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TEOLOGIA SISTEMÁTICA SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 3 2. O QUE É TEOLOGIA ........................................................................................ 4 3. O PONTO DE PARTIDA PARA O ESTUDO DA DOUTRINA CRISTÃ .............. 7 3.1 Teorias de Inspiração .................................................................................... 8 4. TEOLOGIA SISTEMÁTICA: UM RAMO DA TEOLOGIA CRISTÃ .................... 11 4.1 Como Funciona a Teologia Sistemática? .................................................... 12 4.2 Categorias da Teologia Sistemática ............................................................ 13 4.2 Para que Serve a Teologia Sistemática ....................................................... 19 5. CONCEITO DE TEOLOGIA SISTEMÁTICA .................................................... 21 5.1 A Metodologia Integrativa ............................................................................ 24 REFERÊNCIAS..........................................................................................................28 1. INTRODUÇÃO Teologia é o estudo da existência de Deus, das questões referentes ao conhecimento da divindade, assim como de sua relação com o mundo e com os homens. Do grego “theos” (deus, termo usado no mundo antigo para nominar seres com poderes além da capacidade humana) + “logos” (palavra que revela), por extensão “logia” (estudo). A teologia estuda as religiões num contexto histórico, pesquisando e interpretando os fenômenos e as tradições religiosas, os textos sagrados, a doutrina, o dogma e a moral e sua influência nas diversas áreas do conhecimento, especialmente nas ciências humanas, como na Antropologia e na Sociologia. O conceito de teologia aparece pela primeira vez no pensamento grego, através de Platão, no diálogo “A República” para referir-se à compreensão da natureza divina por meio da razão, em oposição à compreensão literária própria da poesia, feita por seus conterrâneos. O estudo da Teologia Sistemática abrange tudo sobre a Bíblia de forma ordenada, como um conjunto. O objetivo é promover a unidade do ensino das Escrituras, dando aos alunos uma visão completa acerca da Bíblia. Em outras palavras, a Teologia Sistemática não foca em um único autor bíblico, como Davi ou Paulo, por exemplo, ou um único tema bíblico, mas sim em todo o conselho de Deus. 2. O QUE É TEOLOGIA Figura 1 Fonte: Google Teologia é o estudo da existência de Deus, das questões referentes ao conhecimento da divindade, assim como de sua relação com o mundo e com os homens. Do grego “theos” (deus, termo usado no mundo antigo para nominar seres com poderes além da capacidade humana) + “logos” (palavra que revela), por extensão “logia” (estudo). A teologia estuda as religiões num contexto histórico, pesquisando e interpretando os fenômenos e as tradições religiosas, os textos sagrados, a doutrina, o dogma e a moral e sua influência nas diversas áreas do conhecimento, especialmente nas ciências humanas, como na Antropologia e na Sociologia. O conceito de teologia aparece pela primeira vez no pensamento grego, através de Platão, no diálogo “A República” para referir-se à compreensão da natureza divina por meio da razão, em oposição à compreensão literária própria da poesia, feita por seus conterrâneos. Teologia Sistemática Teologia Sistemática é a organização da teologia em diversas temas, seguindo fatos teológicos, de modo a formar um sistema específico de estudo: Própria – estudo de Deus, o Pai. Cristologia – estudo de Deus, o Filho, o Senhor Jesus Cristo. Pneumatologia – estudo do Espírito Santo. Bibliologia – estudo da Bíblia. Eclesiologia – estudo das igrejas. Angelologia – estudo dos anjos. Soteriologia – estudo da salvação. Hamartiologia – estudo do pecado. Escatologia – estudo do fim dos tempos. Antropologia cristã – estudo da humanidade. Demonologia – estudo dos demônios sob sua perspectiva cristã. Teologia da Libertação Teologia da Libertação é uma corrente teológica humanista, fundada pelo sacerdote peruano Gustavo Gutierrez, que procura interpretar a Bíblia através do sofrimento dos pobres e pela luta a favor da libertação das comunidades cristãs diante das injustiças sociais. Com tendências marxistas, a Teologia da Libertação, praticadas pelos bispos e sacerdotes da América Latina foi criticada pela hierarquia católica, por apoiar revoluções violentas e lutas de classes. No Brasil o teólogo Leonardo Boff, grande defensor da Teologia da Libertação, ficou conhecido pela defesa das causas sociais. Teologia da Prosperidade Teologia da Prosperidade, também conhecida como “confissões positivas” ou “Evangelho da saúde e da prosperidade”, é um conjunto de princípios que busca a interpretação de textos bíblicos para fazer com que os fiéis entendam que Deus tem saúde e bênçãos materiais para entregar ao povo, bastando para isso que tenham fé. As ideias básicas da “confissão positiva” surgiram de algumas seitas sincréticas, nos Estados Unidos, no início do século XX. Baseados na metafísica ensina que a verdadeira realidade está além do âmbito físico e que a mente humana pode controlar a esfera espiritual, principalmente no que diz respeito à cura de enfermidades. A teologia da prosperidade foi criada pelo pastor americano Essek William Kenyon, divulgada por Kenneth Hagin e adotada pelas igrejas neopentecostais, inseridas no grupo de religiões evangélicas, entre elas a Internacional da Graça de Deus, Universal do Reino de Deus, Renascer em Cristo e a Igreja mundial do Poder de Deus. Teologia Reformada Teologia Reformada é a teologia que estabelece qualquer sistema de crença que traça suas raízes na Reforma Protestante do século 16, na obra de Calvino e de outros reformadores, como também nos documentos produzidos nesse período. Não é uma teologia uniforme, mas apresenta diferentes manifestações. Reúne as igrejas presbiterianas e muitas igrejas congregacionais, batistas, entre outras. Teologia Contemporânea Teologia Contemporânea é a teologia dos tempos atuais. Surgiu no início do século XX, com o pastor Karl Barth, na busca de reaver a natureza e sentido da Bíblia como padrão de fé e prática da igreja. É o estudo de Deus no contexto atual e a evolução dos dogmas e dos pensamentos formados a respeito das doutrinas bíblicas no contexto que estamos inseridos. A Teologia Contemporânea recebeu influência de diversas outras tendências teológicas, entre elas: a Teologia Bíblica, a Teologia Católica, a Teologia Protestante, a Teologia Natural e a Teologia Especulativa. Conforme as direções que vai tomando, a Teologia Contemporânea recebe várias designações, entre elas: Teologia Modernista, Teologia Neomodernista, Teologia da Esperança e Teologia do Evangelho Social. 3. O PONTO DE PARTIDA PARA O ESTUDO DA DOUTRINA CRISTÃ Uma das questões que precisam ser imediatamente encaradas quando estudamos a doutrina cristã é a da fonte da qual extrairemos nosso conhecimento. Mesmo em círculos cristãos, várias respostas são dadas: 1. Teologia natural. O universo criado é estudado para determinar certas verdades acerca de Deus e da natureza humana. 2. Tradição. Pesquisa-se o que vem sendo adotado e ensinado por indivíduos e organizações que se identificam como cristãos. Assim, o que tem sido crido torna-se norma para o que deve ser crido. 3. As Escrituras. A Bíblia é tida como o documento definidor ou a constituição da fé cristã. Portanto, ela especifica em que se deve crer e o que se deve fazer. 4. Experiência. Considera-se que a experiência religiosa de um cristão hojeprove informações divinas autorizadas. Figura 2 Fonte: Google Uma prática semelhante pode ser encontrada em várias instituições e organizações que possuem algum tipo de carta regia, constituição ou artigos de incorporação definindo o que deve ser a instituição e os procedimentos que deve seguir. Havendo disputa entre dois reclamantes que alegam ser o verdadeiro representante de, tal grupo ou movimento, a justiça em geral vai decidir em favor da parte considerada mais fiel à carta regia básica. Nos Estados Unidos, a Constituição é suprema. Aliás, qualquer lei que contradiga a Constituição será declarada inválida pela justiça. No caso do cristianismo, também estamos lidando com uma constituição, ou seja, a Bíblia. Os cristãos são aqueles que permanecem no ensino estabelecido por Jesus Cristo em pessoa. Eles não podem negar nem modificar o que foi ensinado e praticado por Jesus ou pelos que foram por ele autorizados. Em teoria, é claro, seria possível emendar a constituição. Observe que nas transações humanas, entretanto, somente certas pessoas se qualificam para fazer tais emendas; uma organização externa não pode alterá-la. No caso do cristianismo, sua constituição, a Bíblia, não foi criada nem formulada pelos seres humanos que formam a igreja cristã. Pelo contrário, ela se originou no próprio Deus. Portanto, só Deus possui autoridade para mudar os padrões de fé e prática. A Bíblia é a linha mestra que deve ser seguida, já que ela detém o direito de definir a fé e a prática correta. Isso não quer dizer que o cristianismo, ao longo dos séculos, vem repetindo e continuará repetindo os relatos da Bíblia exatamente daquela forma. Boa parte da Bíblia trata de casosespecíficos e foi escrito para situações específicas na história. Repetir as mesmas palavras nos mesmos moldes seria distorcer o significado. O que se deve fazer é expressar para os dias de hoje o que Jesus ou Paulo ou Isaías diriam se estivessem tratando da situação presente. Isso não implica alteração do significado fundamental, mas sua reexpressão e reaplicação. 3.1 Teorias de Inspiração Pelo que já vimos, podemos concluir que o testemunho uniforme dos autores das Escrituras é que a Bíblia se originou de Deus e de sua mensagem para a humanidade. Esse é o fato da inspiração bíblica; agora precisamos saber os meios. É aqui que começam a surgir as diferenças de opinião. Figura 3 Fonte: Google 1. A teoria da intuição faz com que a inspiração seja principalmente um alto grau de percepção. A inspiração é o funcionamento de um dom especial, talvez quase como uma capacidade artística, que, entretanto, é um talento natural, um bem permanente. Os autores das Escrituras eram gênios religiosos. Mas, em essência, a inspiração deles não era diferente da inspiração de outros grandes pensadores religiosos e filosóficos, tais como Platão, Buda e outros. A Bíblia, portanto, é uma grande literatura religiosa, refletindo as experiências espirituais do povo hebreu. 2. A teoria da iluminaçãosustenta que houve uma influência do Espírito Santo sobre os autores das Escrituras, mas que isso implicou apenas um reforço de suas capacidades normais, uma sensibilidade e percepção aumentadas em no que dizia respeito a questões espirituais. Não foi diferente do efeito de estimulantes às vezes ingeridos por estudantes para melhorar a concentração ou para amplificar os processos mentais. Assim, o trabalho de inspiração é diferente apenas em grau, não em espécie, da obra do Espírito em todos os que crêem. O resultado desse tipo de inspiração é uma capacidade maior de descobrir a verdade. 3. A teoria dinâmica destaca a combinação dos elementos divino e humano no processo de inspiração da escrita da Bíblia. O trabalho do Espírito de Deus foi o de dirigir o escritor aos pensamentos ou conceitos que ele devia ter, deixando que a própria personalidade característica do escritor participasse da escolha das palavras e expressões. Assim, a pessoa que escreveu expressou de um modo exclusivo, característico dela, os pensamentos dirigidos por Deus. 4. A teoria verbal sustenta que a influência do Espírito Santo foi além da direção dos pensamentos, chegando à seleção das palavras usadas para transmitir a mensagem. A obra do Espírito Santo foi tão intensa que cada palavra usada é a palavra exata desejada porDeus naquele ponto para expressar a mensagem. Em geral, há um grande cuidado em insistir que não se trata, porém, de ditado. 5. A teoria do ditado é o ensino de que Deus de fato ditou a Bíblia aos escritores. Entende-se que as passagens nas quais se narra que o Espírito diz ao autor precisamente o que deve ser escrito aplicam-se à Bíblia inteira. Isso significa que não há diversidade de estilos que possa ser atribuída a diferentes autores dos livros bíblicos. O número de pessoas que realmente adotam esse ponto de vista é consideravelmente menor do que se diz a maioria dos adeptos da teoria verbal faz questão de se dissociar dos defensores da teoria do ditado. Há, no entanto, alguns que aceitam essa designação para si. 4. TEOLOGIA SISTEMÁTICA: UM RAMO DA TEOLOGIA CRISTÃ Como dito anteriormente, a teologia cristã é uma forma de estudar e analisar a existência de Deus segundo suas próprias doutrinas e crenças. Seu foco está na revelação de Deus manifestada na Bíblia e na pessoa de Seu Filho, Jesus Cristo, que são as bases do Cristianismo. Esse estudo é feito a partir de diversa outras divisões e subdivisões que têm o objetivo de esmiuçar os diferentes aspectos da fé cristã, a fim de tornar mais claro o entendimento. A teologia sistemática é uma dessas divisões, assim como a teologia bíblica, teologia histórica e teologia prática. Como divisões de um mesmo estudo, todas essas teologias têm a pretensão de se aprofundar no conhecimento da fé cristã, compreendendo a mensagem contida na Bíblia da revelação de Deus aos homens e da oferta de salvação através de Jesus Cristo. Figura 4 Fonte: Google Tendo em vista que os diferentes aspectos estudados por cada uma dessas divisões teológicas na verdade trabalham em conjunto e que uma complementa a outra, vamos falar um pouco mais sobre a teologia bíblica para alcançar com mais clareza o significado de teologia sistemática. Partindo da teologia bíblica para chegar à teologia sistemática O termo parece ser autoexplicativo: teologia bíblica é o estudo de Deus a partir da Bíblia. Está correto, a teologia bíblica é o ramo da teologia cristã que visa estudar os textos bíblicos em seu contexto e a partir daí compreender a forma como Deus se revelou aos homens desde o Antigo Testamento. Essa técnica de estudo dos textos bíblicos que busca analisar o contexto histórico em que foram escritos, identificar o autor e sua origem e avaliar as características gramaticais e sintáticas do texto para, somente a partir de toda essa análise construir uma interpretação, é chamada de exegese. A exegese é muito utilizada na teologia bíblica, que usa os resultados obtidos a partir dessa análise técnica para organizar as informações. Podemos dizer que a teologia bíblica tem a função de fazer um estudo, reflexão, debate e explicação de todas essas informações analisadas com a exegese. A partir desse esclarecimento da verdade bíblica, começa o trabalho da teologia sistemática. Enquanto a teologia bíblica usa partes para produzir o entendimento do todo, a teologia sistemática reúne o todo para gerar o entendimento de diferentes partes. 4.1 Como Funciona a Teologia Sistemática? Começando por uma análise do termo, podemos deduzir que a teologia sistemática é um estudo de Deus feito em sistemas. Enquanto a teologia bíblica faz uma análise de cada texto dentro do seu contexto,visando entender a mensagem contida, a teologia sistemática coleta todas essas informações e as subdivide em categorias distintas. Temos como exemplo as informações a respeito de Jesus Cristo. Há inúmeros textos se referindo a Cristo no Antigo Testamento, falando da promessa da vinda do Messias, como seria, onde seria, o que a Sua vinda acarretaria. https://pt.wikipedia.org/wiki/Antigo_Testamento Há outros inúmeros textos se referindo a Ele no Novo Testamento, como os evangelhos que contam sobre o seu nascimento, seu ministério, sua morte e ressurreição e o livro de Apocalipse que fala sobre seu retorno e como vai julgar as nações e dar aos escolhidos a vida eterna. A teologia sistemática capta todas essas informações sobre Cristo, que foram analisadas e estudadas através da exegese na teologia bíblica, e as reúne em uma única categoria chamada: Cristologia, o estudo de Jesus Cristo, filho de Deus. Dessa forma, a teologia sistemática consegue unificar as informações em áreas específicas e cria um grande sistema explicativo que visa facilitar o entendimento, elucidar dúvidas e explicar aqueles textos que parecem se contradizer. Figura 5 Fonte: Google 4.2 Categorias da Teologia Sistemática Agora que você já compreendeu como ela funciona, conheça as principais categorias da teologia sistemática: Teologia Própria Figura 6 Fonte: Google Ou Teologia Propriamente Dita é a área da teologia sistemática destinada a estudar especificamente Deus, o Pai, analisando os aspectos da sua existência e seus atributos. Bibliologia Figura 7 Fonte: Google É a área que se destina a estudar a Bíblia e a sua origem, como foi formada e inspirada, analisa sua estrutura e a preservação da sua mensagem ao longo do tempo. Cristologia Figura 8 Fonte: Google Conforme já foi dito, essa categoria se destina a estudar todos os aspectos da vida de Jesus Cristo, sua natureza divina, suas obras, morte e ressurreição. Pneumatologia Figura 9 Fonte: Google Dentro da teologia sistemática, essa é a área que tem por objetivo estudar o Espírito Santo, conhecido na Bíblia como “o Consolador” que foi enviado aos apóstolos após a morte de Jesus e deu a eles dons, como o de falar em diferentes línguas. Antropologia Cristã Figura 10 Fonte: Google É a área de estudo da teologia sistemática que analisa a existência da humanidade dentro de uma perspectiva bíblica. Estuda a criação do homem e sua relação com Deus desde o princípio. Soteriologia Figura 11 Fonte: Google É a categoria que se destina a estudar a salvação da humanidade concedida através de Jesus Cristo e analisa como os Seus ensinamentos e a aceitação de Cristo como único redentor podem fazer essa separação entre os que são salvos e os que não são. Eclesiologia Figura 12 Fonte: Google Se destina a estudar a origem e a história da Igreja, suas doutrinas, sua função no processo de salvação e seu papel na sociedade. Escatologia Figura 13 Fonte: Google É a área da teologia sistemática voltada para o estudo do fim dos tempos, conforme descrito por Jesus nos evangelhos e no livro do Apocalipse. Se refere a volta de Jesus e o fim da humanidade como a conhecemos. Hamartiologia Figura 14 Fonte: Google É a parte da teologia sistemática que faz um estudo do pecado, fazendo uma análise da sua origem, do que o caracteriza e como ele pode afastar o homem da comunhão com Deus. Angelologia Figura 15 Fonte: Google Também chamada de Angeologia, é a categoria da teologia sistemática que se propõe a estudar os anjos, reunindo todas as informações a respeito espalhadas pela Bíblia. 4.2 Para que Serve a Teologia Sistemática A forma como a teologia sistemática reúne e subdivide as informações em categorias distintas tem grande utilidade no sentido de facilitar o entendimento, pois você se vê diante de todos os textos a respeito de um mesmo tema, garantindo assim uma visão mais clara a ampla. Segundo o teólogo R. C. Sproul Jr., ex-professor de teologia sistemática na ReformationBibleCollege na Flórida, a teologia sistemática é “uma maneira de afirmar a coerência e consistência de tudo o que Deus revela” e “tentar colocar cada texto em seu contexto último, que são todos os outros textos”. Sproul Jr. reforça ainda a ideia de que através da teologia sistemática é possível garantir que estejamos tendo um entendimento correto da Bíblia, tendo em vista que ela reúne diversas informações sobre um mesmo assunto. Sendo assim, se sua interpretação de um texto contradiz outro texto sobre o mesmo tema, é sinal de que sua interpretação está incorreta. A teologia sistemática como forma de aproximação de Deus Figura 16 Fonte: Google É válido ressaltar que não há propósito na teologia por si só, se ela não produz fruto. No caso do estudo dos preceitos bíblicos e da fé cristã, o propósito maior certamente é que através de um maior entendimento seja gerada uma maior aproximação. O Novo Testamento é composto em grande parte por cartas escritas pelo apóstolo Paulo, que recebeu uma profunda revelação da parte de Deus a respeito dos seus ensinamentos. Ele fala no capítulo 10 de sua carta aos Romanos sobre o zelo sem entendimento, que é justamente aquilo que as pessoas fazem por Deus e para Deus, mas sem fundamento algum, por lhes faltar o conhecimento de Deus. Esse conhecimento fica mais acessível através do estudo e a divisão em sistemas facilita isso ao permitir que cada tema seja analisado de forma exclusiva e única. Ao se estudar profundamente sobre o pecado, por exemplo, a tendência é que seja gerado arrependimento. Estudar sobre a salvação tende a produzir esperança. Esse processo de se aprofundar no conhecimento que a teologia sistemática proporciona deve contribuir para que haja o zelo com entendimento e assim uma consequente aproximação de Deus. 5. CONCEITO DE TEOLOGIA SISTEMÁTICA Teologia é literalmente o estudo de Deus No contexto da religião cristã, não é o estudo de Deus como algo abstrato mas é o estudo do Deus pessoal revelado na Bíblia. Necessariamente isso inclui tudo o que é revelado sobre Ele e as suas obras e relações com as criaturas. O estudo da teologia é diferente do estudo da religião. O estudo da religião inclui todas as religiões mundiais e seitas, e usa várias metodologias; sociologia, antropologia, historia, psicologia, etc. A teologia é mais especializada, sendo o estudo das doutrinas ou as coisas que os adeptos de uma determinada religião crêem. Existem vários tipos de teologia, cada com a sua própria metodologia. A Teologia Sistemática depende das pesquisas e dos resultados das outras áreas e sua metodologia requer a capacidade de aproveitá-los. Portanto, antes de definir a Teologia Sistemática precisamos olhar as demais áreas da teologia. Estas áreas podem ser definidas em três Figura 17 Fonte: Google contextos: a) O contexto histórico: Teologia Histórica - estudo das doutrinas através dos séculos. Este é um lugar importante para começar porque em dois mil anos quase todas as possibilidades têm sido examinadas. Pelo estudo da formulação das doutrinas e os teólogos importantes podemos aprender quais são as perguntas importantes a serem abordadas. b) O contexto bíblico: Teologia Bíblica - A Bíblia é a fonte maior da Teologia Sistemática e é sempre a autoridade final. A Bíblia deve ser estudada para verificarmos qual é a posição verdadeira entre as escolhas que existem. A Bíblia vai ter a resposta certa. As ferramentas de hermenêutica, as línguas originais, etc. devemser usados para chegarmos às conclusões certas. O teólogo sistemático depende do fruto do trabalho dos especialistas do Antigo e do Novo Testamento. c) O contexto atual: a) Teologia Filosófica - Nesta área não estamos interessados em construir uma teologia filosófica no sentido dos liberais. Eles tratam a Teologia Sistemática como se fosse somente mais um sistema de metafísica a ser discutido. Para eles, a Teologia Sistemática é uma filosofia do mesmo modo que o existencialismo, o humanismo, etc. Nosso interesse em teologia filosófica é nas perguntas que a filosofia contemporânea levanta. Queremos responder a essas perguntas, mas sempre com um alvo prático. b) Sociologia, psicologia, antropologia - Estas são ferramentas para ajudar na exegese da sociedade e na identificação das necessidades das pessoas. Queremos formular nossa teologia numa linguagem pertinente aos problemas e às necessidades atuais. O pastor tem que ser consciente da cultura ao seu redor para não ficar respondendo perguntas que ninguém está fazendo e pregando uma mensagem irrelevante. c) Teologia prática - Teologia prática é a aplicação dos resultados da Teologia Sistemática à vida atual. Inclui homilética, aconselhamento pastoral, educação religiosa, e outras disciplinas. Existe uma relação lógica entre os três contextos na metodologia da Teologia Sistemática como é tradicionalmente apresentada. A teologia é vista como um edifício construído assim: Figura 18 Fonte: Google Embora esta seja uma boa maneira de expressar logicamente os resultados do estudo da Teologia Sistemática, entretanto, a Teologia Sistemática é feito num processo de interação constante entre estes três contextos, e não isoladamente: 2. Definição: À luz deste processo, podemos agora definir a Teologia Sistemática. A definição de John Hammett é excelente porque ela expressa os elementos da tarefa da Teologia Sistemática muito bem: “Teologia sistemática é aquela disciplina que tenta dar uma exposição coerente das doutrinas da fé cristã, baseada principalmente nas Escrituras, falando às perguntas e questões da cultura e época em que ela existe, com aplicação à vida pessoal do teólogo e outros.” A Teologia Sistemática deve dar uma exposição coerente: A tarefa da Teologia Sistemática é fazer um sistema. A Teologia Sistemática trata das doutrinas da Bíblia através do exame do que a Bíblia inteira diz sobre aquela doutrina e a comunicação de suas conclusões. Também, a Teologia Sistemática mostra como as doutrinas da Bíblia se relacionam logicamente. Então, a partir de dados da Bíblia uma cosmovisão é construída. Esta cosmovisão abrange todas as áreas da vida que são tocadas pela própria Bíblia. Neste sentido, Teologia Sistemática é uma teologia compreensiva. . Baseada nas Escrituras: A Teologia Sistemática tenta ser compreensiva mas não vai além do que está dito na Bíblia. A Teologia Sistemática tenta evitar a especulação, a não ser que o teólogo admita que ele está fazendo especulação. O teólogo precisa evitar a tentação de dar às suas próprias especulações a autoridade da Bíblia. A Teologia Sistemática sempre tem um alvo prático: É preciso tratar com questões abstratas e complicadas, mas o teólogo deve sempre mostrar a diferença que as suas conclusões fazem na vida cotidiana. Uma vez alguém perguntou a Francis Schaefer o que ele faria se, de repente, surgisse evidência conclusiva que a fé cristã é falsa. Ele respondeu que ele ainda seria teólogo, porque é o melhor jogo que há. Muitas pessoas tratam a teologia como esta fosse um jogo, mas essa atitude é uma perversão do propósito de teologia. Teologia não é jogo. Ela existe para que possamos melhor conhecer, obedecer, e amor a Deus. Aquele que acha que pode ser um teólogo teórico, fazendo um “teologia pura” se engana. Quem não faz a teologia com as necessidades do povo nos bancos da igreja em mente não é teólogo de verdade. É um fato que quase todos os teólogos de maior influência através dos séculos eram pastores também. 5.1 A Metodologia Integrativa Figura 19 Fonte: Google Os teólogos têm organizado os dados da revelação de várias maneiras. Alguns (Friedrich Schleiermacher, Paul Tillich) começaram com o homem e sua situação existencial e assim construíram uma “teologia começando de baixo”. Outros (a maioria dos ortodoxos e alguns neo-ortodoxos) postulam Deus como o ponto de partida e assim constroem uma “teologia de cima”. Essa última abordagem é preferida, mesmo que seja somente pelo fato que, segundo Dietrich Bonhoeffer, “o homem somente sabe quem ele é à luz de Deus”. Mais especificamente, teólogos tais como Thomas de Aquino e João Calvino organizaram a teologia de acordo com o padrão trinitariano, seguindo o Credo dos Apóstolos. Outros, tais como Karl Barth, seguem um modelo cristológico e procuram relacionar os dados com a revelação que Deus fez de Si mesmo na Palavra. É mais difícil, nesses dois esquemas, tratar à altura a totalidade da matéria que perfaz a teologia, embora o primeiro deles seja preferível ao segundo. Deve-se dar preferência à ordem lógica esposada por John Dagg, Louis Berkhof, Millard Erickson, Bruce Milne e outros, que organizam os dados a partir de Deus e Sua revelação, seguindo pelo homem e a queda, e depois, pela obra redentora de Deus em Cristo, a obra do Espírito - que é a sociedade dos remidos, e finalmente a consumação e o estado eterno. Figura 20 Fonte: Google Dr. Gordon Lewis e Dr. Bruce Demarest, do Seminário Teológico Batista Conservador de Denver, desenvolveram a metodologia integrativa para fazer teologia sistemática. Essa metodologia tenta integrar as várias disciplinas relevantes para estudar e formular as doutrinas da fé cristã coerentemente. Através de seis etapas, o método da teologia integrativa trabalha com as doutrinas para chegar a conclusões racionais e práticas. Os pressupostos da teologia integrativa estão fundamentados numa epistemologia do verificacionalismo. As doutrinas não são formuladas a partir de pressupostos não-bíblicos, mas por um processo de análise de várias opções à luz da consistência lógica, o apoio dos fatos empíricos, e a viabilidade existencial de cada conclusão. Eu adicionaria o critério de ser suficiente para abranger as outras questões pertinentes. Além disso, tudo depende do pressuposto da revelação verbal e plena de Deus na Bíblia, que é a fonte e o referencial final para determinar a nossa teologia. As seis etapas são as seguintes: a) Definição do problema. Define-se um problema ou uma questão a ser estudada. As doutrinas são derivadas das perguntas últimas (qual é a natureza de Deus, da vida além da morte, a salvação, etc.) em relação aos problemas e perguntas práticas da vida e da cultura contemporânea (como é que posso conhecer a Deus? espiritismo? catolicismo?, será que Deus pode me curar das minhas doenças?, posso ter segurança da minha salvação?, etc.). b) Estudo Histórico. Através do estudo da teologia histórica, a teologia integrativa coloca à disposição do aluno as várias opções anteriormente desenvolvidas. Estas doutrinas dão ao aluno uma oportunidade de interagir com opiniões diferentes da sua própria tradição. O alvo não é apenas examinar e refutar conclusões diferentes da sua tradição, mas fazer com que o aluno reexamine cada opção à luz das Escrituras para realmente ver qual é a melhor. Cada posição histórica deve ser levada a sério e provada pela Bíblia. c) Estudo Bíblico. A prova das várias opções é feita segunda um estudo do dado bíblico. Todas as ferramentas da teologia bíblica devem ser empregadas para que as conclusões estejam fundamentadas na exegese dos textos bíblicos relevantes. Isso inclui o estudo do texto na língua original, no seu contexto cultural, histórico e bíblico.d) Formulação Sistemática. Depois de examinar o dado bíblico, a teologia integrativa faz uma formulação sistemática, para expor e esclarecer a doutrina. Os vários aspectos da doutrina, derivados do ensino bíblico, estão relacionados uns com os outros de maneira coerente e consistente. As conclusões lógicas das doutrinas estão deduzidas nesta etapa também. e) Interação apologética. Depois de formular a doutrina, a teologia integrativa quer defender a sua conclusão contra outras posições. Esta defesa deve levar em consideração as idéias contraditórias que vêm da teologia, filosofia, ciência, as seitas heréticas, etc. A interação apologética mostra a superioridade da doutrina formulada sobre as outras doutrinas contemporâneas e definidas no estudo histórico. O pastor, com certeza, vai querer considerar as idéias de mais influência na cultura que o povo da sua congregação enfrentará. f) Aplicação Prática na Vida e no Ministério. O alvo da teologia integrativa é tocar a vida do povo, trazendo-o para um relacionamento mais profundo com Deus. REFERÊNCIAS BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Campinas, Luz para o Caminho, 1990. BROWN, Colin. Filosofia e fé cristã: Um esboço histórico desde a Idade Média até o presente. São Paulo, Vida Nova, 1989. BRUNNER, Emil. Teologia da crise. São Paulo, Novo Século, 2000. BÜRKI, Hans. Cremos; as doutrinas básicas da fé evangélica. 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