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Semiologia médica II Barbara Assis 1 Introdução à semiologia neurológica Anamnese Na anamnese é importante que sejam identificados possíveis sinais e sintomas relatados pelo paciente, que podem indicar algumas complicações nervosas específicas: 1. Identificação: ⤷ Além dos dados do paciente questionar sobre mão dominante, escolaridade e outros que podem influenciar no seu comportamento 2. História da doença atual: ⤷ Questionar sobre o início dos sintomas, evolução, ordem de aparecimento e outros Sintomas agudos: segundos a minutos ⤷ Ex.: AVE, crise epilética, enxaqueca ⤷ Manifestação paroxicística: quando os sinais e sintomas tem início e fim súbito Sintomas subagudos: horas a dias ⤷ Ex.: doença infecciosa do SNC ou desmielinizante Sintomas crônicos: semanas, meses a anos ⤷ Ex.: doença estrutural do SNC - tumores, doença neurodegenerativa (Alzheimer, Parkinson, ELA) Tempo de duração Provável doença Minutos Vascular Horas Hematomas, meningites Dias Encefalites, abscessos Semanas Tumores, hematoma subdural Meses degenerativas o EVOLUÇÃO DO AVC Eixo horizontal: evolução temporal Eixo vertical: intensidade dos sintomas Semiologia médica II Barbara Assis 2 ⤷ Se instala em minutos ou horas, tem um período de platô estável, que determina a estabilidade do quadro e posteriormente, começa a declinar ao longo de semanas ou meses ⤷ Paciente pode ser curado posteriormente ou apresentar sequelas o EVOLUÇÃO DE TUMORES E DOENÇAS DEGENERATIVAS Eixo horizontal: tempo de evolução da doença Eixo vertical: intensidade desses ⤷ Evolução lenta, gradual, progressiva e insidiosa ⤷ Geralmente não apresenta período de platô ou período de melhora da doença A piora é progressiva o DOENÇA DESMIELINIZANTE E DOENÇA PAROXICÍSTICA Primeiro gráfico: evolução de doenças como a Esclerose em Múltipla (doença desmielinizante), que evolui ao longo do tempo, com ondas sinuosas, pois os sintomas vão e voltam ⤷ Atinge qualquer parte do SNC, pode desencadear diferentes picos ao longo da vida do paciente O portador pode apresentar melhora em alguns períodos e permanecer assintomático por um longo tempo e voltar a apresentar déficits neurológicos como motor, visual e outros repetidamente Segundo gráfico: doença de manifestação paroxísticas, que possui início e término súbito e o paciente fica assintomático durante os episódios ⤷ Um quadro típico desta condição é a epilepsia 3. História patológica pregressa (HPP) Semiologia médica II Barbara Assis 3 Pacientes com neuropatias, pode nos permitir identificar acontecimentos prévios como agressões cerebrais ⤷ Pode demonstrar sintomas apenas na vida adulta ⤷ Ex.: anoxia periparto É importante investigar a história gestacional ⤷ Tipo de parto (como e onde o paciente nasceu) ⤷ Pós-parto (possíveis internações em CTI) ⤷ DNPM (atraso de desenvolvimento neuropsicomotor) Idade em que começou a falar as primeiras palavras Idade em que começou a andar ⤷ Primeiros passos, normalmente, entre 11 meses e 1 ano Idade em que começou a engatinhar ⤷ Outros Vacinações, doenças crônicas, hospitalizações, cirurgias, acidentes ou lesões (TCE), doenças infecciosas, doenças venéreas, defeitos congênitos, padrões de sono Quando o paciente é mais velho e não se lembra da infância, tente perguntar o básico (parto hospitalar ou domiciliar, por exemplo) 4. História familiar Consanguinidade entre os pais ⤷ Doenças heredodegenerativas Casos semelhantes na família 5. História fisiológica Sono ⤷ Sono insuficiente afeta a memória e a capacidade cognitiva Apneia obstrutiva do sono (ronco): sono superficializado Insônia: pode ser sintoma de depressão e ansiedade, por exemplo Bexiga neurogênica ⤷ Pode ser sintoma de diversas doenças neurológicas Esclerose múltipla, doenças medulares, síndromes demenciais Alimentação ⤷ Disfagia: engasgo Principal causa de morte de pacientes neurológicos acamados ⤷ Broncopneumonite aspirativa 6. História social Etilismo ⤷ Etilismo crônico é causa de muitas doenças cerebelares Tabagismo ⤷ Causa comum de AVC Uso de drogas ilícitas Comportamento sexual ⤷ 25% dos pacientes com HIV apresentam como primeiros sintomas os neurológicos o COMO FAZER OS DIAGNÓSTICOS? 1. Diagnóstico sindrômico Síndrome é um conjunto de sinais e sintomas que se associam e Semiologia médica II Barbara Assis 4 indicam uma determinada doença Pode ser determinado ainda na anamnese 2. Diagnóstico topográfico Localização da lesão anatômica (dentro ou fora do SNC), obtido no exame físico É mediado pelo diagnóstico sindrômico 3. Diagnóstico etiológico Identificação da etiologia da doença, ou seja, sua origem ⤷ Se trata de uma doença degenerativa, AVC ou outra, por exemplo Normalmente é o desfecho esperado de uma consulta neurológica ⤷ Ainda que o médico não consiga realizar o diagnóstico etiológico, como nos casos das doenças raras, o sindrômico e o topográfico devem sempre ser realizados, por meio da anamnese e exame físico Doenças com sinais e sintomas muito específicos, possuem difícil diagnóstico etiológico ⤷ Ex.: síndrome do neurônio motor superior ⤷ Perda de força de instalação súbita no braço e membro inferior direito ⤷ Reflexos exaltados, cutâneo e plantar ⤷ Extensão em Babinski ⤷ Hipertonia a direita Lesão do trato piramidal a esquerda, provavelmente na região cortical e subcortical da área motora ⤷ O diagnóstico etiológico mais provável então, seria um AVE ⤷ O diagnóstico diferencial poderia ser hematoma subdural O médico nunca deve se limitar a apenas um diagnóstico, é desejável que se pense em pelo menos 2 diagnósticos Exame físico neurológico o FUNÇÕES DO SNC AVALIADAS NO SISTEMA NEUROLÓGICO Consciência ⤷ Vigil e comportamento Motricidade ⤷ Envolve a força, reflexos e tônus Sensibilidades ⤷ Profunda e superficial e equilíbrio Sensório Trofismo ⤷ Estado de nutrição e desenvolvimento que um tecido apresenta, quando uma área (músculo e demais regiões - pele, pelos, unhas, articulações e ossos) fica privada de inervação, esta passa a apresentar alterações tróficas, tendem a se atrofiar Consciência É a primeira situação que deve ser avaliada no paciente Consciência: a noção que o indivíduo tem de si mesmo e do Semiologia médica II Barbara Assis 5 meio ambiente A consciência pode ser dividida em: ⤷ Nível de consciência ⤷ Conteúdo da consciência 1. NÍVEL DA CONSCIÊNCIA Grau de alerta ou de vigília comportamental que o indivíduo apresenta (grau da vigília até o coma profundo ou morte encefálica) Depende do Sistema Reticular Ativador Ascendente (SRAA) ⤷ Situada na região ponto-mesencefálica do tronco encefálico e do córtex cerebral como um todo Lesões no tálamo do hemisfério cerebral dominante também são graves e podem desencadear rebaixamento do nível de consciência ⤷ As fibras do SRAA passam dentro e fora do tálamo Nível de consciência ⤷ Vigil: acordado e responsivo ⤷ Com rebaixamento: paciente não responsivo Expressão mais usada é rebaixamento da consciência, mas pode ser usado: ⤷ Letárgico: indica que o paciente está rebaixado, mas responde a estímulos sonoros ⤷ Estupor: rebaixamento mais profundo, do nível de consciência, onde o paciente não responde a estímulos sonoros, só abre os olhos com estímulo tátil vigoroso ⤷ Coma: paciente com ausência da reação de despertar Pode ser resultado da compressão das fibras do SRAA e do córtex por hipertensão intracraniana, lesões, AVC (leva a um edema que se comporta como um traumatismo), alcoolismo (altera os neurotransmissores do SRAA e do córtex), intoxicação (altera a neuroquímica do SRAA ou do córtex cerebral como um todo) Escala de coma de Glasgow é a escala mais usada: Escala deComa de Glasgow Escore Resposta ocular Espontânea 4 À voz 3 À dor 2 Nenhuma 1 Resposta verbal Orientada 5 Confusa 4 Palavras inapropriadas 3 Palavras incompreensíveis 2 Nenhuma 1 Resposta motora Obedece a comandos 6 Localiza a dor 5 Movimentos de retirada 4 Flexão normal 3 Extensão normal 2 Semiologia médica II Barbara Assis 6 Nenhuma 1 Reatividade pupilar Bilateral Unilateral Inexistente 0 -1 -2 Gravidade da lesão Trauma leve Trauma moderado Trauma grave 15 - 13 12 - 9 8 - 3 Pontuação máxima Pontuação mínima 15 1 2. CONTEÚDO DA CONSCIÊNCIA Soma de todas as funções cognitivas e afetivas do ser humano ⤷ Funções cognitivas superiores (cognição - ato de conhecer): memória, linguagem, crítica, julgamento, raciocínio abstrato e outros Depende do córtex cerebral como um todo ⤷ Algumas regiões são mais responsáveis que outras, mas estas estão em constante comunicação entre si (exceto o cerebelo) Nem sempre vem somada à alteração do nível de consciência Paciente confuso no tempo e espaço, com perda de memória etc. Básico para testar o conteúdo da consciência: ⤷ Identificação ⤷ Localização ⤷ Data Ex: Alzheimer (só o conteúdo da consciência), AVE, TCE e outros quadros agudos (normalmente alteração no nível de consciência e do conteúdo) Faces típicas Face Congelada ⤷ Paciente sem expressão facial (perde a mímica da face), comum em pacientes com Parkinson Face Miastênica ⤷ Paciente possui semi-pitose bilateral (pálpebra cai, ficando com cara sonolenta) Semiologia médica II Barbara Assis 7 ⤷ Pode ser causada por picadas de animais peçonhentos e síndromes miastênicas Ex.: miastenia gravis, que leva a uma diminuição da Ach na placa motora, fazendo com que haja fraqueza muscular, pitose palpebral bilateral e diplopia (visão dupla) Paralisia facial ⤷ Desvio da comissura labial para um dos lados e um dos olhos praticamente não consegue fechar Face de Hutschinson ⤷ Característica da neurosifilis congênita Face da encefalopatia de Sturge-Weber ⤷ Mancha violácea que acompanha o território do nervo trigêmio Ocorre devido Angioma cutâneo, uma má formação congênita de capilares, que geram aspecto avermelhado, que pode ocorrer na face e no SNC ⤷ Além da mancha facial, os pacientes pode apresentar crise convulsiva, deficiência intelectual e predisposição à sangramento intracraniano ⤷ É importante ressaltar que o angioma cutâneo pode ocorrer isoladamente ao Sturge Weber, contudo, é um forte indicativo de ocorrência da doença Semiologia médica II Barbara Assis 8 Arterite Temporal ⤷ A artéria temporal estará edemaciada e o paciente irá relatar dor de cabeça intensa, na região temporal. o ATITUDE É a postura que alguém assume ⤷ Pode ser do tipo ativa (assumida pelo próprio paciente porque ele quis), ou passiva (assumida involuntariamente) Algumas doenças e condições possuem atitudes específicas ⤷ Ex.: cólicas, o paciente tende a inclinar o tronco sob o abdômen, denominada atitude antálgica Dentre as atitudes neurólogicas mais conhecidas, temos: ⤷ Atitude de Wernicke-Mann: adução com flexão do membro superior e extensão rígida com flexão plantar do mesmo dimídio, ao andar O paciente faz movimento de semicírculo com a perna, estando essa lesão no hemisfério central contralateral. Causado principalmente por AVC ⤷ Atitude Parkinsoniana: semiflexão rígida do cotovelo, joelhos, tronco e pescoço em que ele joga o seu corpo para frente e anda arrastando os pés Semiologia médica II Barbara Assis 9 Equilíbrio Essa condição é avaliada com o paciente em pé (posição ortostática), com os olhos abertos e fechados ou em deambulação 1. EQUILÍBRIO ESTÁTICO É a capacidade do indivíduo se manter em pé sem apoio ⤷ Depende de: Função vestibular: nervo vestibular e labirinto Função visual Sensibilidade proprioceptiva: propriocepção é a noção da posição e velocidade das partes do corpo, no espaço ⤷ Está alterada em casos de lesão do funículo posterior da medula e neuropatias Sensação tátil 2. EQUILÍBRIO DINÂMICO É a capacidade de deambular que o paciente apresenta ⤷ É avaliado com a observação da marcha, com os olhos abertos e fechados 3. ASTASIA Indivíduo perde a capacidade de manter-se em pé sem o apoio, contudo, não apresenta déficit de força (motor) ⤷ É causada por disfunção em algumas das vias responsáveis pelo equilíbrio 4. DISTASIA Perda parcial da capacidade de ficar em pé, o paciente amplia sua base de sustentação para ficar em pé ou andar Ex.: pessoa bêbada Equilíbrio estático Manobras de avaliação do equilíbrio estático: o MANOBRA DE ROMBERG O médico se mantém atrás do paciente, que ficará de pé, descalço, com os pés juntos e membros superiores ao lado do corpo ou cruzados acima do tronco Caso apresente lesão cerebelar, irá cair após um tempo 1. Pseudo Romberg É realizada após a manobra anterior, solicitando que o paciente feche os olhos Semiologia médica II Barbara Assis 10 Normal: consegue manter-se de pé por muito tempo, com os olhos abertos ou fechados (Romberg negativo) ⤷ Quando o paciente cai durante o teste, dizemos que houve sinal de Romberg (positivo) Pode ser sub-classificado: ⤷ Romberg clássico (funicular): Paciente apresente queda imediatamente após fechar os olhos, sem sentido preferencial (pode cair para qualquer lado) Normalmente é resultado de alterações nas raízes dorsais (responsáveis pela sensibilidade) e funículo posterior da medula (por onde passam as vias proprioceptivas) Ex.: mielose funicular (lesão do funículo posterior da medula causada por deficiência de vitamina B12), ataxia sensitiva, neuropatia periférica avançada (lesão dos nervos periféricos, por complicações distintas como do diabetes), esclerose múltipla, neurosífilis (IST em que o paciente se infecta e pode apresentar sintomas no SNC em até 40 anos depois) etc. ⤷ Romberg vestibular: O paciente cai após alguns segundos de ter fechado os olhos Sempre para o mesmo lado, que é o lado em que ocorreu a lesão vestibular unilateral (geralmente a lesão ocorre no nervo vestibular e mais raramente no núcleo vestibular do tronco encefálico e labirinto) Ocorre na ataxia sensitiva 2. Romberg Sensibilizado (Tandem e Romberg na espuma) Esse teste é utilizado para reforçar o Romberg vestibular, ou em casos de pacientes que queixam de vertigem (neurite vestibular) O paciente deve caminhar sobre uma espuma, com os braços cruzados a frente do corpo, colocando um pé na frente do outro, com os olhos abertos e depois fechados Quando o paciente apresentar lesão vestibular unilateral, cairá sempre para o mesmo lado (lado da lesão) ⤷ Isso ocorre porque a espuma causa uma repesagem sensorial Repesagem sensorial: ⤷ Sob uma superfície plana e rígida: o sistema somatosensorial (sistema propioseptível) mantem o paciente em pé ⤷ 70% sistema somatossensorial ⤷ 20% sistema vestibular ⤷ 10% o visual Em cima de uma espuma, se invertem os sistemas responsáveis pelo equilíbrio e ao fechar os olhos, sob uma espuma, o equilíbrio passa a ser praticamente totalmente dependente do sistema vestibular ⤷ 60% sistema vestibular ⤷ 30% sistema visual ⤷ somatossensorial é desprezado ⤷ Nos casos em o que o paciente possui lesão nesse sistema, haverá a queda o DANÇA DOS TENDÕES Quando o paciente oscila muito, mas não cai (não apresenta sinal Semiologia médica II Barbara Assis 11 de Romberg) Indica lesão no cerebelo Os tendões do dorso do pé, principalmente do tibial anterior, ressaltam de baixo da pele Ocorre na ataxia cerebelar Equilíbrio dinâmico Um paciente normal, apresenta balanceio dos membros superiores em sincronia com os passosdos membros inferiores, de forma contralateral (sincinesia fisiológica da marcha) Pacientes com determinadas complicações podem apresentar marchas específicas 1. Marcha ceifante ou helicópode ou hemiplegia: Flexão e adução do membro superior de um lado e extensão rígida do membro inferior com flexão da planta do pé do mesmo lado, quando deambula tende a fazer um movimento de semicírculo com o membro inferior comprometido ⤷ Atitude de Wernicke-Mann Comum em casos de AVC 2. Marcha espática ou espasmódica: Marcha em tesoura. presente na lesão do neurônio motor superior, que faz com que o músculo enrijeça, na paralisia cerebral, anóxia periparto e outras O paciente apresenta dificuldade para andar, bases estreitas, com tendência a raspar a parte anterior da planta do pé no chão Semiologia médica II Barbara Assis 12 3. Marcha atáxica cerebelar (ebriosa): Presente na ataxia cerebelar, em usuários de drogas, usuários da Hidantoina (fármaco anticulvulsionante muito utilizado) e a Carmabaxepina, além de tumores e AVC no cerebelo O paciente apresenta base de sustentação ampliada, instabilidade ao deambular que não piora muito com os olhos fechados (o paciente joga o corpo para frente, para trás, para o lado ao mesmo tempo, sem coordenação) 4. Marcha atáxica talonante (calcaneante): Ocorre ampliação da base de sustentação e durante a deambulação o paciente bate os calcanhares do chão, que piora com os olhos fechados, podendo até haver impossibilidade de locomoção Ocorre por alteração da sensibilidade cinético-postural ou proprioceptiva, desencadeadas por lesões das raízes dorsais e funículo posterior da medula (lesões radículo-cordonal posterior), devido deficiência de vitamina B12, esclerose múltipla, tabes dorsalis (neurossífilis), pseudo tabes diabética e outros Presente na ataxia sensitiva 5. Marcha atáxica vestibular: Nesta situação o paciente amplia a base de sustentação e tende a desviar a marcha para o lado da sua lesão vestibular unilateral Pode ser resultado de lesões do nervo vestibular (labirintopatias), ou mais raramente do labirinto Marcha em estrela de Babinski-Weill: ⤷ Ao caminhar em linha reta com os olhos fechados, para frente e para trás, os desvios da marcha descrevem a figura de um estrela no chão (quando caminha para frente há desvio para o lado da lesão vestibular e para trás, desvio para o lado oposto) ⤷ A lesão normalmente é no nervo vestibular ou núcleo e menos comumente no labirinto Semiologia médica II Barbara Assis 13 6. Marcha escarvante: Não consegue fazer a dorso-flexão do pé e por isso, tende a arrastar a ponta do pé, no chão Desencadeada por lesões do nervo fibular (raízes L4 -L5) ⤷ Pode ser causada por: diabetes avançada, gesso apertado, hernia discal, polineuropatia etc. 7. Marcha escarvante com “steppage”: Na tentativa de compensar a marcha escarvante, o paciente eleva demasiadamente os joelho, como se estivessem subindo escadas, normalmente é bilateral e tem as mesmas causas que a marcha escarvante 8. Marcha anserina ou miopática: O portador geralmente apresenta hiperlordose lombar e ao deambular, balanceia acentuadamente as bacias para os lados. Pode ocorrer em casos de distrofias musculares, poliomiosites, gravidez em idade avançada 9. Marcha de pequenos passos: O paciente realiza passos curtos, arrastando os pés no chão É típica da doença de Parkinson de fase avançada 10. Festinação: O paciente também realiza passos curtos e ao ver um obstáculo, acelera a marcha sem sair do lugar É vista na doença de Parkinson 11. “Clown gait” ou marcha do palhaço ou marcha coréica: Marcha hipercinética, com movimentos desconexos dos braços e das pernas, que lembra os trejeitos de um palhaço do circo Semiologia médica II Barbara Assis 14 Os movimentos são involuntários, súbitos, de curta duração, não estereotipados e imprevisíveis Também chamado de coréia e é muito comum na febre reumática Semiologia médica II Barbara Assis 15 Síndromes motoras Motricidade Envolve os neurônios motores superiores e inferiores ⤷ Lesões nessas estruturas podem resultar em anormalidades e instalações de síndromes com quadro típico de déficit de força Neurônios motores superiores A maior parte se encontra no giro pré central (giro motor) ⤷ De onde lançam seus axônios e formam o trato piramidal (trato motor) formado pelo trato corticoespinhal e trato corticonuclear Trato corticoespinhal: ⤷ Lateral: posteriormente à cápsula interna (tálamo) vai para o pedúnculo mesencefálico depois para a ponte, a seguir para as pirâmides bulbares (onde ocorre a decussação) e finalmente para a medula ⤷ Anterior ou ventral: algumas fibras não sofrem decussação e continuam anteriormente Trato córticonuclear: algumas fibras que saem do trato córticoespinhal e fazem conexão com os pares de nervos cranianos motores do tronco encefálico (exemplo: nervo oculomotor, nervo facial etc) Qualquer lesão nessas vias: síndrome do neurônio motor superior o CAUSAS DA SÍNDROME DO NEURÔNIO MOTOR SUPERIOR No corpo do neurônio (logo abaixo do córtex): AVC, tumor no cérebro, sangramento intracraniano, sequelas de traumatismo cranioencefálico Na medula: sequela de traumatismo raquimedular (secção nas fibras que descem) Neurônios motores inferiores São bastante longos e compõe a via periférica ⤷ Saem do corno anterior da substância cinzenta da medula e formam a raiz anterior (ou ventral ou motora) ⤷ Se unem a raiz sensitiva e formam os plexo braquial ou lombosacral, a depender do nível da medula, de onde saem os nervos periféricos Lesão em qualquer lugar dessa inervação vai resultar na síndrome do neurônio motor inferior Lesão a nível de placa motora: resulta nas síndromes miastênicas Lesão muscular: denominadas miopatias o CAUSAS DE SÍNDROME DO NEURÔNIO MOTOR INFERIOR No corpo do neurônio (dentro da medula): poliomielite, esclerose lateral amiotrófica (ELA), mielite Semiologia médica II Barbara Assis 16 A nível da raiz ventral: hérnia de disco e traumas A nível do plexo braquial ou lombossacral: lesão por arma branca e arma de fogo, lesão no parto (distensão do braço da criança), avulsão do plexo braquial (puxão rápido/violento em um acidente, por exemplo) A nível do nervo periférico: neuropatias (diabética, alcoólica, hanseníase, deficiência de vitamina B12) Na placa motora: miastenia gravis Síndrome do neurônio motor superior Síndrome do neurônio motor inferior Força muscular Fraqueza – mais distal Fraqueza – focal ou generalizada Tônus Aumentado Diminuído ou normal Trofismo Pouca atrofia / tardia Atrofia leve a grave Reflexos Aumentados / hiperativos Diminuídos ou abolidos Reflexo cutâneo- plantar Em extensão sinal de Babinski Em flexão ou abolido Reflexo cutâneo- abdominal Ausente Pode estar presente Fasciculação Ausente Presente (em lesão de motoneurônios) Força muscular Pesquisada no exame de motricidade, o paciente deve vencer a gravidade Manobra de força contra a resistência oposta ao examinador o MANOBRAS DE FORÇA DOS MEMBROS SUPERIORES A avaliação da força deve ser iniciada nos membros superiores, no sentido proximal para o distal ⤷ Elevação dos braços: músculo deltoide (nervo axilar, raízes C5 e C6) ⤷ Flexão do antebraço: músculo bíceps (nervo músculo cutâneo, raízes C5 e C6) ⤷ Extensão do antebraço: músculo tríceps (nervo radial, raiz C7) Semiologia médica II Barbara Assis 17 ⤷ Flexão dos dedos: músculos flexores da mão (nervo mediano e ulnar, raízes C7, C8 e T1) ⤷ Abdução dos dedos: músculos interósseos – abdutor do dedo mínimo (nervo ulnar, raiz C8 e T1) ⤷ Movimento de pinça: músculos do polegar e do indicador (nervomediano, raízes C8 e T1) o MANOBRAS DEFICITÁRIAS DOS MEMBROS SUPERIORES O paciente deve vencer a gravidade, para isso, deve manter os braços estendidos para frente, sentado, em supinação no plano horizontal, com os dedos afastados, durante 15 a 60 segundos, se um braço cair antes do outro, significa que há diminuição da força naquele membro Devemos ainda solicitar que o paciente estenda os braços com uma das mãos em pronação e a outra em supinação e que dedilhe, como se estivesse tocando um piano (flexão e extensão dos dedos, de forma alternada), caso um braço tenha déficit de força, os dedos de uma das mãos reduzirão os movimentos Manobra de Raimiste: realizada quando o paciente está acamado e não pode ficar em pé ou sentado Semiologia médica II Barbara Assis 18 ⤷ Paciente deitado estende apenas o antebraço de ambos os membros superiores, formando ângulo de 90° com o plano horizontal, se mantendo assim o máximo que puder, quando um membro tem déficit de força, esse cairá primeiro ⤷ Pacientes que sofreram AVC costumam apresentar déficit de força distal o MANOBRAS DE FORÇA DOS MEMBROS INFERIORES: Em decúbito dorsal, com o paciente deitado, os movimentos são realizados no sentido proximal para o distal ⤷ Flexão da coxa: solicitar que o paciente eleve a coxa contra resistência, estando com a mão no seu joelho, dificultando o movimento Quando ocorre alterações, indica problemas no músculo íleopsoas (nervo femoral, raízes L1, L2 e L3) ⤷ Extensão da perna: a mão do examinador ficará posicionada acima do pé do paciente (canela) e este deve estender a perna, como se estivesse dando um chute Dificuldade na extensão da perna sobre a coxa indica alterações no quadríceps femoral (nervo femoral, raízes L2, L3 e L4) ⤷ Flexão da perna: o paciente deve fazer a flexão da perna sobre a coxa, onde a mão do examinador ficará na panturrilha do paciente Este movimento é dependente do bíceps femoral - semitendinoso e semimembranoso (nervo ciático, raízes L5, S1 e S2) ⤷ Dorso flexão do pé: o paciente deve realizar a dorso flexão do pé contra resistência Músculos tibial anterior, extensor longo dos dedos e do hálux (nervo fibular, raízes L4 e L5) Semiologia médica II Barbara Assis 19 ⤷ Flexão plantar contra resistência Músculos responsáveis são o gastrocnêmio, sóleo e tibial posterior (nervo tibial, raízes S1 e S2) ⤷ Pode ainda ser solicitada: Eversão do pé (paciente joga o pé para fora), movimento realizado pelo nervo fibular (S1) Inversão do pé (paciente joga o pé para dentro) é realizada pelo nervo tibial e nervo fibular o MANOBRAS DEFICITÁRIAS DOS MEMBROS INFERIORES Manobra de Mingazzini: manobra clássica para vencer a gravidade ⤷ O paciente deve ficar em decúbito dorsal com as coxas fazendo ângulo de 90° com abdome e as pernas fazendo ângulo de 90° com as coxas, os pés irão permanecer na vertical por pelo menos 30 segundos e quando uma das pernas cai antes da outra, indica déficit de força Manobra de Barré: que avalia os músculos semitendinosos, da região posterior da coxa ⤷ O paciente deve ficar em decúbito ventral, com as pernas fazendo ângulo de 90° com as coxas Também terá importância se uma perna cair antes da outra Manobra do pé: mais utilizada em pacientes em coma, que não obedecem a comandos, nesta, o paciente deve ficar em decúbito dorsal, com e membros inferiores em extensão com os pés em posição vertical ⤷ O examinador segura os pés do paciente e solta simultaneamente, o pé que cai primeiro, indica deficiência de força dos músculos rotatórios internos (os pés desviam para fora) o GRADUAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR Grau V: força muscular normal, o paciente é capaz de vencer a gravidade e a resistência oposta, aplicada pelo examinador Semiologia médica II Barbara Assis 20 Grau IV: vence a gravidade, mas vence com dificuldade a resistência Grau III: vence a gravidade, mas não vence a resistência (não resiste) Grau II: não vence a gravidade, nem a resistência, o paciente apenas desloca o membro (não levanta o membro, mas mexe) Grau I: não desloca o membro, apenas apresenta movimentos vestigiais, contração muscular (mexe um pouquinho) Grau 0: ausência de contração muscular (plégico – paralisia completa) o CLASSIFICAÇÃO DOS DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO Plegia: perda da função motora, perda de força total do membro (paralisia) Paresia: perda parcial da função motora (paralisia parcial) ⤷ É o mais comum Não confundir com parestesia (sensação de dormência, formigamento), nem com palestesia (sensibilidade vibratória, quando aplicado o diapasão) ⤷ Paraparesia: é a perda parcial de força em membros homólogos, podendo ser crural (pernas) ou braquial (braços) Hemiplegia: perda da função motora na metade do corpo (hemicorpo/dimídio) ⤷ Hemiplegia completa: quando acorre paralisia de um membro inferior, um membro superior e pelo menos um par de nervos cranianos de um mesmo lado (geralmente o nervo facial) Menos comum e geralmente a lesão ocorre na capsula interna contralateral (geralmente a lesão é subcortical, como AVC) ⤷ Hemiplegia incompleta: geralmente ocorre paralisia do membro inferior ou superior, ou de um par craniano e membro superior do mesmo lado A mais comum é chamada de hemiplegia braquiocrural, em que há acometimento de um membro superior e outro inferior ⤷ A topografia desta lesão normalmente é no hemisfério cerebral contralateral, na região cortical e subcortical ⤷ Pode ser causada por AVC, tumores e outros ⤷ Hemiplegia proporcionada: déficit de força no membro inferior e superior, na mesma intensidade e do mesmo lado Geralmente a lesão está mais próxima da capsula interna ⤷ Hemiplegia desproporcionada: os segmentos comprometidos apresentam perdas de função de intensidade diferente Mais comum que a proporcionada, significa que atingiu segmentos em porções diferentes Exemplo: Grau IV de força em membro superior e Grau II em membro inferior Geralmente a lesão está a nível cortical e subcortical ⤷ Hemiplegia alterna ou alternada: não é muito comum na prática médica e indica lesões delicadas O paciente apresenta hemiplegia de um lado e paralisia de um par de nervos cranianos contralaterais Semiologia médica II Barbara Assis 21 A lesão normalmente é no tronco encefálico Exemplo: ⤷ Síndrome de Millard-Gubler: paralisia do nervo abduscente (VI) e do nervo facial (VII) de um lado e hemiplegia contralateral, estando a lesão situada na ponte) ⤷ Síndrome de Weber: paralisia do nervo oculomotor (III) e hemiplegia contralateral (lesão no pedúnculo mesencefálico/cerebral) Paraplegia ou paraparesia: paralisia de membros homólogos, podendo ser crural (pernas) ou braquial (braços) Tetraplegia ou quadriplegia: perda da força nos 4 membros, geralmente causada por lesão medular cervical alta Monoplegia ou monoparesia: paralisia parcial ou total de apenas um membro Diplegia: termo pouco usado, indica dupla hemiplegia, ou paralisia facial bilateral Tônus muscular Tônus muscular: estado de semi-contração do músculo (estado involuntário de contração natural) Para a sua avaliação, o examinador faz a flexão e extensão dos membros, observando a resistência oferecida, que pode estar aumentada ou diminuída Hipotonia: resistência diminuída (flacidez muscular) ⤷ Normalmente associada a síndrome do neurônio motor inferior ⤷ Encontrada na fase aguda do AVC, síndromes cerebelares e algumas síndromes extrapiramidais (coréia) Hipertonia (mais frequente): resistência aumentada e por isso, os movimentos serão menos amplos ⤷ A hipertonia pode ocorrer de duas formas esplástica (elástica) ou plástica Hipertonia espástica, espasticidade ou elástica: ⤷ Mais comumente visto, ocorre na síndrome do neurônio motor superior⤷ Seletiva (predomina nos músculos antigravitários, principalmente nos flexores dos membros superiores e extensores dos membros inferiores) ⤷ Traduz o sinal do canivete positivo, que é pesquisado com a extensão do antebraço sobre o braço do paciente, onde há inicialmente resistência que cessa bruscamente, sendo que quanto mais rápido se mobiliza o membro, mais rígido fica (elocidade dependente) ⤷ Principais causas: AVC (na fase aguda ocorre hipotonia, e posteriormente faz hipertonia), além de traumatismo raquimedular e paralisia cerebral Hipertonia plástica: ⤷ Ocorre nas lesões ou disfunções dos núcleos das bases (síndrome Parkisonianas), por doença de Parkinson, uso de medicamentos, fase aguda do AVC, síndrome coréia etc. ⤷ Não seletiva, atinge praticamente toda a musculatura do corpo Semiologia médica II Barbara Assis 22 ⤷ Traduz o sinal da roda denteada, pesquisado com a flexão e extensão rápida do punho do paciente, onde encontramos resistência de intensidade oscilante (aumenta e diminui rapidamente, como uma engrenagem defeituosa), sendo mais nítido no punho Trofismo Trofismo: estado de nutrição e desenvolvimento de um tecido ⤷ Quando uma região fica privada de inervação, esta perde o trofismo e tende a se atrofiar ⤷ É mais característico da síndrome do neurônio motor inferior, na síndrome do neurônio motor superior ela é tardia ⤷ A atrofia é principalmente evidenciada mais distalmente (mãos, pés e outras extremidades) ⤷ Pode ser perceptível: Ectoscopia: comparar os diferentes hemicorpos Avaliação por fita métrica: mensuração da circunferência muscular Fasciculação Contração involuntária de uma unidade motora, ou seja, uma pequena contração de parte de um músculo, também chamada de movimento vermicular É visível e perceptível pelo paciente, mas não provoca deslocamento do segmento afetado ⤷ A tensão desenvolvida é insuficiente (o músculo treme, mas não é suficiente para deslocar o membro) ⤷ Exemplo de doença que causa muita fasciculação: ELA Pode ocorrer em situações benignas ⤷ após atividade física intensa ou durante crises de ansiedade Unidade motora: conjunto formado por um neurônio motor inferior e as fibras musculares por ele inervadas ⤷ Ex.: no quadríceps femoral há um neurônio motor inferior para cada 4000 fibras musculares, enquanto para o musculo da mão, onde há demanda de mais precisão do que força, tem-se um neurônio motor inferior, para cerca de 5 fibras musculares Fasciculação mioquimica / miocimia: “batimento” involuntário das pálpebras, (raramente relacionada a doença neurológica), geralmente é causada por ansiedade, cansaço visual e excesso de cafeína Semiologia médica II Barbara Assis 23 Continuação Reflexos profundos (proprioceptivos) Podem ser sutis, mas sempre serão constantes (tem sempre a mesma resposta) ⤷ Podem ser avaliados por meio da utilização do martelo de Buck ou Taylor, que será percutido do tensão dos músculos ⤷ Já a sensibilidade pode ser pesquisada pelo martelo de Babinski Todo reflexo tem seu nível de integração com o SNC, pelas vias aferente e eferente, que normalmente estão localizados em um mesmo nervo Resumidamente, nas situações em que encontramos hiperreflexia, indicam sinal de síndrome de neurônio motor superior, ou seja, a lesão encontra-se acima do seu nível de integração e em casos de arreflexia (ou hiporreflexia) é sinal de síndrome do neurônio motor inferior, ou seja, a lesão encontra-se no nível de integração ou abaixo dele Pontos de exaltação: regiões que uma vez percutidas, produzem uma resposta reflexa que não ocorre em situação normal o REFLEXOS DOS MEMBROS SUPERIORES Reflexo bicipital Reflexo tricipital Reflexo braquiorradial (estilorradial) Reflexo dos flexores dos dedos ⤷ Sinal de Hoffmann 1. Reflexo bicipital: Nível de integração: principalmente C5, mas também C6 Vias aferente e eferente: nervo musculo cutâneo ⤷ Quem depende desse reflexo é principalmente o músculo bíceps Ponto de exaltação: processos espinhosos cervicais, região supraclavicular, epicôndilo lateral do úmero e acrômio da escapula Técnica: ⤷ O antebraço do paciente será semifletido sobre o braço e apoiado na sua própria coxa, com a mão em ligeira supinação ⤷ O examinador deve tentar com o polegar, apalpar o tendão distal do musculo bíceps braquial, que se mostra um pouco profundo ⤷ O examinador deve então percutir sobre seu dedo polegar Resposta normal: contração do bíceps e flexão do antebraço Semiologia médica II Barbara Assis 24 sobre o braço, de forma discreta 2. Reflexo tricipital: Nível de integração: principalmente C7, mas depende de C8 Vias aferente e eferente: nervo radial Ponto de exaltação: não há Técnica: ⤷ O braço do paciente deverá ficar em abdução e apoiado na mão do examinador e com o antebraço caído ⤷ O examinador deverá realizar percussão direta do tendão distal do musculo tríceps, sem interposição do seu dedo Durante a pesquisa o examinador deve ir subindo a região de percussão, até chegar no musculo deltoide, para concluir se área reflexiva está aumentada (hiperreflexia) Resposta normal: extensão do antebraço sobre o braço 3. Reflexo braquiorradial ou estilorradial: Nível de integração: C5 e principalmente C6 Vias aferente e eferente: nervo radial Ponto de exaltação: epicôndilo lateral do úmero É o reflexo mais dolorido Técnica: ⤷ Antebraço do paciente semifletido sobre a coxa, ou apoiado na mão do examinador, com o punho em ligeira pronação ⤷ O examinador deve realizar a percussão do processo estiloide do rádio ou na extremidade distal do rádio Resposta normal: contração do braquiorradial e flexão do antebraço sobre o braço ⤷ Em casos em que o reflexo está exaltado, haverá resposta secundaria com a flexão dos dedos (hiperreflexia) 4. Reflexo dos flexores dos dedos: Nível de integração: principalmente C8, mas também T1 Vias aferente e eferente: nervo mediano e ulnar Ponto de exaltação: não há Técnica: ⤷ O examinador irá colocar o seu dedo indicador e médio na superfície palmar das falanges do pacienteA ⤷ Com a outra mão o examinador irá percutir sobre seus próprios dedos Resposta normal: flexão dos dedos ausente ou muito discreta ⤷ Em casos de exaltação, haverá flexão dos dedos Semiologia médica II Barbara Assis 25 5. Sinal de Hoffmann É uma técnica que também pesquisa o reflexo dos flexores dos dedos É ausente em situações normais, quando presente indica síndrome do neurônio motor superior (lesão piramidal) Técnica: ⤷ O examinador com seu dedo indicador e médio irá fixar entre seus dedos a falange média do dedo médio do paciente e com seu dedo polegar irá realizar uma flexão brusca da falange distal do dedo do paciente e relaxa bruscamente por várias vezes Sinal de Hoffmann positivo: o paciente irá flexionar os outros dedos e não só o manuseado pelo examinador o REFLEXOS DOS MEMBROS INFERIORES: ⤷ Todos podem estar exaltados em caso de hipertireoidismo Reflexo quadríceps (patelar) Reflexo do aquileu (tríceps sural) Reflexo dos adutores da coxa 1. Reflexo do quadríceps (patelar): Nível de integração: L2, L3 e principalmente L4 Vias aferente e eferente: nervo femoral Técnica: ⤷ O paciente deve estar sentado com as pernas pendentes ou em decúbito dorsal, com joelhos semifletidos e apoiados na mão do examinador ⤷ O examinador deve percutir o tendão distal do quadríceps femoral, logo abaixo da patela Resposta normal: contração do quadríceps e extensão da perna sobre a coxa ⤷ Quando exaltado haverá respostas a percussões nos processos espinhosos da região toraco lombares e na crista da tíbia É interessante realizar a percussão na coxa para testar se há exaltação 2. Reflexo do aquileu (tríceps sural): Nível deintegração: L5, S1 (principalmente) e S2 Vias aferente e eferente: nervo tibial Ponto de exaltação: são maléolos (medial ou lateral) e crista da tíbia Técnica: ⤷ Paciente sentado com as pernas pendentes ou em decúbito dorsal com a perna em ligeira em flexão e rotação externa ⤷ O examinador deve colocar a mão na planta do pé do paciente, realizando levemente uma dorso flexão do seu pé ⤷ Com a outra mão o examinador realiza uma percussão direta no tendão de Aquiles Resposta normal: flexão plantar do pé ⤷ A flexão por vezes não é vista, apenas sentida e normalmente é ausente em idosos 3. Reflexo dos adutores da coxa: Semiologia médica II Barbara Assis 26 Pontos de integração: L2, L3 e principalmente L4 Vias aferente e eferente: nervo obturador Pontos de exaltação: acima da sínfise púbica e processos espinhosos toracolombares Técnica: ⤷ Paciente em decúbito dorsal com os membros inferiores semifletidos em ligeira abdução, com pés apoiados na cama ou sentado com as pernas pendentes. ⤷ O examinador irá realizar percussão logo acima dos côndilos mediais do fêmur, nos tendões no côndilo medial do fêmur Resposta normal: leve adução da coxa e ligeira adução da coxa contralateral ⤷ Em casos de exaltação do reflexo haverá presença de abdução bilateral das coxas, quando realizamos a percussão dos processos espinhosos toracolombares ou na tíbia o MANOBRAS DE REFORÇO Devem ser realizadas em pacientes que se mostram muito rígidos durante a realização das manobras acima mencionadas As manobras são distratórias e ativa os mecanismos facilitadores, tornando os reflexos mais visíveis ou perceptíveis Dentre as manobras realizadas temos: ⤷ Manobra de Jendrassik: O paciente deve entrelaçar os dedos de uma mão a outra e tracioná-los em sentidos opostos É utilizada para pesquisa dos reflexos dos membros inferiores ⤷ Trincar os dentes: O paciente deve apertar os dentes e é utilizado para pesquisa dos reflexos dos membros superiores (podemos ainda pedir para o paciente fazer um cálculo mental) o INTENSIDADE DA RESPOSTA REFLEXA: Escore utilizado para mensurar os reflexos obtidos em um paciente ⤷ É importante que se diferencie os reflexos entre os diferentes membros do paciente, assim temos: Abolido 0 Pode ser síndrome do neurônio motor inferior Presente, mas diminuído - - Normal + - Normal “vivo” ++ - Exaltado (hiperreflexia) +++ Síndrome do neurônio motor superior Muito exaltado (policinético) ++++ Reflexo policinético: ⤷ O paciente tem mais de uma resposta a uma única percussão, assim o paciente levantaria a perna duas vezes por exemplo, no reflexo da coxa o CLÔNUS Semiologia médica II Barbara Assis 27 Presente: síndrome do neurônio motor superior O paciente realiza a contração e relaxamento muscular (tremores), de forma rápida e sucessiva, quando o examinador mantém um músculo estirado Pode ser resultado de traumas raquimedulares, sequela de AVC, paralisia cerebral, degeneração da medula e outros Técnica: ⤷ Clônus no pé: o examinador faz uma flexão dorsal do pé de forma passiva, brusca e constante Quando presente manifesta-se por uma série de flexões plantares ⤷ Clônus do quadríceps (patela): o examinador segura lateralmente nos bordos da patela e a desloca bruscamente para baixo e tenta mantê-la nessa posição Quando presente manifesta-se por um tremor grosseiro rápido da patela É um exame mais dolorido e menos fidedigno o REFLEXOS AXIAIS DA FACE ⤷ Normalmente são ausentes ou muito discretos Reflexo orbicular dos olhos (glabelar) Reflexo orbicular dos lábios Reflexo massetérico (mandibular ou mentoniano) 1. Reflexo orbicular dos olhos (glabelar): É o tipo de reflexo mais pesquisado na prática Ponto de integração: ponte Via aferente: nervo intermédio Via eferente: raiz sensitiva do nervo facial Técnica: ⤷ Examinador permanece atrás do paciente ou fala para o paciente olhar para baixo, para evitar o reflexo metiniano de defesa (piscar o olho) ⤷ É realizada percussão na região naso-palpebral glabelar (entre os olhos e acima do nariz) Resposta normal: piscar uma vez (oclusão palpebral bilateral) ⤷ Quando o reflexo está exaltado, o paciente não consegue inibir o piscamento em resposta a estimulação repetida Pode indicar doença Parkinson, lesão cerebral difusa e síndromes demenciais 2. Reflexo orbicular dos lábios: Ponto de integração: ponte Via aferente: nervo trigêmeo Via eferente: nervo facial Técnica: ⤷ Percussão no lábio superior na linha média Presente: protusão dos lábios (reflexo do focinho) ⤷ Adulto: lesão cerebral difusa ⤷ Nas primeiras semanas de vida: pode ocorrer normalmente 3. Reflexo massetérico (mandibular ou mentoniano): Semiologia médica II Barbara Assis 28 Ponto de integração: ponte Via aferente: raiz sensitiva do nervo trigêmeo Via eferente: raiz motora do nervo trigêmeo Técnica: ⤷ O paciente deve ficar com a boca entreaberta ⤷ O examinador irá percutir sobre o seu próprio dedo no mento do paciente Presente: contração dos músculos masseteres, com elevação muito discreta da mandíbula em pessoas normais Quando exaltado indica lesão cerebral difusa, doença de Parkinson e outros Reflexos superficiais Seus receptores estão na superfície da pele ou mucosa ⤷ Com o auxílio de um objeto de ponta romba, ao tocar a pele, o examinador consegue desencadeá-los São facilmente esgotáveis, pois não são tão consistentes como os reflexos profundos ⤷ Sua resposta é variável, isso se explica por ser tratar de reflexos polissinápticos Possuem várias vias e envolvem vários níveis da medula 1. Reflexo cutâneo abdominal: Muito utilizada em pacientes de CTI Nível de integração: de T6 a T12 Vias aferente e eferente: nervos intercostais Técnica: ⤷ O paciente deve estar em posição de decúbito dorsal, com o abdômen exposto ⤷ O examinador deve utilizar um objeto de ponta romba, para estimular a região lateral do abdômen, indo em direção a cicatriz umbilical (sentido lateromedial) Resposta normal: contração dos músculos abdominais ipsolaterais rapidamente, com desvio da linha alba e da cicatriz umbilical para o lado estimulado ⤷ Esse reflexo pode não existir em algumas pessoas em ambos os lados, sem significado patológico ⤷ Mas quando abolido de um lado e presente no outro, indica lesão do neurônio motor superior (síndrome piramidal) ⤷ Em obesos, em pessoas com flacidez abdominal e com cicatriz abdominal (cirurgias) pode estar ausente 2. Reflexo cutâneo plantar: Nível de integração: S1 e S2 Vias aferente e eferente: nervo tibial Técnica: ⤷ Com um objeto de ponta romba, o examinador estimula a borda lateral da planta do pé, no sentido póstero anterior, indo em direção do 2° e 3° pododáctilos Resposta normal: flexão de todos os dedos (cutâneo plantar em flexão) Semiologia médica II Barbara Assis 29 ⤷ Cutâneo plantar em extensão: pode indicar Sinal de Babinski (flexão dorsal do hálux), que ocorre na síndrome do neurônio motor superior (lesão piramidal) Em crianças de até 1 ano de idade, pessoas em sono profundo, anestesia geral ou após crises convulsivas, o reflexo pode ocorrer em extensão, sem significado patológico ⤷ Ausente: pode não ter significado patológico, mas pode indicar lesão aferente/eferente no nervo tibial, ou na fase aguda da síndrome piramidal, como nos casos de AVC 3. Sucedâneos de Babinski: Pode substituir a cutâneo plantar, para evocar a extensão do hálux, quando se investiga lesão do trato piramidal (trato motor superior) Resposta normal: ausente, visto que ninguém apresenta sinal de Babinski em situações normais ⤷ Caso presentes todos indicam síndrome do neurônio motor superior Técnica: ⤷ Sinal de Chaddok Com o auxíliode um objeto de ponta romba, estimula-se a borda lateral do pé em torno do maléolo externo Presente: o paciente realiza uma extensão o hálux ⤷ É um sinal fidedigno e pode ser usado em pessoas que tem mais sensibilidade no pé ⤷ Sinal de Gordon: O examinador deve realizar uma compressão na panturrilha do paciente Presente: o paciente irá realizar extensão do hálux Semiologia médica II Barbara Assis 30 ⤷ Sinal de Oppenheim: Com o dedo polegar e indicador, o examinador irá comprimir a crista da tíbia do paciente, deslizando esses dois dedos do joelho até o pé do paciente Presente: extensão do hálux Esse exame é um pouco mais desconfortável para o paciente ⤷ Sinal de Shafer: O examinador deve fazer uma compressão do tendão de Aquiles do paciente 4. Reflexo palmo mentoniano: Técnica: ⤷ O paciente deve estar com a boca entreaberta, o examinador irá fazer uma fricção com um objeto de ponta romba na face palmar da mão do paciente, na região tenar ou hipotênar Resposta normal: o resultado é negativo Positivo: contração homolateral dos músculos mentual e orbicular dos lábios, com elevação do mento e do lábio inferior ⤷ Em casos de exaltação indica demência e doença de Parkinson avançada o REFLEXOS PRIMITIVOS São reflexos menos utilizados na rotina médica Não estão presentes no adulto ⤷ Quando presentes, podem significar lesão dos lobos frontais, demência, lesões cerebrais difusas e outras Podem ser encontrados em crianças, sem significado patológico 1. Reflexo perioral tátil ou de sucção: Recém-nascidos: presente, sem significado patológico Técnica: ⤷ Estimula-se os lábios do paciente com o abaixador de língua ou cotonete e quando o reflexo estiver presente, ocorrerá movimentos de sucção dos lábios, língua e mandíbula 2. Reflexo de preensão (Grasping = ato de agarrar): Recém-nascido: presente Técnica: ⤷ É realizada a estimulação da palma da mão do paciente, por meio dos dedos indicador e médio do examinador Positivo: flexão dos dedos da mão subitamente, agarrando os dedos do examinador Semiologia médica II Barbara Assis 31 3. Reflexo de persecução (Groping = procurar apalpando): Técnica: ⤷ O paciente tende a perseguir e agarrar tudo o que está no seu campo visual ⤷ Presente: lesão do lobo frontal contralateral ou lesão cerebral difusa Coordenação motora Gera a precisão no desenvolvimento dos movimentos, o equilíbrio e outras funções de refinamento do corpo ⤷ Depende da: Propriocepção consciente: receptores situados nas articulações, tendões e músculos, funículo posterior da medula, lemnisco medial, giro pós central do córtex parietal e corpo estriado Propriocepção inconsciente: função cerebelar A coordenação pode ser pesquisada de diferentes formas o COORDENAÇÃO ENTRE TRONCO E MEMBROS Avaliada com a mensuração do equilíbrio estático e dinâmico do paciente, por meio de manobras já mencionadas anteriormente (marcha e equilíbrio) Pode também ser avaliada pela manobra a seguir: 1. Manobra para pesquisa de incoordenação de tronco e membros: Essa coordenação é função do vérnix cerebelar do cerebelo Técnica: ⤷ O paciente é posicionado em decúbito dorsal com os braços cruzados ⤷ Pede-se para o paciente levantar-se sem descruzar os braços ⤷ Haverá incoordenação de troncos e membros se o paciente não conseguir levantar-se e elevar rapidamente os membros inferiores, deixando-os cair no leito logo depois Lesão no vérnix cerebelar, pode ser resultado de alcoolismo (degeneração cerebelar alcoólica) o COORDENAÇÃO APENDICULAR Prova index-nariz Prova index-nariz-index Prova calcanhar-joelho 1. Prova index-nariz: Técnica: Semiologia médica II Barbara Assis 32 ⤷ O paciente estende lateralmente membros superiores, em seguida deve movimentar alternadamente o membro superior direito e o esquerdo, de modo que toque a ponta do nariz, com a ponta do indicador, alternadamente e sucessivamente ⤷ Inicialmente com os olhos abertos e posteriormente com os olhos fechados 2. Prova index-nariz-index: É uma forma de sensibilizar a prova anterior Técnica: ⤷ O paciente deve tocar de forma rápida e sucessiva, com a ponta do seu indicador, com a mesma mão, a ponta do seu nariz e imediatamente depois, o dedo indicador do examinador ⤷ O examinador vai mudando a posição da sua mão, a cada momento 3. Prova calcanhar-joelho: Pode indicar a decomposição dos movimentos É utilizada para pesquisar a coordenação dos membros inferiores Técnica: ⤷ O paciente deve estar deitado em decúbito dorsal e elevar uma das pernas, tocando o seu calcanhar no joelho e descer deslizando pela perna, até o pé ⤷ O movimento deve ser feito com as duas pernas O examinador deve analisar, nessas últimas 3 provas, se ocorrem alterações do tipo: ⤷ Erro de direção: O paciente erra o alvo ⤷ Quando por exemplo erra a ponta do nariz, à medida que repete os movimentos, pode indicar lesão no fascículo posterior da medula (ataxia sensitiva) É mais evidente com os olhos fechados ⤷ Lesão no funículo posterior da medula ⤷ Erros de medida (dismetria): O paciente interrompe o movimento antes de atingir o alvo ou se choca contra ele Semiologia médica II Barbara Assis 33 Típico de lesões cerebelares, é o sinal mais evidente de incoordenação (ataxia cerebelar) ⤷ Decomposição dos movimentos: Quando o paciente separa o movimento em fases, tornando-o interrompido e não contínuo Pode ocorrer na ataxia cerebelar 4. Prova dos movimentos alternados (diadococinesia) Técnica: ⤷ O paciente deve realizar movimentos de supinação e pronação rápidos com as mãos os com os pés (flexão e extensão) Em casos de disdiadococinesia, o paciente persevera no movimento sem conseguir fazê-lo corretamente Indica lesão cerebelar o ATAXIA Casos de incoordenação motora, sem déficit de força Esta é subdivida em: ⤷ Ataxia Cerebelar: Mais comumente vista na prática Indica lesões dos hemisférios cerebelares ⤷ Gera erro de medida, decomposição dos movimentos e disdiadococinesia Pode ocorrer por alcoolismo, AVC, doenças degenerativas etc. Como diferenciar: ⤷ Sinal de Romberg ausente ⤷ Pode apresentar apenas a dança dos tendões ⤷ Marcha atáxica cerebelar (ebriosa) ⤷ Incoordenação motora com dismetria ⤷ A marcha e coordenação não pioram com os olhos fechados ⤷ Ataxia Sensitiva: Comprometimento da sensibilidade cinético-postural ⤷ Gera erro de direção Indica lesão das raízes dorsais ou funículo posterior da medula ⤷ A lesão é compensada pela visão, por isso piora com os olhos fechados Pode ser resultado de deficiência de vitamina B12, esclerose múltipla, neurosífilis, casos avançados de diabetes e outros Como diferenciar: ⤷ Sinal de Romberg presente (funicular ou clássico) ⤷ Marcha atáxica talonante (calcaneante) ⤷ Incoordenação motora com pouca dismetria e predomínio de erro de direção ⤷ A marcha e a coordenação pioram muito com os olhos fechados Sensibilidade Avaliada com base no dermatômero de Keegan (divisão de sensibilidade superficial baseada na distribuição da inervação medular) Semiologia médica II Barbara Assis 34 o SENSIBILIDADE SUPERFICIAL (EXTEROCEPTIVA) Receptores: em regiões superficiais da pele ou mucosas ⤷ Geram sensações tátil, dolorosa e térmica Cada região do corpo tem uma inervação específica, por isso, é importante conhecer os nervos para identificar possíveis alterações nestas estruturas ⤷ Podem ser usados mapas nos nervos ou dermátomos, para a orientação do examinador Nível sensitivo (nível de anestesia): pode ser avaliado, por meio da pesquisa de sensibilidade superficial do tronco e abdômen ⤷ O paciente abaixo de um dado nível tem todas as suas sensibilidadesperdidas e preservadas acima deste Ex.: nível sensitivo em torno de T6, indica que abaixo deste nível o paciente perdeu a sua sensibilidade, revelando que pode ter acontecido uma lesão a nível da 6º segmento medular torácico Pesquisa táctil: pode ser realizada por meio de um pequeno chumaço de algodão ou pequeno pedaço de papel ou pincel, ou apenas com o toque dos dedos sempre com a mesma mão, comparando os diferentes lados do corpo do paciente Sensibilidade dolorosa: pesquisada com auxílio de uma agulha ou alfinete, realizando pequenas espetadas superficiais para avaliar a intensidade da dor, nos diferentes lados do corpo do paciente Sensibilidade térmica: demanda 2 tubos de ensaio contendo água gelada e água morna ⤷ Na prática: podemos utilizar a campanula do estetoscópio na pele do paciente e perguntar se está frio ou quente, ou o cabo do martelo de reflexos ⤷ Pacientes com neuropatias (como diabetes avançadas) podem perder um tipo de sensibilidade primeiro, antes de outra, pacientes com hanseníase perdem inicialmente a sensibilidade térmica Semiologia médica II Barbara Assis 35 o SENSIBILIDADE PROFUNDA (PROPRIOCEPTIVA) Receptores: camadas mais profundas da pele ou em tecidos mais profundos (músculos, ligamentos e tendões) Sensibilidades profundas sobem pelo funículo posterior da medula e entram pelas raízes dorsais ⤷ Responsável pela sensibilidade cinético postural e vibratória Sensibilidade cinético-postural (artrestesia ou senso de posição segmentar): os receptores estão no fuso neuromuscular, nos órgãos de Golgi (órgãos neurotendinosos), tendões e nos ligamentos e dão a noção ao cérebro da posição e da velocidade das partes do corpo, no espaço ⤷ Técnica: o paciente deve identificar com os olhos fechados a posição dos segmentos do seu corpo, deslocados passivamente pelo examinador E.x: se o seu dedo está para cima ou para baixo ⤷ Indica lesões das vias cinéticoposturais (nervos periféricos, raízes dorsais ou no funículo posterior da medula) Sensibilidade vibratória (palestesia): depende dos receptores de Vatter e Paccini ⤷ Técnica: usa-se um diapasão em vibração, colocando-o em contato com diversas saliências ósseas Manúbrio do esterno, clavículas, cotovelos, ossos do dorso da mão e dos dedos, maléolos, ossos dos pés ⤷ Fibras mielinizadas grossas, que são muito rápidas, são responsáveis por carrear os impulsos nervoso nesse tipo de sensibilidade ⤷ Alteração na sensibilidade vibratória: estágio muito grave de neuropatia o SENSIBILIDADE DE INTEGRAÇÃO CORTICAL (ESPECIAL) Neste tipo de sensibilidade, pesquisa-se todas as sensibilidades que são reconhecidas pelo lobo parietal ⤷ Elas entram na medula pela raiz dorsal e sobem pelo funículo posterior da medula e chegam inicialmente no giro pós central (córtex sensitivo primário) em sua região mais posterior existe o lobo parietal, onde ocorre a interpretação de todas as informações captadas Para ser possível a pesquisa dessa sensibilidade, o paciente precisa ter a sensibilidade superficial e profunda em estado normal, para que se busque: ⤷ Estereognosia Capacidade de reconhecer a forma dos objetos pelo tato, com os olhos fechados Astereognosia (agnosia tátil): quando se perde essa função ⤷ Ele percebe e sente o objeto, mas não o reconhece ⤷ Indica lesão do lobo parietal contralateral ⤷ Grafestesia Capacidade de reconhecer letras ou números, desenhados na palma das mãos com lápis ou um objeto de ponta romba, sem o auxílio da visão Agrafestesia (agnosia tátil): quando se perde essa função Lesão do lobo parietal contralateral Semiologia médica II Barbara Assis 36 ⤷ Discriminação táctil ou de dois pontos É a capacidade de identificar se foram estimulados dois pontos ou apenas um Lesão do lobo parietal contralateral Testar sempre no mesmo dimídio ⤷ Duplo estímulo: É a capacidade de o paciente de olhos fechados identificar se foi tocado simultaneamente ambos os hemicorpos de forma simétrica e bilateral, ou se foi tocado em apenas um dimidio No paciente com os olhos fechados, aplicam-se estímulos (contatos) simultâneos, em partes simétricas do corpo Ex..: o examinador toca nas pernas do paciente simultaneamente ⤷ Ele deve ser capaz de identificar que as duas pernas foram tocadas ao mesmo tempo Síndrome da heminegligência (heminatenção): ⤷ É uma síndrome rara, onde o paciente não reconhece a metade esquerda do seu corpo ou objetos que são colocados a sua esquerda ⤷ Indica lesão em lobo parietal direito Agnosia Quando não há reconhecimento de estímulos, o paciente pode perceber o algo com o tato, mas não o reconhece ⤷ Paciente incapaz de responder normalmente aos testes aplicados ⤷ Ocorre por alterações do lobo parietal o GLOSSÁRIO DE TERMOS Anestesia: perda de todo o tipo de sensibilidade Hipoestesia: diminuição da sensibilidade Hiperestesia: aumento da sensibilidade Analgesia: perda somente da sensação dolorosa Parestesia: alteração sensitiva mais comum ⤷ Consiste na percepção sensitiva sem estímulos externos, o famoso “formigamento” ⤷ A parestesia é o sintoma mais comum da esclerose múltipla Alodínea: o paciente interpreta um estímulo não doloroso como altamente doloroso (pode ocorrer em lesões de nervos ou após episódios de enxaqueca) Disestesia: sensações distorcidas e desagradáveis de estímulos normalmente inóculos ⤷ Ex.: ao passar um algodão na pele do paciente ele descreve como áspero Causalgia: dor urente (queimação), intensa e difusa acompanhada de alterações tróficas da pele ⤷ Geralmente causada por lesão ou secção completa de nervo ⤷ Ex.: dor fantasma Irritação meníngea e radicular o SINAIS DE IRRITAÇÃO MENÍNGEA Suspeita de meningite ou meningoencefalite Semiologia médica II Barbara Assis 37 ⤷ Todo o paciente com dor de cabeça e febre deve ter essa hipótese pesquisada 1. Rigidez de nuca: Técnica: ⤷ O paciente deve estar em decúbito dorsal, para que o examinador coloque a mão na região occipital do paciente, promovendo uma flexão anterior do pescoço, com o intuito de encostar o queixo do paciente, ao seu tórax Irritação meníngea: o paciente sentirá dor e o examinador perceberá que a região está rígida, ainda que o paciente esteja relaxado ⤷ Rigidez não patológica: em idosos ou por alterações congênitas É importante ressaltar que o examinador não deve manipular a região cervical de pacientes politraumatizados ou com suspeita de TCE. 2. Sinal de Brudzinski (nuca-perna): Técnica: ⤷ Ao tentar pesquisar a rigidez da nuca o paciente faz reflexamente a flexão de ambos os joelhos Flexão da pernas das coxas Sinal muito específico de meningite 3. Sinal de Brudzinski (perna contralateral): Técnica: ⤷ O paciente deve estar deitado em decúbito dorsal e o examinador deve fletir uma das suas pernas sobre a coxa e a coxa sobre o abdome Irritação meníngea: o paciente irá realizar de forma reflexa a flexão discreta do joelho contralateral 4. Sinal de Kernig (paciente deitado): Técnica: ⤷ Com o paciente em decúbito dorsal, o examinador flete a sua coxa para que faça um ângulo de 90 graus com o abdome ⤷ Em seguida, estende a perna sobre a coxa fletida, levantando a perna do paciente Irritação meníngea: o paciente irá sentir dor no trajeto do nervo ciático e ele próprio irá interromper a manobra Semiologia médica II Barbara Assis 38 5. Sinal de Kernig (paciente sentado): Técnica: ⤷ Com o paciente deitado, o examinador pede que ele se sente em seu leito com as pernas esticadas, sem colocá-las para fora Irritação meníngea: o movimento provoca uma extensão das pernas ⤷ O paciente não consegue esticar as pernas e faz uma discreta flexão dos joelhos e apoia as duas mão atrás Por isso também é chamado de sinal do tripé (apoia ocalcanhar, a bacia e as mãos) o SINAIS DE IRRITAÇÃO RADICULAR Suspeita de compressão de uma raiz lombo sacral ou cervical ⤷ Geralmente com hérnia de discos 1. Sinal de Lasségue: É um sinal muito específico para lesão de raiz ⤷ Comum em casos de hérnia de disco, não sendo tão sensível para irritação meníngea Técnica: ⤷ O examinador deve elevar a perna do paciente até 45 graus, em decúbito dorsal Irritação radicular: paciente queixa de dor no trajeto do nervo ciático, que se estende da região lombar ou glútea, descendo para a posterior da coxa, indo ou não até o final da perna ⤷ Quando a dor é sentida apenas na panturrilha, não indica alterações relevantes 2. Manobra de Bragard Técnica: ⤷ Com o paciente na posição do Lasségue, o examinador faz uma dorsoflexão brusca do seu pé, o que sensibiliza a manobra anterior e pode acentuar a dor do paciente É utilizada para a pesquisa de presença de hérnia de disco
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