas e de seus ramais. Na execução das hipotecas férreas, a União ou o estado serão intimados, para, em até 15 dias, remir a estrada de ferro hipotecada, pagando o preço da arrematação ou da adjudicação (ou seja, basicamente, pagando a dívida e adquirindo a via férrea). Recursos naturais a que se refere o art. 1.230 O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil. Navios São grandes embarcações para transporte de cargas e passageiros. Não é qualquer embarcação que pode ser objeto de hipoteca, pois a lei restringe aos navios. Assim, lanchas, barcos de pesca e outros barcos de pequeno porte não podem ser objeto de hipoteca. Aeronaves São máquinas de voo. Levantam e mantêm voo por seus próprios meios. O conceito inclui aviões, aviões de turboélices, jatos, helicópteros, planadores etc. Direito de uso especial para fins de moradia É a regularização ou a concessão do direito de usar bens públicos para morar. A hipoteca não recai sobre o bem público, mas sobre o direito de usar um bem público para constituir moradia. Direito real de uso É o direito que o proprietário de um imóvel dá a outra pessoa para que esta utilize o bem sem dele usufruir, ou seja, sem dele retirar os frutos e comercializá-los. Pode-se usufruir o necessário para a subsistência, mas nunca para fins de lucro (por isso, é chamado de “usufruto anão”). Esse direito que o usuário adquire sobre a coisa de alguém pode ser levado à hipoteca em favor de um terceiro, no caso, o credor do usuário em alguma dívida. Propriedade superficiária A propriedade superficiária é o domínio útil do superficiário. A obra ou a plantação realizada pelo superficiário, quando da constituição de um direito real de superfície constitui a propriedade superficiária, a qual pode ser levada a hipoteca em favor de um credor do superficiário. Direitos oriundos da imissão provisória na posse Porém, somente quando concedida à União, aos estados, ao Distrito Federal, aos municípios ou às suas entidades delegadas e respectiva cessão e promessa de cessão. Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro: Coisas hipotecáveis. Elaborado por: Gilberto Fachetti. Importante destacar que, sendo a hipoteca um direito real (de garantia), ela produz como efeito a sequela. Por causa disso, caso o devedor aliene o imóvel a um terceiro, o credor hipotecário poderá excutir o bem, tomando do terceiro e vendendo judicialmente. Não há que se falar em proteção da boa-fé do adquirente, pois esse terceiro adquirente tem conhecimento da constituição da hipoteca, uma vez que esta está registrada no Cartório de Registro de Imóveis (eis a importância da publicidade). Por isso, nada justificaria proibir a alienação do bem hipotecado. Foto: Shutterstock.com Primeiro, porque a sequela permitirá que o credor hipotecário alcance seus objetivos normalmente. Foto: Shutterstock.com Segundo, porque o terceiro assume o risco de perder a coisa, afinal, consegue prevê-la ao tomar conhecimento da hipoteca registrada no RGI. Assim, o caput do art. 1.475 estabelece que é nula a cláusula que proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado, embora possam as partes convencionar que vencerá o crédito hipotecário se o imóvel for alienado (parágrafo único). Agora, pense nas seguintes hipóteses: Imagem: Shutterstock.com O proprietário de uma casa avaliada em R$50 mil constitui hipoteca por causa de uma dívida R$30 mil (empréstimo bancário). Observe que, diante do inadimplemento, se o credor hipotecário executar o imóvel, o valor da venda é suficiente para pagar a dívida, as perdas, os danos e os juros, e ainda haverá, provavelmente, um remanescente a ser entregue ao devedor. Assim, nada impediria que, por exemplo, o devedor hipotecário constituísse uma segunda hipoteca com um segundo credor para uma outra dívida, mesmo que esta tenha valor superior a R$20 mil (diferença entre o valor da casa e o valor da primeira dívida). Imagem: Shutterstock.com O proprietário de uma casa avaliada em R$100 mil constitui hipoteca por causa de uma dívida de R$100 mil. Havendo inadimplemento, a casa é levada à venda e a dívida será paga. Mesmo que o valor do imóvel e o valor da dívida sejam equivalentes, nada impede a constituição de uma segunda hipoteca comum segundo credor para uma segunda dívida, afinal, pode ser que uma dívida seja paga voluntariamente e a outra fique garantida pela hipoteca. Essas situações descritas foram apreciadas pelo legislador, uma vez que o art. 1.476 prevê que o dono do imóvel hipotecado pode constituir outra hipoteca sobre ele, mediante novo título, em seu favor ou de outro credor. Essa situação é conhecida como pluralidade de hipotecas, que consiste na possibilidade de constituir duas ou mais hipotecas sobre o mesmo bem imóvel. Havendo pluralidade de hipotecas, haverá uma preferência ou prioridade entre elas a depender da ordem de registro de título no Cartório de Registro de Imóveis. Veja o exemplo: X constitui uma primeira hipoteca em favor do credor Y no dia 01/04/2020. Em 01/06/2020, constitui uma segunda hipoteca com o credor K. O credor K registra a hipoteca no dia 15/06/2020. E o credor Y registra no dia 30/06/2020. Nesse caso, embora constituída em data posterior, a segunda hipoteca terá preferência e prioridade em relação à primeira. Isso significa dizer que a segunda hipoteca terá o direito de ser executada antes da primeira hipoteca, se necessário for. Uma hipoteca gera efeitos inter pars (entre credor e devedor hipotecários) e erga omnes (perante terceiros). Veja a sistematização: Efeitos da hipoteca Para o credor O principal efeito é a criação do direito de excussão, ou seja, o poder de executar o imóvel para saldar a dívida (ou parte dela) com o valor auferido em venda. O credor hipotecário tem preferência no recebimento do valor em relação aos credores quirografários ou com garantia fidejussória, ainda que sua dívida tenha sido constituída posteriormente àquelas. E entre credores hipotecários, o credor que primeiro registrou tem preferência em relação aos credores que registraram posteriormente. Para o Tem o direito de usufruir da coisa, mas também passa a ter o dever de devedor conservar o imóvel para garantir a melhor venda possível em caso de execução. Assim, deve ser mais diligente para evitar perecimento e/ou depreciação do bem. Para terceiros Não pode alegar boa-fé quanto ao desconhecimento de uma hipoteca, pois, ao negociar sobre o imóvel, tem que ter a diligência de obter as certidões negativas de ônus real no Cartório de Registro de Imóveis. O terceiro que adquire o imóvel em hasta pública tem direito à adjudicação e à imissão na posse, caso o devedor se recuse a entregar o imóvel voluntariamente. Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro: Efeitos da hipoteca. Elaborado por: Gilberto Fachetti. A hipoteca será extinta nas seguintes hipóteses (arts. 1.499 a 1.501): Remição: é o resgate da hipoteca, que ocorre quando há o pagamento da dívida; também é chamada de “remir a hipoteca”. Extinção da dívida: por motivos que não sejam o pagamento. Resilição: o credor, unilateralmente, extingue a hipoteca. Perecimento da coisa: ocorre nos casos dos bens corpóreos e consiste na destruição da coisa, ou seja, a perda de utilidade e de valor. Arrematação ou adjudicação: ocorre na venda em hasta pública. Resolução da propriedade: para os casos de propriedade resolúvel; ocorre com o implemento da condição resolutiva ou do termo final que condiciona a existência da propriedade. Desapropriação do imóvel: feita pela Administração Pública. Confusão: o credor hipotecário ou o devedor hipotecário tornam-se credor e devedor de si mesmos; ocorre, por exemplo, quando o credor é herdeiro do devedor e a herança terá que pagar a dívida ao próprio herdeiro. A extinção, porém, só produz efeitos com a averbação no Registro de Imóveis apresentando a prova da ocorrência do motivo que levou à extinção da hipoteca. ANTICRESE A anticrese é um direito real que autoriza o credor a receber a posse de uma coisa imóvel pertencente ao devedor para perceber os frutos e os produtos desse imóvel e abater o valor desses frutos e produtos do valor da dívida. Essa é a definição do caput do art. 1.506 do Código Civil: “Pode o devedor ou outrem por ele, com a entrega do imóvel ao credor, ceder-lhe o direito de perceber, em compensação da dívida, os frutos e rendimentos”. Por isso, a anticrese também é chamada, por vezes, de “consignação de rendimentos”. Haverá desdobramento da posse quando: DEVEDOR/PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL Passa a ter a posse indireta. CREDOR/USUFRUTUÁRIO DOS RENDIMENTOS Passa a ter posse direta e, consequentemente, poderá auferir os benefícios (frutos, produtos e rendimentos) que o imóvel proporcional. A anticrese confere ao credor o direito de retenção da coisa até a compensação da dívida (§ 2º do art. 1.507). Sendo direito real constituído sobre bem imóvel, requer: Registro no Cartório de Registro de Imóveis (art. 1.227 do Código Civil). Escritura pública, caso o valor do imóvel seja superior a 30 salários-mínimos (art. 108 do Código Civil). Na anticrese, o credor anticrético tem direito sobre os frutos e os produtos, e não sobre a coisa principal que gera os frutos e os produtos. Por isso, nada impede a hipoteca ou a execução da coisa principal, devendo o credor anticrético se opor à execução. Pode-se afirmar, então, que a anticrese dá ao credor anticrético o direito de usufruto sobre o imóvel, sendo a fruição uma forma de pagar a dívida inadimplida. javascript:void(0) javascript:void(0) EXEMPLO O devedor cede um imóvel de sua propriedade para o credor e este realiza a locação do imóvel para terceiro. Os alugueres pagos pelo terceiro são frutos, do tipo civil (rendimentos), e serão apropriados pelo credor. A cada aluguel recebido o credor desconta o valor do total da dívida. Essa situação não pode perdurar por mais de 15 anos (art. 1.423). Agora, preste atenção ao art. 1.428: “É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto da garantia, se a dívida não for paga no vencimento”. O credor anticrético não pode tomar a propriedade do imóvel para si como forma de pagamento. Porém, isso não significa dizer que ele não possa se apropriar dos frutos e dos produtos. Ou seja, ele nunca poderá ser dono do imóvel, mas será dono dos frutos quando os perceber. Até porque não faria sentido o credor ter que providenciar a venda ou a execução judicial de frutas de uma plantação, pois até se realizar a venda as frutas pereceriam. Então, o credor se apropria das frutas e pode vendê-las por sua conta. Mas a anticrese não se destina somente ao pagamento da dívida; é possível que seja constituída para pagamento de juros, seja só para isto ou também para aquilo (§ 1º do art. 1.506). Foto: Shutterstock.com Os seguintes fatores extinguem a anticrese: Perecimento da coisa. Pagamento da dívida. Resilição unilateral pelo credor anticrético (renúncia). Quando o credor anticrético não se opõe que outro credor execute o imóvel principal. Falência do devedor. Desapropriação administrativa ou judicial do imóvel. Transcurso do prazo de 15 anos desde a constituição da anticrese (art. 1.423). Quanto aos direitos e aos deveres recíprocos entre devedor e credor, eles podem ser assim sistematizados: Devedor Credor Direitos Ter a coisa restituída em caso de pagamento voluntário da dívida. Defender a posse da coisa contra moléstia de terceiro. Defender a coisa em caso de má conservação pelo credor. Ter a posse da coisa dada em anticrese. Exercer direito de retenção da coisa até a quitação total da dívida, dos juros e de outras despesas. Vender os frutos e os produtos. Apropriar-se dos frutos. Resilir a anticrese, ou seja, renunciá-lo, extingui-lo. Proceder à proteção possessória da coisa. Deveres Garantir posse pacífica da coisa pelo credor. Pagar a dívida. Ressarcir ao dono da coisa pela perda ou deterioração de que for culpado. Dar compensação ou abatimento sobre o valor da dívida. Defender a posse da coisa empenhada e dar ciência, ao dono dela, das circunstâncias que tornarem necessário o exercíciode ação possessória. Restituir a coisa quando da quitação da dívida. Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro: Direitos e deveres na anticrese. Elaborado por: Gilberto Fachetti. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. É DIREITO DO CREDOR HIPOTECÁRIO: A) Não autorizar a constituição de uma nova hipoteca sobre a coisa em favor de terceiro. B) Proibir que o proprietário aliene o imóvel hipotecado. C) Apropriar-se dos frutos da coisa empenhada e que se encontra em seu poder. D) Declarar vencido o crédito hipotecário se o imóvel for alienado, caso haja convenção neste sentido no contrato que constituiu a hipoteca. E) Prorrogar a hipoteca por no máximo 20 anos da data do contrato. 2. NÃO É UMA GARANTIA REAL: A) A propriedade fiduciária B) A anticrese C) A hipoteca D) O penhor E) A penhora GABARITO 1. É direito do credor hipotecário: A alternativa "D " está correta. Na hipoteca, o credor não tem a posse da coisa e a garantia não recai sobre os frutos (neste caso, seria anticrese). Pelo art. 1.476, o dono do imóvel hipotecado pode constituir outra hipoteca sobre ele, mediante novo título, em favor do mesmo ou de outro credor, independentemente de autorização. O art. 1.475 diz que é nula a cláusula que proíbe ao proprietário alienar imóvel hipotecado. A alternativa D é verdadeira por causa do parágrafo único do art. 1.475: “Pode convencionar-se que vencerá o crédito hipotecário, se o imóvel for alienado”. De acordo com o art. 1.485, o prazo de prorrogação é de 30 anos. 2. Não é uma garantia real: A alternativa "E " está correta. A penhora é um ato processual, de execução; não é uma garantia real. A garantia real é um direito real e é constituído voluntariamente. A penhora é um ato judicial-processual de constrição de bens para quitação de dívida. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Este conteúdo foi destinado a demonstrar como devem ser constituídos e quais as consequências da constituição no que se refere aos direitos reais de servidão, propriedade fiduciária, hipoteca, penhor e anticrese. A abordagem realizada teve como objetivo apresentar não somente aspectos teóricos, mas também e, principalmente, os aspectos práticos. É preciso ter em mente que as garantias reais são uma das principais matérias discutidas em ações judiciais. Logo, é um campo fértil de atuação profissional. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS DINIZ, M. H. Curso de Direito Civil Brasileiro. Vol. 4 – Direito das Coisas. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2020. FARIAS, C. C. de; ROSENVALD, N. Curso de Direito Civil. Vol. 5 – Reais. 17. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. GOMES, O. Direitos reais. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. GONÇALVES, C. R. Direito Civil Brasileiro. Vol. 5 – Direito das Coisas. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. EXPLORE+ Para saber mais sobre os assuntos explorados neste conteúdo, leia os seguintes artigos: CARRASCOSA, G. L. Z.; FERNANDES, A. C.; CORDAZZO, K. As vantagens da alienação fiduciária em face da hipoteca. Revista Jurídica Direito, Sociedade e Justiça, vol. 6, n. 8, 2019. Esse texto apresenta as principais características dos dois direitos e apresenta elementos para a melhor escolha da modalidade, a depender da situação. KRIGER FILHO, D. A. Efeitos da hipoteca em face do usucapião. Jurisprudência Catarinense, Florianópolis, v. 31, n. 108-109, 2005. O artigo faz uma importante relação entre hipoteca e usucapião, dois institutos muito comuns e cuja relação pode ser problemática. PEREIRA, A. G. D. Servidões prediais e obrigações propter rem. Repositório científico da UC. Coimbra, 2003. Embora seja um texto sobre a servidão no Direito português, o regime jurídico português e brasileiro se aproximam. Contudo, o mais importante são os conceitos fundamentais que o autor desenvolve. SOUZA, A. S. R. Anticrese: direito real de garantia ou forma especial de pagamento? Revista da Faculdade Mineira de Direito – PUC Minas, v. 12, n. 24, p. 22-30, 2009. Ao discutir a essência da anticrese, o autor aborda vários elementos que demonstram a operabilidade do instituto. USUCAPIÃO Atenção: A partir do Código Civil de 2002, a flexão de gênero da palavra “usucapião” é no feminino, e não no masculino. javascript:void(0) CONTEUDISTA Gilberto Fachetti Silvestre
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