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AVA2 - Cultura e Subjetividade (Danielle Amorim)

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Universidade Veiga de Almeida
Graduação em Psicologia – Campus Tijuca
Disciplina: Cultura e Subjetividade
Docente: Eliane de Augustinis
Discente: Danielle Amorim Gonçalves Ferreira
Matrícula: 20192101323
AVA 2
Rio de Janeiro
2021.2
Malala Yousafzai foi a mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 2014 e desde então foi reconhecida no mundo todo como a defensora do direito à educação, em especial as meninas e mulheres e na luta pela igualdade de direitos entre os gêneros. Como é sabido, Malala foi vítima de um atentado talibã, que perseguia ativistas que iam de encontro às suas ideias. Como apontado pela mesma, ao invés de silenciarem o movimento a favor da educação, Malala e sua causa ganharam atenção e visibilidade em todo o mundo. O objetivo da jovem é de que homens e mulheres tenham os mesmos direitos, principalmente no que tange a educação, visto que em regimes como os que vivia na época de seu atentado, é comum a evasão escolar entre estudantes do sexo feminino, ou até mesmo sua proibição. Em consequência de sua luta, a discussão acerca da educação de meninas cresceu ao redor do mundo e, no intuito de buscar investimentos para promover o acesso à educação por parte das populações menos assistidas, a paquistanesa criou a Fundação Malala.
A educação é vista pela psicanálise como uma esfera imprescindível ao sujeito na produção de discursos e na construção de sua subjetividade. Como aponta Kunet, educar é a prática discursiva que possibilita a imersão da criança na linguagem, ampliando sua capacidade de produzir discursos (apud GURSKI; UMPIERRE, 2013). A defasagem do acesso à educação por parte de sujeitos do sexo feminino é vista como prejudicial na constituição de sua subjetividade. Sendo assim, a visibilidade obtida na luta por direitos à educação para as mulheres também possui grande impacto na luta pela igualdade de direitos entre os gêneros.
Cabe aqui destacar a posição da psicanálise sobre o entendimento da mulher na cultura, expondo os elementos por trás das diferenças apresentadas no tratamento entre homens e mulheres em nossa sociedade. De acordo com Fucks (2013), debruçando-se sob os ensinamentos de Freud, a raiz inconsciente mais forte do sentimento de superioridade sobre a figura da mulher - e do judeu - seria a diferença sexual. O homem é simbolizado como aquele detentor do falo, enquanto a mulher é tida como um sujeito castrado – bem como o judeu, circuncisado. O medo da perda do falo e de se igualar à condição da mulher levaria o homem à uma angústia de castração. A mulher, por sua vez, deseja ter o falo, colocando o homem numa posição de superioridade, já que supostamente ele o detém. O homem apresenta horror à castração, referindo-se à angústia que a diferença lhe causa.
Segundo Fucks (2013, p. 58):
“Freud fez da feminilidade o lugar de entrecruzamento do inconsciente com o processo da cultura. A histérica é aquela que denuncia através de seu sintoma uma das causas de sua infelicidade: uma civilização demasiadamente fálica que se opõe a seu querer-feminino, ou pelo excesso (supervalorização sexual) ou pela falta (depreciação amorosa). A recusa à feminilidade imposta pela civilização, seja por processos claros ou sutis de repressão, neurotiza a mulher.”
A partir disso, podemos observar a violência sofrida por Malala como uma representação da desigualdade de poder presente entre homens e mulheres, onde dois homens do movimento talibã ateiam fogo contra uma menina na intenção de silenciar não apenas ela como sua luta a favor da educação para meninas e da igualdade de gênero. Numa sociedade em que esta relação de desigualdade é marcada pela cultura, onde a mulher não é vista como sujeito de desejo, mas sim como objeto de gozo (sexual ou de dominação) percebe-se a importância do movimento impulsionado por Malala.
Para Freud, a mulher em sua feminilidade se exprime como “falta a ser amada que o homem a deseja” (FUCKS, 2013, p.60), sendo consequência dessa dinâmica a própria a cultura. Seria a mulher, portanto, representante da pulsão de vida e responsável pelo desejo nos homens. Posto isto, a feminilidade para Freud revela a incompletude, evidenciando assim a falta. Malala representa faltas na sociedade e na cultura e a partir delas é possível o desejo de construir mudanças a fim de que mulheres de todo o mundo sejam responsáveis por suas próprias histórias, questionando normas morais que impedem a constituição de sua subjetividade.
Referências Bibliográficas
BRASIL, ONU. Entrevista: Malala defende liberdade para mulheres (íntegra). Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=mho21uEXsdE Acesso em 27 de outubro de 2020.
FUKS, B. B.  Freud e a Cultura. Rio de janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.
FREUD, S. (1996a). O mal-Estar na civilização (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, Vol. 21). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1929).  
GUSKI, Ros; UMPIERRE, Alice. Educação e psicanálise. Educação & Realidade. 2013, v. 38, n. 2, pp. 685. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edreal/a/HD7wydTtxtyFgG7H7PXddTR/?lang=pt#ModalArticles. Acesso em 14 de Outubro 2021.
QUINET, Antonio. Sexuação e Identidade. Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=QgL3hjfEiRk Acesso em 26 de outubro de 2020.

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