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Luciane Martins de Barros Lu cien e M artin s d e B arro s M atem ática n o En sin o Fu n d am en tal I E ducação Infantil Matemática no Ensino Fundamental Os Pcn’s e o Ensino Fundamental em Matemática 3 Caro (A) Aluno (A) Seja bem-vindo! Nesta terceira unidade, destacamos a importância da Matemática, seus objetivos, conteúdos, suas competências no Ensino Fundamental, dos blocos do conhecimento: números e operações, espaço e forma, grandezas e medidas e tratamento es- tatístico, através dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Bons estudos! Objetivos da Unidade Ao concluir esta unidade, você deverá ser capaz de: • Saber a importância da Matemática para o Ensino Fundamental como Ciência formadora da cidadania; • Escrever os objetivos gerais da Matemática para o En- sino Fundamental; • Saber o ponto de vista dos PCNs, a organização dos conteúdos para o Ensino Básico - 1º e 2º ciclos. Conteúdos da Unidade 3.1- Objetivos gerais dos PCNs para o Ensino Fundamental em Matemática. 3.2- A Matemática do Ensino Fundamental - 1º ciclo - Ensino Básico. 3.3- A Matemática do Ensino fundamental - 2º ciclo - Ensino Básico. 3.4- A Matemática do Ensino fundamental - 3º ciclo. 3.5- A Matemática do Ensino fundamental - 4º ciclo. 3.1 Objetivos gerais dos PCNs para o Ensino Fundamental em Matemática Neste capítulo, enfocaremos o significado da Mate- mática no Ensino Fundamental, do ponto de vista dos PCNs. Seu significado é amplo ao aluno, ou seja, promove o raciocínio, integra-o ao ambiente social, possibilita a imaginação com ou- tras áreas do conhecimento. Como diz os PCNs “Para tanto, é importante que a Matemática desempenhe, equili- brada e indissociavelmente, seu papel na formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento, na agilização do ra- ciocínio dedutivo do aluno, na sua aplicação a problemas, situações da vida cotidiana e atividades do mundo do trabalho e no apoio à construção de conhecimentos em outras áreas curriculares.” 45 46 A Matemática, como já dissemos, é uma Ciência dinâ- mica, segundo os PCNs: ‘’É importante destacar que a Matemática deverá ser vista pelo aluno como um conhecimento que pode favorecer o desenvolvi- mento do seu raciocínio, de sua sensibilidade expressiva, de sua sensibilidade estética e de sua imaginação’’ (PCNs, 1997). Neste sentido, os PCNs colocam em xeque todas as práticas escolares que têm como ponto central o caráter me- canicista, que impede sua imaginação e, consequentemente, a relação da importância daquele conteúdo com a sua realidade. O ensino da Matemática, segundo os PCNs, também reforçam os aspectos de: “Contribuir para a construção da cidadania e, para isso, o professor deve desenvolver metodologias que enfatizem a cons- trução de estratégias, a comprovação e justificativa de resul- tados, a criatividade, a iniciativa pessoal, o trabalho coletivo, a autonomia advinda da confiança na própria capacidade de enfrentar problemas”. (BRASIL 1997) Os PCNs foram determinantes para que fossem ame- nizados problemas no ensino da Matemática, principalmente, os relacionados com o fracasso dos alunos no entendimento da mesma, e que a qualidade fosse alcançada, porém as Secretarias Municipais e Estaduais buscam, a todo o momento, adequarem- -se a essas novas medidas. No Ensino fundamental, os PCNs, Matemática, foram divididos em orientações para o Ensino Bá- sico (1ª a 4ª séries) (1997) e orientações para as séries de 5ª a 8ª 47 (1998). Esses dois documentos trazem, no início, um histórico do ensino da Matemática no Brasil e os objetivos gerais para o Ensino Fundamental de Matemática: Identificar os conhecimentos matemáticos como meios para compreender e transformar o mundo à sua volta e perceber o caráter de jogo intelectual, característico da Mate- mática, como aspecto que estimula o interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e o desenvolvimento da capacidade para resolver problemas; Fazer observações sistemáticas de aspectos quantita- tivos e qualitativos do ponto de vista do conhecimento e estabe- lecer o maior número possível de relações entre eles, utilizando para isso o conhecimento matemático (aritmético, geométrico, métrico, algébrico, estatístico, combinatório, probabilístico); selecionar, organizar e produzir informações relevantes, para interpretá-las e avaliá-las criticamente; Resolver situações-problema, sabendo validar estra- tégias e resultados, desenvolvendo formas de raciocínio e pro- cessos, como dedução, indução, intuição, analogia, estimativa, e utilizando conceitos e procedimentos matemáticos, bem como instrumentos tecnológicos disponíveis; Comunicar-se matematicamente, ou seja, descrever, representar e apresentar resultados com precisão e argumentar sobre suas conjecturas, fazendo uso da linguagem oral e estabele- cendo relações entre ela e diferentes representações matemáticas; Estabelecer conexões entre temas matemáticos de di- ferentes campos e entre esses temas e conhecimentos de outras áreas curriculares; Sentir-se seguro da própria capacidade de construir conhecimentos matemáticos, desenvolvendo a autoestima e a perseverança na busca de soluções; 48 Interagir com seus pares de forma cooperativa, tra- balhando coletivamente na busca de soluções para problemas propostos, identificando aspectos consensuais ou não na discus- são de um assunto, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles. No decorrer das orientações PCNs para o Ensino Funda- mental da Matemática as mudanças são significativas para as séries iniciais (1ª à 4ª) e as séries finais (5ª à 8ª). Para as séries iniciais e finais, os objetivos e conteúdos são organizados em 4 ciclos. No 1º ciclo, o ensino de Matemática (PCNs 1997), deve levar o aluno a: Construir o significado do número natural a partir de seus diferentes usos no contexto social, explorando situações-problema que envolvam contagens, medidas e códigos numéricos; Interpretar e produzir escritas numéricas, levantan- do hipóteses sobre elas, com base na observação de regulari- dades, utilizando-se da linguagem oral, de registros informais e da linguagem matemática; Resolver situações-problema e construir, a partir delas, os significados das operações fundamentais, buscando reconhecer que uma mesma operação está relacionada a problemas diferentes, e um mesmo problema resolvido pelo uso de diferentes operações; Desenvolver procedimentos de cálculo — mental, escrito, exato, aproximado — pela observação de regularidades e de proprie- dades das operações e pela antecipação e verificação de resultados; Refletir sobre a grandeza numérica, utilizando a calcu- ladora como instrumento para produzir e analisar escritas; Estabelecer pontos de referência para situar-se, posi- cionar-se e deslocar-se no espaço, bem como para identificar re- lações de posição entre objetos no espaço; interpretar e fornecer instruções, usando terminologia adequada; Perceber semelhanças e diferenças entre objetos no espaço, identificando formas tridimensionais ou bidimensionais, 49 em situações que envolvam descrições orais, construções e re- presentações; Reconhecer grandezas mensuráveis, como comprimen- to, massa, capacidade e elaborar estratégias pessoais de medida; Utilizar informações sobre tempo e temperatura; Utilizar instrumentos de medida, usuais ou não, esti- mar resultados e expressá-los por meio de representações não, necessariamente, convencionais; Identificar o uso de tabelas e gráficos para facilitar a leitura e interpretação de informações e construir formas pesso- ais de registro para comunicar informações coletadas. Observamos que o primeiro ciclo fundamenta-se em um trabalho de base, reforçando os conhecimentos dos núme- ros e suas operações, das medidas, com elementos explorando as formas e espaço, resgatando, para isso, o que a criança já “sabe” e assegurando que oconhecimento seja importante para o desenvolvimento do seu potencial. Para isso, o professor deve trabalhar com situações do seu cotidiano e ir avançando nos conceitos para situações de raciocínio mais elaboradas. Ao depararmo-nos com os objetivos descritos acima, percebemos que a missão do professor vai além do que, tra- dicionalmente, conhecemos, pois colocar em prática os PCNs exigirá mudança de filosofia de ensino. O mais preocupante é que os PCNs já vão completar 14 anos e as necessidades de mu- danças permanecem, principalmente, na maneira de organizar e executar o trabalho docente. Porém, os PCNs também nos indicam como devemos selecionar e organizar os conteúdos e quais projetos realizar para que os conceitos matemáticos sejam aprendidos de forma mais satisfatória, respeitando-se a regionalidade de cada um. 50 Segundo os PCNs (1997): a) Números Naturais e Sistema de Numeração Decimal Reconhecimento de números no contexto diário; Utilização de diferentes estratégias para quantificar elementos de uma coleção: contagem, pareamento, estimativa e correspondência de agrupamentos; Utilização de diferentes estratégias para identificar números em situações que envolvem contagens e medidas; Comparação e ordenação de coleções pela quantidade de elementos e ordenação de grandezas pelo aspecto da medida; Formulação de hipóteses sobre a grandeza numérica, pela identificação da quantidade de algarismos e da posição ocu- pada por eles na escrita numérica; Leitura, escrita, comparação e ordenação de números familiares ou frequentes; Observação de critérios que definem uma classifica- ção de números (maior que, menor que, estar entre) e de regras usadas em seriações (mais 1, mais 2, dobro, metade); Contagem em escalas ascendentes e descendentes de um em um, de dois em dois, de cinco em cinco, de dez em dez etc., a partir de qualquer número dado; Identificação de regularidades na série numérica para nomear, ler e escrever números menos frequentes; Utilização de calculadora para produzir e comparar escritas numéricas; Organização em agrupamentos para facilitar a conta- 3.2 A Matemática do Ensino Fundamental -1º ciclo- Ensino Básico 51 gem e a comparação entre grandes coleções; Leitura, escrita, comparação e ordenação de anota- ções numéricas pela compreensão das características do sistema de numeração decimal (base, valor posicional). b) Operações com Números Naturais Análise, interpretação, resolução e formulação de si- tuações-problema, compreendendo alguns dos significados das operações, em especial da adição e da subtração; Reconhecimento de que diferentes situações-proble- ma podem ser resolvidas por uma única operação e de que dife- rentes operações podem resolver um mesmo problema; Utilização de sinais convencionais (+, -, x, : , =) na escrita das operações; Construção dos fatos básicos das operações a partir de situações- problema, para constituição de um repertório a ser utilizado no cálculo; Organização dos fatos básicos das operações pela identificação de regularidades e propriedades; Utilização da decomposição das escritas numéricas para a realização do cálculo mental exato e aproximado; Cálculos de adição e subtração, por meio de estraté- gias pessoais e algumas técnicas convencionais; Cálculos de multiplicação e divisão por meio de estra- tégias pessoais; Utilização de estimativas para avaliar a adequação de um resultado e uso de calculadora para desenvolvimento de es- tratégias de verificação e controle de cálculos. c) Espaço e Forma 52 Localização de pessoas ou objetos no espaço, com base em diferentes pontos de referência e algumas indicações de posição; Movimentação de pessoas ou objetos no espaço, com base em diferentes pontos de referência e algumas indi- cações de direção e sentido; Descrição da localização e movimentação de pessoas ou objetos no espaço, usando sua própria terminologia; Dimensionamento de espaços, percebendo relações de tamanho e forma; Interpretação e representação de posição e de movimentação no espaço, a partir da análise de maquetes, esboços, croquis e itinerários; Observação de formas geométricas presentes em ele- mentos naturais e nos objetos criados pelo homem e de suas características: arredondadas ou não, simétricas ou não etc; Estabelecimento de comparações entre objetos do espaço físico e objetos geométricos — esféricos, cilíndricos, cô- nicos, cúbicos, piramidais, prismáticos — sem uso obrigatório de nomenclatura; Percepção de semelhanças e diferenças entre cubos e quadrados, paralelepípedos e retângulos, pirâmides e triângulos, esferas e círculos; Construção e representação de formas geométricas. d) Grandezas e Medidas Comparação de grandezas de mesma natureza, por meio de estratégias pessoais e uso de instrumentos de medida conhecidos — fita métrica, balança, recipientes de um litro, etc; Identificação de unidades de tempo — dia, semana, mês, bimestre, semestre, ano — e utilização de calendários; Relação entre unidades de tempo — dia, semana, mês, 53 bimestre, semestre, ano; Reconhecimento de cédulas e moedas que circu- lam no Brasil e de possíveis trocas entre cédulas e moedas em função de seus valores; Identificação dos elementos necessários para comu- nicar o resultado de uma medição e produção de escritas que representem essa medição; Leitura de horas, comparando relógios digitais e de ponteiros. e) Tratamento da Informação Leitura e interpretação de informações contidas em imagens; Coleta e organização de informações; Criação de registros pessoais para comunicação das informações coletadas; Exploração da função do número como código na organização de informações (linhas de ônibus, telefones, placas de carros, registros de identidade, bibliotecas, roupas, calçados); Interpretação e elaboração de listas, tabelas simples, de du- pla entrada e gráficos de barra para comunicar a informação obtida; Produção de textos escritos a partir da interpretação de gráficos e tabelas; Desenvolvimento de atitudes favoráveis à aprendiza- gem de Matemática; Confiança na própria capacidade para elaborar estra- tégias pessoais diante de situações-problema; Valorização da troca de experiências com seus pares como forma de aprendizagem; Curiosidade por questionar, explorar e interpretar os diferentes usos dos números, reconhecendo sua utilidade 54 na vida cotidiana; Interesse e curiosidade por conhecer diferentes estra- tégias de cálculo; Valorização da utilidade dos elementos de referência para localizar-se e identificar a localização de objetos no espaço; Sensibilidade pela observação das formas geométri- cas na natureza, nas artes, nas edificações; Valorização da importância das medidas e estimativas para resolver problemas cotidianos; Interesse por conhecer, interpretar e produzir mensa- gens, que utilizam formas gráficas para apresentar informações; Apreciação da organização na elaboração e apresentação dos trabalhos. A partir destas propostas gerais, quanto aos quatro blo- cos do conhecimento matemático para o Ensino Fundamental: Números e Operações, Espaço e Forma, Grandezas e Medidas de Tratamento da Informação, o professor pode determinar quais competências deseja atingir com relação ao aprendizado do aluno, ao final do primeiro ciclo. Quanto ao bloco de números e operações espera-se que o aluno, em linhas gerais, seja capaz de: Resolver problemas, através da leitura de situações- problema propostas; Saiba raciocinar com relação ao cálculo escolhido, seja pessoal ou convencional; Saiba, principalmente, somar e subtrair; Utilizar o número como instrumento de representa- ção para situações do seu dia a dia, principalmente que tenha conhecimento do sistema decimal; Utilizar instrumentos de medidas, que seja capaz de estimar medições; Localizar-se no espaço, ou seja, definir sua posição. 55 Neste ciclo, o ensino de Matemática, segundo os PCNs (1997), deve levar o aluno a: Ampliar o significado do número natural pelo seu uso em situa- ções-problema e pelo reconhecimento de relações e regularidades; Construir o significado do número racional e de suas re- presentações (fracionária e decimal), a partir de seus dife- rentes usos no contexto social; Interpretar e produzir escritas numéricas, considerando as re- gras do sistema de numeração decimal e estendendo-as para a representação dos números racionais na forma decimal; Resolver problemas, consolidando alguns significados das operações fundamentais e construindo novos, em situações que envolvam números naturais e, em alguns casos, racionais; Ampliar os procedimentos de cálculo — mental, escrito, exato, aproximado — pelo conhecimento de regularidades dos fatos fundamentais, de propriedades das operações e pela antecipação e verificação de resultados; Refletir sobre procedimentos de cálculo que levem à amplia- ção do significado do número e das operações, utilizando a cal- culadora como estratégia de verificação de resultados; Estabelecer pontos de referência para interpretar e representar a localização e movimentação de pessoas ou objetos, utilizando terminologia adequada para descrever posições; Identificar características das figuras geométricas, percebendo semelhanças e diferenças entre elas, por meio de composição e decomposição, simetrias, ampliações e reduções; Recolher dados e informações, elaborar formas para organizá-los e expressá-los, interpretar dados apresentados sob forma de tabelas 3.3 A Matemática do Ensino Fundamental - 2º ciclo- Ensino Básico 56 e gráficos e valorizar essa linguagem como forma de comunicação; Utilizar diferentes registros gráficos — desenhos, esquemas, escritas numéricas — como recurso para expressar ideias; aju- dar a descobrir formas de resolução e comunicar estratégias e resultados; Identificar características de acontecimentos previsíveis ou aleatórios a partir de situações-problema, utilizando recursos estatísticos e probabilísticos; Construir o significado das medidas, a partir de situações-pro- blema que expressem seu uso no contexto social e em outras áreas do conhecimento e possibilitem a comparação de grande- zas de mesma natureza; Utilizar procedimentos e instrumentos de medida usuais ou não, selecionando o mais adequado em função da situação-pro- blema e do grau de precisão do resultado; Representar resultados de medições, utilizando a terminologia convencional para as unidades mais usuais dos sistemas de me- dida, comparar com estimativas prévias e estabelecer relações entre diferentes unidades de medida; Demonstrar interesse para investigar, explorar e interpretar, em di- ferentes contextos do cotidiano e de outras áreas do conhecimento, os conceitos e procedimentos matemáticos abordados neste ciclo; Vivenciar processos de resolução de problemas, percebendo que para resolvê-los é preciso compreender, propor e executar um plano de solução, verificar e comunicar a resposta. Neste segundo ciclo, além de reforçar os conhecimentos adquiridos no primeiro, devemos permitir que o aluno avance na construção dos conceitos e procedimentos matemáticos, que fun- damentam sua ascensão para as séries seguintes através de práticas específicas, que proporcionem autoconfiança, para a perfeita evolu- ção no conhecimento matemático de toda sua vida acadêmica. Quanto ao desenvolvimento dos conteúdos é sugerido 57 ao professor, assim como no primeiro ciclo, que: a) Números naturais, sistema de numeração decimal e números racionais Reconhecimento de números naturais e racionais no con- texto diário; Compreensão e utilização das regras do sistema de numeração decimal, para leitura, escrita, comparação e ordenação de núme- ros naturais de qualquer ordem de grandeza; Formulação de hipóteses sobre a grandeza numérica, pela observação da posição dos algarismos na representação de- cimal de um número racional; Extensão das regras do sistema de numeração decimal para compreensão, leitura e representação dos números ra- cionais na forma decimal; Comparação e ordenação de números racionais na forma decimal; Localização na reta numérica, de números racionais na forma decimal; Leitura, escrita, comparação e ordenação de representações fracionárias de uso frequente; Reconhecimento de que os números racionais admitem dife- rentes (infinitas) representações na forma fracionária; Identificação e produção de frações equivalentes, pela observação de representações gráficas e de regularidades nas escritas numéricas; Exploração dos diferentes significados das frações em situa- ções-problema: parte/ todo, quociente e razão; Observação de que os números naturais podem ser expressos na forma fracionária; Relação entre representações fracionária e decimal de um mes- mo número racional; 58 Reconhecimento do uso da porcentagem no contexto diário. b) Operações com Números Naturais e Racionais • Análise, interpretação, formulação e resolução de situações- -problema, compreendendo diferentes significados das opera- ções envolvendo números naturais e racionais; Reconhecimento de que diferentes situações-problema podem ser resolvidas por uma única operação e de que diferentes ope- rações podem resolver um mesmo problema; Resolução das operações com números naturais, por meio de estratégias pessoais e do uso de técnicas operatórias convencionais, com compreen- são dos processos nelas envolvidos; Ampliação do repertório básico das operações com números naturais para o desenvolvimento do cálculo mental e escrito; Cálculo de adição e subtração de números racionais na forma decimal, por meio de estratégias pessoais e pelo uso de técnicas operatórias convencionais; Desenvolvimento de estratégias de verificação e controle de resultados pelo uso do cálculo mental e da calculadora; Decisão sobre a adequação do uso do cálculo mental — exato ou aproximado — ou da técnica operatória, em função do pro- blema, dos números e das operações envolvidas; Cálculo simples de porcentagens. c) Espaço e Forma Descrição, interpretação e representação da posição de uma pessoa ou objeto no espaço, de diferentes pontos de vista; 59 Utilização de malhas ou redes para representar, no plano, a posição de uma pessoa ou objeto; Descrição, interpretação e representação da movimentação de uma pessoa ou objeto no espaço e construção de itinerários; Representação do espaço por meio de maquetes; Reconhecimento de semelhanças e diferenças entre corpos re- dondos, como a esfera, o cone, o cilindro e outros; Reconhecimento de semelhanças e diferenças entre poliedros (como os prismas, as pirâmides e outros) e identificação de ele- mentos como: faces, vértices e arestas; Composição e decomposição de figuras tridimensionais, iden- tificando diferentes possibilidades; Identificação da simetria em figuras tridimensionais; Exploração das planificações de algumas figuras tridimensionais; Identificação de figuras poligonais e circulares nas superfícies planas das figuras tridimensionais; Identificação de semelhanças e diferenças entre polígonos, usando critérios como número de lados, número de ângulos, eixos de simetria etc; Exploração de características de algumas figuras planas, tais como: rigidez triangular, paralelismo e perpendicularismo de lados etc; Composição e decomposição de figuras planas e identifi- cação de que qualquer polígono pode ser composto a partir de figuras triangulares; Ampliação e redução de figuras planas pelo uso de malhas; Percepção de elementos geométricos nas formas da natureza e nas criações artísticas; Representação de figuras geométricas. d) Grandezas e Medidas Comparação de grandezas de mesma natureza, com escolha 60 de uma unidade de medida da mesma espécie doatributo a ser mensurado; Identificação de grandezas mensuráveis no contexto diário: comprimento, massa, capacidade, superfície etc; Reconhecimento e utilização de unidades usuais de medida como metro, centímetro, quilômetro, grama, miligrama, quilo- grama, litro, mililitro, metro quadrado, alqueire etc; Reconhecimento e utilização de unidades usuais de tempo e de temperatura; Estabelecimento das relações entre unidades usuais de medida de uma mesma grandeza; Reconhecimento dos sistemas de medida que são decimais e conversões usuais, utilizando-as nas regras desse sistema; Reconhecimento e utilização das medidas de tempo e realiza- ção de conversões simples; Utilização de procedimentos e instrumentos de medida, em função do problema e da precisão do resultado; Utilização do sistema monetário brasileiro em situações-problema; Cálculo de perímetro e de área de figuras desenhadas em ma- lhas quadriculadas e comparação de perímetros e áreas de duas figuras sem uso de fórmulas. e) Tratamento da Informação Coleta, organização e descrição de dados; Leitura e interpretação de dados apresentados de maneira organizada (por meio de listas, tabelas, diagramas e gráficos) e construção dessas representações; Interpretação de dados apresentados por meio de tabelas e gráficos, para identificação de características previsíveis ou aleatórias de acontecimentos; 61 Produção de textos escritos, a partir da interpretação de gráficos e tabelas, construção de gráficos e tabelas com base em informa- ções contidas em textos jornalísticos, científicos ou outros; Obtenção e interpretação de média aritmética; Exploração da ideia de probabilidade em situações-problema simples, identificando sucessos possíveis, sucessos seguros e as situações de “sorte”; Utilização de informações dadas para avaliar probabilidades; Identificação das possíveis maneiras de combinar elementos de uma coleção e de contabilizá-las usando estratégias pessoais; Confiança em suas possibilidades para propor e resolver pro- blemas; Perseverança, esforço e disciplina na busca de resultados; Segurança na defesa de seus argumentos e flexibilidade para modificá-los; Respeito pelo pensamento do outro, valorização do trabalho co- operativo e do intercâmbio de ideias, como fonte de aprendizagem; Apreciação da limpeza, ordem, precisão e correção na elabo- ração e na apresentação dos trabalhos; Curiosidade em conhecer a evolução histórica dos núme- ros, de seus registros, de sistemas de medida utilizados por diferentes grupos culturais; Confiança na própria capacidade para elaborar estratégias pessoais de cálculo, interesse em conhecer e utilizar diferentes estratégias para calcular, e os procedimentos de cálculo que per- mitem generalizações e precisão; Curiosidade em conhecer a evolução histórica dos procedimentos e instrumentos de cálculo utilizados por diferentes grupos culturais; Valorização da utilidade dos sistemas de referência para localização no espaço; Sensibilidade para observar simetrias e outras características das formas geométricas, na natureza, nas artes, nas edificações; 62 Curiosidade em conhecer a evolução histórica das medidas, unidades de medida e instrumentos utilizados por diferentes grupos culturais e reconhecimento da importância do uso ade- quado dos instrumentos e unidades de medida convencionais; Interesse na leitura de tabelas e gráficos como forma de obter informações; Hábito em analisar todos os elementos significativos pre- sentes em uma representação gráfica, evitando interpreta- ções parciais e precipitadas. Os critérios apresentados constituem um material ri- quíssimo para que o professor possa desenvolver seu trabalho, e que ao final possa avaliar o aluno em função daquilo que, efeti- vamente, aprendeu em sala de aula. Ao final do segundo ciclo, é desejável que o aluno tenha sido capaz de: Resolver problemas com números naturais e racionais; Tenha total domínio nas sequências numéricas e no sistema de numeração decimal; Tenha agilidade no cálculo mental, seja por estratégia pessoal ou convencional; Tenha familiaridade com unidades de medidas de comprimento, massa e volume; Estabeleça referenciais e estime distâncias. 63 É nesta fase que o aluno está com 11 ou 12 anos. Seu amadurecimento emocional e físico faz com que sua relação com a Matemática seja de amor ou ódio, por isso, neste ciclo, o trabalho do professor deve levar em conta, em primeiro lugar, as relações que estabeleçam confiança entre o aluno-professor e também entre aluno-aluno. Segundo os PCNs (1998): “... Neste ciclo, é preciso desenvolver o trabalho matemático anco- rado em relações de confiança entre o aluno e o professor e entre os próprios alunos, fazendo com que a aprendizagem seja vivencia- da como uma experiência progressiva, interessante e formativa, apoiada na ação, na descoberta, na reflexão, na comunicação. É preciso, ainda, que essa aprendizagem esteja conectada à realidade, tanto para extrair dela as situações-problema para desenvolver os conteúdos como para voltar a ela, para aplicar os conhecimentos construídos. Assim, o professor deve organizar seu trabalho de modo que os alunos desenvolvam a própria capacidade para construir conhe- cimentos matemáticos e interagir de forma cooperativa com seus pares, na busca de soluções para problemas, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles...” Quanto aos objetivos para o 3º ciclo, espera-se, ain- da, segundo os PCNs, que o ensino de Matemática deva visar ao desenvolvimento: Do pensamento numérico, por meio da exploração 3.4 A Matemática do Ensino Fundamental - 3º ciclo 64 de situações de aprendizagem que levem o aluno a: Ampliar e construir novos significados para os números naturais, inteiros e racionais, a partir de sua utili- zação no contexto social e da análise de alguns problemas históricos que motivaram sua construção; Resolver situações-problema envolvendo núme- ros naturais, inteiros, racionais e a partir delas ampliar e construir novos significados da adição, subtração, multipli- cação, divisão, potenciação e radiciação; Identificar, interpretar e utilizar diferentes repre- sentações dos números naturais, racionais e inteiros, indi- cadas por diferentes notações, vinculando-as aos contextos matemáticos e não-matemáticos; Selecionar e utilizar procedimentos de cálculo (exato ou aproximado, mental ou escrito) em função da situação-problema proposta. Do pensamento algébrico, por meio da exploração de situações de aprendizagem, que levem o aluno a: Reconhecer que representações algébricas permi- tem expressar generalizações sobre propriedades das opera- ções aritméticas, traduzem situações-problema e favorecer as possíveis soluções; Traduzir informações contidas em tabelas e gráfi- cos em linguagem algébrica e vice-versa, generalizando re- gularidades e identificar os significados das letras; Utilizar os conhecimentos sobre as operações nu- méricas e suas propriedades para construir estratégias de cálculo algébrico. Do pensamento geométrico, por meio da explora- ção de situações de aprendizagem, que levem o aluno a: Resolver situações-problema de localização e des- locamento de pontos no espaço, reconhecendo nas noções 65 de direção e sentido, de ângulo, de paralelismo e de perpen- dicularismo elementos fundamentais para a constituição de sistemas de coordenadas cartesianas; Estabelecer relações entre figuras espaciais e suas representações planas, envolvendo a observação das figuras sob diferentes pontos de vista, construindo e interpretando suas representações; Resolver situações-problema que envolva figuras geométricas planas, utilizando procedimentos de decompo- sição e composição, transformação, ampliação e redução. Da competência métrica, por meio da exploração de situações de aprendizagem, que levem o aluno a: Ampliare construir noções de medida, pelo estu- do de diferentes grandezas, a partir de sua utilização no con- texto social e da análise de alguns dos problemas históricos que motivaram sua construção; Resolver problemas que envolvam diferentes grandezas, selecionando unidades de medida e instrumentos adequados à precisão requerida. Do raciocínio que envolva a proporcionalidade, por meio da exploração de situações de aprendizagem, que le- vem o aluno a: Observar a variação entre grandezas, estabelecen- do relação entre elas e construir estratégias de solução para resolver situações que envolvam a proporcionalidade. Do raciocínio combinatório, estatístico e probabi- lístico, por meio da exploração de situações de aprendiza- gem, que levem o aluno a: Coletar, organizar e analisar informações, cons- truir e interpretar tabelas e gráficos, formular argumentos convincentes, tendo por base a análise de dados organizados em representações matemáticas diversas; 66 Resolver situações-problema que envolva o racio- cínio combinatório e a determinação da probabilidade de sucesso de um determinado evento por meio de uma razão. Portanto, no terceiro ciclo é desejável que o professor: Apresente situações problemas que possibilitem o desenvolvimento do número natural, racional e inteiro e que sejam significativas as operações, pois permitem a am- pliação do sentido operacional; Estimule o cálculo aritmético, mental ou escrito desenvolvido por meio de calculadoras ou não; Enfatize as noções de direção e sentido, de ângu- lo, de paralelismo e perpendicularismo; Fortaleça o estudo da geometria baseando-se na observação, representação e na construção de figuras; Ensine a utilização da régua, compasso, transferi- dor e esquadros na obtenção de medidas; Incentive a obtenção e a organização de dados em tabelas e gráficos; Promova ao aluno o desenvolvimento da argu- mentação, buscando justificar suas afirmações. 67 No quarto ciclo, percebe-se que os alunos já com matu- ridade maior em relação ao terceiro, as inquietações com relação ao físico e emocional continuam, porém a Matemática começa a ter importância, pois o jovem percebe que será importante este conhecimento para seus estudos futuros, segundo os PCNs 1998: “... é preciso fazer uso de todas essas situações para mostrar aos alu- nos que a Matemática é parte do saber científico e que tem um papel central na cultura moderna, assim como também para mostrar que algum conhecimento básico da natureza dessa área e certa familia- ridade com suas ideias-chave são requisitos para ter acesso a outros conhecimentos, em especial à literatura científica e tecnológica...” Neste ciclo, o ensino de Matemática deve visar ao de- senvolvimento, segundo os PCNs (1998): Do pensamento numérico, por meio da exploração de situações de aprendizagem, que levem o aluno a: Ampliar e consolidar os significados dos números ra- cionais a partir dos diferentes usos em contextos sociais e mate- máticos e reconhecer que existem números que não são racionais; Resolver situações-problema envolvendo números naturais, inteiros, racionais e irracionais, ampliando e consoli- dando os significados da adição, subtração, multiplicação, divi- são, potenciação e radiciação; Selecionar e utilizar diferentes procedimentos de cál- culo com números naturais, inteiros, racionais e irracionais. Do pensamento algébrico, por meio da exploração de 3.5 A Matemática do Ensino Fundamental - 4º ciclo 68 situações de aprendizagem, que levem o aluno a: Produzir e interpretar diferentes escritas algébricas, expressões, igualdades e desigualdades, identificando as equa- ções, inequações e sistemas; Resolver situações-problema por meio de equações e inequações do primeiro grau, compreendendo os procedimen- tos envolvidos; Observar regularidades e estabelecer leis matemáticas que expressem a relação de dependência entre variáveis. Do pensamento geométrico, por meio da exploração de situações de aprendizagem, que levem o aluno a: Interpretar e representar a localização e o desloca- mento de uma figura no plano cartesiano; Produzir e analisar transformações e ampliações/ reduções de figuras geométricas planas, identificando seus elementos variantes e invariantes, desenvolvendo o conceito de congruência e semelhança; Ampliar e aprofundar noções geométricas como inci- dência, paralelismo, perpendicularismo e ângulo para esta- belecer relações, inclusive as métricas, em figuras bidimen- sionais e tridimensionais. Da competência métrica, por meio da exploração de situações de aprendizagem, que levem o aluno a: Ampliar e construir noções de medida, pelo estudo de diferentes grandezas, utilizando dígitos significativos para re- presentar as medidas, efetuar cálculos e aproximar resultados de acordo com o grau de precisão desejável; Obter e utilizar fórmulas para cálculo da área de su- perfícies planas e para cálculo de volumes de sólidos geométri- cos (prismas retos e composições desses prismas). Do raciocínio proporcional, por meio da exploração de situações de aprendizagem, que levem o aluno a: 69 Representar em um sistema de coordenadas carte- sianas a variação de grandezas, analisando e caracterizando o comportamento dessa variação em diretamente proporcional, inversamente proporcional ou não proporcional; Resolver situações-problema que envolva a variação de grandezas direta ou inversamente proporcionais, utilizando estra- tégias não-convencionais e convencionais, como as regras de três. Do raciocínio estatístico e probabilístico, por meio da exploração de situações de aprendizagem, que levem o aluno a: Construir tabelas de frequência e representar grafi- camente dados estatísticos, utilizando diferentes recursos, bem como elaborar conclusões a partir da leitura, análise, interpreta- ção de informações apresentadas em tabelas e gráficos; Construir um espaço amostral de eventos equipro- váveis, utilizando o princípio multiplicativo ou simulações, para estimar a probabilidade de sucesso de um dos eventos. As situações- problema ou situações do dia a dia, interco- nexões com outras disciplinas, muitas vezes, não são oferecidas aos alunos, porque os conhecimentos são propostos de forma linear com complexidade crescente, por isso é um recurso que fica prejudicado na construção do conhecimento. Na unidade 4, discutiremos a or- ganização do currículo da Matemática, seja linear ou em rede, pois segundo os PCNs (1998), a organização do ensino de Matemática: “... é um dos grandes obstáculos que impedem os professores de mudar sua prática pedagógica numa direção em que se privilegie o recurso à resolução de problemas e a participação ativa do aluno. Porém, isso pode ser rompido se o professor se predispuser a traçar no seu planejamento algumas conexões entre os conteúdos matemá- ticos. Para tanto, ao construir o planejamento, é preciso estabelecer os objetivos que se deseja alcançar, selecionar os conteúdos a serem trabalhados, planejar as articulações entre os conteúdos, propor as 70 Exercícios 1. Escreva sobre a importância da Matemática no Ensino Fun- damental e sobre seus objetivos. 2. Escreva os objetivos quanto às competências para a Ma- temática no Ensino Fundamental para o primeiro, segundo, terceiro e quarto ciclos. 3. Estude os PCNs quanto às propostas de avaliação nos quatro ciclos, e no desenvolvimento de propostas pedagógicas. 4. Identifique as principais características quanto ao conhecimen- to do professor para a organização de conteúdos articulados. 5. Explique as vantagens e desvantagens dos conteúdos lineares e com forma hierarquizada do conhecimento matemático. situações-problema que irão desencadeá-los. É importante que as conexões traçadas estejam em consonância com os eixos temáticos das outras áreas do currículo e também com os temas transversais...” Abordagens do Currículo da Matemática Parao Ensino Fundamental 4 Caro (A) Aluno (A) Seja bem-vindo! Nesta quarta unidade, definimos currículo e sua im- portância na reformulação do ensino. Descrevemos o cenário mundial onde começou o movimento da Matemática Moderna. Destacamos seus méritos e também suas falhas, sua criação, no Brasil, com a educação matemática, e por fim falamos das refor- mas curriculares, no período após a Matemática Moderna. Bons estudos! Objetivos da Unidade Ao concluir esta unidade, você deverá ser capaz de: • Conceituar currículo; • Descrever a trajetória da ascensão e queda do Movimento da Matemática Moderna no mundo; • Entender a influência da Matemática Moderna no Brasil, atra- vés dos Guias Curriculares; • Conceituar Educação Matemática e seus campos de pesquisa; • Definir linearidade curricular, vantagens e desvantagens; • Refletir sobre as questões atuais na elaboração de uma proposta curricular, baseando-se no método da resolução de problemas. Conteúdos da Unidade 4.1 A importância do currículo para a Educação. 4.2 Reformas curriculares em alguns países. 4.3 Reformas curriculares no Brasil. 4.4 Reformas curriculares após o movimento da Matemática Moderna. 4.1 A importância do currículo para a Educação As mudanças que visam à renovação em Educação, cer- tamente, passam pela reorganização dos currículos, ainda mais em se falando dos currículos da Matemática. O que se entende por currículo não é uma mera organização de conteúdos, signi- fica muito mais, a saber: 75 Para LLAVADOR, (1994, p. 370): “... a palavra currículo engana-nos porque nos faz pen- sar numa só coisa, quando se trata de muitas, simultaneamente e todas elas inter-relacionadas”. O currículo sempre desempenhou papel fundamental dentro do processo educativo. Nos dias de hoje, sua importância continua acentuada, pois as pesquisas demonstram fortes refor- mulações até mesmo ideológicas, nos diversos graus de ensino. Pesquise sobre Ideologia. Para SILVA (1996 p.23): “... O currículo é um dos locais privilegiados onde se entrecruzam saber e poder, representação e domínio, discurso e regulação. É também no currículo que se condensam relações de poder que são A palavra currículo é de origem latina e significa o caminho da vida, o sentido, a rota de uma pessoa ou grupo de pessoas. Currículo indica processo, movi- mento, percurso, como a etimologia da palavra re- comenda. Currículo é o ambiente do conhecimento, assim como, o espaço de contestação das relações sociais e humanas e, também, o lugar da gestão, da cooperação e participação. O currículo deve ser en- tendido como componente central do procedimento da Educação institucionalizada. Fonte: http://educador.brasilescola.com 76 cruciais para o processo de formação de subjetividades sociais. Em suma, currículo, poder e identidades sociais estão mutuamen- te implicados. O currículo corporifica relações sociais...” O autor reafirma que a elaboração ou a mudança de um currículo está fortemente ligada a grupos de pessoas: políticos, governantes, educadores e especialistas que possuem interesses, portanto o currículo é um terreno fértil para que as ideias de quem detém o poder sobreponha-se aos demais. Porém, currí- culo vai além, como bem escreve JESUS (2008): “... Currículo também é inseparável da cultura. Tanto a teoria educacional tradicional quanto a teoria crítica veem no currículo uma forma institucionalizada de transmitir a cultura de uma sociedade. Sem esquecer que, neste caso, há um envolvimento po- lítico, pois o currículo, como a Educação, está ligado à política cultural. Todavia, são campos de produção ativa de cultura e, por isso mesmo, passíveis de contestação...” Podemos definir currículo, segundo MOREIRA (2001) por: “... “conhecimento escolar e experiência de aprendizagem, na pri- meira definição significa o conhecimento tratado pela escola que devemos aprender e que deve ser aplicado pelo aluno; a segunda está relacionada às mudanças econômicas, sociais, políticas e cul- turais que começaram a acontecer a partir do século XVIII...”. O currículo passa a significar o conjunto de experiências a serem vividas pelo estudante.” 77 Quando colocamos que a Matemática e seus pressupos- tos estão sendo discutidos, amplamente, nacional e internacio- nalmente, já há muitas décadas, percebemos que, neste sentido, as mudanças curriculares passam a ser sinônimos de renovação e com isso o aperfeiçoamento do ensino da Matemática. A elaboração e organização curricular até o ano de 1960, quando surgiu o movimento Matemática Moderna, foi linear, isto é, um conhecimento novo tinha como pré-requi- sito um anterior. O movimento da Matemática Moderna é considerado o movimento de reforma mais significativo desses últimos 50 anos, e surgiu da necessidade de reformulações no ensino da Ma- temática; teve seus momentos de glória e, também, de críticas. Durante as últimas décadas, houve uma supervaloriza- ção do currículo, por isso não temos consenso em como definir ou entender a pala- vra currículo. O fato de haver pontos de vista diferentes. Segun- do VILLAR (1994) são: a) É uma construção cultural, histórica e so- cialmente determinada; b) Refere-se sempre a uma prática condicio- nadora do mesmo e de sua teorização. Nas décadas de 60 e 70, começaram a surgir vários ti- pos de currículos: o formal, real e o oculto (ação). Em todos continuavam a preocupação em favorecer a assimilação, a re- construção do conhecimento e as experiências de vida. Pesquise sobre currículo formal, real e oculto. 7878 79 O movimento da Matemática Moderna no Brasil, só, mostrou força e fundamentação mais objetivas em 1967, quan- do foi introduzida no Ensino Secundário, sendo Oswaldo Sangiorgi, professor de Matemática, que falaremos com mais detalhes na seção 4.3, um de seus pioneiros. O movimento da Matemática Moderna fundamenta-se em: Compromisso com o progresso técnico; Matemática como base voltada para a Ciência e Tec- nologia; Ensinar o aluno em abstrair do que se preocupar com aplicações diretas. A definição para Matemática Moderna foi feita por PI- RES (2000) apud CHARLOT (1986, p.24), na Carta de Chambéry: “... o que se chama Matemática Moderna seria mais conveniente- mente chamado de concepção construtivista, axiomática, estrutu- ral das matemáticas, fruto da evolução das ideias; adapta-se como uma luva à formação da juventude do nosso tempo...” Ainda, citando (PIRES 2000 p. 21), as três característi- cas da Matemática Moderna são: “... a Matemática Moderna é viva, sua unidade é profunda, ela constitui uma linguagem universal...” O movimento da Matemática Moderna, ao mesmo tem- po em que foi importante para a busca de novos caminhos para a estruturação da ciência matemática, como: conteúdos, organização curricular, formas de ensinar, de aprender e de avaliar, provocou 7979 80 uma divisão entre Matemática Moderna e a Matemática Clássica. Porém, nos guias curriculares do Estado de São Paulo, p.171 temos: “... achamos que o movimento que levou a uma orientação moderna no ensino da Matemática é irreversível, no sentido de um maior di- namismo na aprendizagem da mesma, em contraste com a maneira estática como era apresentada. Sentimos, portanto, que a orientação dada a um curso de Matemática deva ser moderna, e para isso, é necessário que se de ênfase, no estudo da matéria, a certos aspectos que visam destacar a indiscutível unidade da Matemática, mostrando- -a como uma construção única sem compartimentos estanques...” (GUIAS CURRICULARES p.171) No texto dos guias curriculares, vemos a nítida preocupa- ção em que a Matemática não seja dividida, seja única e sem com- partimentos estanques, talvez o termo moderna não tenha sido bem empregado, porém o documento fornecia metodologias, obje- tivos e definia conteúdos a serem trabalhados. Os guias propunham quatro blocos, com os temas: I- Relações e funções; II- Campos numéricos; III- Equaçõese inequações; IV- Geometria. Em síntese, vemos que os temas já continham influência da Matemática Moderna, porém ainda estava longe de ser o ideal. Atualmente, o estudo da Geometria tem diminuído consideravel- mente, porque a ênfase maior é para a Álgebra, e também porque os educadores não têm consciência do seu significado. Os currículos de Matemática feitos com influências do movimento da Matemática Moderna possuem características de 80 81 4.2 Reformas curriculares em alguns países Os movimentos de reformas estão, intimamente, re- lacionados com a pressão socioeconômica da modernidade. Estão em uma constante busca e redefinições para a Ciência e Tecnologia, e na área da Educação o ensino da Matemática passa a ser o mais desafiado. Em 1934, surgiu na França, um grupo de professores; o Bourbaki, que foi responsável pelas principais ideias do Movi- mento da Matemática Moderna (MMM), em um evento interna- cional na cidade de Asnières-sur-Oise. A proposta para MMM foi apresentada, e segundo GUIMARÃES, (2007 p.22-23): “Um programa moderno de Matemática para o ensino secundá- rio’, foi fortemente influenciada pelas ideias estruturalistas domi- linearidade, pouca flexibilidade, como explica PIRES (2000 p. 9): “... Essa linearidade- que se concretiza numa sucessão de tópi- cos que devem ser apresentados numa certa ordem, embora possa parecer, a princípio, um detalhe de pouca importância-, conduz a uma prática educativa excessivamente fechada, em que há pouco espaço para a criatividade, para a utilização de estratégias meto- dológicas como a resolução de problemas...” Portanto, todos os aspectos de um currículo linear estão tendo que ser revistos para que novas propostas de conteúdos, metodologias e organização curricular não sejam prejudicadas e que sejam adequadas à realidade. 82 Assim, somente no final da década de 50, com a realiza- ção da convenção da OECE (Organização Europeia de Coopera- ção Econômica) de Royaumont (França), as ideias e propostas do MMM começaram a difundir-se pelo mundo, incluindo no Brasil. No contexto, trazia consigo a Guerra Fria, o lançamento de fogue- tes; mas no ano de 1956, nos Estados Unidos, o ensino da Matemá- tica já sofreria grandes reformulações promovidas pelos cientistas da National Science Foundation (NSF) e grupos de professores, cuja meta era reformar conteúdos e a forma de ensinar Matemática. Vários eventos científicos foram realizados pelo mundo, Bélgica, Holanda, Dinamarca, França etc. Vários grupos de estudos que enfatizavam o ideal de criar uma Matemática que fosse útil para a técnica, que atendesse as exigências da sociedade e economia. A partir do ano de 1972, as críticas começam ao MMM, principalmente ao rigor dos conteúdos e ao fato de distanciar o aluno do significado do conteúdo aprendido. Em 1976, Morris Kline, professor de Matemática norte-americano lança seu livro: “O fracasso da Matemática Moderna”, conclamando toda classe científica a rever as bases do MMM. Ele dizia: A dificuldade em lembrar os significados e a desagradabilidade das expressões simbólicas afugentam e perturbam os estudantes; Pesquise sobre o grupo Bourback. nantes na época, em particular no que se refere à Matemática e à Psicologia. (...) No que se refere à Matemática, a influência da concepção estruturalista fez-se sentir através das ideias bourbakis- tas que assumiram grande preponderância. (...) Na concepção bourbakista da Matemática, há três ideias que ocupam um lugar chave: a unidade da Matemática, o método axiomático e o conceito de estrutura matemática. (GUIMARÃES, 2007, p. 22-23) 83 símbolos são como estandartes hostis adejando sobre uma cidade- la aparentemente inexpugnável. O próprio fato de o simbolismo ter entrado na Matemática, até certo ponto significativo, por volta dos séculos dezesseis e dezessete, indica que vem com dificuldade para as pessoas. O simbolismo pode servir a três propósitos. Pode comunicar ideias eficazmente; pode ocultá-las e pode ocultar a ausência delas. Quase sempre parece dar-se a impressão de que os textos de Matemática Moderna empregam o simbolismo para ocultar a pobreza de ideias. Alternativamente, o propósito de seu simbolismo parece ser o de tornar inescrutável o que é óbvio, e afugentar, portanto, a compreensão. (KLINE, 1976, p.94) No livro, KLINE faz duras críticas ao MMM pelo exagero de rigor, formalismos, quebra da sensibilidade e falsa modernidade, com o que concordou o matemático holandês FREUDENTHAL (1979), que escreveu: “... Ora, a ideia inovadora proposta pelos defensores da Mate- mática Moderna consistia em efetuar certo “encurtamento”: os conceitos mais adiantados deviam ser ensinados na escola infan- til- mesmo por professores que não possuíam a menor ideia do seu significado nem das suas verdadeiras aplicações no plano mate- mático. Assim, certos sistemas colocados a serviço das abstrações matemáticas, desligados do seu sentido e do seu contexto mate- máticos, considerados temas de estudo, concretizados de maneira inadequada, eram ensinados a crianças de qualquer idade...” Em face do fracasso do MMM, muitos cientistas norte- -americanos pensaram até mesmo em voltar para a Matemática tradicional, com sua tabuada e números gigantes, isso também, foi logo refutado pela comunidade acadêmica mundial. 84 Com a efervescência do movimento da Matemática Mo- derna no mundo, no Brasil é criado, em 1961, o GEEM (Grupo de Estudo do Ensino de Matemática) com sede na Universidade Mackenzie e como presidente o professor Osvaldo Sangiorgi (Fi- gura 2) vindo de seu mestrado na Univer- sidade de Kansas, EUA. Nasceu em São Paulo, SP, em 9/05/1921. Professor Titular - Esco- la de Comunicações e Artes da USP. Especialidades: Ciências da Informa- ção (Linguística Matemática, Teoria da Informação, Novas Tecnologias da Comunicação) e Educação (Ci- bernética Pedagógica e Robótica Educacional). O movimento da Educação Matemática foi conduzido por matemáticos e especialistas da área de Educação, nos anos 70, que acreditavam que a Educação Tradicional era ina- dequada para o estudo da Matemática. Esse movimento visava destacar a importância de levar em consideração a realidade do aluno, levando-o à compreensão e à constru- ção do seu próprio conhecimento matemático. Fonte: http://educador.brasilescola.com As reformas curriculares, no Brasil, promovidas pelas se- cretarias municipais e estaduais de Educação, surgiram de discus- sões e reflexões em encontros científicos que são promovidos por pesquisadores em diversas IES (Instituições de Ensino Superior), públicas ou privadas, da então chamada Educação Matemática. 4.3 Reformas curriculares no Brasil 85 Fonte:http://www.apedu.org.br/index.php?option=com_cont ent&view=article&id=62&Itemid=61 O GEEM contou com a colaboração e participação de professores de todos os níveis de ensino, uma vez que propunha temas unificadores desde as séries iniciais, como é o caso clássico da teoria de conjuntos. Segundo LIMA (2006 p.30), o GEEM tinha por finalidades: “... preparar e realizar cursos de formação para professores se- cundários e primários, em parcerias com o Ministério da Edu- cação e Cultura – MEC e com as Secretarias de Educação do Estado e Município de São Paulo, com conteúdos da Matemática Moderna [...]” (LIMA, 2006, p. 30) Pesquisadores, desse movimento, publicaram, na épo- ca, alguns métodos e técnicas que a educação matemática desen- volveu. Segundo MIRANDA, os métodos são: Resolução de Problemas Para os pesquisadores desse movimento é de extrema importância a aplicação de situações problemas, pois são essen- ciais para a compreensão de qualquer conteúdo matemático e deve ser aplicado antes da teoria. Modelagem A realidade dentro da sala de aula: Os professores de- 86 vem levar e permitir que os alunos também levem para a sala de aula situações do cotidiano, que possam ser aplicadas no conhecimento matemático. Abordagem EtnomatemáticaUbiratan D’Ambrosio é apontado como um dos maiores pesquisadores da visão holística em Ciências e Educação. A partir de suas mais de 200 obras, entre livros e artigos, surgiu no Brasil um movimento conhecido no campo das ciências exatas como “Etnomatemática”. Embora cunha- da há quase 30 anos — o movimento surgiu em 1975 — a expressão provoca indagações imediatas naqueles que a ouvem pela primeira vez. Para explicá-la, Ubiratan lança mão de um “apelo etmológico aproximado”: — Etno+matema+tica são as técnicas ou as artes (ticas) de ensinar, entender, explicar, lidar com o ambiente natu- ral (matema), social e imaginário (etno). Fonte: http://www.folhadirigida.com.br/htmls/Hotsites/Professor_2003/ Cad_08/EntUbirantanDambrosio.htm Fonte: http://cimm.ucr.ac.cr/ 87 O professor deve levar em consideração a experiência matemática que cada aluno adquire fora da escola. Abordagens Histórias É importante que a história da Matemática seja traba- lhada com os alunos de maneira que facilitará a compreensão do conteúdo. O computador pode ser utilizado como apoio tecno- lógico no aprendizado da Matemática. Como fonte de pesquisa e aplicação de jogos. As reformas curriculares ganharam força com a publi- cação pela Secretaria de Educação de São Paulo dos Guias Cur- riculares. Esta foi a manifestação mais evidente do movimento da Matemática Moderna: Guia Curricular é: “... um instrumento que facilita/fornece subsídios ao professor, na elaboração de um programa con- creto para sala de aula...” http://especial-educacao.blogspot.com/2010/02/ guia-curricularcurriculo-e-plano-de.html 88 A proposta curricular para o ensino de Matemáti- ca do Ensino Fundamental da Secretaria do Estado de São Paulo coloca (p.9): “... Algumas vezes, uma ênfase exagerada em aspectos prático-uti- litários, apesar da aparência de adequação, da perspectiva de conti- nuidade na relação escola-vida, tolhe a capacidade de ultrapassar o senso comum, contribuindo até para a manutenção do status quo. Outras vezes, pretende-se o desenvolvimento de estruturas lógicas do pensamento por meio de caminhos tão genéricos, tão formais e, consequentemente, tão distanciados de qualquer significado imedia- to que o ensino de Matemática passa a parecer apenas um efetivo exercício para o desenvolvimento do raciocínio... em Matemática...” Esta proposta resgatou o aspecto prático fazendo opo- sição ao caráter da abstração introduzido pelo movimento da Matemática Moderna. Os guias curriculares do Estado de São Paulo propõem: “... para a compreensão da real função desempenhada pela Ma- temática no currículo, as aplicações práticas e o desenvolvimento do raciocínio devem ser considerados elementos inseparáveis na composição que se estuda; de outra forma, desaparecem as pro- priedades do composto...” Outro ponto que devemos destacar e que causa dis- cussões na elaboração dos currículos de Matemática é a es- colha dos conteúdos, principalmente os chamados currículos mínimos ou obrigatórios. Os currículos mínimos são de im- portância e funcionam como modelos para que os professores 89 pudessem elaborar e adotar estratégias de ensino, sem que os mesmos limitem a capacidade de criação. 4.4 Reformas curriculares pós- movimento Matemática Moderna Surgem, então, na década de 80, recomendações para o ensino da Matemática nos EUA. Tinha como foco a resolução de problemas, o amplo domínio das operações, o uso da tecno- logia (computadores, calculadoras...) e a contextualização da re- alidade do aluno, como forma de aprendizagem. A proposta do National Council of Teachers of Mathematics (NCTM) pode ser desenhada como segue: Uso de calculadoras, computadores etc. Avaliação no sentido do con- junto das atividades intelectuais. Resolução de problemas (foco do ensino nos anos 80). Apoio da sociedade ao nível de importância da Matemática. Empenho dos alunos e necessidades. Professores profissionais dedicados. 90 Certamente, muitas questões não foram respondidas com este novo planejamento de ideias para o ensino da Ma- temática. Abandonar a Matemática Moderna e ir para onde? A proposta da NCTM, centrada na resolução de problemas, é bem-vinda, pois incentiva o aluno a participar efetivamente da aprendizagem; possibilita uma avaliação mais flexível e ampla, possui como pano de fundo, a interdisciplinaridade, metas difí- ceis de ocorrerem na prática. Portanto, muitas reformas estão por vir. O MMM teve o grande mérito de promover o debate internacional sobre o ensino da Matemática e a ajudar a consolidar a Educação Mate- mática. Será que o caminho para uma boa proposta curricular, nos dias atuais, parece estar centrado na resolução de proble- mas? (Nas unidades seguintes, falaremos mais sobre resolução de problemas). Ou será que estamos aceitando normas propos- tas para a sociedade americana. Temos, ainda, uma indefinição. Quanto à organização curricular para a matemática, che- gamos as seguintes conclusões: de que as reformulações curricu- lares não podem estar desvinculadas da real necessidade de mu- dança, ou seja, apenas trocar o velho pelo novo e que incorporam vários atores: escola, conhecimento, currículo, planejamento, ava- liação, enredamento, eixos temáticos, metodologia e programas mínimos. Sobre estes atores, explica PIRES (2000 p. 202-207): “... Escola: é fundamental, no processo de organização curricular; que a escola seja vista como unidade de interação dos órgãos públi- cos com a rede de ensino [...] A organização curricular deve criar um ambiente escolar que possa ser caracterizado como um espaço em que, além de buscar dados e informações, as pessoas tenham pos- sibilidade de construir seu conhecimento e desenvolver sua inteligên- cia com suas múltiplas competências. Esse espaço do conhecimento deverá estar como parte de uma rede, permanentemente aberto...” 91 “... Conhecimento: [...] A forma de organização dos currículos nas escolas, baseada no modelo taylorista de divisão de tarefas, precisa ser revista em função de novos paradigmas emergentes...” Pesquise o modelo Taylorista. “... Currículo: [...] Os caminhos percorridos, embora lineares, não devem ser vistos como únicos possíveis; um percurso pode in- cluir tantos pontos quantos desejarmos e, em particular, todos os pontos da rede. [...] Esse procedimento abre perspectivas para a abordagem interdisciplinar, pois na medida em que cada profes- sor busca relações de cada tema com outros assuntos - estejam eles no interior de sua disciplina ou fora dele - ela muito provavel- mente ocorrerá...” “... Planejamento: O processo de construção de um currículo as- sim concebido só pode ser um processo em constante construção e renegociação, que leve em conta o princípio de metamorfose das redes...” “... Avaliação: [...] integra todos os momentos do processo ensino-aprendizagem e, em decorrência da heterogeneidade dos elementos que compõem esse processo, fatalmente tem que ampliar o espectro de instrumentos que utiliza, para gerar informações úteis a professores e alunos...” Com esses atores bem esclarecidos sobre cada papel que desempenham a proposta curricular, para cada disciplina não só para a Matemática, deverá contemplar e ter como parâ- metro o projeto político-pedagógico da escola, pois nele estão contido todos os objetivos e anseios que foram elaborados com toda comunidade: dirigentes, professores, coordenadores, pais, 92 alunos, enfim toda a sociedade dentro e fora da escola. Além disso, para a disciplina de Matemática: É necessário que os projetos tenham objetivos espe- cíficos para cada série e que contemplem aplicações práticas; Utilizar os eixos temáticos como base para a inter- disciplinaridade, quebrando assim a linearidade na organização curricular oferecida com a utilização dos livros didáticos. Atualmente, as reformas curriculares da Matemática centram-se na resolução de problemas, como mencionamos anteriormente.Mas, enfrentamos problemas quanto à sua adequação, a conclusão que chegamos é que os objetivos e propostas curriculares para o ensino da Matemática estão con- dicionados às expectativas que não permanecem estáticas, de toda a comunidade escolar. Exercícios 1. Conceitue currículo e escreva sua importância para a Educação. 2. O que foi o Movimento Matemática Moderna (MMM)? Es- creva seus fundamentos e pontue suas falhas do ponto de vista de Morris Kline, matemático norte-americano autor do livro: “O fracasso da Matemática Moderna”, em 1976. 3. Explique como surgiu a Educação Matemática e em que se baseia. Quais suas linhas de pesquisa e o que desenvolve? 4. Discuta sobre a reforma curricular e seus pontos fundamentais. 5. Escreva porque o método de resolução de problemas constitui-se como foco fundamental para o ensino da Matemática, atualmente. 6. Discuta os pontos principais que devemos relevar na elaboração de conteúdos e propostas curriculares pós Matemática Moderna. 7. Quais os atores e seus respectivos papéis no processo da ela- boração dos currículos para a Matemática?
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