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Síndrome da imunodeficiência adquirida ❖ A síndrome da imunodeficiência adquirida é uma doença infecto contagiosa causada pelo Human Immnunodeficiency Virus (HIV), o qual afeta a função do sistema imunológico, com redução do número e da função dos linfócitos T, cuja transmissão ocorre por via sexual, por sangue e/ou produtos de sangue ou via materno/fetal. Epidemiologia ➢ Uma pessoa, após ter sido infectada pelo vírus HIV, pode permanecer muitos anos sem desenvolver nenhum sintoma. Nesse caso, dizemos que a pessoa está vivendo com HIV. ➢ A AIDS é o estágio mais avençado da infecção pelo HIV e surge quando a pessoa apresenta infecções oportunistas (que se aproveitam da fraqueza do organismo, como tuberculose e pneumonia) devido a baixa imunidade ocasionada pelo vírus. Fisiopatologia Linfócitos T Auxiliadores CD4+ • Retrovírus • RNA replica-se por ação de enzima transcriptase reversa. Mecanismos de transmissão • Contato sexual • Transmissão sanguínea (uso de drogas parenterais e os raros casos de acidente com material perfurocortante) • Transmissão perinatal Diagnóstico ➢ Teste imunoenzimático ou ELISA Mais utilizado em razão de sua sensibilidade, especificidade, praticidade, baixo custo e facilidade. Consiste em superfície sólida, que pode ser tubo de ensaio ou placa de microtitulação sobre a qual se ligam proteínas brutas do HIV. ➢ Teste western blot (confirmação do resultado do ELISA pelo volume de informações que fornece e pela relativa objetividade do resultado). ➢ Teste de imunofluorescência indireta para o HIV-1 ➢ Teste rápido Controle laboratorial ➢ OBJETIVO - Avaliar níveis imunitários - Indicação da terapia antirretroviral - Controle da ação terapêutica dessas drogas. - Quantificação da carga viral - Quantificação de subpopulações de linfócitos: contagem de linfócitos T, auxiliadores (CD4) e de linfócitos T supressores. Estágios da doença Dietoterapia Vírus HIV Invade o núcleo genético das células CD4 e linfócitos T (são os principais agentes envolvidos na proteção contra a infecção). IMUNODEFICIÊNCIA A infecção pelo HIV progride através de 4 estágios clínicos: 1º infecção pelo HIV 2º Latência clínica 3º infecção sintomática pelo HIV Os dois principais biomarcadores utilizados para avaliar a progressão da doença são RNA do HIV e a contagem de CD4. Sinais e sintomas ➢ A infecção pelo HIV pode ser dividida em quatro fases clínicas: • Infecção aguda (2-4 semanas após a infecção) - Febre - Erupção maculopapular - Úlceras orais - Emagrecimento - Perda de apetite - Faringite - Mialgia - Indisposição • Fase assintomática, também conhecida como letência clínica - Diminuição da massa muscular - Deficiência de B12 - Aumento da suscetibilidade de DTA • Fase sintomática inicial ou precoce - Febre e sudorese - Problemas na pele e fadiga - Candidíases - Meningite - Pneumonia - Doença inflamatória pélvica • Fase de imunodeficiência avançada ou AIDS - Câncer cervical invasivo - Candidíase no brônquio, traqueia e pulmão - Linfoma no cérebro - Pneumonia recorrente - Sarcoma de Kapisi Tratamento ❖ O objetivo do TARV é retardar a progressão de imunodeficiência e/ou restaurar, tanto quanto possível, a imunidade, aumentando o tempo e a qualidade de vida da pessoa infectada. - De acordo com o conselho brasileiro (2013), recomenda iniciar o TARV imediatamente após a confirmação de que o paciente está infectado pelo vírus, independente dos valores de CD4 e a carga viral. - Os 6 primeiros meses do início do TARV são importantes. ➢ Atualmente, a terapia antirretroviral inclui mais de 20 agentes, de seis classes mecanistas de fármacos: ✓ Inibidores nucleosídeos da transcriptase reversa ✓ Inibidores não-nucleosídios da transcriptase reversa ✓ Inibidores de proteases ✓ Inibidores de fusão ✓ Inibidores de integrases ✓ Coquetel de fármacos (HAART) Medicação ❖ Alguns medicamentos da TARV exigem atenção à ingestão dietética ❖ Importante questionar ao paciente sobre todos os medicamentos, incluindo vitaminas, suplementos e drogas recreativas. - Atentas ao horário correto do medicamento - Sintomas gastrointestinais O nutricionista pode ajudar o paciente a controlar muitos dos requisitos necessários para os medicamentos, minimizar os efeitos adversos e abordar as preocupações nutricionais. Alguns diagnósticos nutricionais comuns nessa população são: - Consumo inadequado de alimentos e bebidas por via oral - Aumento das necessidades de nutrientes - Dificuldade de deglutição. Alterações metabólicas • Resistência insulínica e HIV: inibidores de proteases reduzem a função do GLUT-4 • Síndrome lipodistrófica: consiste de alterações na distribuição da gordura corporal, associada a anormalidades bioquímicas (dislipidemia, alteração na homeostase da glicose, hiperlactatemia e desmineralização óssea) 1) Lipoatrofia: redução da gordura em regiões periféricas 2) Lipohipertrofia: acúmulo de gordura na região abdominal 3) Mista Inicio do uso da TARV Avaliação nutricional Estado nutricional comprometido ➢ Baixa ingestão de alimentos: anorexia, vômitos, náusea, diarreia, dispneia, doença neurológica ou alterações da boca e do esôfago ➢ TGI afetado → baixa absorção de nutrientes ➢ As necessidades nutricionais podem ser drasticamente aumentadas por infecção e febre ➢ O metabolismo e o transporte de lipídeos também podem ser afetados pelo IO → diminui a massa corporal. Desaparecem após 1 a 2 semanas Parada cardíaca Perda ponderal > 10% do peso corporal, diarreia (> 2 evacuações líquidas diárias por mais de 30 dias), enfraquecendo crônico, febre por mais de 30 dias (intermitente ou constante) e perda de massa muscular corporal conhecida por síndrome consumptiva OU síndrome de emaciação pelo HIV. ✓ HISTÓRICO CLÍNICO ✓ ANAMNESE NUTRICIONAL ✓ EXAME FÍSICO ✓ EXAMES LABORATORIAIS OBJETIVO: evitar ou reverter a desnutrição, fornecendo aporte adequado de macro e micronutrientes, minimizar os efeitos colaterais da terapia antirretroviral, diminuir os sintomas da má- absorção, preservar a massa magra e promover a boa qualidade de vida. Perda acima de 5% precisa de mais atenção Dietoterapia • Calculo do VET – Harris-Benedict (Fator Estresse e Fator Atividade = 1,25) • Método prático – a depender do estado nutricional e da fase da doença • Normoglicídica (com seleção, nos casos de resistência a insulina), normolipídica (com seleção, quando houver dislipidemia) ➢ Má-absorção (diarreia) → hipolipídica (restringir os triglicerídeos de cadeia longa) e utilização de TCM. ➢ OMEGA 3 → efeitos benéficos na diminuição da hipertrigliceridemia e melhora da massa corporal magra em pacientes com AIDS. - Os níveis de vitamina A, Zinco e Selênio geralmente estão baixos durante as fases de resposta a infecção. - Baixo teor de A, B12 e zinco → associado a progressão mais rápida da doença - Aumentar o consumo de Vit. C e B aumenta a CD4, progressão lenta da doença. A TNE (terapia nutricional enteral) é indicada quando a utilização do sistema digestório não for viável ou a superfície absortiva estiver inadequada, do ponto de vista anatômico funcional. ➢ A sociedade brasileira de nutrição parenteral e enteral recomenda a TNE quando o paciente apresenta significante perda de peso (>5% em 3 meses) ou depleção da massa corporal (>5% em 3 meses). ➢ Pacientes com IMC < 18kg/m2 A TNP está indicada na falência da via enteral, como em casos de diarreia intratável, obstrução intestinal e/ou vômitos incoercíveis. ➢ O uso de NP em pacientes com HIV deve ser monitorado com cuidado,já que a incidência de infecção do cateter venoso central é maior do que na população em geral, e suas consequências também poderão adquirir dimensões indesejáveis devido a imunossupressão. Nutrientes com funções imunomoduladoras • Arginina: AA não essencial; melhora o perfil imunológico e cicatricial; aumenta óxido nítrico – vasodilatador; CUIDADO (quantidade) – alterações hepáticos, cardíacas, renais e pulmonares. • Ômega 3: Efeitos antinflamatórios; PGA-3 e tromboxanos 3 – diminui agregação plaquetária, diminui potencial pró- inflamatório. • Glutamina: AA não essencial; produção de linfócitos T e B e IgA; combustível – cél. de rápida proliferação (imune e epitélio intestinal). • Nucleotídeo: Precursores de DNA e RNA; síntese de proteínas celulares; RNA – aumento de CTL, resposta imunocelular. Critérios para identificação de pacientes com alto risco de eventos coronarianos • Diabetes mellitus do tipo 1 e 2 • Doença arterial coronariana • Doença arterial cerebrovascular • Doença aneurismática • Doença arterial carótida Recomendações nutricionais para minimizar sintomas indesejáveis PIROSE • Evitar condimentos, alimentos muito salgados, pimenta de todos os tipos, alimentos muito ácidos e gordurosos • Consumir pequenos goles de água gelada, pois ajuda a diluir o suco gástrico • Não se deitar após a refeição. Se a pessoa quiser descansar, deve ficar sentada ou recostada • Não ficar longos períodos sem se alimentar. NÁUSEAS • Evitar deitar-se logo após a refeição RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS DE PTN E ENERGIA PACIENTES SINTOMÁTICOS PACIENTES ASSINTOMÁTICOS KCAL 35-40 kcal/kg de peso atual 25-30 kcal/kg de peso atual PTN 1,5 – 2,0 g/kg por dia 1,0 - 1,4 g/kg por dia • Realizar pequenas refeições, varias vezes ao dia • Não ingerir líquidos durante a refeição. • Evitar alimentos quentes; dar preferência aos alimentos frios ou a temperatura ambiente • Evitar alimentos gordurosos, bebidas gasosas (EX: refrigerante), leite, café e excesso de condimentos • Evitar ingerir alimentos muito doces • Tomar medicações após a refeição • Chupar pedras de gelo pode reduzir o sintoma • Náusea pela manhã pode ser minimizada com ingestão de biscoitos secos, tipo água e sal, ingeridos assim que acordar, sem acompanhamento de líquidos. Comer uma ou mais unidades, de acordo com a tolerância • O gengibre tem sido utilizado para minimizar esse sintoma com bons resultados. VOMITOS • Após o vômito, a pessoa deve tomar pequenas quantidades de soro caseiro ou soro de reidratação oral (1 colher de sopa a cada 5/10min aproximadamente). Também pode tomar pequenos goles de bebidas isotônicas. Utilizar a bebida gelada. • Fazer pequenas refeições, várias vezes ao dia. • Não se deitar após a refeição. Se a pessoa quiser descansar, que faça sentada ou recostada • Chupar pedras de gelo e beber líquidos gelados, em pequenos goles e pouca quantidade, várias vezes ao dia • Evitar alimentos em temperatura muito quente e dar preferencia aos alimentos frios ou a temperatura ambiente • Evitar alimentos gordurosos, bebidas gasosas, leite, café e excesso de condimentos • Evitar consumir alimentos muito doces • Mesmo com vômito, estimula a alimentação regular, procurando dar prioridade a alimentos mais cozidos, de sabor mais brando • Não ingerir líquidos durante a refeição • Orientas que a pessoa busque atenção médica, para ser medicada corretamente. DIFICULDADE DE DIGESTÃO • Evitar alimentos gordurosos, fritos e com muito condimento • Preferir carnes brancas (aves ou peixes). As carnes vermelhas podem ser consumidas com moderação; preferir os cortes magros • Manter a alimentação balanceada. É importante ingerir vários tipos de alimentos, em pequenas porções, várias vezes ao dia • Não ingerir líquidos durante a refeição • Não se deitar após a refeição. Se a pessoa quiser descansar, que faça sentada ou recostada • Indicar uso de chás digestivos após a refeição, por exemplo. O chá verde, usado tradicionalmente como digestivo pelos povos orientais. DIARREIA • Alguns alimentos podem provocar diarreia em pessoas sensíveis. Entre eles: leite doces em grande quantidade, feijão, comidas gordurosas, como frituras ou gordura de origem animal; procurar investigar se algum alimento está relacionado a diarreia apresentada. • Orientar o consumo de alimentos cozidos, evitando os crus e as fibras, frutas e hortaliças devem estar cozidas • Indicar pequenas refeições, aumentando a frequência gradativamente • Indicar o consumo de alimentos ricos em potássio, como banana, batata e carnes brancas. Há perda de potássio em grandes proporções nos casos de diarreia. Em diarreias crônicas, é necessário fazer monitoramento laboratorial • Indicar soro caseiro, soro de reidratação oral ou bebidas isotônicas para manter o equilíbrio hidroeletrolítico do organismo. A água de coco pode ser usada e é bastante eficaz • Contraindicar o consumo de leite até o desaparecimento dos sintomas. Coalhadas, iogurtes e queijos podem ser consumidos em pequenas quantidades • Aumentar a ingestão de líquidos, evitando, assim, a desidratação • Alimentos probióticos, especialmente os leites fermentados com lactobacilos, auxiliam na recuperação da flora intestinal • Tomar medicações após a refeição. CONSTIPAÇÃO INTESTINAL • Indicar o aumento do consumo de fibras na dieta. Utilizar alimentos crus e folhas nas saladas, farelos de trigo, farelo de arroz ou outra fibra integral natural podem ser adicionados às refeições para aumentar o aporte de fibras totais na dieta • Aumentar o consumo de frutas, verduras e legumes • Aumentar a ingestão de água para, pelo menos, 3L por dia • Recomendar atividade física. O movimento estimula a musculatura intestinal • Orientar o uso do azeite ou óleo vegetal nas verduras cruas. GASES INTESTINAIS • Evitar a ingestão de alimentos que causem gases, como bebidas gasosas, cervejas, doces, brócolis, couve-flor, couve, feijão, batata doce, etc. • A pessoa não deve omitir nenhuma refeição. O ideal é seguir os horários com regularidade • Orientar a pessoa a mastigar a comida com a boca bem fechada e não falar enquanto mastiga os alimentos, não utilizar canudos para beber. • Reduzir o consumo de alimentos ricos em fibras insolúveis, como grãos e cereais (milho e grão-de-bico), casca de frutas e verduras como alface, couve, etc. FEBRE E SUORES NOTURNOS • É necessário tomar líquidos com frequência para evitar desidratação pelo suor • Consumir pelo menos 3L de líquidos ao dia – sucos de frutas frescas, água de coco e sucos de vegetais, para repor os minerais perdidos durante a sudorese • Orientar a manutenção de uma alimentação variada, mantendo os horários habituais. Não deve omitir refeições. DIFICULDADE DE DEGLUTIÇÃO, INFLAMAÇÃO NA BOCA E/OU ESÔFAGO • Consumir alimentos líquidos, pastosos ou de consistência macia. • Indicar alimentos preferidos para estimular o apetite, amassados ou batidos. • Contraindicar a ingestão de alimentos crus • Indicar alimentos como purê de batatas, sopas, caldos, iogurte, ricota, massas com queijo, ovos mexidos, cremes, mingau • Ingerir alimentos frios ou a temperatura ambiente, evitar temperaturas quentes • Evitar alimentos ácidos, condimentados e picantes. Evitar o uso de muito sal e pimenta. Evitar sucos de frutas cítricas ou alimentos ácidos, laranja e tomate podem ser irritantes • Evitar gorduras • Evitar ingerir chocolate, álcool e bebidas com cafeína (cafés, chás e refrigerantes tipo cola) • Realizar pequenas refeições, varias vezes ao dia • Utilizar canudos plásticos para líquidos, a fim de evitar dor na cavidade oral • Se houver dificuldade de deglutição, dar preferencia a uma alimentação bem cozida, evitar líquidos e alimentos em pastas. A comida mais sólida, podem macia,é útil para auxiliar na passagem da glote • No caso de xerostomia (boca seca), pode ser indicado o consumo de gomas de mascar sem açúcar ou balas de hortelã para aumentar a produção de saliva • Promover a higienização regularmente e enxaguar a boca com delicadeza. MUDANÇA DE SENSAÇÃO • Orientar a utilização de produtos mais condimentados com ervas e temperos, sem aumentar a quantidade de sal habitual • Caso a pessoa sinto “gosto metálico” durante as refeições, indicar a substituição de carnes vermelhas por aves, peixes ou ovos • Suco de laranja, limonada, picles, vinagre e limão podem intensificar o sabor dos alimentos • Usar cebola e alho no cozimento dos alimentos • Alguns alimentos apresentam melhor sabor frio ou a temperatura ambiente
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