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Biomecânica do movimento corporal PROF.ª . SOCORRO FERNANDA COUTINHO DOS SANTOS Introdução Inicialmente é fundamental entender que o músculo esquelético possui quatro características comportamentais descritas por Hall (2016): EXTENSIBILIDADE IRRITABILIDADE DISPOSIÇÃO EM PRODUZIR TENSÃO ELASTICIDADE Introdução ➢ Extensibilidade Capacidade de o músculo ser alongado e/ou aumentar de tamanho; ➢ Elasticidade Disposição do músculo retornar ao seu comprimento inicial após ser estirado; Essa última característica permite que o osso receba uma transmissão suave da tensão muscular. Introdução • CES Localizado nos tendões e atua como uma espécie de mola quando o músculo é tensionado e alongado, uma vez que armazena e libera energia elástica nessas condições; • CEP Confere resistência ao músculo quando este é alongado de forma passiva através das membranas musculares. Esse comportamento elástico do músculo é resultante do componente elástico em série (CES) e do componente elástico em paralelo (CEP); Introdução Os componentes elásticos em séries e paralelos possuem propriedades viscoelásticas, ou seja, quando alongados, os músculos não retornam imediatamente ao seu tamanho inicial, essa característica é ainda influenciada pelo tempo que o músculo permaneceu alongado. Introdução ➢ Irritabilidade Capacidade do músculo responder a um estímulo, seja ele mecânico, como um golpe externo sobre o músculo, ou eletroquímico, por meio dos potenciais de ação (impulsos nervosos) do nervo associado ao músculo. Introdução ➢ Capacidade de produzir tensão Representa a contração muscular; Essa tensão não significa necessariamente o encurtamento do músculo (aproximação das linhas Z); O músculo pode criar uma tensão sem necessariamente gerar movimento, de acordo com o tipo de ação muscular. Ações musculares Ação muscular é a mesma coisa que contração muscular? Ações musculares ➢ Contração É a tensão produzida no músculo resultante dos mecanismos fisiológicos responsáveis pela formação de pontes cruzadas; ➢ Ação muscular É a consequência desse processo, que pode, eventualmente, causar movimento. Ações musculares O músculo constantemente é submetido ao encurtamento e alongamento, e isso provoca alterações em seu comprimento; Essas alterações são influenciadas pelo tipo de ação muscular realizada. Tipos de ações musculares ➢ Ação concêntrica Quando um músculo está ativo e suas inserções se aproximam, ele está ativo concentricamente (ou contraindo concentricamente); A ação muscular é uma ação concêntrica (ou uma contração concêntrica). Tipos de ações musculares ➢ Ação excêntrica Quando um músculo está ativo e suas inserções se afastando, ele está ativo excentricamente (ou contraindo excentricamente); A ação muscular é uma ação excêntrica (ou uma contração excêntrica). Tipos de ações musculares ➢ Ação isométrica Quando o músculo está ativo e suas inserções não se movem uma em relação à outra, ele está ativo isometricamente (ou contraindo-se isometricamente); A ação muscular é isométrica (ou uma contração isométrica); Como não ocorre movimento, o torque muscular se iguala da resistência, anulando o torque resultante. Ações musculares A linha de tração de um músculo é uma linha imaginária tracejada entre origem e inserção, representando a direção da força de tração gerada pela contração muscular; Essa direção ocorre ao longo de uma linha que vai desde a origem até a inserção do músculo; Isso é verdade para músculos que possuem pontos de origem e inserção únicos; (tríceps braquial tem mais de uma inserção e origem; trapézio tem origens ou inserções largas). Arquitetura do músculo esquelético Nessas situações, nenhuma linha de tração é aparente, e esta depende de quais fibras estão ativas; A organização das fibras em um músculo pode afetar sua função; A organização estrutural das fibras musculares interfere no quanto de força e velocidade o músculo pode produzir. Arquitetura do músculo esquelético ➢ Fusiformes Músculos longos cujas as fibras se alinham todas em paralelo à linha de tração do músculo são chamados de longitudinais ou em tiras. Arquitetura do músculo esquelético ➢ Peniformes Os músculos que têm fibras curtas não alinhadas com a linha de tração são chamados de penados (lembram penas); Os músculos penados ou peniformes podem ser: unipenados, bipenados e multipenados. Arquitetura do músculo esquelético • Unipenados Um conjunto de fibras dispostas obliquamente apenas em um dos lados do tendão; • Bipenados Fibras musculares que convergem dos dois lados do tendão; • Multipenados Fibras musculares possuem mais de dois conjuntos de fibras dispostas em diferentes ângulos de penação, se conectando em duas extremidades dos tendões. Músculos penados Arquitetura do músculo esquelético Em geral, os penados são capazes de exercer maiores forças se comparados a longitudinais de tamanho similar, mas estes podem se encurtar por uma maior distância; A maior quantidade de fibras musculares por área gera maior quantidade de pontes cruzadas formadas e recrutamento muscular, o que resulta em maior produção de força em fibras peniformes. Músculos monoarticulares e biarticulares Outra consideração importante do funcionamento do músculo esquelético é quanto ao número de articulações envolvidas em conjunto com a ação de um determinado músculo; Isso é de fundamental relevância, pois a prescrição dos exercícios da musculação é fortemente dependente dessas características. Músculos monoarticulares e biarticulares Monoarticulares • Cruzam uma articulação • Produtores de força • Estabilização articular • Controle de movimento • Penados na maioria Biarticulares • Músculos longos • Fusiformes na maioria; • Controle e direcionamento de grandes amplitudes de movimento • Mais propensos a lesões Para compreender se um músculo é monoarticular ou biartiarticular, é preciso saber quantas articulações o músculo atravessa. Sabemos, portanto, como classificar os músculos de acordo com o número de articulações que estes atravessam, mas, afinal, qual a relevância dessa informação? Músculos monoarticulares e biarticulares Em posição anatômica o músculo biarticular não apresenta a quantidade de pontes cruzadas que ele é capaz de formar, pois apresenta frouxidão; Por que o músculo biarticular precisa sofrer um pré-estiramento para favorecer a formação de um número maior de pontes cruzadas. Músculos monoarticulares e biarticulares • Como a tensão produzida pelo músculo é constante em toda sua extensão, o músculo biarticular influência simultaneamente as duas articulações pelas quais atravessa; • Ainda, podem ocorrer duas desvantagens em produzir tensão muscular pelos músculos biarticulares, que são a insuficiência ativa e a insuficiência passiva. Músculos biarticulares ➢ Insuficiência ativa Ocorre quando ambas as articulações cruzadas pelo músculo estão posicionadas em condição de colocar o músculo sob frouxidão; Se o exercício de flexão plantar for realizado com o joelho estendido, os gastrocnêmicos e sóleo participarão efetivamente do movimento, ao passo que, se esse exercício for realizado com o joelho flexionado, os gastrocnêmicos entrarão em insuficiência ativa (frouxidão muscular causada por seu excessivo encurtamento), dando lugar a participação apenas do sóleo no movimento. Músculos biarticulares ➢ Insuficiência passiva Com o aumento do grau de alongamento do músculo, este atingirá sua máxima extensibilidade e isso resultará na diminuição da sua capacidade tensional e, consequentemente, prejudicará a amplitude articular; Nessa condição, dizemos que o músculo entrou em insuficiência passiva. Relação entre comprimento e tensão A formação de pontes cruzadas, ou seja, a interação entre a actina e miosina, resulta na produção de força muscular; No entanto a disposição das pontes cruzadasaltera o total de força que o músculo é capaz de produzir, e isso ainda é influenciado pelo tipo de ação muscular. Relação entre comprimento e tensão • Considerando a força ativa, quando alongamos nosso músculo, a força gradativamente diminui devido a redução da formação de pontes cruzadas; • Então quer dizer que quanto mais encurtado nosso musculo estiver, mais forca ele produz? A resposta e não; • Existe um comprimento ótimo do sarcômero para que possamos produzir o máximo de força; • Abaixo ou acima desse comprimento, a forca ativa e reduzida. Relação entre comprimento e tensão • O sarcômero apresenta um comprimento ótimo, que fica entre o comprimento mais alongado e mais encurtado do sarcômero; • O músculo muito encurtado não oferece vantagem na produção de forca. O motivo é que, apesar do maior grau de sobreposição dos miofilamentos acontecer com o máximo de encurtamento do músculo, não há mais espaço para a actina deslizar sobre miosina nessa posição, reduzindo a tensão produzida pelo músculo; • Assim, existe um comprimento ótimo para produção de força ativa, o qual é responsável pela maior produção de força concêntrica, bem como de isométrica. Não somente o comprimento do sarcômero, mas também a velocidade de contração muscular modifica a magnitude de produção de força; Isso significa que aumentar a velocidade, diminui a força na ação muscular concêntrica; É essencial ressaltar que isso não significa ser impossível mover um grande peso em alta velocidade; Apenas significa que, em alta velocidade, realizar o máximo de força estará distante de ser feito. Relação entre comprimento e tensão Relação entre força e velocidade De maneira oposta, com o incremento do peso, a velocidade irá reduzir-se, causando o aumento da força; De forma similar, isso também não significa ser impossível mover um peso leve em baixa velocidade, pois, nessa condição, a velocidade de movimento poderá ser modulada; Por outro lado, se o aumento do peso continuar, a velocidade atingira valor zero, e a força máxima será, então, obtida. Ciclo alongamento-encurtamento Ao ser alongado e imediatamente encurtado, o músculo produz mais força e/ou potência durante o encurtamento se comparado à ausência do pré-estiramento; Esse processo de realização da ação excêntrica seguida da ação concêntrica é denominado como ciclo-alongamento- encurtamento (CAE); O CAE além de gerar maior força concêntrica, também produz menor trabalho mecânico devido ao baixo custo metabólico resultante desse ciclo. Ciclo alongamento-encurtamento O CAE é regulado pela energia elástica acumulada e pelo padrão de recrutamento muscular; Durante a fase excêntrica do movimento, parte da energia mecânica é absorvida pelos CESs, aumentando a produção de força muscular subsequente; É como alongar um elástico inicialmente e, ao soltá-lo, esperar um adicionamento de força para o seu encurtamento. Ciclo alongamento-encurtamento No caso do músculo, seria adicionar força proveniente da energia elástica à já obtida pela interação de pontes cruzadas; A transição entre as ações musculares deve ser rápida, caso o contrário, a energia elástica potencial será dissipada em forma de calor e não será utilizada para a ação muscular subsequente. Torque muscular Do ponto de vista biomecânico, a força é avaliada através do torque muscular; Torque ou momento de força, é definido como a tendência de uma força de produzir rotação em torno de determinado eixo; Para entender o conceito de torque, é importante saber como funciona um sistema de alavancas no exercício e os cinco componentes a este sistema relacionado: Torque muscular ➢ Haste rígida Representa um segmento corporal envolvido no movimento; ➢ Eixo Representa uma articulação, posicionado em algum ponto da haste rígida; serve como elemento para que o osso se movimente ao seu redor; ➢ Força potente Força gerada pelo músculo que movimenta o segmento em torno de seu eixo. É representada pela inserção do músculo. Torque muscular ➢ Força resistente Resistência externa oferecida por um peso (por exemplo, halter); ➢ Linha de ação da resistência É uma linha infinita que atravessa do ponto de aplicação da resistência em direção à força exercida. Torque muscular Os dois componentes do torque são a magnitude da força e o braço de alavanca. Torque muscular • A distância criada do ponto de aplicação de força até o eixo de rotação é caracterizada como braço de momento ou de alavanca; • O braço de momento é subdividido em braço de momento de força (BF) e braço de momento de resistência (BR); • O primeiro é a distância entre o eixo e o ponto de aplicação de força muscular (inserção do músculo), enquanto o segundo é caracterizado como a distância entre o eixo e o ponto de aplicação da resistência externa (um halter). Torque muscular Quanto maior for a distância do eixo em relação ao BF e BR, maior será o torque produzido pelo músculo. Torque muscular ➢ Vantagem mecânica Relação entre o braço de força e braço de resistência; Quanto maior o braço de força, maior a vantagem mecânica de uma lavanca; Quanto maior a vantagem mecânica menos força o músculo vai realizar para vencer a resistência.
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