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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Doenças Neuromusculares Introdução Grupo grande e heterogêneo de doenças congênitas ou adquiridas, muitas vezes de caráter progressivo, que afetam qualquer estrutura das vias motoras periféricas. Podem acometer: - Neurônio motor (neuronopatias); - Raízes ou nervos periféricos (neuropatias – Túnel do Carpo); - Placa neuromotora (Miastenia Gravis); - Músculos (miopatias – Distrofia Muscular de Duchenne). São relativamente raras, mas com grande comprometimento da qualidade de vida. NEURONOPATIAS MOTORAS Envolvimento do corpo celular do neurônio motor inferior, podendo também afetar o neurônio motor superior. Principais doenças: - Poliomielite Anterior Aguda; - Atrofia Muscular Espinhal (AME); - Doença do Neurônio Motor (DNM). ATROFIA MUSCULAR ESPINHAL (AME) Doença pura do NMI, de causa genética autossômica recessiva, podendo ser dividida em 3 formas dependendo da gravidade. Acomete 10-15/10000 nascidos vivos. A progressão depende do processo degenerativo dos motoneurônios e os sintomas geralmente aparecem quando há comprometimento de pelo menos 40%. AME tipo 1 – Doença de Werdnig-Hoffmann Forma grave, desde o nascimento, com fraqueza muscular e hipotonia, com óbito antes de 1 ano de idade. Diagnóstico é com biópsia muscular: fibras atróficas, com ausência de motoneurônios. AME tipo 2 – Forma intermediária. Crianças com atraso do DNPM, não adquirem marcha. Biópsia muscular: grandes fascículos musculares atróficos, mas com presença de fibras normais agrupadas. AME tipo 3 – Doença de Kugelberg-Welander Comprometimento mais tardio e progressivo. Biópsia muscular: grandes agrupamentos de fibras sadias, com grupos de fibras atróficas por denervação secundária. Diagnóstico: eletromiografia (EMG), biópsia muscular e testes genéticos (gene SMN). Tratamento: Spinraza (2016), abeparvovec (2019) e Risdiplam (2020) Custo: cerca de U$3.000.000,00. DOENÇA DO NEURÔNIO MOTOR (DNM) VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Esclerose Lateral Amiotrófica – Doença de Lou Gehrig: Paralisia progressiva do NMS (liberação piramidal, clônus) e NMI (atrofia, fasciculações). Acometimento bulbar: disfagia, disfonia. Ausência de acometimento sensitivo, autonômico e visual. Afeta mais sexo masculino (2:1), na 6-7ª década de vida, com progressão e óbito em média em 36 meses, por falência respiratória. Pode ser esporádica ou familiar (5-10% dos casos), com início mais precoce. Mutação gene da enzima superóxido desmutase (SOD1). Não há cura, tratamento visa controle sintomático e suporte ventilatório. Riluzol: antagonista de glutamato, única medicação aprovada pelo FDA, com aumento da sobrevida em 3-6 meses. NEUROPATIAS Alteração de qualquer componente do sistema nervoso periférico (SNP). Podem ser classificadas de acordo com o envolvimento principal, axonal ou desmielinizantes, ou pela forma clínica, em aguda, subaguda ou crônica. Mononeuropatia: acometimento de um único nervo. Mononeuropatia múltipla: acometimento de vários nervos em momentos diferentes e de forma assimétrica Polineuropatia: acometimento de vários nervos ao mesmo tempo. Ex: Hanseníase (ulnar). - Corticoide, vitamina B e D Neuropatias Genéticas: Porfiria, Amiloidose familiar, Síndrome de Charcot-Marie-Tooth (neuropatia hereditária sensitivomotora), Neuropatias hereditárias autonômico-sensitivas. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Neuropatias Adquiridas: Hanseníase: mononeuropatia com espessamento e dor no nervo, mais frequente no ulnar, radial, tibial e mediano. Inicia com dor e parestesia, evoluindo com fraqueza e atrofia. Diabetes: acomete até 50% dos pacientes, principalmente com história de doença longa e mal controlada. Polineuropatia sensitiva distal e simétrica: “em luva e bota” Principal causa de dor neuropática. Alcoolismo: polineuropatia sensitivo-motora distal e simétrica, acomete mais MMII. No alcoolismo ocorre denutrição crônica que interfere na produção da bainha de mielina do nervo. Paraneoplásica. Doenças do colágeno e vasculites. Medicamentosas (temporária). Toxinas: tálio, chumbo, óleos industriais, solventes, organofosforados. Carenciais: vitamina B12. Síndrome de Guillain-Barré: (polineuropatia periférica ascendente progressiva): Polineuropatia desmielinizante inflamatória aguda. Déficit motor agudo simétrico, com início geralmente após algum quadro infeccioso ou vacinação. Evolução ascendente, com início em MMII e progressão com pico em 2 semanas, podendo evoluir com insuficiência respiratória. - Diagnóstico ENMG (polineuropatia com padrão desmilinizante) ou Líquor (dissociação proteino-citológico, com aumento de proteínas, sem aumento da celularidade). - Tratamento plasmaférese, imunoglobulina hiperimune (400mg/ kg/dia por 5 dias). - Reversão completa em 60% dos casos, mortalidade de até 10%. DOENÇAS DA JUNÇÃO NEUROMUSCULAR MIASTENIA GRAVE Fraqueza e fadiga muscular, que varia ao longo do dia, piorando a noite e após exercício físico. Início frequente em musculatura ocular (diplopia) e pálpebra (ptose). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Musculatura bulbar: dificuldade de mastigação, disfagia, disartria e disfonia. Acometimento dos membros: predomínio proximal. Crise miastênica: dispneia de instalação abrupta, podendo necessitar de suporte ventilatório, principal causa de mortalidade. Anticorpo antirreceptor de acetilcolina (ACh), mais frequente nas formas generalizadas do que na forma ocular pura. Teste diagnóstico: neostigmina, um inibidor da acetilcolinesterase de ação rápida e curta duração. ENMG: estimulação repetida, com queda progressiva do potencial Tomografia de tórax: associação com tumores do timo (timoma) em 10% dos casos. Tratamento: Inibidor de acetilcolinesterase: piridostigmina. Imunossupressores Timectomia (aumento do timo, que é local de produção de anticorpos). BOTULISMO Doença adquirida causada pela toxina produzida pelo Clostridium botulinum, uma bactéria anaeróbia Gram-positiva que pode contaminar alimentos. Toxina botulínica: bloqueador pré-sináptico da liberação de ACh Quadro clínico: fraqueza muscular rapidamente progressiva, com início em músculos extraoculares e faringe. Tratamento: antitoxina, suporte ventilatório. MIOPATIAS Distrofias Musculares Doenças primárias do músculo, de natureza genética, de caráter evolutivo e incurável. Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) e Distrofia Muscular de Becker (DMB): Herança recessiva ligada ao X, relacionada com a proteína de membrana distrofina – ausente da DMD e em menor quantidade da DMB. DMD VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C DMB Início mais tardio (10 anos) e progressão mais lenta, muitos pacientes ainda conseguindo deambular após os 35 anos. Ambas não possuem tratamento específico. Corticoesteroides: Deflazacort, prednisolona. Resposta parcial por alguns meses.
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