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1 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck Objetivos 1- Estudar a anatomofisiologia da pelve; 2- Citar as medidas preventivas para evitar acidentes domésticos em idosos; Cíngulo do Membro Inferior ↠ O cíngulo do membro inferior (cintura pélvica) liga os membros inferiores à coluna vertebral e dá suporte aos órgãos viscerais da pelve. Além disso, transmite o peso da parte superior do corpo para os membros inferiores (MARIEB, 7ª ed.). ↠ A cintura pélvica é presa ao esqueleto axial por alguns dos ligamentos mais fortes do corpo (MARIEB, 3ª ed.). IMPORTANTE COMPARAÇÃO: Além disso, a cavidade glenoidal da escápula é rasa, enquanto as cavidades correspondentes na cintura pélvica são profundas e apresentam um formato de cálice, o que possibilita que a cabeça do fêmur mantenha-se firmemente acoplada ao quadril. Portanto, mesmo que as articulações do ombro e do quadril tenham o mesmo formato de suas superfícies articulares (esferóideas), poucas pessoas são capazes de rodar ou balançar os membros inferiores com o mesmo grau de liberdade dos membros superiores. A cintura pélvica não tem a mobilidade da cintura escapular, mas é muito mais estável. (MARIEB, 3ª ed.). ↠ O cíngulo do membro inferior (quadril) é formado pelos dois ossos do quadril, também chamados de ossos coxais (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Os ossos do quadril se unem anteriormente na articulação chamada de sínfise púbica; unem-se posteriormente com o sacro nas articulações sacroilíacas (TORTORA, 14ª ed.). ↠ O anel completo composto pelos ossos do quadril, sínfise púbica, sacro e cóccix forma uma estrutura profunda, em forma de bacia, chamada de pelve óssea (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Os ossos do quadril são largos, apresentam um formato irregular e na infância consistem de três ossos separados: o ílio (superior), o ísquio (posteroinferior) e o púbis (anteroinferior) (MARIEB, 3ª ed.). Por volta dos 23 anos de idade, os três ossos separados se fundem. Embora cada osso do quadril atue como um osso isolado, os anatomistas comumente estudam cada osso do quadril dividido em três partes (TORTORA, 14ª ed.). ↠ No ponto da fusão do ílio, ísquio e púbis encontra-se uma profunda cavidade hemisférica chamada de acetábulo ("taça de vinho") sobre a superfície lateral da pelve. O acetábulo recebe a cabeça do fêmur, o osso da coxa, formando a articulação do quadril (MARIEB, 3ª ed.). ÍLIO ↠ O ílio ("flanco") é a região alargada que forma a parte superior do osso do quadril (MARIEB, 3ª ed.). ↠ O ílio, o maior dos três componentes do osso do quadril, é composto por uma asa superior e um corpo inferior. O corpo é um dos integrantes do acetábulo, o encaixe para a cabeça do fêmur (TORTORA, 14ª ed.). AP 11 – “OSSO FRACO” 2 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck ↠ A margem superior do ílio, a crista ilíaca, termina anteriormente em uma espinha ilíaca anterossuperior romba (TORTORA, 14ª ed.). Essa crista é mais espessa em uma região chamada de tubérculo ilíaco (MARIEB, 3ª ed.). Quando você coloca as mãos sobre os quadris, você as apoia sobre a margem superior espessada das asas, as cristas ilíacas (MARIEB, 3ª ed.). ↠ Abaixo da espinha ilíaca anterossuperior encontramos a espinha ilíaca anteroinferior. Posteriormente, a crista ilíaca termina em uma crista ilíaca posterossuperior aguda (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A espinha ilíaca ântero-superior é um ponto de referência anatômico especialmente importante. Ela é facilmente palpável e é visível em pessoas magras. A espinha ilíaca póstero-superior é mais difícil de palpar, mas sua posição é evidenciada pelas covinhas na pele na região sacral (MARIEB, 3ª ed.). IMPORTANTE: As espinhas servem de pontos de inserção dos tendões dos músculos do tronco, quadril e coxas (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Abaixo da espinha ilíaca posteroinferior está a incisura isquiática maior, pela qual passa o nervo isquiático, o nervo mais longo do corpo, juntamente com outros nervos e músculos (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A face medial do ílio contém a fossa ilíaca, uma concavidade onde está fixado o tendão do músculo ilíaco. Posteriormente a essa fossa se encontra a tuberosidade ilíaca, um ponto de fixação para o ligamento sacroilíaco, e a face auricular (“forma de orelha”), que se articula com o sacro para formar a articulação sacroilíaca. Projetando- se anterior e inferiormente a partir da face auricular, há uma crista chamada de linha arqueada (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Os outros acidentes notáveis do ílio são três linhas em sua face lateral chamadas de linha glútea posterior, linha glútea anterior e linha glútea inferior. Os músculos glúteos se fixam ao ílio entre essas linhas (TORTORA, 14ª ed.). ÍSQUIO ↠ O ísquio, a parte posteroinferior do osso do quadril (com um formato semelhante a um L, ou a um arco), compreende um corpo superior e um ramo inferior (TORTORA, 14ª ed.). ↠ O ramo é a parte do ísquio que se funde com o púbis. Os acidentes anatômicos do ísquio englobam a proeminente espinha isquiática, a incisura isquiática menor abaixo da espinha e um túber isquiático rugoso e espesso (TORTORA, 14ª ed.). Sua espinha isquiática projeta-se medialmente para a cavidade pélvica e serve corno um ponto de fixação para o ligamento sacroespinal, que se origina no sacro. Logo abaixo da espinha isquiática, situa-se a incisura isquiática menor. Vários nervos e vasos sanguíneos passam por essa incisura para suprir a área urogenital (MARIBE, 3ª ed.). Quando sentamos, nosso peso é completamente sustentado pelos túberes isquiáticos, que são as partes mais fortes dos ossos do quadril (MARIEB, 3ª ed.). Uma vez que essa tuberosidade proeminente se encontra logo abaixo da pele, é comum que comece a doer após um tempo relativamente curto na posição sentada sobre uma superfície dura (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Juntos, o ramo e o púbis circundam o forame obturado, o maior forame do esqueleto. O forame é assim chamado porque, mesmo que vasos sanguíneos e nervos passem por ele, ele é quase que completamente fechado pela fibrosa membrana obturadora (TORTORA, 14ª ed.). PÚBIS ↠ O púbis, que significa osso púbico, é a parte anteroinferior do osso do quadril. Um ramo superior, um ramo inferior e um corpo entre os ramos compõem o púbis (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A margem anterossuperior do corpo é a crista púbica e em sua extremidade lateral há uma projeção chamada de tubérculo púbico (um dos locais de fização para o ligamento inguinal). Esse tubérculo é o começo de uma linha elevada, a linha pectínea, a qual se estende superior e lateralmente ao longo do ramo superior para se fundir com a linha arqueada do ílio (TORTORA, 14ª ed.). Essas linhas, conforme será mostrado brevemente, são importantes referenciais para a distinção das porções superior (maior ou falsa) e inferior (menor ou verdadeira) da pelve óssea (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A sínfise púbica é a articulação entre os dois púbis dos ossos do quadril e consiste em um disco de fibrocartilagem (TORTORA, 14ª ed.). 3 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck ↠ Inferiormente a essa articulação, os ramos inferiores dos dois ossos púbicos convergem para formar o arco púbico (TORTORA, 14ª ed.). O grau de abertura desse arco ajuda a diferenciar a pelve masculina da pelve feminina (MARIEB, 3ª ed.). Nos estágios finais da gravidez, o hormônio relaxina (produzido pelos ovários e pela placenta) aumenta a flexibilidade da sínfise púbica a fim de facilitar o parto do bebê. O enfraquecimento da articulação, junto com o centro de gravidade já alterado decorrente do útero aumentado, também altera a marcha da mãe durante a gravidez (TORTORA, 14ª ed.). ↠ O acetábulo é uma fossa profunda formada pelo ílio, ísquio e púbis. Atua como um soquete que acolhe a cabeça redonda do fêmur. Juntos, o acetábulo e a cabeça do fêmur formam a articulaçãodo quadril. Na parte inferior do acetábulo há um entalhe profundo, a incisura do acetábulo, que forma um forame pelo qual passam vasos sanguíneos e nervos e que serve de ponto de inserção de ligamentos femorais (p. ex., o ligamento da cabeça do fêmur) (TORTORA, 14ª ed.). Pelve maior X Pelve menor ↠ A pelve óssea consiste da pelve falsa (ou maior) e da pelve verdadeira (ou menor) separadas pela linha terminal, uma linha oval contínua que se estende desde a crista púbica até a linha arqueada e o promontório do sacro (MARIEB, 3ª ed.). É possível delinear a linha terminal seguindo os referenciais de partes dos ossos do quadril para formar o traçado de um plano oblíquo. Começando por trás no promontório da base do sacro, faça um traço lateral e inferiormente ao longo das linhas arqueadas do ílio. Continue no sentido inferior ao longo das linhas pectíneas do púbis. Por fim, traceje anteriormente ao longo da crista púbica até a parte superior da sínfise púbica. Juntos, esses pontos formam um plano oblíquo, mais alto atrás do que na frente. A circunferência desse plano é a linha terminal (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A pelve falsa, localizada superiormente à linha terminal, é limitada pelas asas do ílio lateralmente e pelas vértebras lombares posteriormente (MARIEB, 3ª ed.). Ademais, a parede abdominal anteriormente (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A pelve falsa faz parte do abdome e ajuda na sustentação das vísceras abdominais. Porém, isso não determina nenhuma limitação para o parto (MARIEB, 3ª ed.). ↠ O espaço encerrado pela pelve maior é parte do abdome inferior; contém a parte superior da bexiga urinária (quando cheia) e o intestino grosso nos dois gêneros, e o útero, os ovários e as tubas uterinas na mulher (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A pelve verdadeira, a região inferior à linha terminal, é praticamente cercada apenas por estruturas ósseas. Ela forma urna bacia profunda que contém os órgãos pélvicos (MARIEB, 3ª ed.). Apresenta uma abertura superior, uma abertura inferior e uma cavidade e é limitada pelo sacro e cóccix posteriormente, pelas porções inferiores do ílio e ísquio lateralmente e pelos ossos púbicos anteriormente (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A pelve menor contém o reto e a bexiga urinária nos dois gêneros, a vagina e o colo do útero nas mulheres e a próstata nos homens (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A abertura superior da pelve, circundada pela linha terminal, é a entrada da pelve menor; a abertura inferior da pelve é a saída da pelve menor, coberta pelos músculos do assoalho pélvico (TORTORA, 14ª ed.). ↠ O eixo pélvico é uma linha imaginária que segue a curvatura da pelve menor a partir do ponto central do plano da abertura superior da pelve até o ponto central do plano da abertura inferior da pelve. Durante o nascimento da criança, o eixo pélvico é a rota seguida pela cabeça do bebê conforme ele vai descendo pela pelve (TORTORA, 14ª ed.). 4 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck Suas dimensões, particularmente das aberturas superior e inferior da pelve, são críticas para a passagem do bebê sendo cuidadosamente medidas pelo obstetra (MARIEB, 3ª ed.). Pelvimetria é a medida do tamanho das aberturas superior e inferior do canal do parto, que pode ser feita por ultrassonografia ou exame físico. A medida da cavidade pélvica em mulheres grávidas é importante porque o feto precisa passar pela abertura mais estreita da pelve na hora de nascer. Uma cesariana é normalmente planejada quando é determinado que a cavidade pélvica é muito pequena para permitir a passagem do bebê (TORTORA, 14ª ed.). Comparação entre as pelves feminina e masculina ↠ Em geral, os ossos masculinos são maiores e mais pesados e possuem acidentes superficiais maiores que os ossos femininos de idade e estrutura física comparáveis. As diferenças relacionadas com o sexo nas características ósseas são prontamente aparentes quando se comparam as pelves masculinas e femininas adultas (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A maioria das diferenças estruturais pélvicas são adaptações às necessidades da gravidez e do parto. A pelve feminina é mais larga e mais rasa do que a masculina. Consequentemente, há mais espaço na pelve menor da mulher, sobretudo nas aberturas superior e inferior da pelve, para acomodar a passagem da cabeça do bebê durante o parto (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A pelve feminina é modificada para o parto: é mais larga, mais rasa, mais fina e mais oval que a masculina (MARIEB, 3ª ed.). COMPARAÇÕES DAS PELVES MASCULINA E FEMININA CARACTERÍSTICAS FEMININA MASCULINA ESTRUTURA GERAL Leve de delgada Pesada e espessa PELVE MAIOR (FALSA) Rasa Profunda LINHA TERMINAL (ABERTURA DA PELVE SUPERIOR Ampla e mais oval Estreita e em forma de coração ACETÁBULO Pequeno e orientado anteriormente Grande e orientado lateralmente FORAME OBTURADO Oval Redondo ARCO PÚBICO Mais de 90º Menos de 90º CRISTA ILÍACA Menos encurvada Mais encurvada ÍLIO Menos vertical Mais vertical INCISURA ISQUIÁTICA MAIOR Larga Estreita CÓCCIX Mais móvel e mais curvado anteriormente Menos móvel e menos curvado anteriormente SACRO Mais curto, mais largo e menos encurvado anteriormente Mais longo, mais estreito e mais encurvado anteriormente Articulação do quadril ↠ A articulação do quadril é uma articulação esferóidea formada pela cabeça do fêmur e pelo acetábulo do osso do quadril (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A profundidade do acetábulo é aumentada por uma borda circular de fibrocartilagem chamada de lábio do acetábulo. As superfícies articulares do lábio e da cabeça do fêmur apresentam um bom encaixe, por isso deslocamentos da articulação do quadril são raros (MARIEB, 3ª ed.). 5 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck COMPONENTES ANATÔMICOS ➢ Cápsula articular: Cápsula muito densa e forte que se estende da margem do acetábulo até o colo do fêmur e envolve completamente a articulação. Com seus ligamentos acessórios, essa é uma das estruturas mais fortes do corpo. A cápsula articular consiste em fibras longitudinais e circulares. As fibras circulares, chamadas de zona orbicular, formam um colar ao redor do colo do fêmur. Ligamentos acessórios conhecidos como ligamento iliofemoral, ligamento pubofemoral e ligamento isquiofemoral reforçam as fibras longitudinais da cápsula articular (TORTORA, 14ª ed.). ➢ Ligamento iliofemoral (em forma de V): Porção espessada da cápsula articular que se estende da espinha ilíaca anteroinferior do osso do quadril até a linha intertrocantérica do fêmur. É considerado o ligamento mais forte do corpo e evita a hiperextensão do fêmur na articulação do quadril em posição ortostática (TORTORA, 14ª ed.). ➢ Ligamento pubofemoral (triangular): Porção espessada da cápsula articular que se estende da parte púbica da margem do acetábulo até o colo do fêmur. Esse ligamento evita a abdução excessiva do fêmur na articulação do quadril e reforça a cápsula articular (TORTORA, 14ª ed.). ➢ Ligamento isquiofemora (espiralado)l: Porção espessada da cápsula articular que se estende da parede isquiática do acetábulo até o colo do fêmur. Esse ligamento encontra-se frouxo durante a adução, tenso durante a abdução e reforça a cápsula articular (TORTORA, 14ª ed.). ➢ Ligamento da cabeça do fêmur (ligamento redondo): Faixa plana e triangular (originalmente uma dobra sinovial) que se estende da fossa do acetábulo até a fóvea da cabeça do fêmur (TORTORA, 14ª ed.). Este ligamento permanece frouxo durante a maioria dos movimentos do quadril; portanto, não é tão importante para a estabilização da articulação. De fato, sua função mecânica (se existe) é incerta, mas ele contém uma artéria que ajuda a manter o suprimento da cabeça do fêmur. Dano a essa artéria pode causar uma artrite grave na articulação do quadril (MARIEB, 3ª ed.). ➢ Lábiodo acetábulo: Uma borda de fibrocartilagem fixada à margem do acetábulo que aumenta a sua profundidade. Por isso, a luxação do fêmur é rara (TORTORA, 14ª ed.). ➢ Ligamento transverso do acetábulo: Forte ligamento que cruza a incisura do acetábulo. Sustenta parte do lábio do acetábulo e está conectado ao ligamento da cabeça do fêmur e à cápsula articular (TORTORA, 14ª ed.). Tendões musculares que cruzam a articulação e o quadril e os músculos da coxa que circundam a articulação contribuem para sua estabilidade e força. Entretanto, a cavidade profunda que mantém a cabeça do fêmur firmemente encaixada e os fortes ligamentos são os principais estabilizadores da articulação do quadril (MARIEB, 3ª ed.). Movimentos do quadril ↠ A articulação do quadril possibilita: (TORTORA, 14ª ed.). 6 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck ➢ Flexão e extensão ➢ Abdução e adução ➢ rotação lateral e rotação medial ➢ circundução da coxa ↠ A extrema estabilidade da articulação do quadril está relacionada com a forte cápsula articular e seus ligamentos acessórios, com a maneira pela qual o fêmur se encaixa no acetábulo e com os músculos ao redor da articulação (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Embora as articulações do ombro e do quadril sejam esferóideas, as articulações dos quadris não apresentam arco de movimento amplo (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A flexão é limitada pela face anterior da coxa que entra em contato com a parede abdominal anterior quando o joelho é flexionado e pela tensão dos músculos isquiotibiais quando o joelho está estendido (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A extensão é restrita pela tensão dos ligamentos iliofemoral, pubofemoral e isquiofemoral (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A abdução é contida pela tensão do ligamento pubofemoral e a adução pelo contato com o membro oposto e pela tensão do ligamento da cabeça do fêmur (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A rotação medial é limitada pela tensão no ligamento isquiofemoral e a rotação lateral pela tensão dos ligamentos iliofemoral e pubofemoral (TORTORA, 14ª ed.). 7 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck Densidade óssea O crescimento ósseo, assim como o desenvolvimento dos tecidos moles, requer os hormônios apropriados e quantidades adequadas de proteínas e de cálcio. O osso contém uma matriz extracelular calcificada formada quando os cristais de fosfato de cálcio precipitam e se fixam a uma rede de suporte constituída de colágeno. A forma mais comum de fosfato de cálcio é a hidroxiapatita. Embora a grande quantidade de matriz inorgânica no osso faça algumas pessoas pensarem nele como algo não vivo, o osso é um tecido dinâmico, sendo constantemente formado e degradado, ou reabsorvido. Espaços na matriz cálcio-colágeno são ocupados por células vivas que são bem supridas de oxigênio e nutrientes pelos vasos sanguíneos que correm ao longo de canais adjacentes (SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ A densidade mineral óssea (DMO) é o resultado de um processo dinâmico de formação e reabsorção do tecido ósseo chamado de remodelação. A reabsorção causa a deterioração desse tecido enquanto a formação do mesmo é responsável pela reconstrução e fortalecimento do tecido deteriorado. Esse processo ocorre ao longo da vida em ciclos de quatro a seis meses de duração (CADORE et. al., 2005). ↠ Durante a infância e a adolescência, tanto a deposição quanto a formação da massa óssea excedem a reabsorção, implicando aumento do conteúdo mineral ósseo (CMO) e da densidade mineral óssea (DMO) em fases que coincidem com o crescimento ponderoestatural acelerado. É durante as fases finais da puberdade (11 a 14 anos para meninas e 13 a 17 para os meninos) e início da fase adulta que se observa maior formação da massa óssea, caracterizando o chamado “pico de formação óssea” (ANDRADE et. al., 2010). Metabolismo ósseo ↠ Assim como a pele, os ossos se formam antes do nascimento, porém se renovam de maneira contínua depois disso (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Remodelação óssea é a substituição contínua do tecido ósseo antigo por tecido ósseo novo. Esse processo envolve reabsorção óssea, que consiste na remoção de minerais e fibras de colágeno do osso pelos osteoclastos, e deposição óssea, que é a adição de minerais e fibras de colágeno ao osso pelos osteoblastos (TORTORA, 14ª ed.). ↠ A maior parte do cálcio do corpo – 99%, ou aproximadamente 1,1 kg – é encontrada nos ossos. Entretanto, esse pool é relativamente estável, por isso é a menor fração corporal de cálcio não ósseo que é mais crítica para o funcionamento fisiológico (SILVERTHORN, 7ª ed.). ↠ Devido ao cálcio ser tão importante para diversas funções fisiológicas, a concentração plasmática de Ca+2 é estreitamente regulada. ↠ Três hormônios regulam o movimento de Ca+2 entre osso, rim e intestino: (SILVERTHORN, 7ª ed.). ➢ hormônio da paratireoide; ➢ calcitriol (vitamina D3); ➢ calcitonina. Efeitos do envelhecimento sobre o sistema esquelético ↠ Desde o nascimento até a adolescência, mais tecido ósseo é produzido do que perdido durante a remodelação óssea. Em adultos jovens, as taxas de deposição e reabsorção óssea são mais ou menos as mesmas. Com o declínio do nível dos hormônios sexuais na meia-idade, especialmente depois da menopausa, ocorre diminuição da massa óssea porque a reabsorção óssea realizada pelos osteoclastos ultrapassa a deposição óssea feita pelos osteoblastos (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Na velhice, a perda óssea por reabsorção ocorre mais rápido do que o ganho. Uma vez que os ossos das mulheres geralmente são menores e menos compactos do que os dos homens, a perda de massa óssea nos idosos tipicamente exerce um efeito adverso maior sobre as mulheres. Esses fatores contribuem para a incidência mais elevada de osteoporose em mulheres (TORTORA, 14ª ed.). ↠ As modificações mais significativas ligadas à idade no sistema esquelético afetam a qualidade e a quantidade de matriz óssea. Lembre-se que um mineral (hidroxiapatita) na matriz óssea oferece força de compreensão ao osso (suporte de peso), mas as fibras de colágeno tornam esse tecido flexível (SEELY, 10ª ed.). ↠ A matriz em um osso mais velho é mais frágil do que a de um osso novo porque a redução da produção de colágeno resulta em relativamente mais fibras minerais e poucas fibras de colágeno (SEELY, 10ª ed.). ↠ A perda de massa óssea resulta da desmineralização, que consiste na perda de cálcio e outros minerais da matriz óssea extracelular. (TORTORA, 14ª ed.). ↠ Com o envelhecimento, a quantidade de matriz também diminui porque sua taxa de formação pelos osteoblastos se torna mais lenta do que a taxa de quebra de matriz pelos osteoclastos (SEELY, 10ª ed.). 8 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck ↠ A massa óssea está no seu máximo por volta dos 30 anos de idade, e homens geralmente possuem ossos mais densos do que mulheres pelos efeitos da testosterona e maior peso corpóreo. Após 35 anos de idade, tanto o homem quanto a mulher sofrem perda óssea a uma taxa de 0,3 a 0,5% ao ano. Essa perda pode aumentar em 10 vezes nas mulheres após a menopausa, quando elas podem perder a massa óssea a uma taxa de 3 a 5% ao ano por aproximadamente 5 a 7 anos (SEELY, 10ª ed.). ↠ A princípio, osso esponjoso é perdido quando as trabéculas se tornam mais finas e fracas. A habilidade das trabéculas de fornecer suporte também diminui assim que elas se desconectam umas das outras. Por fim, algumas das trabéculas desaparecem por completo. A perda de osso trabecular é maior nas trabéculas que estão sob menor estresse. Em outras palavras, indivíduos mais sedentários experimentam maior perda óssea (SEELY, 10ª ed.). ↠ Uma perda lenta de osso compacto começa por volta de 40 anos e aumenta após os 45 anos. Entretanto, a taxa de perda de osso compacto é aproximadamente metade daquelavista no trabecular (SEELY, 10ª ed.). ↠ Ossos se tornam mais finos, mas suas dimensões externas são pouco alteradas, porque a maior parte do osso compacto é perdida abaixo do endósteo nas superfícies internas. Além disso, o osso compacto remanescente enfraquece devido ao remodelamento ósseo incompleto. Em um osso jovem, quando os ósteons são removidos, os espaços resultantes são preenchidos com ósteons novos. Com o envelhecimento, os ósteons novos não conseguem completar os espaços produzidos quando os ósteons velhos são removidos (SEELY, 10ª ed.). OSTEOPOROSE A manutenção da DMO é muito importante para a prevenção da osteoporose, caracterizada por uma diminuição acentuada da DMO, no qual a matriz e os minerais ósseos são perdidos devido ao excesso de reabsorção óssea em relação à formação. Esse processo é normalmente associado ao avanço da idade e à ocorrência da menopausa e leva a uma maior incidência de fraturas. Embora a perda óssea seja mais intensa nas mulheres, os homens também apresentam uma diminuição devido a idade avançada (CADORE et. al., 2005). A maior parte da reabsorção óssea ocorre no osso trabecular esponjoso, particularmente nas vértebras, nos quadris e nos punhos (SILVERTHORN, 7ª ed.). A osteoporose é mais comum em mulheres após a menopausa, quando a concentração de estrogênio cai. No entanto, homens mais velhos também desenvolvem osteoporose (SILVERTHORN, 7ª ed.). A osteoporose é uma doença complexa com componentes genéticos e ambientais. Os fatores de risco incluem tipo corporal pequeno e magro, idade pós-menopausa, fumo e baixa ingestão de Ca+2 na dieta (SILVERTHORN, 7ª ed.). Os fármacos mais efetivos para a prevenção e o tratamento da osteoporose atuam mais diretamente sobre o metabolismo ósseo. Eles incluem bifosfonatos, que induzem a apoptose dos osteoblastos e suprimem a reabsorção óssea, e teriparatida, um derivado do PTH que estimula a formação de novo osso. A teriparatida consiste nos primeiros 34 aminoácidos dos 84 aminoácidos que formam a molécula de PTH e precisa ser injetada, em vez de ser ingerida por via oral. Atualmente, os estudos clínicos estão focados na investigação de se alguma combinação de bifosfonatos e teriparatida é mais eficaz no combate à osteoporose do que a ação individual desses fármacos (SILVERTHORN, 7ª ed.). Para evitar a osteoporose na idade avançada, as mulheres jovens precisam manter uma dieta adequada em cálcio e realizar exercícios com sustentação do peso do corpo, como corrida ou exercícios aeróbios que aumentem a densidade óssea. A perda de massa óssea inicia aos 30 anos, muito antes de as pessoas pensarem estar em risco, e muitas mulheres sofrem de baixa massa óssea (osteopenia) muito antes de estarem cientes do problema. O exame da massa óssea (densitometria óssea) pode ajudar no diagnóstico precoce da osteopenia (SILVERTHORN, 7ª ed.). Medidas preventivas para evitar acidentes domésticos em idosos ↠ O processo de transição demográfica iniciou-se nos países desenvolvidos e já alcança os países em desenvolvimento. Este processo é causado pelo declínio da taxa de mortalidade e fecundidade, resultando no envelhecimento da população (RODRIGUES et. al, 2016). ↠ A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o idoso regularmente por meio da idade cronológica a partir de 60 anos em países em desenvolvimento e em países desenvolvidos a partir de 65 anos (GARCIA et. al., 2020). ↠ Quedas em idosos são consideradas um problema de saúde pública, devido ao seu alto índice que vem aumentando a cada ano (PAIVA et. al., 2019). ↠ Definimos queda como um acontecimento não ocasional, onde o indivíduo muda sua posição inicial bruscamente para o mesmo nível ou para um nível mais baixo (PAIVA et. al., 2019). ↠ A incidência de quedas é alta em idosos. Este evento pode ocasionar graves consequências, como: a diminuição da autonomia e capacidade funcional, o isolamento social e até mesmo provocar a morte. As quedas podem ser ocasionadas por vários fatores, como: 9 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck psicológicos, fisiológicos ou ambientais, que na maioria das vezes se encontram associados (RODRIGUES et. al, 2016). O principal fator psicológico relacionado às quedas é o próprio medo de cair. Estudos mostram que indivíduos que sofrem uma queda desenvolvem um medo de cair, que pode levar a comportamentos cautelosos auxiliares na prevenção de quedas ou reduzir a confiança, o que pode causar um maior risco de quedas (RODRIGUES et. al, 2016). Dentre os fatores fisiológicos, podemos citar àqueles que são inerentes ao processo de envelhecimento, como: a hipotrofia, sarcopenia, diminuição da mobilidade articular, mudanças no equilíbrio, diminuição da acuidade visual, entre outros (RODRIGUES et. al, 2016). Juntamente com o processo fisiológico, estão os fatores ambientais. A estrutura das cidades em geral não está muito bem preparada para receber os idosos, ao passo que existem muitas calçadas desniveladas, ruas esburacadas, degraus muito altos para entrada nos ônibus, semáforos com tempo de travessia muito curto, etc (RODRIGUES et. al, 2016). Além disso, a residência dos idosos muitas das vezes não está adaptada às suas necessidades, por exemplo: presença de tapetes, pisos escorregadios, degraus, ausência de bancos ou barras de apoio no banheiro, ausência de corrimão nas escadas, entre outros (RODRIGUES et. al, 2016). ↠ A prevenção de quedas e suas consequências é um urgente desafio de saúde pública internacional. Várias intervenções têm sido descritas: abordagem multifatorial dos fatores de risco identificados, programas de exercício físico, revisão terapêutica, correção de deficiências visuais, tratamento da hipotensão postural, abordagem de alterações do ritmo e de frequência cardíaca, tratamento de afecções do pé, modificação de fatores de risco ambientais do domicílio e a educação do indivíduo (BENTO; SOUSA, 2017). ADAPTAÇÕES INFRAESTRUTURAIS ↠ Segundo (BAIXINHO; DIXIE, 2020) algumas adaptações podem ser utilizadas para minimizar o risco de queda em idosos: ➢ Adaptar o espaço do quarto do idoso de modo a facilitar a sua mobilidade; ➢ Remover obstáculos que dificultem a marcha no quarto; ➢ Reajustar a altura da cama durante a noite, para que esta fique mais baixa; ➢ Manter a cadeira travada sempre que parada; ➢ Verificar se o piso da casa não está molhado; ➢ Manter as barras laterais de apoio no banheiro na posição de utilização; ➢ Assegurar que as zonas de circulação estejam bem iluminadas; ➢ Selecionar os sapatos adequados para o idoso (sola antiderrapante); ➢ Colocar grades na cama dos idosos; ATIVIDADE FÍSICA ↠ A prática de atividade física regular pode minimizar o risco de queda, favorecendo a melhora da saúde do idoso, sendo uma medida importante na prevenção de queda e oferecendo ao idoso mais confiança para realizar suas atividades diárias (PAIVA et. al., 2019). ↠ A atividade física poderia contribuir em todos os processos: desde o retardo de algumas alterações fisiológicas – contribuindo para a manutenção da força, melhora da flexibilidade e do equilíbrio - até mesmo para evitar o surgimento do medo de cair, pois os indivíduos reconhecerão a própria independência e as suas limitações (RODRIGUES et. al, 2016). ↠ Mostrou que o treinamento de seis meses de exercício direcionados para a prevenção de quedas resultou na melhora do equilíbrio e da marcha, através do aumento do comprimento das passadas e da diminuição do tempo de execução do Time up and Go Test (TUGT) (RODRIGUES et. al, 2016). ↠ Uma atividade realizada por muitos idosos é a dança de salão, que o ajuda não somente na manutenção do corpo, como também da alma. A dança de salão pode ser caracterizada como uma expressão corporal em que vivenciamos emoções, alegria e liberdade (PAIVA et. al., 2019). ↠ Adança promove benefícios como o equilíbrio, a flexibilidade, a coordenação motora e a consciência corporal, promovendo a elevação da qualidade de vida. A dança como atividade física tem fundamental importância no processo de envelhecimento, buscando recuperar as capacidades funcionais e, consequentemente, aumentando a qualidade de vida (PAIVA et. al., 2019). ↠ A análise deste estudo evidenciou que houve diferença significativa entre os dois grupos estudados, já que os praticantes de dança tiveram maior equilíbrio e, consequentemente, menor risco de quedas (PAIVA et. al., 2019). 10 Júlia Morbeck – 2º período de medicina @jumorbeck Referências TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016. SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em: Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017. MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed., Porto Alegra: Artmed, 2008. REGAN, J.; RUSSO, A.; VVANPUTTE, C. Anatomia e Fisiologia de Seely, 10ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. MARIEB, E.; WILHELM, P.; MALLATT, J. Anatomia humana, 7ª ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. ANDRADE et. al. Densidade mineral óssea e composição corporal em adolescentes com déficit de crescimento. Eistein, 2010. CADORE et. al. Efeitos da atividade física na densidade mineral óssea e na remodelação do tecido ósseo. Revista brasileira de medicina e esporte, 2005. RODRIGUES et. al. Prevenção de quedas no idoso: revisão da literatura brasileira. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, 2016 GARCIA et. al. Educação em saúde na prevenção de quedas em idosos. Brazilian Journal of Development, 2020. PAIVA et. al. Dança de salão na prevenção de quedas em idosos: estudo caso controle. Revista Cuidarte, 2019. BAIXINHO, C. L.; DIXE, M. A. Quais as práticas dos cuidadores para prevenir as quedas nos idosos institucionalizados? Revista Brasileira de Enfermagem, 2020. BENTO, J. R.; SOUSA, N. D Exercício físico na prevenção de quedas do idoso da comunidade: revisão baseada em evidência. Revista Brasileira de Família e Comunidade, 2017.
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