Buscar

721-METROFOR-1A-IMERSAO-DIA-01-1 (1) (2)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 36 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
1 
 
721-EP 
 
 
https://youtu.be/UFIDAeIutNg
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
2 
 
721-EP 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://concurseiroprime.com.br/cursos/online-imersao-metrofor-em-exercicios
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
3 
 
721-EP 
 
 
 
NOÇÕES DE TRIGONOMETRIA 
 
 TEOREMA DE PITÁGORAS 
 
 
 
TRIÂNGULOS RETÂNGULOS QUE MAIS CAEM EM PROVA 
 
 
 RELAÇÕES TRIGONOMÉTRICAS NO TRIÂNGULO 
 
 
DICAS PARA ACELERAR A RESOLUÇÃO 
 
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
4 
 
721-EP 
 ÁREAS DAS PRINCIPAIS FIGURAS PLANAS 
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
5 
 
721-EP 
 
 EXERCÍCIOS 
 
01. Quantas cerâmicas quadradas, medindo 20 cm de lado, são necessárias para revestir o piso de uma sala de 
aula retangular, medindo 8 m de comprimento por 6 m de largura? 
 
A) 600 
B) 800 
C) 1000 
D) 1200 
 
(UECE) Considere um trapézio isósceles cuja medida de cada um dos lados não paralelos é igual a 5 m e cuja 
medida do seu perímetro é igual a 40m. Sabendo que esse trapézio tem a base maior 6m maior que a base 
menor, responda as questões a seguir. 
 
02. Qual a medida, em metros, da base menor desse trapézio? 
 
A) 6 
B) 12 
C) 18 
D) 24 
 
03. Determine a medida, em metros, da altura desse trapézio. 
 
A) 3 
B) 4 
C) 5 
D) 6 
 
04. Qual a área, em m2, desse trapézio? 
 
A) 30 
B) 60 
C) 80 
D) 120 
 
(TEXTO) Uma represa no formato retangular possui dimensões de 30 metros de largura e 40 metros de 
comprimento. Sabe-se ainda que possui 10 metros de profundidade. Com base nessas informações, responda as 
questões a seguir. 
 
05. Qual será a distância percorrida por uma pessoa que atravessa essa represa pela sua diagonal? 
 
A) 45 metros 
B) 50 metros 
C) 65 metros 
D) 70 metros 
 
06. Qual área da superfície dessa represa? 
 
A) 120m2 
B) 1200m2 
C) 12000m2 
D) 120000m2 
 
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
6 
 
721-EP 
07. Qual o volume de água, em litros, que esse reservatório pode armazenar? 
 
A) 12 mil 
B) 120 mil 
C) 1,2 milhões 
D) 12 milhões 
 
(TEXTO) Sabendo que a hipotenusa de um triângulo retângulo mede 13 cm, que o cateto menor mede 5cm e que 
o menor ângulo mede , responda as questões a seguir. 
 
08. Determine o valor da medida, em cm, do cateto maior desse triângulo. 
 
A) 6 
B) 8 
C) 10 
D) 12 
 
09. Qual o valor do sen? 
 
A) 12/5 
B) 5/12 
C) 12/13 
D) 5/13 
 
10. Qual o valor do cos? 
 
A) 12/5 
B) 5/12 
C) 12/13 
D) 5/13 
 
11. Qual o valor da tg? 
 
A) 12/5 
B) 5/12 
C) 12/13 
D) 5/13 
 
12. Uma árvore foi quebrada pelo vento e a parte do tronco que restou em pé forma um ângulo reto com o solo. 
 
 
 
Se a altura da árvore antes de se quebrar era de 9m, e sabendo que a ponta da parte quebrada está a 3m da base 
da árvore, qual a altura do tronco que restou em pé? 
 
A) 2 
B) 3 
C) 4 
D) 5 
E) 6 
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
7 
 
721-EP 
13. (IFG 2019) Considere que o tamanho de uma televisão, dado em polegadas, corresponde ao comprimento da 
sua diagonal e que, no caso de televisores de tamanho normal, a largura e a altura seguem, ordenadamente, a 
relação 4:3. Observe a figura abaixo e considere 1 polegada = 2,5 cm. 
 
 
 
Com relação a uma televisão plana de 40 polegadas, é correto afirmar que sua largura e sua altura são, 
respectivamente: 
 
A) 60cm e 45cm 
B) 80cm e 60cm 
C) 64cm e 48cm 
D) 68cm e 51cm 
 
14. Uma pipa está presa a uma linha esticada que forma um ângulo de 45º com o solo. 
 
 
 
Da pipa ao solo, a linha tem 50 m de comprimento. A distância da pipa ao solo é de: 
 
A) 25m 
B) 25 
C) 25 
D) 50 
 
15. (UECE) No triângulo ABC, retângulo em A, a medida da hipotenusa BC é duas vezes a medida do cateto AC. 
Assim, pode-se afirmar corretamente que a medida, em graus, do ângulo oposto ao maior cateto desse triângulo 
é igual a: 
 
A) 30o. 
B) 60o. 
C) 40o. 
D) 45o. 
E) 75o. 
 
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
8 
 
721-EP 
16. (CEPROS) Na ilustração a seguir, temos uma torre de transmissão de imagens. A torre é perpendicular ao 
plano, o cabo de sustentação forma com a superfície plana do solo um ângulo de 60°, e a distância entre a torre e 
a extremidade do cabo no solo é de 60m. 
 
 
 
Qual a altura da torre, em metros? Dado: use a aproximação √3 ≅ 1,7. 
 
A) 61m 
B) 84m 
C) 102m 
D) 120m 
E) 146m 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
9 
 
721-EP 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA DO CEARÁ 
 
ECONOMIA NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX 
 
CONTEXTO NACIONAL 
 
O Brasil nas primeiras décadas de sua independência sofreu uma grave crise econômica, resultado da decadência da 
mineração e da produção de açúcar. Entretanto, o interesse do mercado europeu e, posteriormente, dos EUA pelo café 
proporcionou um novo impulso à economia do Brasil. A partir da década de 1830, o café transformou-se no motor da 
economia do Segundo Reinado. 
As primeiras mudas de café foram plantadas no norte do país, na segunda metade do século XIX. Mas nessa região 
não havia solo e clima propício para a produção do café em larga escala. Um solo propício à cultura cafeeira era o existente 
no sudeste do país. As primeiras grandes lavouras localizaram-se nos brejos e pântanos drenados da baixada fluminense. A 
partir desse local, os cafezais iriam se estender para o oeste de São Paulo e para o sudoeste de Minas Gerais. 
Diferentemente do início da produção de cana-de-açúcar no período colonial, os capitais iniciais necessários às 
lavouras foram provenientes dos próprios fazendeiros ou de alguns comerciantes, como os que realizavam o transporte de 
mercadorias na região de Sorocaba, interior de São Paulo. Na sua origem, o café não necessitou do investimento externo. 
A força de trabalho utilizada na produção do café foi inicialmente a de africanos escravizados e, até o fim do 
Império, eles compuseram a maior parte da força de trabalho nos cafezais. Porém, a pressão inglesa pelo fim do tráfico de 
escravos no Atlântico e as lei de proibição do tráfico, como a Lei Eusébio de Queiróz de 1850, dificultavamo acesso aos 
escravos. Seus preços subiram, tornando-se uma força de trabalho extremamente dispendiosa. Era necessária outra forma 
de organizar a força de trabalho nos cafezais, que passasse para a utilização de trabalhadores livres. 
A saída foi estimular a imigração de famílias europeias, principalmente em São Paulo. O trabalho livre era mais 
dinâmico economicamente que o trabalho escravo por estimular o mercado interno e pela possibilidade de introduzir novas 
técnicas de plantio, como a mecanização. Não havia interesse do escravo em trabalhar dessa forma, o que impedia o 
aumento da produtividade. Além do mais, essas novas técnicas fomentavam a produção de ferramentas e outros utensílios 
necessários às lavouras, nas regiões próximas às fazendas. 
Na imigração, o fazendeiro financiava a vinda das famílias europeias em troca do trabalho em suas lavouras. Esse 
método inicial ficou conhecido como parcerias. Porém, o não cumprimento de cláusulas contratuais pelos fazendeiros 
geraram inúmeros conflitos, sendo o mais notório o ocorrido na fazenda do senador Nicolau de Campos Vergueiro, em 1856, 
em Ibicaba. 
A partir desse momento, as parcerias foram abandonadas. O interesse do governo imperial no crescimento da 
produção cafeeira levou o Estado a financiar a vinda dos imigrantes através de subsídios. Em virtude do maior dinamismo 
econômico decorrente do trabalhador livre, alguns fazendeiros, principalmente de São Paulo, passaram a defender o fim da 
escravidão no país. 
A força econômica do café foi tamanha que garantiu o superávit da balança comercial brasileira entre 1861 e 1885. 
Na década de 1880, o café respondia por cerca de 61% das exportações do Império. 
A produção cafeeira fez surgir ainda outras atividades econômicas veiculadas ao beneficiamento, transporte e à 
venda do café. Os fazendeiros tornaram-se acionistas de empresas. Apareceu também o comissário do café, que trabalhava 
nas casas de comércio externo, participando ainda da organização da produção e da logística de transporte. Tal atividade 
proporcionou aos comissários o acúmulo de capital, que serviu para formar instituições financeiras e empresas de 
importação. 
O café ainda estimulou a incipiente modernização da sociedade brasileira. Teve início o processo de urbanização de 
alguns locais, principalmente a cidade do Rio de Janeiro e São Paulo, e mesmo no interior paulista, na segunda metade do 
século, cidades como Campinas e Sorocaba urbanizaram-se a partir do capital acumulado pelos fazendeiros. 
O principal símbolo da modernização estava nas ferrovias. A primeira ferrovia foi construída entre Rio de Janeiro e 
Petrópolis, em 1854. A partir daí, esse meio de transporte teve uma grande expansão. Com as ferrovias, os custos do 
transporte do café diminuíram consideravelmente, facilitando ainda a ligação com os portos exportadores, principalmente o 
de Santos, no litoral paulista. A expansão ferroviária brasileira contou com capitais brasileiros e estrangeiros, principalmente 
os ingleses. 
https://www.preparaenem.com/historia-do-brasil/revolta-dos-imigrantes-europeus.htm
https://www.preparaenem.com/historia-do-brasil/revolta-dos-imigrantes-europeus.htm
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
10 
 
721-EP 
A passagem das ferrovias por regiões interioranas favorecia o contato da população com as inovações técnicas do 
capitalismo, causando um grande impacto no país. 
Durante o governo imperial, o Brasil ainda tinha grande parte de sua economia sustentada pela exportação de 
gêneros agrícolas. Chegando ao Segundo Reinado, vemos que essa mesma situação se mantinha na medida em que as 
lavouras de café se desenvolviam com a grande demanda do mercado externo. Sendo assim, conservávamos nossa feição 
econômica sem grandes alterações e continuávamos a consumir produtos industrializados vindos principalmente da 
Inglaterra. 
Essa situação veio a se modificar no ano de 1844, quando a implantação da Tarifa Alves Branco modificou a política 
alfandegária nacional. Interessado em ampliar a arrecadação dos cofres públicos, o governo imperial dobrou o imposto 
cobrado sobre vários produtos vindos de fora. Com o passar do tempo, a Tarifa Alves Branco permitiu que a incipiente 
indústria brasileira pudesse fabricar produtos que tinham preços mais competitivos que os importados. 
Além desse fator, devemos também compreender que esse surto industrial vivenciado na metade do século XIX 
também foi estimulado pela proibição do tráfico negreiro. Em primeiro plano, essa outra ação incentivou a entrada de 
imigrantes estrangeiros que poderiam atender a demanda dos trabalhadores assalariados que apareciam nas grandes 
cidades. Ao mesmo tempo, antigos traficantes passaram a reinvestir seus capitais em outras atividades, como a indústria. 
Apesar do crescimento, devemos frisar que o governo imperial não dispunha de políticas essencialmente voltadas 
para a dinamização da economia. Não por acaso, percebemos que no ano de 1860, a redução da taxa alfandegária tratou de 
desacelerar o tímido crescimento industrial vivido naquele tempo. Sendo assim, temos a confirmação de que as elites 
políticas da época estavam longe de defender a transformação das antigas bases de sustentação econômica. Nos últimos 
anos do governo de Dom Pedro II, vemos que a indústria brasileira começou a apresentar alguns traços de novo crescimento. 
Assim como da primeira vez, a riqueza do café exportado gerou capitais que eram investidos na construção de novas 
fábricas. Enfatizamos que a produção industrial brasileira nessa época se destacou essencialmente pela abertura de fábricas 
que se envolviam com a produção de alimentos, tecidos e alguns produtos químicos. 
 
O CONTEXTO CEARENSE 
 
A economia cearense representou na segunda metade do século XIX, em menores proporções, o desenvolvimento 
da economia nacional. A base da economia estava pautada na lógica agrária de exportação o que acarretou numa certa 
integração ao mercado internacional. A partir de 1845, o Ceará passou por um período de mais de três décadas sem grandes 
secas, consolidando atividades como a pecuária e a cotonicultura e ainda apresentando novos produtos para exportação, o 
café, o açúcar e cera de carnaúba. 
O algodão cearense já era cultivado pelos nossos índios antes da invasão portuguesa com a colonização, era 
cultivado como atividade de subsistência. 
O algodão cearense, cultivado comercialmente desde o fim do século XVIII, conhece na segunda metade do século 
XIX, na década de 1860 o seu auge. Isso foi possibilitado pela alta do preço da fibra e em virtude também da desorganização 
da produção dos Estados Unidos (principais fornecedores das fábricas inglesas) que se encontravam envolvidos internamente 
numa guerra. A brutal Guerra de Secessão (1861 – 1865). 
Foram fatores que favoreceram o desenvolvimento da cotonicultura no Ceará: o clima quente e a regularidade das 
chuvas, a fertilidade dos solos, o curto ciclo vegetativo do algodão, a não exigência de muitos investimentos na lavoura, etc. 
As principais regiões produtoras de algodão, inicialmente eram os distritos de Fortaleza e Aracati, além das serras de 
Baturité, Uruburetama, Meruoca, Pereiro e Aratanha. 
A cotonicultura e a pecuária acomodaram-se uma a outra, dando origem ao chamado “binômio gado-algodão”. Uma 
relação de complementação, onde a rama do algodoeiro servia de alimento ao boi na época da estiagem e o animal adubava 
os solos com esterco, fator extremamente importante, já que temos nosso território costumeiramente abalado pelas secas. 
A atividade exportadora não era restrita ao algodão, na parte final do século XIX, o café produzido no Ceará 
alcançou certa significância na pauta de exportação. A expansão da produção cafeicultura ocorreu de maneira lenta nas 
regiões serranas – Baturité, Maranguape,Aratanha, Ibiapaba, Uruburetama e Araripe. Os recursos vindos da pecuária e da 
cotonicultura muitas vezes eram utilizados para investir na atividade cafeicultora, inicialmente a principal região produtora 
era Maranguape, sendo superada pela região de Baturité. 
 A vultosa produção algodoeira tinha em Fortaleza seu grande centro coletor e exportador. A capital 
cearense assume nesse momento a condição de principal núcleo econômico, político e social da província, superando 
Aracati, que vivia da pecuária e da produção de charque. 
O contexto de desenvolvimento econômico no Ceará, na segunda metade do século XIX, possibilitou a criação de 
grandes empresas comerciais exportadoras. Muitas dessas casas comerciais eram pertencentes a estrangeiros erradicados no 
Ceará, que buscavam bons lucros na região. A principal dessas casas comerciais era a Boris Freres, com sede em Paris e 
pertencente aos judeus Alphonse e Theodore Boris. A importância da empresa era tamanha, que a mesma, chegava a 
emprestar dinheiro ao governo local. 
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
11 
 
721-EP 
Depois de algumas tentativas frustradas, finalmente em 1870, foi assinado um acordo que previa a construção de 
uma ferrovia que ligasse a capital à vila de Baturité. Em 1873 foi inaugurado o primeiro trecho da ferrovia para ligar Fortaleza 
a “Arronches” atual Parangaba, em 1878, os trilhos chegavam a Pacatuba. 
Na década de 1880 foram instaladas as primeiras fábricas têxteis em território cearense. Em 1883 começava a 
funcionar em Fortaleza a pioneira fábrica de tecidos Progresso, em 1893, surgiria a Fábrica Santa Thereza em Aracati. Na 
última década do século XIX, o algodão, era consumido principalmente pelas fábricas de tecidos localizadas na capital, Aracati 
e Sobral. 
Para o desenvolvimento econômico local contribuíram: os capitais acumulados com o comércio algodoeiro e de 
outros produtos como o café; a centralização política da monarquia brasileira, que concorria para concentrar nas capitais das 
províncias todo o poder decisório; a condição de capital, que Fortaleza assumira no início do século XIX (1823), o que a 
transformava em ponto destacado na recepção de obras e recursos; da construção de melhorias de estradas e ferrovias 
(como a Estrada Fortaleza – Baturité “EFB”, instalada em 1873); e da migração rural-urbana principalmente na época das 
secas. 
O modelo agroexportador cearense entra no século XX, apresentando um grave quadro de crise econômica. 
 
A HEGEMONIA ECONÔMICA DE FORTALEZA 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Quando Fortaleza foi elevada à condição de vila, em 13 de abril de 1726, não havia indícios de atividade econômica 
de caráter urbano, diferente de outras grandes cidades que tiveram origem no período colonial. Salvador, Recife, São Luís e 
Rio de Janeiro, por exemplo, já nasceram como centros de produção para o mercado externo e sede dos aparatos militar e 
burocrático. Enquanto Fortaleza, como o nome sugere, cumpria apenas a função de defesa do território. Essa condição 
permaneceria pelas décadas seguintes, até que o ciclo do algodão consolidou a vila fundada junto à Fortaleza de Nossa 
Senhora da Assunção como a principal cidade do Ceará. 
“O comércio direto com Lisboa e depois com outras praças da Europa seria a grande mola de animação da vida da 
Cidade”, disse o historiador Raimundo Girão na obra Geografia Estética de Fortaleza (1979). Entretanto, segundo a socióloga 
Maria Auxiliadora Lemenhe, em As Razões de uma Cidade (1991, Stylus), mesmo em 1726, Fortaleza ainda estaria longe ter 
força econômica. “A vila de Fortaleza, distanciada dos sertões da pecuária, continuaria sendo por mais de um século, um 
aglomerado sem sustentação econômica”, ela diz. 
Mas, apesar da vantagem econômica de Aracati, o que fez Fortaleza vencer a disputa pela hegemonia no Ceará foi o 
fato de ter sido escolhida como capital da província. “O sistema político-administrativo do Império criou os mecanismos 
políticos e institucionais favoráveis à hegemonia do núcleo”, diz Lamenhe. 
Para Rui Martinho Rodrigues, as capitais brasileiras sempre exerceram um forte poder de atração sobre os mais 
diversos setores da economia, devido à concentração de recursos financeiros e das atividades burocráticas. 
“Chama atenção a importância do poder político para a atividade econômica. E os grandes negócios têm, muitas 
vezes, uma passagem pelo poder público. Nos estados federados pobres, o poder da economia estatal é muito grande e, para 
obter vantagens, o setor privado tem de negociar muito com o público”, diz Rodrigues. 
Nos primeiros 150 anos de fundação, foram o porto e, posteriormente, a ferrovia, que contribuíram para tornar 
Fortaleza um empório comercial, diz Rodrigues. Para ele, a vocação de Fortaleza para o comércio se deu por falta de 
alternativas. “O Estado não tem vocação extrativista mineral, nem vocação agrícola ou industrial. Então sobrou o comércio.” 
Jornal O Povo. 
 
O DESENVOLVIMENTO 
 
Fortaleza, até o início do século XIX, era um povoado sem nenhuma importância econômica, mas a presença da 
fortaleza, garantia apoio aos barcos que navegavam entre o Maranhão e o Piauí e aí aportavam para se abastecer. Adquire o 
status e as características de cidade, no século XIX, após a separação da província de Pernambuco e, principalmente, com a 
inserção do Ceará na divisão internacional do trabalho, como exportador de algodão. O crescimento econômico da província 
e a política do Império de fortalecimento das capitais das províncias, atraíram moradores, investimentos foram realizados em 
edificações e infraestrutura e serviços foram implantados em Fortaleza. 
Fortaleza, como muitas outras cidades, tem no quadro natural sua limitação, que cresce acompanhando a margem 
esquerda do rio Pajeú. Além dessas condições naturais, para a compreensão da formação de Fortaleza, é fundamental 
analisar o papel dos diferentes agentes produtores do espaço, principalmente o Estado, que investiu na construção de 
edificações públicas, estradas, ferrovias, legislou e aprovou Códigos de Posturas e concedeu a exploração dos serviços 
públicos (iluminação, distribuição de água, transporte, comunicações) a empresários nacionais e estrangeiros, como a Ceará 
Water Company, Ceará Gas Company e a Ceará Harbour Corporation. 
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
12 
 
721-EP 
Os exportadores e importadores, fazendeiros, industriais, comerciantes, prestadores de serviços que organizavam e 
coletavam a produção, beneficiavam a matéria prima e distribuíam os produtos locais e importados contribuíram na 
organização do espaço urbano de Fortaleza. A população, de acordo com suas condições financeiras, edificava suas 
habitações. Aqueles com melhor renda moravam no centro e nos bairros que vão surgindo no final do século XIX, quando as 
linhas de bonde são implantadas. A população mais carente autoconstruía suas choupanas com material local nas chamadas 
“areias”, nos arredores da área mais urbanizada. 
 
SÍTIO URBANO: ASPECTO DA VILA NO COMEÇO DO SÉCULO XIX. 
 
No começo do século XIX, Fortaleza ainda crescia lentamente, à margem esquerda do Pajeú, acompanhando as 
tortuosidades deste rio, principal fonte de abastecimento de água. O riacho do Pajeú dividia as terras imediatas à Fortaleza 
de N. Senhora da Assunção em duas zonas distintas. Na margem direita, a elevação do Outeiro da Prainha, alargava-se até a 
descida para o mar, cujas águas lambiam suas encostas. Ali foi construído o seminário episcopal que ficou conhecido como 
Seminário da Prainha. À margem esquerda, com seu terreno ondulado pelas dunas formadas pelaforça do vento era cortada 
por um tributário do Pajeú: o córrego do Garrote que formava a lagoa do Garrote. 
As duas elevações separadas pela depressão onde corriam os córregos ficaram conhecidas como: colina do Teatro 
Taliense, ao sul, na Rua Formosa, e colina da Misericórdia ou Marajaitiba, ao norte onde se erguia o forte e foram 
estabelecidas a Santa Casa de Misericórdia e a Cadeia Pública. Em torno dessas duas principais colinas, erguiam-se outras 
cinco pequenas formando um total de sete. Dentre elas destaque merece pela importância posterior para a cidade, a 
elevação da Aldeota, antiga povoação de índios. (GIRÃO, 1997, p. 35). 
A vila de Fortaleza apresentava formato quadrangular com quatro ruas partindo da Praça do Conselho (atual Praça 
da Sé), onde ficavam o pelourinho e a Igreja da Matriz. De acordo com Malmmann, as quatro ruas mencionadas por Koster 
eram a antiga Rua da Cadeia ou do Quartel; a Rua da Boa Vista, atual rua Floriano Peixoto; a rua dos Mercadores, na margem 
oriental do riacho do Pajeú e a rua da Fortaleza, depois denominada rua da Misericórdia. Havia também, outra rua, a das 
Flores, “bem longa, do lado norte desse quadro, correndo paralelamente, mas sem conexão” e que passava defronte à 
Matriz. 
Na planta de Fortaleza, elaborada por Silva Paulet, em 1813, pode-se visualizar a vila visitada por Koster. Observa-se 
um aglomerado de casas na altura da ponta da Prainha, próximo ao ancoradouro. A maior concentração de edificações está à 
esquerda do riacho Pajeú, se espalhando para o interior, na direção sul da lagoa do Garrote. Já estão presentes os caminhos, 
que orientaram inicialmente o crescimento de Fortaleza, dispostos de modo mais geral, em forma radioconcêntrica: Estradas 
de Jacarecanga, de Soure, de Arronches, do Aquiraz, da Precabura, e a Picada de Macoripe. Posteriormente a vila cresceria, 
obedecendo ao traçado em xadrez que seria proposto por Paulet. Os edifícios públicos - Palácio do Governador, Casa da 
Câmara, Cadeia, Alfândega e a Tesouraria - eram pequenos e baixos, “mas limpos e caiados, e perfeitamente adaptados aos 
fins a que se propunham”, diz Koster (1942). 
Estava em construção a igreja matriz que tinha “por invocação São José de Ribamar”. O Palácio do Governo era a 
única habitação da cidade assoalhada. Koster, que foi recepcionado pelo presidente da capitania Luiz Barba Alardo de 
Menezes (1808- 1811), observou que eram excelentes as casas de governo, dos camaristas e da inspeção do algodão e bom o 
quartel de infantaria, onde se localizava a Capela de Nossa Senhora d’Assumpção, “com bastante perigo o hospital militar”. 
(1897, p. 42). O governador concordava que a localização de alguns equipamentos públicos era imprópria. A Casa da Junta da 
Real Fazenda, Contadoria e Real Erário que ficavam “por cima da cadeia e calabouço, com tanta impropriedade, risco e 
encommodo dos officies das ditas”, o que levou a que os “claviculári 
 
A HEGEMONIA URBANA DE FORTALEZA E O GOVERNO DE ALENCAR 
 
Desde o final do século XVIII, o algodão do Ceará fazia parte da agenda de produtos exportados pelo Brasil. A vila, 
aos poucos, foi sendo dotada de infraestrutura e serviços para atender às transações comerciais diretas com Lisboa, iniciadas 
em 1804. Durante o século XIX, com o avanço da indústria têxtil na Europa, aumentou consideravelmente a demanda pelo 
produto. A partir de meados do século XIX, a queda na produção de outros fornecedores e a Guerra da Secessão (1861-64) 
nos Estados Unidos, poderoso concorrente, contribuíram para expandir significativamente a indústria algodoeira cearense e 
para dinamizar o comércio de sua capital. 
O processo de hegemonia urbana de Fortaleza se iniciou, portanto, na primeira metade do século XIX e se completa 
na segunda metade. A centralização do poder político e administrativo iniciada no primeiro Reinado e que marcou todo o 
período imperial privilegiou as capitais das províncias. (LEMENHE, 1991). Este fato e a concentração de um volume maior da 
produção para o comércio externo favoreceram o crescimento econômico de Fortaleza e contribuíram para que a maior 
parte de investimentos governamentais em edificações, infraestrutura e serviços se fixasse na capital. Na primeira gestão do 
cearense José Martiniano de Alencar, entre 1834 e 1837, quando implantou a Assembleia Legislativa (1835), o progresso 
econômico e político-administrativo do Ceará ganhou forte impulso. Em 1835, foi criado o Banco Provincial do Ceará, com 
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
13 
 
721-EP 
capitais privados (extinto em 1851). Alencar estimulou a construção de açudes de pedra e cal; importou o primeiro engenho 
a vapor da província e incentivou o cultivo e a fabricação do chá, café e açúcar. 
A fim de suprir a falta de braços para a lavoura, organizou uma Companhia de Trabalhadores cujos salários seriam 
pagos pelos próprios agricultores e mandou buscar colonos estrangeiros - trabalhadores agrícolas e especializados nos ofícios 
de ferreiro, pedreiro, carpina e factura de estradas. Também solicitou ao governo imperial o envio de cinco “professores 
dignos deste nome” para residir nas cinco primeiras localidades da Província, isto é, Fortaleza, Aracati, Icó, Crato e Sobral. 
(NOGUEIRA, 1889). 
A administração de Alencar foi muito benéfica para o progresso de Fortaleza. Ele dotou a capital com iluminação a 
azeite; fez o reservatório do Pajeú; construiu chafarizes, uma aguada pública para as lavadeiras de roupa, uma ponte de 
pedra e cal sobre o riacho do Pajeú, facilitando o acesso ao bairro da Prainha, onde se encontrava a Alfândega; abriu poços 
(Cacimba do Povo, próximo ao Colégio das Órfãs); mandou construir estradas “da capital para Mecejana e d’ahi para Aracati, 
Icó e Crato; e ainda da capital para Soure, Maranguape, Baturité, e Sobral” e fazer estudos para o melhoramento do porto. 
(NOGUEIRA, 1889). 
O período entre as secas de 1845 e 1877 é considerado pelos historiadores como um dos mais ricos para a economia 
cearense, pois foi de bons “invernos” e com o algodão alcançando preços elevados no mercado internacional (GUABIRABA, 
1989). Aumentaram-se as trocas. O comércio diversificou-se, com o desenvolvimento da cultura de café e da exportação da 
borracha de maniçoba. O excedente da produção de açúcar e da cultura de subsistência era vendido para outras províncias. 
O forte desenvolvimento econômico experimentado pelo Ceará contribuiu para atrair novos moradores e ampliar o número 
de empregos e de serviços urbanos na Capital. A proximidade das zonas agrícolas mais produtivas e das rotas comerciais e 
marítimas e o comércio importador e exportador favoreceram a drenagem dos excedentes da província para capital, o que 
favoreceu a sua expansão. O crescimento econômico refletiu-se na paisagem urbana e na organização do espaço, que exigiu 
um maior controle. 
Em 1848, a população de 8.900 habitantes estava distribuída em 1.418 casas, das quais 571 de tijolo e telha. 
Naquele ano foi inaugurada a iluminação pública a azeite de peixe, que foi substituída pelo gás carbônico, em 1866. (SABÓIA 
RIBEIRO, 1955, p.226). Antônio Rodrigues Ferreira foi o presidente da Câmara entre os anos de 1842 e 1859 e teve um papel 
importante na organização espacial da cidade. O Boticário Ferreira, como era mais conhecido, procurou seguir à risca as 
diretrizes de Silva Paulet: providenciou o aumento e a abertura de ruas, modificando o traçado defeituoso e ampliando o 
traçado em xadrez projetado por Paulet; demoliu casebres, vielas e becos escusos, como o do Cotovelo, encravada na futura 
Praça Municipal e desapropriou os chamados quartos da Agostinha, onde foi construída a Assembleia Provincial; desobstruiu, 
alinhou, arborizou e aformoseou as praças Municipal (Feira Nova) e da Carolina, mandando cavar nelas dois cacimbões 
revestidosde pedra de Lisboa para fornecer água à população; promoveu um novo alinhamento na Praça do Garrote (atual 
Praça dos Voluntários da Pátria), abrindo passagem para a atual avenida Visconde do Rio Branco e retirou “as casas de palha 
que existiam entre a Sé e o Palacete do Dr. José Sabóia, próximo ao palácio Episcopal”. (NOGUEIRA, 1887). As mudanças no 
aspecto geral da cidade podem ser constatadas nas descrições de Fortaleza feitas por estrangeiros que a visitaram na 
segunda metade do século XIX. 
O desenvolvimento de Fortaleza continua durante a década seguinte. Em 1863, segundo a descrição do Senador 
Pompeu, tinha oito praças providas de cacimbas públicas, três delas muito arborizadas. Sua população alcançava 16.000 
habitantes, “contando com os subúrbios occupados por casa de palha.” Edificada quase “a borda do mar” tinha oito extensas 
ruas muito direitas, espaçosas e calçadas, onde se distribuíam 960 casas de tijolo e, entre estas, uns 80 sobrados. Fora do 
alinhamento “equilibravam-se sobre as dunas” mais de 7.200 casas de palha. 
A planta da cidade, datada de abril de 1859, foi levantada por Adolpho Herbster: “Planta Exacta da Capital de 
Fortaleza”. O engenheiro fora contratado pela Câmara Municipal para planejar e controlar a expansão de Fortaleza e teria 
grande papel no aspecto com que a cidade chegou ao século XX. 
Em 1868, foi publicada no Atlas do Império do Brasil, do maranhense Candido Mendes de Almeida, editado, “Planta 
topographica da cidade da Fortaleza, Capital do Ceará, levantada e organizada em 1863 pelo engenheiro da província e 
archicteto da câmara municipal Adolpho Herbster” (manuscrito). Esta planta, de acordo com Castro (1994, p. 85), atendia a 
uma demanda da Câmara, de elaboração de um plano de expansão para “resolver problemas surgidos com o crescimento 
fortalezense”. Ressalta-se ainda a presença do cemitério São Casemiro e o anexo dos Ingleses. 
Em 1875, Herbster elaborou a “Planta Topográfica da Cidade de Fortaleza e Subúrbios”, influenciado pelo urbanismo 
do Barão Haussmann, reformador de Paris (1853-1870). Nela, Herbster projetou uma sequência de “ruas largas”, limitando o 
núcleo urbano da cidade e que receberiam os nomes de Boulevard do Imperador (Avenida do Imperador), Boulevard da 
Conceição (Avenida D. Manuel) e Boulevard do Livramento (Avenida Duque de Caxias). O plano, de traçado expansionista, 
levava o sistema xadrez muito além da parte construída, estendendo a cidade para leste, até a Rua da Aldeota (hoje Nogueira 
Acioli); para sul, até a rua dos Coelhos (Domingos Olímpio), e para oeste até as Praças Gustavo Barroso e Paula Pessoa. O 
alinhamento de algumas ruas exigiu a eliminação de alguns arruados. 
Em 1888, a terceira planta de Fortaleza levantada pelo engenheiro, ampliava e consolidava ainda mais o 
enxadrezamento e a remodelação da cidade. A proposta de Herbster foi tão significativa para Fortaleza, que, até hoje, o 
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
14 
 
721-EP 
centro principal da cidade está ainda circunscrito aos limites das avenidas por ele traçadas. O censo de 1887, feito pela Chefia 
de Polícia, encontrou 19.281 habitantes na área urbanizada. 
Segundo Malmmann (1931), a cidade se concentraria na área delimitada pelos três bulevares traçados por Herbster, 
onde habitava a maior parte da população, que estavam distribuídos em 72 sobrados, 4.447 casas térreas e 1.278 choupanas 
e os 36 edifícios públicos. A implantação de infraestrutura e serviços em áreas de adensamento e de população de maior 
poder aquisitivo, foi o fator preponderante no direcionamento da expansão de Fortaleza e da valorização da terra. 
Cresce a população, aumenta a cidade, assim como os problemas de ordem sanitária. Enquanto os serviços de 
iluminação a gás (1867), telefonia (1891), sistema de transporte urbano (1880) foram os primeiros a serem implantados, a 
rede geral de água e esgoto, fundamental para garantir a salubridade urbana, somente é inaugurada em 1927, contemplando 
o centro e os bairros de população de maior renda. Maria Clélia Lustosa Costa 
 
A ESCRAVIDÃO E O ABOLICIONISMO NO CEARÁ 
 
ESCRAVIDÃO NO BRASIL - ESCRAVOS ERAM BASE DA ECONOMIA COLONIAL E IMPERIAL. 
 
Desenvolvendo-se no apogeu do mercantilismo, a economia do Brasil colonial se assentou sobre três pilares: a 
grande propriedade territorial, na qual se desenvolvia um empreendimento comercial destinado a fornecer a metrópole 
gêneros alimentícios (em particular a cana-de-açúcar) e os metais preciosos, onde se utilizava essencialmente a mão-de-obra 
escrava. A opção pelo trabalho escravo - no início da Idade Moderna - explica-se basicamente pela dificuldade de encontrar 
trabalhadores assalariados dispostos à imigração. 
Além disso, seria difícil manter assalariados os semi-assalariados nas grandes propriedades: dada a disponibilidade 
de terras, eles poderiam tentar outras formas de vida - tornando-se artesãos, posseiros e pequenos agricultores, por 
exemplo - o que complicaria o fluxo de mão de obra para a empresa mercantil, na qual o grandes comerciantes e 
proprietários estavam associados à Coroa portuguesa e seus afilhados. 
 
Escravização indígena 
 
Em meados do século 16, quando a cana-de-açúcar começou a substituir o pau-brasil como o principal produto da 
Colônia, desenvolveram-se primeiramente tentativas de escravizar os índios. Entretanto, diversos fatores concorreram para o 
fracasso desse empreendimento: em primeiro lugar, o trabalho intensivo, regular e compulsório não fazia parte da cultura 
indígena, acostumado a fazer somente o necessário para garantir a sua sobrevivência, através da coleta, da caça e da pesca. 
Em segundo lugar, ocorria uma contradição de interesses entre os colonizadores e os missionários cristãos, que visavam 
catequizar os índios e se opunham à sua escravização. 
Por sua vez, os índios também reagiam à escravização seja enfrentando os colonizadores através da guerra, seja 
fugindo para lugares longínquos no interior da selva onde era quase impossível capturá-los. Finalmente, há que se considerar 
que o contato entre brancos e índios foi desastroso para estes últimos no tocante à saúde. Os índios não conheciam - e, 
portanto, não tinham defesas biológicas - contra doenças como a gripe, o sarampo e a varíola, que os vitimaram às dezenas 
de milhares, provocando uma verdadeira catástrofe demográfica. 
 
Negros africanos 
 
Entretanto, os portugueses já contavam com uma outra alternativa em matéria de trabalho escravo. Desde a 
colonização da costa africana, no século 15, os portugueses já haviam redescoberto o trabalho escravo que desaparecera da 
Europa na Idade Média, mas que continuava a existir nas sociedades existentes na África. Desse modo, os portugueses já 
haviam montado uma rede de comércio negreiro, utilizando-se de escravos negros nas plantações de cana-de-açúcar em 
suas ilhas do Atlântico (Açores, Madeira). 
Nem da parte da Coroa, nem da Igreja houve qualquer objeção quanto à escravização do negro. Justificava-se a 
escravidão africana utilizando-se vários argumentos. Em primeiro lugar, dizia-se que essa era uma instituição já existente na 
África, de modo que os cativos "apenas" seriam transferidos para o mundo cristão, "onde seriam civilizados e teriam o 
conhecimento da verdadeira religião". Além disso, o negro era efetivamente considerado um ser racialmente inferior, 
embora teorias supostamente científicas para sustentar essa tese só viessem a ser levantadas no século 19. 
Enfim, a partir de 1570 a importação de africanos para o Brasil passou a ser incentivada. O fluxo de escravos, 
entretanto, tinha uma intensidade variável. Segundo Boris Fausto, em sua "História do Brasil", "estima-se que entre 1550 e 
1855 entraram pelos portos brasileiros 4 milhões de escravos, na sua grande maioria jovens do sexomasculino". Outros 
historiadores mais antigos como Pedro Calmon e Pandiá Calógeras falam em quantias que variam entre 8 e 13 milhões. Caio 
Prado Jr. cita 7 milhões. 
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
15 
 
721-EP 
O processo abolicionista 
 
O abolicionismo foi um movimento iniciado no final do século XVIII pelas pessoas que se opunham à escravidão e 
que se mobilizaram para abolir essa prática — ou seja, acabar com ela. Os integrantes do movimento se tornaram 
conhecidos como abolicionistas. 
Os europeus começaram a escravizar africanos no final do século XV. Depois de chegar à América, os europeus 
estabeleceram colônias. Em uma primeira etapa, capturaram índios e os tornaram escravos. Nos séculos seguintes, graças 
em especial à condenação da escravidão de indígenas pelos padres católicos nas colônias espanholas e no Brasil, os índios 
foram sendo deixados de lado no trabalho escravo. No entanto, muitos africanos passaram a ser trazidos de navio para as 
colônias de toda a América, a fim de trabalhar principalmente nas plantações de café, algodão e engenhos de açúcar. 
Até o século XVII houve raros protestos contra a escravidão, com exceção dos esforços dos padres jesuítas no Brasil 
e de outros frades nas colônias espanholas, além de alguns habitantes das colônias inglesas que, no século XVII, condenaram 
a escravidão por motivos religiosos. Aos poucos, porém, cada vez mais pessoas foram se opondo à ideia de considerar outros 
seres humanos como propriedade privada. 
 
Esforços antiescravagistas pelo mundo 
 
A primeira organização oficial a lutar pela abolição da escravatura foi a Sociedade Abolicionista, fundada em 1787 
na Grã-Bretanha. Em 1807, os britânicos decidiram abolir o comércio de escravos em suas colônias. Por volta de 1833, todos 
os escravos das colônias britânicas do hemisfério ocidental haviam sido libertados. Outros países da Europa logo seguiram o 
exemplo. A França proibiu o comércio de escravos em 1819, e em 1848 a escravidão foi abolida também nas colônias 
francesas. 
Com os movimentos de emancipação nas Américas do Norte e do Sul, a escravidão foi sendo abolida aos poucos. 
No México, a escravidão foi extinta em 1810; no Chile, foi aprovada em 1811 a chamada lei do ventre livre, que dava 
liberdade aos filhos de escravas que nascessem dali em diante. 
 
Nos Estados Unidos 
 
Assim como o Brasil, os Estados Unidos foram um grande centro escravagista no continente americano. O comércio 
de escravos foi oficialmente abolido em 1807, mas o contrabando de escravos continuou até a Guerra de Secessão, em 1865. 
Com o crescimento das plantações de algodão no Sul, a demanda por mão de obra escrava aumentou. Os estados sulistas 
apoiavam a escravidão. Por outro lado, em 1804, todos os estados ao norte de Maryland já haviam abolido essa prática. O 
Norte se tornou o centro do movimento abolicionista nos Estados Unidos. 
Um dos principais líderes abolicionistas norte-americanos foi William Lloyd Garrison. Em 1833, ele fundou a 
Sociedade Americana Antiescravista. Entretanto, os abolicionistas americanos nem sempre concordavam sobre a maneira de 
erradicar a escravidão. Alguns queriam que o governo promulgasse leis. Outros tentavam ajudar escravos fugitivos 
individualmente, organizando uma rede secreta para facilitar sua chegada a lugares seguros no norte dos Estados Unidos ou 
no Canadá. 
O abolicionismo ganhou força à medida que um número cada vez maior de pessoas ficou ciente dos males da 
escravidão e da crueldade dos caçadores de escravos que traziam os fugitivos para seus donos. A cabana do Pai 
Tomás (1852), romance de Harriet Beecher Stowe, descreve como os escravos eram maltratados. Esse livro se tornou 
extremamente popular. 
Em novembro de 1860, Abraham Lincoln foi eleito presidente dos Estados Unidos, opondo-se à expansão da 
escravidão. O Sul então se sentiu ameaçado. Nos três meses seguintes, um grupo de estados sulistas separou-se dos Estados 
Unidos e formou a Confederação, o que provocou a Guerra de Secessão (1861–65). Durante os combates, em 1863, Lincoln 
promulgou a Proclamação de Emancipação, que libertou todos os escravos dos estados confederados. Em 1865, a 
Confederação foi derrotada. A escravidão foi então abolida nos Estados Unidos pela 13a Emenda Constitucional. 
 
No Brasil 
 
A grande figura do abolicionismo no Brasil foi Joaquim Nabuco. De 1878 a 1888, como deputado, ele foi o principal 
representante do movimento abolicionista. Nabuco foi o fundador da Sociedade Antiescravidão Brasileira. 
Em 28 de setembro de 1871, foi aprovada a Lei do Ventre Livre. Por ter sido sancionada pelo visconde do Rio Branco, 
a lei também é conhecida como Lei Rio Branco. 
Outra figura importante do abolicionismo brasileiro foi José do Patrocínio, um escritor e jornalista republicano. Ele 
enfrentou grandes dificuldades devido à sua origem social — filho de uma escrava alforriada e de um padre — e atuou pela 
abolição definitiva da escravidão no Brasil. Patrocínio foi redator do jornal Gazeta de Notícias, onde iniciou sua campanha 
pró-abolição da escravatura, ao lado de Joaquim Nabuco e de outros abolicionistas. Ele ajudava muitos negros a fugir ou a 
https://escola.britannica.com.br/artigo/escravid%C3%A3o/482519
https://escola.britannica.com.br/artigo/%C3%81frica/480539
https://escola.britannica.com.br/artigo/coloniza%C3%A7%C3%A3o-e-explora%C3%A7%C3%A3o-da-Am%C3%A9rica/480591
https://escola.britannica.com.br/artigo/%C3%ADndio-ou-nativo-americano/482011
https://escola.britannica.com.br/artigo/col%C3%B4nia/481016
https://escola.britannica.com.br/artigo/caf%C3%A9/483141
https://escola.britannica.com.br/artigo/algod%C3%A3o/481063
https://escola.britannica.com.br/artigo/engenho-de-a%C3%A7%C3%BAcar/483229
https://escola.britannica.com.br/artigo/Reino-Unido/482747
https://escola.britannica.com.br/artigo/Fran%C3%A7a/481314
https://escola.britannica.com.br/artigo/Am%C3%A9rica-do-Norte/482060
https://escola.britannica.com.br/artigo/Am%C3%A9rica-do-Sul/482546
https://escola.britannica.com.br/artigo/M%C3%A9xico/481893
https://escola.britannica.com.br/artigo/Chile/480965
https://escola.britannica.com.br/artigo/Estados-Unidos/482749
https://escola.britannica.com.br/artigo/Guerra-de-Secess%C3%A3o-dos-Estados-Unidos/480589
https://escola.britannica.com.br/artigo/Canad%C3%A1/480890
https://escola.britannica.com.br/artigo/Abraham-Lincoln/481749
https://escola.britannica.com.br/artigo/Joaquim-Nabuco/483402
https://escola.britannica.com.br/artigo/Jos%C3%A9-do-Patroc%C3%ADnio/487852
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
16 
 
721-EP 
comprar a alforria. Em 1883, fundou a Confederação Abolicionista, que reunia todos os clubes abolicionistas do país, e 
redigiu e assinou um manifesto em defesa de sua causa. 
A escravidão foi oficialmente abolida no Brasil em 13 de maio de 1888, durante o governo imperial. A princesa 
Isabel, filha do imperador dom Pedro II, assinou a Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no país. 
 
Em 1881, o Dragão do Mar impediu o tráfico de escravos 
 
Em 15 de abril de 1839, nascia em Aracati, no Ceará, Francisco José do Nascimento, o "Chico da Matilde", que entrou 
para a história como o Dragão do Mar. A proibição do tráfico intercontinental em 1850 havia fomentado o tráfico 
interprovincial de escravizados, principalmente entre norte/nordeste e sudeste. 
Líder jangadeiro e prático do porto de Fortaleza, Chico da Matilde teve um importante papel no movimento 
abolicionista do Ceará, ao liderar, em 1881, seus companheiros que se recusaram a embarcar no porto de Fortaleza os 
escravizados que seriam enviados às províncias do sul. O movimentodos jangadeiros em Fortaleza paralisou o mercado 
escravista do porto da cidade que, a partir de então, foi considerado fechado para o tráfico. 
O Ceará seria a primeira província brasileira a abolir a escravidão, em 1884, quatro anos antes da assinatura da Lei 
Áurea. Na ocasião, Chico da Matilde embarcou com seus companheiros para o Rio de Janeiro, onde participou das 
comemorações pela abolição no Ceará e, junto com ele, levou embarcada uma de suas jangadas, nomeada Liberdade. A 
recepção e as comemorações abolicionistas na Corte ajudaram a consolidar a alcunha de Dragão do Mar. A edição 376 da 
Revista Illustrada, que reportou as comemorações, homenageou Francisco do Nascimento na sua capa, com uma ilustração 
de Angelo Agostini. 
 
 
 
A Escravidão no Ceará e o processo de abolição 
 
O Ceará foi o pioneiro na abolição da escravidão no país, quatro anos antes da lei Áurea (1888), em 1884, a província 
acabou com o sistema escravista, virando para os bairristas, “Terra da Luz”. Mas a abolição não veio por “bondade” dos 
cearenses. Há uma explicação lógica para essa “precocidade”. 
Em primeiro lugar, para explicar o pioneirismo cearense na libertação dos escravos citaríamos a resistência negra ao 
cativeiro. Um segundo motivo, é que o Ceará possuiu, relativamente, poucos escravos, pois, como já vimos, sua economia, 
baseava-se no binômio gado-algodão, não absorvendo muita mão-de-obra escrava negra. 
Em terceiro pode-se falar da influência marcante da cultura europeia sobre os cearenses na segunda metade do 
século XIX – as ideias de “civilização”, “progresso”, “modernização” do Iluminismo e do Positivismo. Essas ideias chocavam-se 
com uma sociedade escravista e patriarcal, dando surgimento a diversas instituições abolicionistas. A primeira foi a 
“Sociedade Perseverança e Porvir”, cujos primeiros integrantes foram José Amaral, José Teodorico, Antônio Cruz Saldanha, 
Antônio Martins, etc. 
https://escola.britannica.com.br/artigo/Brasil-Imp%C3%A9rio/483127
https://escola.britannica.com.br/artigo/dom-Pedro-II/483446
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
17 
 
721-EP 
Nos anos seguintes, o movimento abolicionista ganhava ainda mais destaque com a fundação da “Sociedade 
Cearense Libertadora”, que tinha como veículo expositor de suas ideias o jornal – O Libertador. Em quarto citaríamos o 
tráfico interprovincial, que diminuía ainda o número e o preço econômico dos escravos locais. O tráfico interprovincial foi 
motivado pela Lei Eusébio de Queiroz (1850), que proibia a entrada de escravos no Brasil. 
Também se deve mencionar a questão das secas e a situação dos setores populares que aderiram as ideias 
abolicionistas – o exemplo mais conhecido foi Francisco José do Nascimento, o “Dragão do Mar”, também conhecido como 
Chico da Matilde, que liderou os companheiros jangadeiros numa vitoriosa greve em 1881, objetivando impedir o embarque 
de escravos no porto de Fortaleza para a região sudeste do país. 
Assim, em janeiro de 1883, Acarape (atual Redenção) passou para a história nacional como primeiro núcleo urbano 
a libertar seus negros. Fortaleza deu liberdade a seus cativos em 24 de maio de 1883. Finalmente, a 25 de março de 1884 
promulgou-se a lei inviabilizando a escravidão na Província. 
 
O CEARÁ NO CONTEXTO DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA 
 
O CONTEXTO DE PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA. 
 
Na transição do século XIX para o século XX, o Brasil vivenciava a crise do regime monárquico, o governo de D. Pedro 
II apresentava sinais de uma crise política, o desgaste com alguns setores (clero, Exército e latifundiários escravocratas) que 
anteriormente formavam sua base de apoio político era evidente. 
Na década de 1870, no contexto de afirmações conservadoras na Igreja Católica, foi aprovado o Concílio do 
Vaticano. No Brasil, isso implicou numa atitude mais rígida quanto à disciplina religiosa e à defesa de uma maior autonomia 
em relação ao Estado. O conflito foi evidenciado quando o bispo de Olinda, em obediência à determinação do papa, proibiu o 
ingresso de maçons em irmandades religiosas, a prisão do bispo abalou a relação de D. Pedro II com as autoridades 
eclesiásticas (FAUSTO, 2008, p. 229) 
Os oficiais do Exército tiveram uma efetiva participação no poder até a abdicação de D. Pedro I. A importância dos 
militares entrou em decadência nos períodos posteriores, a participação em agitações populares após a independência 
contribuiu para que a instituição fosse vista com desconfiança. No período regencial, foram tomadas medidas de 
desmobilização do Exército, diminuindo os quadros e a criação da Guarda Nacional. 
O quadro de desprestígio do Exército começa a ser alterado com a reorganização da Academia Militar e o fim da 
Guerra do Paraguai, quando a corporação ganhou novos investimentos. Com isso, ficaram cada vez mais comuns as 
intervenções de militares na área política, ocorrendo críticas ao regime monárquico. A influência do positivismo contribuiu 
para a difusão de ideias republicanas entre os militares (FAUSTO, 2008, p. 232) 
No mesmo contexto da década de 1870, dos embates do governo com a Igreja, outra questão ganhou força, 
indispondo D. Pedro II com outro setor da sua antiga base de apoio, os latifundiários escravistas. Foi aprovada a Lei do Ventre 
Livre em 1871, que tornavam livres os filhos de mulheres escravas nascidos após a lei. Eles ficariam sobre o poder dos 
senhores de suas mães até a idade de oito anos, e depois, os senhores poderiam optar em receber uma indenização do 
Estado ou utilizar os serviços do menor até 21 anos. 
Segundo Fausto 2009, os setores dominantes entendiam o projeto de lei como um risco de subversão da ordem. 
Uma abolição assegurada em lei poderia levar os cativos a uma ideia de direito e incentivar uma guerra. Na prática, a lei teve 
poucos efeitos, um pequeno número de meninos foi entregue ao Estado e os senhores continuavam usando seus serviços. 
Na década de 1880, o movimento abolicionista ganha força, surgem cada vais mais associações, jornais e a 
propaganda em prol da causa avança. Alguns nomes se destacam nesse processo, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, André 
Rebouças e Luís Gama. Nos momentos antes da abolição oficializada, poucos grupos defendiam abertamente à escravidão, 
os fazendeiros decadentes do Vale do Paraíba tinham na posse dos escravos um arremedo de suas fortunas (FAUSTO, 2008, 
p. 232). Ainda sobre esse contexto de abalo do império, nos indica Fausto: 
 
O fim do regime monárquico resultou de uma série de fatores cujo o peso não é o mesmo. Duas forças, de características 
muito diversas, devem ser ressaltadas em primeiro lugar: o Exército e um setor expressivo da burguesia cafeeira de São Paulo, 
organizado politicamente no PRP. O episódio de 15 de novembro resultou da iniciativa quase exclusiva do Exército, que deu 
um pequeno, mas decisivo empurrão para apressar a queda da Monarquia. Por outro lado, a burguesia cafeeira permitiria à 
República contar com uma base social estável, que nem o Exército, nem a população urbana do Rio de Janeiro podiam, por si 
mesmos, proporcionar (FAUSTO, 2008, p. 235) 
 
Ainda sobre o entendimento desse contexto de transição da Monarquia para a República, além das explicações de 
Fausto, vamos utilizar as contribuições de Emília Viotti da Costa. A autora chama a atenção para o desenvolvimento dos 
estudos econômicos que contribuíram para novas interpretações sobre o evento da proclamação da República: 
As transformações econômicas e sociais que se processam durante a segunda metade do século XIX acarretam o 
aparecimento de uma série de aspirações novas provocando numerosos conflitos. Os meios industriais pleiteavam uma 
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
18 
 
721-EP 
política protecionista, nem sempre aprovada pela lavoura mais tradicional. Os fazendeiros do Oeste Paulista almejavam uma 
política favorável à imigração. Já os senhores de engenho ou fazendeiros das áreas mais tradicionais, que ainda dispunham 
de numerosos escravos, eram contrários a essa orientação preferindo estimular a criação de núcleos coloniais. Alguns grupos 
urbanos não comprometidos como sistema escravista empenhavam-se na Abolição e pleiteavam maior representação na 
vida política do país, exigindo a substituição do sistema de eleições indiretas que propiciava a preponderância dos grupos 
tradicionais pela eleição direta (Costa, 1999, p. 469). 
Nesse contexto de significativas transformações econômicas e de suas repercussões na sociedade das décadas finais 
do século XIX, podemos perceber um novo arranjo das forças políticas, onde os interesses dos diversos segmentos 
econômicos ocasionavam conflitos. As mudanças atingiam as mais diversas perspectivas, os habitantes dos principais centros 
urbanos e principalmente do Rio de Janeiro viviam um clima de aceleração, uma espécie de agitação das ideias. Tudo parecia 
mudar num ritmo alucinante, nas questões políticas, na vida cotidiana e nas práticas sociais (NEVES, 2003). 
Os efeitos sociais das novas dinâmicas econômicas eram evidentes e repercutiam nas possibilidades de atuação dos 
diversos setores no novo contexto das disputas pelos domínios políticos. Os setores agrários, que eram detentores de ampla 
participação no parlamento imperial, tinham que lidar naquele novo contexto com as reivindicações dos grupos urbanos 
ligados às diversas atividades industriais. Estes últimos argumentavam que o desenvolvimento industrial salvaria o Brasil da 
dependência econômica diminuindo a demanda de importações e favorecendo a balança comercial. 
Além dos grupos ligados ao setor industrial, havia também o que podemos chamar de pequena e média burguesia, 
que exerciam atividades das mais diversas, cujo crescimento consolidava a existência de uma população predominantemente 
urbana. É importante salientar que a maioria destas figuras ainda estava vinculada aos donos de terras, seja por questões 
econômicas, ou por vínculos familiares. Muitos destes indivíduos vinham de famílias tradicionais, alguns desertores da vida 
rural que buscavam a vida urbana e ainda outros motivados pelo empobrecimento de suas famílias (COSTA 1999, p.465). 
Em suma, para buscar o entender o fim da monarquia no Brasil, é necessário considerar um amplo contexto, 
caracterizado pelos seguintes fatores: um conjunto de crises que abalaram as estruturas do poder imperial, a formação de 
um movimento republicano, as diversas mudanças econômicas visíveis na segunda metade do século XIX, as implicações 
sociais de uma vida cada vez mais urbanizada e da profusão de novos valores, ou pelo menos, adaptação de antigos valores e 
a liderança de alguns setores sociais que momentaneamente estiveram unidos com o propósito de iniciar um novo regime 
político no Brasil. 
Dentro dessa dinâmica, na década de 1870 foi fundado o Partido Republicano, na cidade do Rio de Janeiro, e junto 
ao partido, um espaço de divulgação de seus ideais, o jornal “A República”, onde foi publicado o “Manifesto Republicano”. 
O manifesto foi assinado por líderes como Quintino Bocaiúva, Saldanha Marinho e Salvador de Mendonça, nomes 
atuantes na consolidação de uma imprensa propagandista da causa republicana. O ideal republicano, já anunciado em 
experiências do século XVIII no Brasil, apresentava uma nova faceta nas últimas décadas do século XIX. 
 
Depois do partido fundado no Rio de Janeiro, surge o Partido Republicano em São Paulo e diversos centros republicanos 
espalhados pelo país. As ideias republicanas passam a configurar um programa de partido, os jornalistas passam a exercer 
um importante papel na difusão desses ideais consolidando assim uma imprensa marcada pelo caráter partidário (MARTINS; 
LUCA, 2006, p. 30). 
 
Para Faoro, o jornal A República surge sem causar impacto em seus contemporâneos. Também defende que o 
manifesto republicano apresentado no dito periódico, por ser longo e em demasia rebuscado, parece um emaranhado de 
citações, o que não teria causado entusiasmo entre os leitores. Apresentava poucos signatários e dos quais apenas dois já 
tinham passado dos cinquenta anos, a saber, Cristiano Benedito (1811 – 1896) e Saldanha Marinho (1816 – 1895), os únicos 
que ostentavam certo reconhecimento no meio político. Nesse sentido, o autor reforça que os primeiros anos de propaganda 
republicana foram marcados por melancolia, indicando que até os membros supostamente mais radicais na defasa da 
República, como Joaquim Nabuco (1849 – 1910) e Rui Barbosa (1849 – 1923) não se afastaram do trono, inclusive exercendo 
empregos públicos (FAORO, 1997). 
No contexto de crise imperial e difusão dos ideais republicanos, cabe destacar a atuação dos fazendeiros do oeste 
paulista que formavam maioria no partido republicano mais organizado daquele momento, fazendo assim, que o projeto 
liberal de influência americana e por eles defendido ganhasse força nos debates sobre a formação de um novo regime no 
Brasil. Como nos afirma Carvalho: 
 
Para esses homens, a república ideal era sem dúvida a do modelo americano. Convinha-lhes a definição 
individualista do pacto social. Ela evitava o apelo à ampla participação popular tanto na implantação como no governo da 
República. Mais ainda, ao definir o público como soma dos interesses individuais, ela lhes fornecia a justificativa para a 
defesa de seus interesses particulares (Carvalho, 2008, p. 24) 
A ideia de república defendida pelos fazendeiros, que pretendiam afastar as possibilidades de participação política 
dos setores populares e ainda fazer uma apropriação do público para atender os interesses individuais, não era única, outros 
grupos sociais se aproximavam de ideais republicanos influenciados pelo positivismo e jacobinismo. Após o evento da 
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
19 
 
721-EP 
proclamação da República, esses grupos travaram uma disputa pela narrativa oficial sobre quem teria sido o responsável pela 
queda da monarquia. Os partidários de Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto, Benjamin Constant1 e Quintino Bocaíuva, 
organizavam argumentos, para justificar o protagonismo dessas figuras políticas na efetivação do regime republicano. A 
imprensa vai se consolidando como um importante espaço para os debates políticos e os editoriais ocupam lugar de 
destaque nesse contexto. 
 
Mesmo por ter sido um dos principais fatores da revolução política, cumpre-lhe a tarefa e a honra de ser um dos 
maiores auxiliares da reorganização social. Assim firmado o Brasil no regime republicano, começou a suceder à reforma das 
instituições a reconstrução dos costumes. E neste momento em que de todas as intelectualidades e de todos os corações a 
pátria espera o contingente do seu critério e do seu civismo para ser deveras na democracia americana o núcleo de colossal 
grandeza: (...) fazer alguma coisa na esfera da propaganda, pelo melhoramento social, sob inspiração de conservadorismo 
racional e patriótico, parece-nos a mais larga, a mais fecunda de todas as fórmulas e de todas as exigências de política. Jornal 
O Paiz, 17/11/1890. 
 
Os editorias do jornal O Paiz, porta voz do discurso oficial republicano, eram usados para consolidação de 
determinada narrativa sobre o projeto político vitorioso na implementação do novo regime. O editorial de novembro de 
1890, portanto, um ano depois da proclamação, explicita algumas questões: o jornal se coloca como um importante agente 
da mudança do regime político, exalta a experiência americana,que era necessário consolidar o regime através de uma 
sistemática propaganda que justificasse a mudança da forma de governo e oferecesse respostas às promessas feitas antes da 
proclamação. 
Numa conjuntura de significativas mudanças econômicas e sociais, o jornalismo atua como divulgador dessas 
mudanças e ao mesmo tempo é atingido pelo mesmo contexto. Nas últimas décadas do século XIX, a imprensa é percebida 
como um agente que contribuiu para a ruptura política de queda da monarquia. Nos termos de Bahia: 
 
O Partido Liberal Radical (1868), o Partido Republicano (1870), o fim da guerra, as agitações culturais e o poder de 
fogo da imprensa de oposição de fogo da imprensa de oposição provocam a rotura da política moderada da monarquia e 
levam o colapso toda ordem hierárquica herdada do período colonial. Jornais cariocas e paulistas desses últimos anos do 
século XIX e início do século XX são os portadores da mudança (BAHIA, 2009, p. 119). 
 
A TRANSIÇÃO REPUBLICANA NO CEARÁ 
 
O contexto de agitação das ideias, de crescimento econômico já citados neste trabalho também podem ser 
percebidos no Ceará da segunda metade do século XIX. O crescimento da exportação do algodão a partir de 1860, além de 
dinamizar a economia do Ceará, contribuiu para tornar Fortaleza principal centro comercial. O contexto da cidade como sede 
administrativa, a construção da ferrovia Fortaleza-Baturité e as melhorias implementadas no porto também contribuíram 
para esse quadro (PONTE, 2001). 
A instauração da República no Ceará se processou entre os dias 15 e 16 de novembro por intermédio de uma 
articulação envolvendo militares da Escola Militar e do 11° batalhão, e os integrantes do Centro Republicano (organizados 
meses antes, em 26.07.1889), que depôs o governo provincial de Morais Jardim (PONTE, 2001, p. 32) 
Mesmo no contexto de mudanças sociais, econômicas e políticas, evidenciadas no surgimento de diversos 
movimentos republicanos no Brasil e também no Ceará, o golpe que inaugurou a República no Brasil foi uma surpresa para a 
maioria dos cearenses. A organização de partidos ou agremiações republicanas ocorreram de maneira tardia, se comparadas 
com as realidades de outros centros urbanos. 
A primeira iniciativa de organizar uma agremiação republicana no Ceará, data de 26 de julho de 1889, por inspiração 
do artigo intitulado “Casos e Coisas” de autoria de Pápi Júnior, publicado no Semanário Crítico e Literário fundado por 
Antônio Sales, Virgílio Brígido, José Carlos Jovino Guedes e Pápi Júnior, em 9 de junho do mesmo ano. Assim, surgiu o Centro 
Republicano do Ceará, cuja primeira diretoria constitui-se de: Presidente Joaquim Catunda; Vice-Presidente – Gonçalo Lages; 
Tesoureiro – Antônio Cruz; 1° Secretário – Honório Moreira; 2° Secretário – João Cordeiro (ANDRADE, 1994, p. 215). 
A primeira agremiação republicana no Ceará surge poucos meses antes do golpe que inaugurou a República no 
Brasil. Assim, percebemos mais uma evidência da pouca expressão do movimento republicano cearense. Mesmo com a 
fundação da agremiação, não causou preocupação aos partidários liberais ou conservadores quanto a uma possível ameaça 
ao regime político vigente. 
No Ceará, foi percebido o mesmo contexto de surpresa ante o movimento da proclamação da República. O 
presidente da província naquele momento, Morais Jardim, parecia não saber de nenhuma movimentação no sentido de dar 
um golpe na Monarquia e instaurar a República, nem mesmo entre as lideranças militares e republicanas se tinha notícia. 
 
 
 
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
20 
 
721-EP 
Proclamada a República, Jardim convoca seus comandantes e promete manter a ordem até que os fatos fossem explicados. A 
notícia de instauração do governo provisório de Deodoro da Fonseca, da adesão do Ceará ao novo momento republicano do 
país e da consequente deposição de Morais Jardim é apresentada nas páginas do jornal Cearense. 
Quando da proclamação da República, as antigas lideranças políticas vinculadas às antigas estruturas monarquistas 
encontravam o desafio de adaptar-se à nova realidade. Muitas dessas lideranças realizaram um movimento de associação às 
entidades republicanas, por vezes enfrentando a oposição dos chamados republicanos “históricos”, que denunciavam essas 
associações oportunistas de antigos liberais ou conservadores dos tempos monárquicos. 
Nesse contexto de adaptação dos antigos líderes monarquistas é que vamos tentar demonstrar as articulações 
promovidas por Nogueira Accioly. Em 19 de julho de 1890, fundou a União Republicana, com a participação da antiga facção 
dos Pompeus e de parte dos antigos conservadores. A Gazeta do Norte foi transformada em O Estado do Ceará. Isso indica 
mais uma vez a importância dos jornais na atuação dos grupos políticos, onde cada grupo político era acompanhado de um 
jornal para oferecer suporte aos seus interesses e confirmar suas ideias (ANDRADE, 1994, p. 217). 
O advento da República foi uma surpresa para o povo cearense; nem as elites, nem os próprios republicanos locais 
(reunidos nos centros republicanos) esperavam-na ali. 
As classes dominantes então se dividiam em quatro facções: os liberais, pompeus e paulas, e os conservadores 
graúdos e miúdos. Com o advento da República, fundaram novos agrupamentos: o Clube Democrático e a União 
Republicana. 
Com o golpe de 15 de novembro de 1889, o poder foi entregue aos republicanos históricos do Centro Republicano. 
Mas estes acabaram se dividindo em cafinfins e maloqueiros e submetendo-se às velhas oligarquias. Assim, uma parte 
destas, liderada por Nogueira Accioly, fundiu cafinfins e União Republicana no partido republicano federalista e reassumiu o 
governo cearense. 
Em 16 de novembro de 1889, derrubou-se o último presidente monarquista do Ceará, Jerônimo Rodrigues Morais 
Jardim. Assumiu o poder o tenente-coronel Luís Antonio Ferraz, que faleceria em 1891. O poder, em seguida, passou para o 
seu vice, João Cordeiro, logo demitido por ser oposicionista ao presidente da República Deodoro da Fonseca. 
Em abril de 1891, o governo foi entregue ao deodorista Clarindo de Queiroz. Em 16 de julho de 1891, foi promulgada 
a primeira Constituição do Ceará. Devido à forte oposição, Clarindo acabou sendo deposto em um levante armado em 
fevereiro de 1892. O poder, então, passou para José Freire Bezerril, ligado ao grupo político de Nogueira Accioly, que em 
1896 foi eleito para o comando do Estado. No mesmo período, assumiu a Presidência do Brasil Campos Sales. 
Nesse contexto de formação e consolidação do regime republicano, podemos perceber a atuação de diversos 
jornais, folhetos, de situação, de oposição, católicos, maçônicos, satíricos, a maioria de atuação pouco duradoura, muitas 
dessas publicações usavam uma linguagem ofensiva e de críticas mordazes. Algumas publicações tiveram atuação mais 
duradoura como o Ceará, O Unitário, O Povo e O Correio do Ceará. Este trabalho, porém, apresenta como corpus documental 
O Jornal do Ceará e suas diversas estratégias de oposição ao Governo de Nogueira Accioly e que tem sua primeira edição em 
março de 1904. 
 
A OLIGARQUIA ACCIOLY 
 
O advento da República foi uma surpresa para o povo cearense; nem as elites, nem os próprios republicanos locais 
(reunidos nos centros republicanos) esperavam-na ali. 
As classes dominantes então se dividiam em quatro facções: os liberais, pompeus e paulas, e os conservadores 
graúdos e miúdos. Com o advento da República, fundaram novos agrupamentos: o Clube Democrático e a União 
Republicana. 
Com o golpe de 15 de novembro de 1889, o poder foi entregue aos republicanos históricos do Centro Republicano. 
Mas estes acabaram se dividindo em cafinfins e maloqueiros e submetendo-se às velhas oligarquias. Assim, umaparte 
destas, liderada por Nogueira Accioly, fundiu cafinfins e União Republicana no partido republicano federalista e reassumiu o 
governo cearense. 
Em 16 de novembro de 1889, derrubou-se o último presidente monarquista do Ceará, Jerônimo Rodrigues Morais 
Jardim. Assumiu o poder o tenente-coronel Luís Antonio Ferraz, que faleceria em 1891. O poder, em seguida, passou para o 
seu vice, João Cordeiro, logo demitido por ser oposicionista ao presidente da República Deodoro da Fonseca. 
Em abril de 1891, o governo foi entregue ao deodorista Clarindo de Queiroz. Em 16 de julho de 1891, foi promulgada 
a primeira Constituição do Ceará. Devido à forte oposição, Clarindo acabou sendo deposto em um levante armado em 
fevereiro de 1892. O poder, então, passou para José Freire Bezerril, ligado ao grupo político de Nogueira Accioly, que em 
1896 foi eleito para o comando do Estado. No mesmo período, assumiu a Presidência do Brasil Campos Sales. 
É neste período que no Ceará começava-se a se formar a chamada Oligarquia Accioly. Por Oligarquia Acciolina 
entendemos o grupo político liderado pelo Comendador Nogueira Accioly, que dominou de forma autoritária, nepótica, 
despótica, corrupta e monolítica o estado do Ceará, entre 1896 – 1912. Para tanto foi fundamental a sua adesão a política 
dos governadores, o apoio dos coronéis latifundiários, a aliança com fortes grupos econômicos locais, a prática de 
nepotismo, corrupção eleitoral e repressão aos seus opositores políticos. 
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
21 
 
721-EP 
No primeiro mandato de Accioly (1896 – 1900), este criou as linhas telegráficas, ligando Fortaleza ao restante do 
Estado, com o objetivo de ter o domínio das comunicações, a facilitar a política oligárquica do Ceará e a neutralizar a 
oposição, além deste fato, Accioly começou a desenvolver a corrupção em larga escala. É um traço de seu governo o episódio 
chamado de “caso da vacina”, quando Accioly atritou-se com Rodolfo Teófilo, que criticava o descaso do governo ante a 
saúde pública. 
O sucessor de Accioly a ocupar a chefia do Ceará, seria Pedro Borges (1900 – 1904), eleito com o objetivo de 
desmascarar e terminar a carreira política de Accioly. Logo no início de seu governo Pedro Borges dedicou-se a analisar as 
contas do Estado a fim de encontrar irregularidades, dispondo-se a denunciar e a divulgar, publicamente, as fraudes, os 
desvios de verbas políticas, o nepotismo e a corrupção praticados por Accioly. Diante da atitude de Pedro Borges, Accioly 
propõe-lhe um acordo político, com o qual seu governo acabou sendo uma continuidade da oligarquia Accioly. Durante o 
governo de Pedro Borges deu-se também a construção da Academia Livre de Direito do Ceará, além da greve dos catraeiros 
de Fortaleza e da impunidade dos crimes no sertão. 
Accioly foi ainda reeleito para dois mandatos, o de 1904 que fora marcado pela intensa campanha de 
descontentamento de antigos oligarcas, da burguesia comercial, da classe média, de populares e de alguns coronéis, todos 
contra a política econômica do Estado que cobrava altos impostos aos comerciantes locais e beneficiava o comércio exterior 
com leves impostos para importação e exportação, favorecendo um pequeno grupo que o apoiava. 
No seu último mandato em 1908, intensificou-se ainda mais as ações dos oposicionistas, integrados por oligarcas 
dissidentes do esquema governista, por burgueses, pela classe média, por populares e até coronéis. 
Em 1910, chegava a Presidência da República o gaúcho Hermes da Fonseca. Em seu período de governo da 
Presidência do Brasil, verificou-se a ocorrência da chamada “Política das Salvações”, pela qual, militares e classes médias 
promoviam pelo país levantes armados na pretensão de derrubar as oligarquias estaduais e enfraquecer o senador Pinheiro 
Machado, o homem forte da República. Uma das oligarquias caídas foi a de Accioly no Ceará. 
Assim, para as eleições estaduais de 1912, as oposições cearenses lançaram dentro da política das salvações, a 
candidatura de Franco Rabelo para o governo, enquanto Accioly apontava como seu candidato, o manipulável Domingos 
Carneiro. No mesmo ano, a Liga Feminina (Organização das Senhoras e Senhoritas de Fortaleza) organizou uma passeata 
saindo do Passeio Público até o prédio da Assembleia em defesa da campanha de Franco Rabelo. Pouco tempo depois, a 
mesma Liga Feminina organizou uma nova passeata, desta vez composta exclusivamente de crianças, a “passeata das 
crianças”, que foi bastante agitada e violenta, onde na manifestação estavam presentes cerca de 600 crianças, todas vestidas 
de branco com enfeites verde e amarelos, portando um medalhão com a foto de Franco Rabelo. A resposta de Accioly foi a 
repressão a movimento com muita violência, na qual morreram e saíram feridas diversas crianças. 
Em consequência, a cidade de Fortaleza rebelou-se, mergulhando em um estado de verdadeira guerra civil (21 a 24 
de janeiro de 1912). Para não perder a vida, Accioly aceitou renunciar ao governo cearense. Em seguida Franco Rabelo foi 
eleito para governar o Ceará, sendo deposto dois anos depois, em 1914, na Sedição de Juazeiro. 
De 1914 a 1930, permaneceu o Ceará dominado pelas tradicionais oligarquias agrárias, reunidas nos partidos 
conservadores e democratas, que se revezavam no poder. 
Os partidos conservadores e democratas não possuíam forte ideologia. No partido democrata militou Fernandez 
Távora até 1920, quando fundou o partido republicano cearense. Outras organizações partidárias existentes foram a marreta 
e a unicionista. 
Nesse período não houve o domínio monolítico de nenhuma das oligarquias. Muitos dos governantes eram 
indicados pelo Presidente da República. 
O poder Judiciário era fraco e corrupto. Os jagunços e cangaceiros levavam pânico aos sertões, dominados pelos 
latifundiários. Os governos estaduais de 1910, 1920 e 1930, passaram a reprimir com mais intensidade esses bandoleiros – 
um sinal do enfraquecimento dos coronéis. 
Em 1914, com a intervenção federal e a queda de Franco Rabelo, o poder ficou com o interventor general 
Setembrino de Carvalho, que entregou o governo pouco depois a Benjamim Liberato Barroso. 
 
O PADRE CÍCERO E O MILAGRE DE JUAZEIRO 
 
O MILAGRE DE JUAZEIRO VOLTA A ROMA 
 
Cento e vinte anos depois do mistério, a Igreja estuda a reabilitação de padre Cícero 
LIRA NETO - REVISTA PIAUÍ 
 
Naquela noite escura e sem lua, Cícero Romão Batista levantou as mãos para os Céus e pediu perdão pelos pecados 
do mundo. Quem olhasse de fora em direção às janelas abertas da capela de Nossa Senhora das Dores avistaria, já de longe, 
o lampejo das centenas de velas acesas cortando o breu. O forte cheiro de cera derretida e o adiantado da hora indicavam 
que os membros da irmandade de beatos, cerca de vinte deles, haviam passado mais uma madrugada inteira em vigília, em 
louvor ao Sagrado Coração de Jesus. 
CURSO PRIME | METROFOR 
1ª IMERSÃO | DIA 01 
 
 
CURSO PRIME ALDEOTA – Rua Maria Tomásia, 22 – Aldeota – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208. 2222 
CURSO PRIME CENTRO – Av. do Imperador, 1068 – Centro – Fortaleza/CE – Fone: (85) 3208.2220 
22 
 
721-EP 
Meia hora antes do amanhecer, quando os galos se preparavam para anunciar outra manhã de sol no sertão, Cícero 
decidiu que as sete ou oito mulheres ali presentes mereciam receber a comunhão antes dos homens, para retornarem às 
respectivas casas. Elas precisavam descansar o corpo fatigado da prolongada sentinela. Com véus escuros sobre a cabeça e 
alvos rosários entrelaçados nas mãos magras e morenas, as beatas atenderam ao chamado e se aproximaram em fila indiana, 
uma a uma. 
À frente delas, ia Maria de Araújo. Com os olhos fechados, foi a primeira a se postar diante do padre e entreabrir 
a boca, contrita. Quando a hóstia lhe tocou a língua, a beata abriu e revirou

Continue navegando

Outros materiais