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1 Rafaela Pamplona Resumo II - Clínica Médica I – Pneumologia CA de pulmão .......................................................................................................................................................................................1 Tuberculose (TB) ..................................................................................................................................................................................9 Tromboembolismo Pulmonar .............................................................................................................................................................. 16 Derrame Pleural ................................................................................................................................................................................. 21 Bronquiectasias e Abscesso Pulmonar ............................................................................................................................................... 30 CA de pulmão Definição CA de pulmão ou carcinoma broncogênico são neoplasias malignas com origem no epitélio do trato respiratório inferior Excluindo linfomas, sarcomas e mesoteliomas (CA de pleura) Cerca de 90% das neoplasias malignas pulmonares são câncer de pulmão, que são subdivididos em dois grupos - Pequenas células - Não pequenas células (carcinoma epidermoide, adenocarcinoma e carcinoma de grandes células anaplásico) o que diferencia o tipo de CA é o exame histopatológico Epidemiologia É a segunda neoplasia mais diagnosticada, superada apenas pelo CA de próstata no homem e CA de mama na mulher Segundo mais frequente entre homens e mulheres sem contar o CA de pele não melanoma 15% de todos os canceres nos EUA e 30% das mortes por CA Incidência maior em países em desenvolvimento Responsável por 28% de todas as mortes por câncer em geral Sobrevida em cinco anos maior nos países desenvolvidos que nos em desenvolvimento Apenas 16% dos indivíduos possuem doença localizada no diagnóstico A taxa de sobrevida em 5 anos é 18% (15% H e 21%M) A taxa de mortalidade (de 2011-2015) diminuiu 3,8%/ano e em homens e, 2,3% em mulheres/ano A incidência abaixo de 50 anos é de somente 5-10% Fatores de risco: tabaco Tabagismo é o principal fator de risco, sendo responsável por 75-90% dos canceres de pulmão A exposição ao tabaco aumenta o risco para carcinoma espinocelular, adenocarcinoma, carcinoma de grandes células e carcinoma indiferenciado de pequenas células de pulmão Dentre esses, o adenocarcinoma tende a ser o com menor relação ao tabagismo, sendo mais comum em jovens não fumantes Tabaco associado a predisposição genética aumenta em 30x o risco de desenvolvimento de CA de pulmão - 20% dos fumantes desenvolvem câncer - Fumantes que tem entre os familiares CA de pulmão têm maior probabilidade de desenvolver câncer do que os fumantes sem CA de pulmão entre os familiares Entre os fumantes com VEF1 abaixo de 70% há maior risco de desenvolver câncer O risco do fumante passivo para câncer de pulmão é de 1,2 a 1,5 maior O risco de Câncer de pulmão em fumantes é 17 vezes maior nos homens e 11 vezes maior nas mulheres, quando comparados com não fumantes O risco de câncer de pulmão diminui em ex-fumantes: 5 anos após cessar o tabagismo, o risco cai pela metade, e, após 10 anos, cai a 1,4 15 anos após parar de fumar, o ex-fumante ainda tem um risco para câncer de pulmão de 1,4 e 4 vezes maior que o não fumante O método eficaz para redução da incidência é estimular o não tabagismo Fatores de risco Exposição ambiental e ocupacional - Exposição a radônio: é um gás inerte, cujos produtos de degradação liberam partículas radioativas alfa, que interagem com o epitélio brônquico, aumentando o risco de câncer de pulmão em 1,3, em casos de exposição média e de 1,8 em concentração elevada em usinas de urânio - Exposição ao amianto (asbesto): aumenta o risco de câncer em 6 vezes e aumenta o risco em 11x quando associado ao tabagismo Predisposição genética - O risco pessoal para câncer de pulmão é aumentado mais que 5x, se pelo menos um dos pais morreu de câncer de pulmão 2 Rafaela Pamplona - Em um estudo de famílias de mulheres com câncer de pulmão, foi observado pessoas que ~ Nunca fumaram, com história familiar positiva, tinham risco de 5,7 ~ Fumantes com história familiar positiva, risco 30,0 ~ Fumantes com história familiar negativa, risco de 15,1 Comorbidades - DPOC - Fibrose pulmonar idiopática aumenta risco em 7 a 14x - Portadores de CA de pulmão prévio tem maior risco de segundo câncer - História prévia de tuberculose ou outras sequelas fibróticas no pulmão - Pneumoconiose Origem A predisposição associada aos fatores de risco podem lesionar o DNA, que é reparado. Porém em danos repetidos ocorre disseminação, desenvolvendo malignidade O carcinoma broncogênico se origina a partir de uma mutação de uma única célula epitelial nas vias traqueobrônquicas Um carcinógeno liga-se ao DNA desta célula e a lesiona, o que acarreta o crescimento anormal e alterações morfológicas transformando-a em uma célula maligna Como seu DNA foi afetado, as células filhas subsequentes também sofrem alterações → transformação maligna É classificado em duas categorias - Carcinoma não pequenas células (CPCNP) - Pequenas células (CPPC) Existem quatro subtipos histológicos principais que abrangem 95% dos casos - Adenocarcinoma (CPCNP) - Carcinoma epidermoide ou escamoso ou espinocelular (CPCNP) - Carcinoma de grandes células (CPCNP) - Carcinoma de pequenas células (CPPC) Carcinoma não pequenas células Representam 80 % dos CA primário de pulmão e tem origem em células epiteliais Subtipos 1. Escamoso ou epidermoide ou espinocelular 2. Adenocarcinoma (carcinoma bronquioloalveolar ou adenocarcinoma in situ) 3. Carcinoma de grandes células com subtipos - Células gigantes - Células claras (bem mais agressivo) Carcinoma de pequenas células Representa cerca de 20% dos CA primário de pulmão e tem origem em células neuroendócrinas É o mais relacionado ao tabagismo com boa resposta ao tratamento, porém costuma ter diagnóstico tardio, estando em estágio já avançado - Pacientes assintomáticos ou com quadro clínico semelhante ao de pneumonia Subtipos de carcinoma não pequenas células - Oat-cell ou avenocelular ~ Pior prognostico e maior agressividade ~ Localização central ~ Metástase a distância no momento do diagnóstico - Intermediário ou pequenas células-grandes células Características dos tipos carcinomas de grandes células Carcinoma de células escamosas (epidermoide ou espinocelular) - Representa 25-30% dos câncer de pulmão - Origem do epitélio brônquico - Localização mais central e cavitado – mais próximo ao mediastino, na região do hilo pulmonar ~ Devido a localização os sintomas aparecem precocemente: a obstrução provoca tosse, expectoração, dor torácica pneumonias de repetição e costumando evoluir com hemoptise - É principal causa de hipercalcemia paraneoplásica - Broncoscopia e citologia do escarro Doença paraneoplásica: não é metástase, é o acometimento de outro órgão que não o pulmão, por substâncias produzidas pelo tumor do pulmão e migram para o outro órgão aumentando sua atividade Adenocarcinoma - Representa 40% dos cânceres - Se origina das glândulas mucosa 3 Rafaela Pamplona - Principal subtipo que causa de osteoartropatia hipertrófica paraneoplásica ~ Baqueteamento digital e deslocamento do periósteo de ossos, em que os ossos longo aumentam o volume, causando dor - Localização mais periférica em forma de nódulos ou massa ~ Devido a localização periférica, o diagnóstico costumaser tardio, quando já há comprometimento da pleura, do mediastino etc - Predomina em mulheres, pessoas não fumante e nos com menos de 45 anos (mulher jovem não fumante) - Crescimento lento, a manifestação dos sintomas indica doença avançada (dor, dispneia e derrame pleural) - Citologia do líquido pleural - Diagnóstico diferencial para nódulos solitários pulmonares Carcinoma indiferenciado de células grandes - Responsáveis por 10-15% casos - Tumor mal diferenciado - Geralmente é periférico e cavitado - Crescimento rápido - Tem o pior prognóstico entre os CNPC Carcinoma indiferenciado de células pequenas - Representa 20-25% dos casos - Origem brônquica - Inicia-se como uma lesão central que pode estreitar e obstruir os brônquios - Crescimento muito rápido - As linfademegalias hílares e mediastinais e doença metastática estão comumente presentes no diagnóstico - Tem alto grau de resposta ao tratamento, mas baixo percentual de cura - É o subtipo mais associado ao tabaco Epidermoide Homem; Central e cavitação; hipercalcemia paraneoplásica Adenocarcinoma Mulher; Periférico; osteoartropatia hipertrófica paraneoplásica Grandes células Periférico e cavitação Pequenas células Tabagismo; central; metástase a distância Câncer broncogênico O câncer do pulmão pode ser assintomático ou sugerido na descoberta de um nódulo pulmonar solitário, como uma massa pulmonar ou hilar, por pneumonia de evolução lenta ou pela presença de derrame pleural no paciente de risco - Não possui sintomatologia própria, vai depender do local acometido O diagnóstico deve ser obtido por biópsia O uso de exames hematológicos, como os marcadores tumorais, não são usados no diagnóstico do câncer do pulmão (apenas para acompanhamento) Síndrome de Pancoast - Um dos achados raros do CA de pulmão - Sinais e sintomas decorrentes do acometimento do ápice pulmonar e estruturas adjacentes por um tumor - O tumor localizado no ápice pulmonar (Tumor de Pancoast- Tobias) geralmente compromete o oitavo nervo cervical e os primeiros nervos torácicos, levando à Síndrome de Pancoast, que representa enoftalmia unilateral, ptose palpebral, miose e anidrose ipsilateral da face e do membro superior ipsilateral Clínica No momento do diagnóstico 90% dos pacientes são sintomáticos O que chama atenção para CA de pulmão é a idade acima dos 60 anos, tabagismo e queixas de doença crônica consumptiva. Além de astenia, pouco apetite, febre, depressão Nos fumantes, o ritmo habitual da tosse é alterado, podendo existir em crises e em horários incomuns para o paciente Pneumonia de repetição pode ser também um sintoma inicial de câncer de pulmão Tomografia em pacientes assintomáticos diminui em mais de 20% a mortalidade por CA de pulmão A clínica pode ser relacionadas: a localização, tamanho, doença consumptiva ou síndromes paraneoplásicas - Localização central ~ Pequenas células e epidermoide ~ Sintomas: tosse, sibilos, estridor (ronco), dor no tórax, hemoptise, dispneia, pneumonia ou bronquite recorrente - Localização periférica ~ Geralmente assintomáticos, quando eles invadem a pleura ou a parede torácica, causam: dor, tosse e dispneia Principais manifestações clínicas - Tosse: é o sintoma mais comum (45 a 75%) - Hemoptise: a incidência está entre 27 a 57%. A hemoptise maciça é pouco frequente, mas em hemoptise maciça, 20% têm carcinoma broncogênico e 50% morrem - Dor torácica: presente em 27 a 49% dos casos. Ocorre principalmente em tumores maiores. É intermitente, do lado do tumor, tornando-se intensa e persistente com a extensão da doença - Dispneia: aproximadamente 37%, ocorre tardiamente - Rouquidão e paralisia de diafragma: paralisia da corda vocal esquerda é a mais comum, devido a compressão do nervo vago 4 Rafaela Pamplona - Derrame pleural: 7% têm associação com DP, sendo o adenocarcinoma o subtipo mais presente, por acometer a periferia Tumor de Pancoast-Tobias Tumor localizado no ápice pulmonar Geralmente do tipo escamoso, que inicialmente compromete o oitavo nervo cervical e os primeiros nervos torácicos, levando à - Síndrome de Pancoast (braço): dor no ombro correspondente ao local do tumor, que se irradia para o braço, atrofia da musculatura e alteração de temperatura - Síndrome de Horner (face): quando ocorre envolvimento da cadeia simpática e do gânglio estrelado e apresentará enoftalmia unilateral, ptose palpebral, miose e anidrose da face e do membro superior, ipsilaterais Síndrome da veia cava superior Prognóstico ruim Em 90% dos casos é causada por obstrução da veia cava por um CA de pulmão, linfoma, tumor de mediastino primário ou secundários, favorecendo surgimento de circulação colateral O Tumor de pulmão representa 46 a 75% de todos os casos: em 40% CPPC, seguido de carcinoma escamoso Manifestação clínica: face pletórica; edema de face, do pescoço e das pálpebras; dilatação das veias do pescoço, do ombro, da parede anterior do tórax e MMSS; cianose da face e MMSS é comum. Associando-se queixas de cefaleia, tonturas, vertigem, visão borrada, tosse, sincope, dispneia e dor torácica Síndromes paraneoplásicas É um grupo de sinais e sintomas secundários às neoplasias em locais distantes do tumor primitivo e de suas metástases São causados por produção sistêmicas de diversas substâncias pelo tumor, tais como polipeptídios, hormônios, anticorpos, complexos imunes, citocinas Ocorre em 10-20% dos casos, sendo mais frequente com CPC Ex.: Síndrome de Cushing, hipercalcemia, Síndrome miastênica Lambert-Eaton, polimiosite, osteoartropatia hipertrófica Metástase Metástases intratorácicas quando há extensão da doença dentro do pulmão Metástases extratorácica são mais comuns com CPPC Metástases extratorácica de CPNPC predominam no adenocarcinoma, seguido carcinoma indiferenciado grandes células e pelo escamoso - Ocorre principalmente para o SNC, ossos, fígado, adrenais (ordem crescente) - O estadiamento é através da TC, USG e RM para ver adrenais e fígado 5 Rafaela Pamplona Diagnóstico diferencial Suspeitar de CA de pulmão quando o paciente tem DPOC, quando repete infecções pulmonares, perda ponderal, sintomas respiratórios inexplicáveis, mais de 60 anos e tabagista Pneumonia e tuberculose Tumores benignos de pulmão são neoplasias raras, correspondendo a apenas 1% dos tumores pulmonares ressecados Nódulo deve ser distinguido em - Benigno - Maligno - De causa infecciosa Origem desconhecida: hamartoma, tumor de células claras, teratoma Origem epitelial: pólipo, papiloma Origem mesotelial: fibroma, lipoma, leiomioma, condroma, tumor de célula granular, hemangioma esclerosante Outra origem inflamatória: histiocitoma, pseudotumor inflamatório, xantoma, amiloidoma Nódulo solitário pulmonar - Opacidade radiológica única, esférica, bem circunscrita com diâmetro ≤ 3cm - Causas de doenças malignas: adenocarcinomas (47%), carcinoma de células escamosas (22%), metástases solitárias (8%) - As principais causas de doença benigna: granulomas residuais ou não específicos (25%), granulomas infecciosos (15%) e hamartoma (15%) Contornos - Contornos regulares e margens lisas - Contornos lobulados: margem não bem definida com bocelamento - Contornos irregulares: nódulo espicular com estrias ~ Maior probabilidade de ser CA Calcificações - Calcificação central - Calcificação em pipoca: normalmente benigno - Calcificação excêntrica: normalmente maligno - Calcificação difusa Métodos de diagnóstico RX de Tórax (sugere) – em PA e perfil - Somente 2% dos pacientes com câncer do pulmão apresentam-se com radiografia do tórax normal - A radiografia do tórax deve serrealizada em todo paciente com suspeita de câncer do pulmão Tomografia do tórax com contraste (sugere e estadia) - Deve ser realizada em todo o paciente cuja radiografia do tórax sugira neoplasia pulmonar - Útil para definir o local da lesão para a biopsia - Ajuda no estadiamento - Os resultados da TC do tórax em portadores de tumores pulmonares: 89% a 100%, com 56% a 63% e baixo valor preditivo negativo (60% a 100%) - TC do tórax isoladamente não deve ser utilizada para confirmar o diagnóstico de câncer do pulmão, o que deve ser feito com o exame cito ou histopatológico - TC do tórax deve ser realizada antes dos outros métodos de diagnóstico, incluindo a broncoscopia Broncoscopia para biopsia (diagnostica) – lesão central - Tumores periféricos: baixa sensibilidade diagnóstica. A sensibilidade dos diferentes métodos nas lesões periféricas é: lavado (37% a 43%); escovado (48% a 52%) e biópsia (46% a 60%). A associação dos três métodos tem sensibilidade que varia de 66% a 69% - Tumores centrais: sensibilidade de 83% a 88% para as lesões centrais. O uso associado do lavado (sens. 48%), escovado (sens. 59% a 64%) e biópsias (sens. 74% a 83%) brônquicas tem alto rendimento diagnóstico (sensibilidade de 83% a 88%) Mediastinoscopia (diagnostica) – lesão central, quando a broncoscopia não consegue 6 Rafaela Pamplona Biopsia percutânea guiada por TC do tórax (diagnostica) – lesão periférica Videotoracoscopia para biopsia (diagnostica) – lesão periférica, quando a percutânea não consegue PET-CT - Tomografia por emissão de pósitrons - Utilizada no diagnostico diferencial entre lesões neoplásicas e as lesões benignas dos pulmões - Alta sensibilidade e especificidade, com valor preditivo negativo em torno de 47% - Pode ser utilizada na investigação de pacientes com nódulos pulmonares solitários para avaliar necessidade da confirmação cito/histopatológica naquele momento - Serve para estadiamento e investigação de metástases extratorácicas Ressonância magnética do tórax - No momento atual, este exame acrescenta muito pouco à tomografia computadorizada de tórax - A principal vantagem é distinguir estruturas vasculares de estruturas sólidas, sem o uso de contraste, dando maior precisão ao estudo do mediastino - Identifica muito bem a extensão do tumor no forame mural, assim como invasão tumoral em parede torácica e pericárdio - Bom para avaliar partes moles – comprometimento de gânglios, coração, metástase no cérebro etc Cintilografia NeoSPECT - Tem sido utilizada na investigação do nódulo pulmonar solitário - Utiliza a depreotida que é um decapeptídeo sintético que se liga com grande afinidade aos receptores da somatostatina dos subtipos 2,3 e 5 - Esses receptores encontram-se em quantidade muito aumentada nos tumores malignos (neuroendócrinos e no carcinoma indiferenciado de pequenas células) e nos processos inflamatórios - São identificados também, nos carcinomas de não- pequenas células do pulmão Exame citológico do escarro - Existe uma grande variação no rendimento diagnóstico (10% a 97%), pois depende do patologista e do local da lesão, sendo mais eficiente quando a lesão é central - Rotineiramente esta técnica deve ser reservada para os casos das grandes lesões tumorais centrais quando os outros métodos diagnósticos estejam contraindicados Toracocentese - Indicado em casos de derrame pleural, para realização de citologia do líquido, com sensibilidade entre 40 a 70%, principalmente para adenocarcinoma - A sensibilidade do citológico será tanto melhor quanto maior for o número de técnicas utilizadas para a coloração das lâminas o número de lâminas feitas Conduta para diagnóstico Radiografia de tórax ↓ TC de tórax e abdome superior ↓ Broncoscopia – Punção transtorácica – Punção pleural PET-TC scan → ↓ Mediastinoscopia – Toracoscopia ↓ TC ou USG de abdome – TC ou RM de SNC – Cintilografia óssea (metástases) ↓ PET – TC scan Recomendação - Hemograma com plaquetas, desidrogenase láctica (DHL), fosfatase alcalina, enzimas hepáticas, bilirrubinas totais e frações, creatinina e cálcio sérico, RNM de cérebro (principalmente em estádios IB a III) Estadiamento Carcinoma de Não Pequenas Células - TMN ~ T = definir o tipo histológico do tumor e suas relações com estruturas torácicas e árvore brônquica ~ N = definir presença de acometimento neoplásico em linfonodos mediastinais ~ M = definir presença de metástases extratorácicas principalmente suprarrenais, fígado, ossos e SNC Carcinoma de Pequenas Células - Doença localizada/limitada ~ 30% dos casos ↳ Tumor primário limitado ao hemitórax ↳ Linfonodo hilar do mesmo lado ou contralateral ↳ Linfonodo supraclavicular do mesmo lado ou contralateral ↳ Linfonodo mediastinal do mesmo lado ou contralateral ~ Conduta ↳ Rx e TC de tórax 7 Rafaela Pamplona ↳ Exames de sangue ↳ TC e USG de abdome ↳ RM de SNC (metástases em 10 a 15%) ↳ Cintilografia óssea ~ Tratamento ↳ Cirurgia e radioterapia - Doença extensa ~ 70% dos casos ~ 2/3 dos pacientes após os exames de doença limitada são diagnosticados com extenso ↳ Metástase para outro pulmão ↳ Metástase a distância ↳ Derrame pleural neoplásico ~ Normalmente o diagnóstico é tardio, após a manifestação de metástases ou derrame, o tratamento é feito com sintomáticos para as complicações Tratamento Carcinoma oculto - É um tumor que não teve manifestações, então não deve ser tratado, sendo apenas acompanhado Todo tratamento deve levar em consideração a condição clínica do paciente Alternativas terapêuticas: os métodos podem ser associados para obtenção de melhores resultados - Cirurgia - Radioterapia - Quimioterapia Radio e quimio antes da cirurgia para tentar diminuir o tumor A escolha do tratamento baseia-se - Tipo histológico: a separação entre pequenas células e não pequenas células (adenocarcinoma, células escamosas e indiferenciado de grandes células) é crucial - Estadiamento - Estado funcional (“status performance”): estado de saúde geral do paciente, que permitirá avaliar a possibilidade de aplicação do tratamento proposto (ex.: cirurgia, quimioterapia) - Escolhas do paciente e/ou da família Carcinoma de Não Pequenas de Células - Tratamento cirúrgico: indicado para todos os pacientes com condições clínicas adequadas - Quimioterapia ~ Não indicada para o estádio I ~ Recomendada após o tratamento cirúrgico - Radioterapia: indicada após a cirurgia quando as margens da ressecção cirúrgica se mostram positivas ~ Indicada em recidivas locais após ressecção cirúrgica, em pacientes sem metástases a distância ~ Tratamento para pacientes que não têm condições clínicas para cirurgia ou a recusam como tratamento - Estádio IA, IB e IIA ~ Estádio I → cirurgia → seguimento ~ Estádio II → cirurgia → quimio e radio - Estádio III ~ Tratamento cirúrgico: não é a opção na maioria dos casos ~ Quimioterapia: indicada em todos os pacientes neste estágio, com a possibilidade dos seguintes regimes mais comuns ↳ Quimioterapia e radioterapia concomitantes: regime preferível, desde que o paciente tenha condições clínicas ↳ Quimioterapia seguida de radioterapia ↳ Após o tratamento cirúrgico, quando este foi indicado ~ Radioterapia: Indicada em todos os pacientes neste estágio, com a possibilidade dos seguintes regimes mais comuns ↳ Concomitantemente com a quimioterapia: regime preferível, desde que o paciente tenha condições clínicas ↳ Após a quimioterapia ↳ Após tratamento cirúrgico ↳ Como tratamento isolado em pacientes sem condições clínicas para outras terapias - Estádio IV ~ Nos tumores avançados o tratamento deve ser individualizado, baseando-se na idade, estado funcional, tipohistológico e caracterização molecular ~ As avaliações moleculares solicitadas são: presença da mutação somática para o receptor do fator de crescimento epidérmico – EGFR (confere sensibilidade aos inibidores da tirosina-quinase EGFR); presença do oncogene ALK (associada a sensibilidade ao crizotinib) Carcinoma de Pequenas de Células - Os regimes habitualmente propostos são ~ Doença limitada: quimio e radio concomitantes ~ Doença disseminada: quimioterapia Quimio 4 a 6 ciclos ↓ Resposta 80%, com resposta completa 20% sobrevida média de 9 meses ↙ ↘ Doença limitada cura em 20% Doença extensa Sobrevida 2 anos 2% e cura anedótica ↙ ↘ Radio após 2 ciclos + radio cerebral profilática? Cirurgia em casos selecionados? 8 Rafaela Pamplona Screening em assintomáticos Assintomáticos e com boa saúde Idade entre 55-74 anos Carga tabágica > 30 marços/anos Tabagismo atual ou cessação com menos de 15 anos - Fazer tomografia helicoidal do tórax com baixa dose de raios anualmente, diminui a mortalidade em mais de 20 Na prática: TC anual em pacientes fumantes ou ex-fumantes (menos de 15anos) assintomáticos acima de 55 anos 9 Rafaela Pamplona Tuberculose (TB) Características gerais Definida como uma doença infecciosa transmissível que afeta prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e sistemas Doença de notificação compulsória! Século XIX – peste branca Metade do século XX houve redução da incidência e da mortalidade devido a melhoria das condições de vida Década de 80 ressurgiu devido a emergência da infecção pelo HIV Agente etiológico: Mycobacterium tuberculosis - Bacilo de Koch (BK) ~ Forma pulmonar ~ Ziehl-Neelsen = BAAR ~ É um bacilo álcool-ácido resistente, aeróbio, com parede celular rica em lipídios ↳ Baixa permeabilidade ↳ Redução da efetividade da maioria dos antibióticos ↳ Facilita sua sobrevida nos macrófagos - M. bovis ~ Forma ganglionar e extrapulmonares ~ Ocorre em aéreas rurais e profissionais do campo Pode ser prevenida e curada Transmissão por via aérea, pela inalação de aerossóis produzidos por um doente com TB ativa pulmonar ou laríngea - Gotículas exaladas = gotículas de Pfluger - Partículas menores em suspensão = núcleos de Wells ~ Capazes de alcançar os alvéolos e causar a primo- infecção ↳ Primo-infecção é definida pelo primeiro contato do paciente com o BK, cursa em etapas, da infecção inicial dos macrófagos até uma resposta subsequente de TH1, contendo bactérias e causando danos teciduais Acomete prioritariamente o pulmão Fatores exógenos: influenciam a probabilidade de infecção - Infectividade do caso-fonte: pcts com escarro + transmitem ~ 15 dias após o início do tto já há redução da transmissão - Duração do contato - Tipo de ambiente partilhado: luz solar e circulação de ar diminuem o risco Fatores endógenos: influenciam o risco de adoecimento - Integridade do sistema imune: HIV, tto com imunossupressores - Idade < 2 ou > 60 ↗ ↘ imunidade celular adequada GRANULOMA INALAÇÃO imunidade celular deficiente TB PRIMÁRIA TB primária - Ocorre em menos de 10% dos casos, é comum em crianças e imunodeprimidos - Se manifesta logo após a infecção ~ A resposta imune e a capacidade de recuperação tecidual não são suficientes para combater a disseminação das bactérias, levando a expansão do complexo primário e destruição progressiva do tecido pulmonar ~ Se a proliferação bacteriana não for contida nesta fase, pode ocorrer disseminação hematogênica e a formação de diversas formas extrapulmonares - É a forma grave, mas com baixo poder de transmissão - Disseminação hematogênica: doença de caráter sistêmico, pois o individuo não é capaz de conter a proliferação - Síndrome febril e consumptiva - Linfonodomegalia e mediastinal TB latente (ILTB) - Ocorre em mais de 90% - A reposta inflamatória consegue conter o complexo primário, evitando a progressão da doença - Paciente mantem-se assintomático, há uma resposta de contenção da bactéria, porém ainda abriga microrganismos viáveis capazes de provocar infecção futura TB pós-primária ou secundária - Pode ser por reativação ou por reinfecção ~ Reativação de bacilos latentes (ILTB) pode ser desencadeada por estados de imunossupressão (HIV, neoplasias, usuários crônicos de corticoides, diabéticos e tabagistas) - Acomete mais o pulmão, com presença de cavidade e predileção pelos ápices - Complicações ~ Disseminação broncogênica ~ Progressão ~ Fibrose pulmonar – deformidade ~ Bronquiectasia ~ Aspergiloma – fungus ball ~ Hemoptise franca (aneurisma de Rasmunssen) INALAÇÃO → Sem defesa: disseminação (pulmão, fígado, osso, retina, osso...) 3-8semanas Imunidade celular GRANULOMA caseoso ↳ Granuloma: contém a infeção, mas não cura no pulmão: nódulo de Ghon 10 Rafaela Pamplona Epidemiologia OMS: Brasil atingiu as metas relacionadas à incidência e mortalidade por TB, contribuindo para redução da carga da TB no mundo e possui a maior taxa de detecção entre os países de alta carga - Princípios da estratégia pelo fim da TB ~ Gestão e responsabilização do governo, com componentes de monitoramento e avaliação ~ Forte envolvimento das organizações da sociedade civil e de base comunitária ~ Proteção e promoção dos direitos humanos, éticos e de equidade ~ Adaptação da estratégia e metas nos países, com colaboração no âmbito global - Pilares e componentes da estratégia pelo fim da TB ~ Prevenção e cuidado integrado e centrado no paciente ~ Políticas arrojadas e sistemas de apoio ~ Intensificação da pesquisa e inovação Diagnóstico Coinfecção TB-HIV - Todo paciente com diagnóstico de TB desse ser testado para HIV Clínica: tosse≥3sem, febre, perda de peso e do apetite Escarro: baciloscopia, teste rápido (TR), cultura RX de tórax Diagnóstico Clínico - depende do órgão acometido TB pulmonar - Sinais e sintomas: tosse persistente seca ou produtiva, febre vespertina, sudorese noturna e emagrecimento - Ausculta pulmonar: MV normal ou diminuído - BAAR positivo TB pleural - Sinais e sintomas → simula PNM bacteriana aguda: dor torácica do tipo pleurítica, astenia, emagrecimento e anorexia (tríade). Febre com tosse seca e dispneia - Diagnóstico: analise do liquido pleural com elevados níveis de adenosina deaminase (ADA) - BAAR com baixo rendimento TB ganglionar periférica - Forma mais frequente em portadores de HIV e crianças - Sinais e sintomas: aumento subagudo, indolor e assimétrico das cadeias ganglionares cervicais e supraclavicular - Diagnóstico: aspirado de agulha ou ressecção ganglionar para exames bacteriológico e histopatológico TB pericárdica - Sinais e sintoma: dor torácica, tosse seca e dispneia Diagnóstico Diferencial TB deve ser incluída no diagnostico diferencial dos casos de febre de origem indeterminada, síndrome consumptiva, pneumonias de resolução lenta e em todo paciente com tosse prolongada sem causa conhecida TB pulmonar: silicose, infecções fúngicas, neoplasias, infecções bacterianas, outras micobacterioses, doenças autoimunes, embolia pulmonar Diagnóstico Bacteriológico Importante para diagnóstico e controle do tratamento Baciloscopia direta ou baciloscopia de escarro (BAAR) - Simples e seguro - Escarro, escarro induzido ou broncoscopia com LBA (lavado broncoalveolar) - Pesquisa pelo BAAR, método de Ziehl-Neelsen - Indicada ~ SR durante a busca ativa ~ Suspeitaclínica ou radiológica, mesmo sem tosse ~ Acompanhamento e controle de cura - Baixa sensibilidade, sendo necessário pelo menos a análise de 2 amostras ~ Duas amostras uma no primeiro contato e outra no dia seguinte ao despertar - Quadro clínico compatível + baciloscopia positiva autorizam o diagnóstico e tratamento - Diagnóstico bacteriológico definitivo: cultura ou teste molecular Teste rápido molecular para TB (TRM-TB) - Indicado para TB pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes - PCR triagem de cepas resistentes a rifampicina - Alta sensibilidade, necessário apenas 1 amostra - Contraindicado em reingresso após abandono e recidivas - Não indicado para acompanhamento e controle de cura - Quadro clínico compatível + TRM-TB positivo autorizam o diagnóstico e tratamento - Diagnóstico bacteriológico definitivo Cultura para micobactéria (identificação e teste de sensibilidade) - Elevada especificidade e sensibilidade - Desvantagem: demora para obtenção dos resultados - Diagnóstico bacteriológico definitivo - Teste de sensibilidade a: S (estreptomicina), H (isoniazida), R (rifampicina), E (etambutol) e Z (Pirazinamida) - Identificação da espécie de micobactéria 11 Rafaela Pamplona Diagnóstico por Imagem Raio X - Cavidades, nódulos, consolidações, massas, processo intersticial (miliar), derrame pleural e alargamento de mediastino ~ Necrose caseosa ~ Mais comum nos ápices, por serem áreas mais aeradas - Objetivos excluir outra doença pulmonar associada, avaliar a extensão do acometimento e sua evolução radiológica durante o tratamento 12 Rafaela Pamplona TC de tórax - Mais sensível - Achados: nódulos centro lobulares ou árvore em brotamento Diagnóstico histopatológico Método empregado na investigação das formas pulmonares que se apresentam radiologicamente como doença difusa e nas formas extrapulmonares Presença de granuloma com necrose caseosa Outros métodos diagnósticos Adenosina deaminase (ADA) - ADA é uma enzima intracelular presente no linfócito ativado, podendo auxiliar no diagnóstico de TB ativa Diagnóstico da infecção latente pelo M.tuberculosis (ILTB) Definição de ILTB: são indivíduos infectados que não apresentam sintomas nem transmitem a doença, mas são detectados no teste de imunidade contra o bacilo Indicação - Contactantes - Portadores de HIV - Usuários de imunossupressores - Silicose - Insuficiência renal crônica dialítica - Profissionais da saúde, pessoas que vivem ou trabalham no sistema prisional ou instituições de longa permanecia 13 Rafaela Pamplona Teste tuberculínico (PPD) - Teste cutâneo - 97% especificidade, 77% sensibilidade - A prova tuberculínica reativa, isoladamente, indica apenas a presença de infecção e não é suficiente para diagnóstico da TB doença - Se considera reator > 5mm - > 10mm solicitar Raio x IGRA (interferon-gamma realease assays) - Teste sanguíneo - Resultado ~ Positivo: ILTB presente ~ Negativo: ILTB ausente ~ Indeterminado: repetir o teste PPD e IGRA - Não diferenciam infecção latente de infecção ativa - A forma ativa deve ser sempre descartada Tratamento associação de drogas + tempo prolongado + monitorização resposta DOT: adesão EB (esquema básico) Rifampicina Rifampicina Isoniazida Isoniazida Pirazinamida Etambutol 2 meses 4 meses Intensiva Manutenção Todos os medicamentos devem ser ingeridos diariamente de uma única vez Padronizado em duas fases - Intensiva ou de ataque ~ Reduzir rapidamente a população bacilar ~ Eliminar bacilos com resistência natural ~ Associação de 4 medicamentos com alto poder bactericida (dose fixa combinada) ~ Duração de 2 meses - Manutenção ~ Eliminar os bacilos latentes ou persistentes ~ Redução da possibilidade de recidiva ~ Associação de 2 medicamentos com maior poder bactericida e esterilizante (dose fixa combinada) ~ Duração de 4 a 10 meses Esquema básico Indicações - Casos novos ou retratamento em adultos e adolescentes - Todas as apresentações clínicas, exceto meningoencefálica e osteoarticular ~ Reduzir rapidamente a população bacilar Seguimento do tratamento Atividades programáticas que permitem o acompanhamento da evolução da doença, visando a utilização correta dos medicamentos e o sucesso terapêutico - Acompanhamento clínico mensal para todos os casos - Controle bacteriológico mensal para os casos pulmonares - Controle radiológico após o 2º mês , principalmente quando o exame de imagem tiver sido utilizado como parâmetro auxiliar para o diagnóstico Reações adversas - Intolerância digestiva - Rifampicina: urina alaranjada e imune mediados - Isoniazida: neuropatia periférica, alterações de comportamento, hepatotoxicidade - Pirazinamida: hiperuricemia - Isoniazida: depleção de B6 (neuropatia periférica) 14 Rafaela Pamplona Reações menores: não é necessária a suspensão do tratamento Reações maiores: menos frequente, é necessário suspender do tratamento - Exantema ou reação de hipersensibilidade moderada/grave - Psicose, crise convulsiva, encefalopatia toxica ou coma - Neurite óptica - Hepatotoxidade - Hipoacusia, vertigem e nistagmo - Trombocitopenia, leucopenia, eosinofilia, anemia hemolítica, agranulocitose, vasculite - Nefrite intersticial - Rabdomiólise com mioglobinúria e IR Fatores de risco - Idade - Alcoolismo - Desnutrição - História de doença hepática prévia - Coinfecção pelo HIV, em fase avançada de imunossupressão Tratamento ILTB Adultos e ≥ 10 anos de idade Estratégia de prevenção do adoecimento Antes de iniciar o tratamento deve-se investigar sinais e sintomas de TB ativa PPT ≥ 5mm ou IGRA positivo Medicamentos - Isoniazida (H): esquema preferencial, exceto efeitos adversos graves com H, contatos de resistentes à H ou hepatopatas - Rifampicina (R): indivíduos com mais de 50 anos, hepatopatias, contatos de pessoas com TB monorresistente à H e intolerância à H. A R está contraindicada nas PVHIV em uso de inibidores de protease e integrase Quimioprofilaxia primária Específico para recém-nascidos de mãe portadoras de TB Suspensão da BGC por 3 meses e uso da medicação Realizar o PPD - Reator: não faz BCG, continua tratamento com isoniazida ou com rifampicina - Negativo: faz a vacina BCG 30% 10% Exposição → Infecção → Doença Quimioprofilaxia primária Tratamento da infecção latente por TB Redução de 60 a 90% do risco TB e Hepatopatia Hepatopatia aguda pelo tratamento - TGP e TGO < 3x LSN, sem sintomas = mantem o esquema padrão - Náuseas, vômitos, anorexia, TGP < 3x LSN = mantem o esquema padrão - Icterícia, TGP < 3x LSN = suspender esquema - Náuseas, vômitos, anorexia, TGP > 3x LSN = suspender esquema - Sem sintomas, TPG > 5x LSN = suspender esquema Se melhora dos sintomas, reintroduzir após TGP<2x LSN RE – H – Z Hepatopatia crônica prévia Estratégias de prevenção e controle Vacinação: BCG intradérmico – dose única ao nascimento Detecção precoce dos casos de TB doença – busca ativa dos contactantes/sintomáticos respiratórios - Tosse ≥ 3 semanas Tratamento da infecção latente por TB em populações especiais Tratamento adequando dos doentes bacilíferos 15 Rafaela Pamplona Vacinação - BCG Previne especialmente as formas graves Não protege contra indivíduos já infectados Não evita o adoecimento por reativação endógena ou reinfecção exógena A partir dos 5 anos NENHUMA pessoa deve ser vacinada com BCG Dose única, preferencialmente nas 12h de vida Busca ativa de sintomático respiratório (SR) SR: tosse por período ≥3 meses de duração Deve ser realizada constantemente Objetivo de identificar precocemente os casos de bacilíferos, iniciar o tratamento, interrompendo a cadeia de transmissão Alta sensibilidade e baixa especificidade Mais eficaz na detecção precoce de casos Busca passiva dos sintomas respiratórios Baseada na iniciativa do paciente pela procura de cuidados a saúde Sintomas de alta suspeição de TB Atraso de cerca de 6 semanas de diagnóstico Controle de contatos Avaliação sistêmica de pessoas que foram expostas a pcts com TB pulmonar ou laríngea Controle de contatos identifica pessoas recém-infectadas pelo bacilo, que apresentam um risco aumentado para o desenvolvimento de TB ativa dentro de 2-5 anos após a aquisição da infecção Realizado pela Atenção Básica Conceitos - Caso índice: 1º caso identificado com TB, nem sempre corresponde ao caso infectante (caso fonte) - Caso fonte: é o caso infectante, não necessariamente o 1º caso identificado (caso índice) - Contato: toda pessoa que foi exposta ao caso índice ou caso fonte 16 Rafaela Pamplona Tromboembolismo Pulmonar Definição É o resultado da obstrução da circulação arterial pulmonar por um êmbolo sanguíneo A maioria dos casos é devido ao tromboembolismo venoso (TEV), que tem como base a trombose venosa profunda (TEP) e como complicação aguda o tromboembolismo pulmonar (TEP) TEV é constituída por duas condições interrelacionadas: a trombose venosa e a TEP Epidemiologia Alta incidência Elevada mortalidade Diagnóstico difícil Quando não tratados a letalidade é 4x maior Dos óbitos por TEP apenas 30% diagnosticados em vida Nos EUA, estima-se que a TEV acomete cerca de 100 pessoas para cada habitantes (1/3 TEP e 2/3 TVP) Entre pacientes com TEP diagnosticada em vida, mais da metade tinha entre 65 e 85 anos de idade, enquanto apenas 5% tinham menos de 24 anos A mortalidade por um evento agudo ocorre, predominantemente, nas primeiras horas de instalação dos sintomas A mortalidade, em pacientes hospitalizados, varia de 6-15% Pacientes que se apresentam com instabilidade hemodinâmica ou que apresentem comorbidades associadas, a mortalidade aumenta para 20 a 30% História natural da doença Condições adquiridas ou herdadas (fatores de risco) favorecem a formação de trombo – Tríade de Virchow - Estase venosa: gerando hipoxia intravascular ~ Disfunções no fluxo sanguíneo ~ Estenose vascular ~ Defeitos nas bifurcações dos vasos - Lesão vascular ou dano endotelial: disfunção/desnudamento endotelial, com exposição do subendotélio ~ Aterosclerose ~ Inflamação vascular ~ Outras anomalias do endotélio - Hipercoagulabilidade: hereditária (trombofilias) ou adquiridas ~ Anomalias da cascata de coagulação ou fibrinolíticas ~ Disfunções plaquetárias Afecção da circulação venosa Êmbolos sanguíneos: eles quase sempre (81%) têm origem nas veias mais proximais dos membros inferiores (ilíacas ou femorais) As tromboses mais distais praticamente nunca embolizam para os pulmões Cerca de 1/4 das tromboses mais distais evoluem para as veias proximais em poucos dias ou até em horas Outras sedes venosas de êmbolos geralmente estão associadas a trombofilias ou estase sanguínea Fatores de risco para TEV Fatores hereditários predisponentes TEV - Trombofilias ~ Deficiência de antitrombina III ~ Deficiência de proteína C e S ~ Resistência a proteína C (fator V de Leiden) ~ Disfibrinogenemia ~ Anticorpo antifosfolípidico/Anticardiolipina ~ Mutação da protrombina ~ Desordens do plasminogênio 17 Rafaela Pamplona Tromboembolismo pulmonar TEP maciça - Corresponde à obstrução de pelo menos duas artérias lobares ou mais de 50% da perfusão pulmonar - Obstrução de pelo menos metade do leito arterial pulmonar, usualmente bilateral, e o paciente apresenta risco altíssimo de morte TEP sub maciça - Corresponde à obstrução de pelo menos uma artéria segmentar e extensão menor do que duas artérias lobares ou menos de 50% da perfusão A repercussão da TEP aguda depende da carga embólica e da condição cardiopulmonar subjacente do paciente - TEP de risco alto ou maciça: é acompanhada de colapso circulatório (hipotensão e choque) - TEP de risco intermediário ou submaciça: apresenta sobrecarga do coração direito, preservando a circulação sistêmica - TEP de risco baixo: é a focal, subpleural, sem comprometimento significativo das circulações pulmonar e sistêmica Manifestações clínicas TEP agudo Varia dependendo da magnitude da “carga embólica” e da função cardiorrespiratória basal do indivíduo, podendo ir de assintomático até ao óbito Clinicamente estáveis: dor torácica e dispneia súbita associada a fator de risco Instabilidade clínica: dor torácica e dispneia súbita associada a fator de risco e apresentando hipotensão e insuficiência respiratória As síndromes clínicas são classicamente divididas em - Infarto pulmonar - Dispneia inexplicada - “Cor pulmonale” agudo Diagnóstico clínico Avaliação da probabilidade clínica de TEP e TVP - Dispneia e/ou taquipneia, associadas ou não a dor torácica pleurítica e/ou hemoptise Pesquisar - Ausência de outro diagnóstico clínico evidente - Presença de fator de risco maior Escore de Wells – regra de predição clínica para TEP Probabilidade clínica Derivação Baixa < 2 Improvável TEP aguda ≤ 4 Moderada 2 a 6 Provável TEP aguda > 4 Alta > 6 Trombose Venosa Profunda 90% dos êmbolos são do território ílio-femoral TVP em veias abaixo do joelho acarretam baixo risco de TEP Raramente cavidades cardíacas, veias dos MMSS e outras Mais raramente trombo neoplásico, corpo estranho, gordura, líquido amniótico 10% dos casos de TVP originam TEP Risco de TEP é maior nos primeiros dias de TVP - TEP nos primeiros dias de TVP → embolias múltiplas - TEP mais tardio na TVP → obstrução de artéria mais calibrosa Manifestações clínicas - Empastamento da panturrilha - Sinal de Homans positivo - Sinais flogísticos - Em mais de 50% dos casos → assintomático Diagnóstico por imagem - USG com doppler venoso Exames Diagnóstico TEV 18 Rafaela Pamplona Exames de apoio diagnóstico TEP ECG - Os achados são inespecíficos, e a principal relevância é excluir outras entidades (IAM ou pericardite) - É infrequente o achado do padrão clássico S1-Q3-T3 - Achados possíveis ~ Taquicardia sinusal; S1Q3T3; Desvio do eixo para a D; Inversão de T nas precordiais V1-V3; BRD transitório; Padrão Qr em V1; Onda P pulmonale; Onda Q em DIII; Padrão Q3-T3; Taquiarritmias atriais Ecocardiograma - Baixa sensibilidade para o diagnóstico de TEP - O ecocardiograma TT raramente consegue visualizar o êmbolo pulmonar, mas às vezes revela um trombo flutuando no átrio ou no VD - Sua principal relevância é em pacientes instáveis com TEP maciça: trombo proximal (principalmente Eco TE), dilatação aguda do VD e presença de hipertensão pulmonar Radiografia simples de tórax - Baixa acurácia diagnóstica - Atelectasias e derrame pleural → mais frequentes (1/3 dos pacientes) - Sinais mais específicos e mais raros ~ Sinal de Westermark: área de oligoemia regional (=hipotransparente) devido a obstrução de ramos segmentares ou lobares da artéria pulmonar ↳ AngioTAC comprova a presença do embolo no local ~ Linhas de Fleichner: áreas de fibroses, mostra áreas de calcificações nas arteríolas pulmonares (= proeminência das artérias centrais) ~ Sinal da corcova de Hampton: área isquêmica na periferia do pulmão. Infiltrado em forma de cunha,base apoiada sobre o diafragma. A imagem de consolidação que apaga o seio costofrênico ~ Sinal de Palla: dilatação da artéria pulmonar direita D-dímero - É um marcador biológico que esta presente no sangue quando existe degradação de fibrina, proteína envolvida na formação de coágulos - Quando há alterações no processo de coagulação, é esperado que exista maior quantidade de dímero-D circulante ~ ↑ D-dímero: gestação, pós-operatório, puerpério, doença vascular periférica, câncer, insuficiência renal, doenças inflamatórias, idade avançada - Alta sensibilidade e baixa especificidade - Deve ser analisado com cautela e em conjunto com a avaliação de probabilidade clínica - Recomendações para uso ~ Usado somente após a avaliação da probabilidade clínica ~ Não deve ser usado em pacientes com alta probabilidade clínica ~ Valor preditivo negativo: teste negativo exclui TEP ou TVP 19 Rafaela Pamplona Gasometria arterial - Hipoxemia arterial: PaO2<80 mmHg - Hipocapnia (alcalose respiratória pela taquipneia): PaCO2<33 mmHg - Gaso normal não exclui TEP, principalmente em pcts jovens e com boa reserva cardiopulmonar Exames de confirmação diagnóstica Investigação de TVP - USG com doppler de MMII tem acurácia de 99% acima do joelho e de 90% abaixo; sem contraindicações e pode ser feito junto ao leito - Outros métodos: Venografia-TC, Venografia-RNM, Flebografia convencional Cintilografia pulmonar ventilação/perfusão - Resultados possíveis 1. Alta probabilidade 2. Probabilidade intermediária 3. Baixa probabilidade 4. Normal - Aplicação prática: com alta probabilidade clínica de TEP ~ 1 + cintilo de alta probabilidade = TEP ~ 2 + cintilo de baixa probabilidade = TEP em até 40% ~ 3 + cintilo normal = investigar outro diagnóstico Angiotomografia de tórax - Exames de confirmação - Possibilita a avaliação da aorta, do parênquima pulmonar, da caixa torácica e do espaço pleural - Angio-TC negativo para TEP e TVP em pacientes com baixa probabilidade clínica é suficiente para afastar esse diagnóstico - Angio-TC positivo para TEP ou TVP em um paciente com alta probabilidade clínica é suficiente para confirmar esse diagnóstico Angioressônancia de tórax - Rendimento semelhante ao da Angio TC do tórax - Indicada em pacientes com alergia ao iodo e gestantes - Permite quantificação da função cardíaca - Desvantagens ~ Custo elevado ~ Tempo prolongado para realização ~ Dificuldade de realização em pacientes graves Arteriografia pulmonar - Método invasivo com baixa morbidade e mortalidade - “Padrão ouro” (x Angio TC) - Indicado como método inicial é usualmente limitado aos pacientes instáveis e com contraindicação ao uso de trombolíticos e que podem se beneficiar da trombectomia por cateter - Nos pacientes estáveis, a indicação da angiografia ocorre quando os resultados dos exames não invasivos são inconclusivos, ou quando há discordância entre os mesmos e a clínica Tratamento Anticoagulação é a base do tratamento, por inibir a continuidade do processo trombótico, favorecendo a fibrinólise Anticoagulação de fase aguda - Heparina não fracionada (HNF) ~ Pacientes com instabilidade hemodinâmica ~ Indicada para pacientes com insuficiência renal ~ Adm bomba de infusão continua, de acordo com o PTTa (tempo de tromboplastina parcial ativado) verificado 6/6h ~ Pode provocar trombocitopenia induzida por heparina (HIT): anticorpos contra o complexo heparina-fator IV plaquetário ~ 80 UI/Kg IV em bolus e manutenção com 18 UI/kg/h ~ Dosagem do PTT a cada 6h, objetivando 1,6 a 2,3x controle OU - Heparina de baixo peso molecular (HBPM) ~ Pacientes hemodinamicamente estáveis e pct com câncer ~ Vantagem da HBPM em relação a HNF ↳ Farmacocinética mais previsível ↳ Uso subcutâneo ↳ Menor risco de trombocitopenia induzida por heparina ↳ Não necessita monitorar a anticoagulação, pois apresenta biodisponibilidade mais uniforme ao longo do tempo ~ Enoxoparina=1mg/kg SC 12/12h ou 1,5mg/Kg 1x/dia ~ Nadroparina: 90U/Kg 12/12h ou 190U/KG 1x/dia ~ Dalteparina: 120U/Kg 12/12h ou 200U/Kg 1x/dia ↳ Vantagens: sem necessidade de acompanhamento laboratorial se função renal normal ↳ Desvantagens: em obesos e renais crônicos, optar por HNF ou fazer dosagem do fator Xa ~ Rivaroxabana: 15mg de 12\12h por 21 dias seguido de 20mg ao dia por 3-6meses ↳ Fazer em pacientes com TVP e\ou TEP sem repercussão hemodinâmica, ambulatorial Tratamento de manutenção - Anticoagulante orais: cumarínicos (antagonista da vit.K), Dabigatrana, Abigatrana, rivaroxabana = iniciar juntamente com heparina 20 Rafaela Pamplona - Duração da anticoagulação oral ~ 6 sem. à 3 meses → primeiro evento TEP com fatores de risco reversíveis e que não mais se façam presentes ~ 3 à 6 meses → pacientes com TV idiopática ~ Mais prolongado ou por toda vida → deficiência de antitrombina III, deficiência de proteína S, deficiência ou resistência a proteína C, anticoagulante lúpico ou anticorpo Anticardiolipina Contraindicações relativas ao uso de anticoagulantes - Sangramento ativo - Doença ulcerosa péptica ativa - Defeitos conhecidos na coagulação - Trombocitopenia (< 50000) ou disfunção plaquetária - AVC hemorrágico recente - Dificuldade de adesão ao tratamento - História de quedas (pelo menos 3 no último ano) - Endocardite bacteriana - HAS não controlada (>180x110mmHg) - Cirurgia maior ou politraumatismo nos últimos 3 meses - Cirurgia maior planejada - Doença intracerebral ativa - Anemia grave de causa não explicada - Tumores ulcerados - Gestação - TIH Tratamento do paciente instável hemodinamicamente - Trombolíticos ~ Estão indicados para o tratamento de pacientes com TEP maciça e/ou instabilidade hemodinâmica e sem contraindicações importantes para anticoagulantes ~ Não estão indicados em pacientes com TEP de qualquer tamanho, quando hemodinamicamente estáveis e sem evidência de DVD ~ Uma dose de 50 mg de rtPA em bolus pode ser usada emergencialmente em pacientes com forte suspeita clínica de TEP maciça e risco de morte iminente - Embolectomia ~ Pacientes graves, com instabilidade hemodinâmica significativa, que têm contraindicações formais a trombolíticos ou não responderam a essa terapia, são candidatos a embolectomia ~ Pode ser feito através de radiologia intervencionista (por cateter e através de fragmentação e aspiração) ou por cirurgia aberta (com esternotomia e circulação extracorpórea) - Filtro de veia cava ~ Indicados para pacientes com TEP aguda, na presença de contraindicação ou de complicação relacionada ao uso de anticoagulantes ~ São também utilizados nas recidivas de TEP, a despeito de anticoagulação adequada, bem como na presença de TEP maciça e nos casos cirúrgicos de embolectomia ~ Pré-operatório de pacientes em uso de anticoagulação - Tratamento cirúrgico ~ TEP crônico: ocorre quando o êmbolo pulmonar agudo não sofre resolução. Quadro insidioso: dispneia, cansaço, síncope, IVD (mortalidade de 70% quando esse estágio é atingido) ~ Indicações ↳ Pacientes com trombo não resolvidos após 3 meses de anticoagulação e que apresentem limitação funcional importante (classe III ou IV da NYHA). ↳ Hipertensão pulmonar (> 30mmHg). ↳ Resistência vascular pulmonar aumentada ↳ Tromboendarterectomia pulmonar + filtro de VCI 21 Rafaela Pamplona Derrame Pleural Definição Acúmulo de líquido no espaço pleural Etiologia variada - Transudato: líquido hipoproteico e hipocelular, ocorre em afecções não inflamatórias - Exsudato: líquido rico em proteínas, ocorre em região de inflamação Dinâmica do líquido depende - Pleura visceral~ Irrigação pelas artérias brônquicas e artéria pulmonar ~ Drenagem pelo sistema venoso pulmonar ~ Drenagem linfática é pelo sistema linfático pulmonar - Pleura parietal ~ Irrigação pelas artérias sistêmicas, que saem diretamente da aorta ~ Drenagem venosa pela veia cava ou veias peribrônquicas ~ Drenagem linfática pelos linfáticos sistêmicos e estomas Fisiologia do espaço pleural O líquido pleural normal é produzido pelos vasos localizados em ambas as pleuras e reabsorvido pela pleura parietal O derrame ocorre quando a produção de fluidos supera a capacidade dos vasos linfáticos de reabsorver líquido, devido à alta taxa de produção, reabsorção diminuída ou a combinação desses dois fatores O líquido pleural flui através das membranas pleurais até a cavidade pleural e sai do espaço pleural através dos vasos linfáticos das pleura parietal Fisiopatologia - Aumento da pressão hidrostática em capilares e linfáticos (transudato) - Diminuição da pressão oncótica - Aumento da permeabilidade capilar (exsudato) - Aumento da pressão negativa no espaço pleural Mecanismos fisiopatológicos do DP Transudato - Aumento da pressão hidrostática microvascular ou redução da pressão oncótica do plasma - Principal causa: ICC Exsudato - Inflamação da pleura com aumento da permeabilidade da pleura à proteína - Bloqueio à drenagem linfática da pleura - Empiema: infecção no espaço pleural - Hemotórax: hemorragia no espaço pleural - Quilotórax: vazamento de quilo (linfa rica em quilomícrons) no espaço pleural - Principal causa: derrame parapneumônico e câncer Manifestação clínica Quadro clínico - Sintomas podem ser causados pela doença de base - Sintomas pela presença do líquido ~ Dispneia ~ Dor torácica tipo “pleurítica” ou “respirofásica” (piora na inspiração”. Esse tipo de dor denota a existência de inflamação pleural (pleurite) e costuma desaparecer quando o liquido afasta as pleuras, anulando o atrito ~ Tosse seca ~ Trepopneia: DP volumosos pode causar dispneia em decúbito lateral com o lado que contém o derrame voltado para cima - Clínica mais comum: dor pleurítica, tosse seca discreta e dispneia Exame físico - Síndrome de derrame pleural: macicez a percussão, redução ou abolição do MV, desaparecimento do FTV - Inspeção: abaulamento do hemitórax comprometido e de seus espaços intercostais; desvio do ictus cordis e da traqueia - Palpação: redução da expansibilidade torácica 22 Rafaela Pamplona - Percussão: macicez ou submacicez sobre a região com líquido - Ausculta: redução ou abolição do MV; atrito pleural (na fase de pleurite, no início do processo ou em sua fase de resolução) - Frêmito toracovocal: diminuído Consolidação (aumentado) X Derrame pleural O exame físico só si diferencia pelo FTV FTV diminuído: atelectasia, pneumotórax e DP Diagnóstico Etapas - Primeira: avaliação clínica e Rx do tórax em PA/perfil - Segunda: abrir história da doença para a etiologia do DP - Terceira: decidir por toracocentese com ou sem biopsia pleural Radiografia do tórax (PA, perfil, decúbito lateral) - Incidência em PA: para ser visível é preciso que 175 a 200mL se acumule no seios costofrênicos laterais, levando ao “velamento” do seio - Incidência em perfil: visível a partir de 75 mL, “velando” o seio costofrênico posterior. É mais sensível que a em PA - Incidência em Lawrell: decúbito lateral com raios horizontais, colocando o derrame na posição dependente - Opacificação do recesso costofrênico ~ Curva ou parábola de Damoiseau: sugestivo de derrame. Linha curva parabólica de convexidade superior, delineada por percussão torácica, que determina o limite superior de macicez devida a presença derrame pleural volumoso - Má ou nenhuma visualização da cúpula diafragmática - Opacificação homogênea com linha voltada para o mediastino Radiografia: Derrame X Atelectasia Derrame pleural: “empurra o mediastino” Atelectasia: “puxa o mediastino” Derrame pleural pequeno - Raio X em Laurell ~ Forma mais sensível para diagnóstico de derrame pleural, sendo capaz de detectar até volumes pequenos (5mL) ~ Radiografia em decúbito lateral (incidência de Hjelm- Laurell) é útil para ↳ Determinar o tamanho do derrame ↳ Determinar se o derrame é livre ou loculado Apresentações atípicas Derrame infra-pulmonar ou subpulmonar - Grandes volumes de líquido podem se manter sob os pulmões 23 Rafaela Pamplona Derrame loculado - Líquido pleural pode manter-se capsulado em qualquer ponto dos campos pleuro-pulmonares Loculação entre as cissuras (tumor fantasma) - LP pode manter-se encapsulado na cissura horizontal ou oblíqua, formando uma imagem compatível com uma massa na projeção em PA, mas, em geral, com conformação elíptica na projeção lateral Ultrassonografia de tórax Derrames pleurais loculados Massas pulmonares adjacentes a parede torácica Indicado quando o exame clínico e radiológico não é conclusivo Existe uma escassa quantidade de líquido ou há uma suspeita de derrame pleural encistado (para marcação para drenagem) TC Só é Indicado para investigação!! Só deve ser realizado após a drenagem do líquido Estudo do parênquima pulmonar - Abscesso pulmonar, pneumonia, câncer broncogênico Estudo da pleura - Mesotelioma: câncer do mesotélio, membrana que reveste o interior das paredes torácica e abdominal - Placas pleurais: marcador da exposição ao asbesto, indicando maior risco de fibrose ou doenças malignas relacionadas ao asbesto Abscesso pulmonar: infecção necrosante caracterizada por lesão cavitaria preenchida por pus Empiema: presença de pus no espaço pleural Derrames pleurais loculados: são coleções de líquido encarceradas por aderências pleurais ou dentro de fissuras pulmonares Broncoscopia Exame para investigação Suspeita de lesão Sem doença pulmonar evidente a broncoscopia, o exame tem pouca probabilidade de revelar a etiologia do processo pleural Deve ser feita precocemente na investigação do derrame pleural, onde o foco inicial é o pulmão Toracocentese Realizar quando há presença de uma coleção líquida no espaço pleural, porém deve ser avaliado cada caso Os derrames menores que 10 mm em radiografia em decúbito lateral, não devem ser rotineiramente abordados devido ao risco de complicações Punção: procedimento por agulha fina, podendo ser para fins diagnósticos ou de alívio Drenagem: procedimento cirúrgico para introdução de um dreno através da parede torácica na cavidade pleural Procedimento - Paciente sentado, com o tronco levemente inclinado para frente e braços apoiados para sobre um anteparo ou decúbito lateral do lado do derrame - A agulha deve ser inserida sobre a borda superior do arco costal para evitar danos ao feixe neurovascular que esta localizado ao longo da borda inferior de cada arco costal - Durante a expiração o fígado pode alcançar o 5ºEIC e o baço o 9ºEIC Indicada: 300ml ou acima, menos posso lesionar o pct - Toracocentese diagnóstica: estudo do líquido pleural ~ DP unilateral > 1cm em RX de tórax em decúbito lateral 24 Rafaela Pamplona ~ DP bilateral com doença de base compatível (ex.: ICC), afebril e sem dor torácica é recomendável observar e promover diurese antes de optar pela toracocentese ↳ Observar de o derrame persistir por mais de 3 dias, é indicado toracocentese - Toracocentese terapêutica: para alívio da dispneia ~ Derrame pleural volumoso + ~ Paciente com dispneia em repouso ~ Evitar remover mais de 1500ml nas primeiras 24h, pois causa risco de edema de reexpansão ↳ Frequentemente letal ↳ É uma complicação secundaria a rápida reexpansão do pulmão colapsado emconsequência a um pneumotórax ou derrame pleural de grande volume Solicitar - Exames para separar em grupos as doenças que causam transudato ou exsudato (proteínas e desidrogenase láctica) e exames de acordo com sua HD etiológica - Amostras devem ser feitas para exame químico, bacteriológico e citológico de acordo com suspeita diagnóstica - Derrame purulento: apenas solicitar Gram e culturas (bactérias e fungos) Diferença entre exsudato e transudato Exsudato - Ocorre quando os fatores locais que influenciam o acúmulo de liquido pleural são alterados - Rico em proteínas, debris celular e leucócitos, sendo produzido como reação a danos nos tecidos e vasos sanguíneos - Principais causas: PNM, CA e embolia pulmonar Transudato - Ocorre quando fatores sistêmicos que determinam a absorção e produção do liquido pleural estão alterados, levando ao acumulo de líquido pleural - Pobre em proteínas, sendo causado pelo aumento da pressão hidrostática ou redução das proteínas plasmáticas - Principais causas: ICC, cirrose e embolia pulmonar Critérios de Light É a comparação do que foi encontrado no líquido pleural com o plasma, ajuda na determinação da causa e na escolha terapêutica Utiliza critérios bioquímicos que podem identificar o caráter transudativo ou exsudativo Alta sensibilidade Utiliza dois parâmetros principais: nível proteico e nível da desidrogenase lática (DHL) - A DHL é uma enzima que pode ser encontrada no interior de quase todas as células corporais, estando presente em pouca quantidade no soro - A DHL é liberada na corrente sanguínea quando há dano ou destruição celular e, então, pode ser utilizada na classificação dos derrames pleurais por ser um bom marcador de injúria celular Esses níveis são analisados no plasma e no líquido pleural, estabelecendo-se proporções entre estas duas localizações para classificar o derrame bioquimicamente Parâmetros Transudatos Exsudatos Relação entre proteína do liquido pleural e sérico ≤ 0,5 > 0,5 Relação entre DHL do liquido pleural e sérico ≤ 0,6 > 0,5 DHL no líquido pleural >2/3 limite superior no soro Não Sim A presença de 1 dos 3 critérios de exsudato é suficiente para a sua caracterização A presença dos 3 critérios de transudato é necessária para a sua caracterização Limitação dos critérios de Light - Podem classificar alguns exsudatos como transudatos - Sempre que o contexto clínico sugerir uma causa de derrame transutativo, mas a toracocentese diagnostica mostrar derrame exsutativo pelos critérios de Light, deve-se recorrer ao cálculo do Gradiente Soro-pleural de proteína ~ Albumina sérica – albumina pleural > 1,2g/dl ~ O resultado > 1,2g/dL confirma se tratar de transudato, anulando os critérios de Light Estudo do líquido Critérios de Light para definir se é transudato ou exsudato é possível limitar as possível etiologias - Exsudato: doença localizada na pleura, avalia-se: pH, glicose, celularidade (contagem de céls mesoteliais, hemácias e leucócitos), coloração gram, cultura e citologia oncótica - Quilotórax: pesquisa de quilomícrons e dosagem de triglicerídeos no LP. TG > 100-110 confirma diagnóstico - Suspeita de TB: pesquisa de BAAR, TRM-TB e dosagens de ADA e INF-gama, biopsia para confirmar - Suspeita de neoplasia: citologia oncótica 25 Rafaela Pamplona ❤ Resumo das características de algumas etiologias de DP exsudativo Aspecto do líquido Após a coleta, o primeiro passo na analise do liquido pleural é a avaliação da aparência que muitas vezes já permite o diagnóstico Pus Empiema Sangue Hemotórax (definição formal: relação hematócrito do derrame/hematócrito do sangue periférico > 0,5) Leitoso (branco) Centrifugar: sobrenadante claro = empiema; sobrenadante turvo = quilotórax Serossanguinolento Mistura de LP com sangue. Acima de 10.000 hemácias/ml o líquido fica progressivamente “tingido” de sangue Seroso Líquido pleural sui generis (amarelo-palha”) Cor - Hemorrágico (A): acidente de punção, neoplasia ou embolia pulmonar - Turvo (B): geralmente significa alta celularidade ou alto teor de proteínas e lipídios (quilotórax) - Amarelo-citrino (C): mais de 80% dos transudatos e grande parte dos exsudatos apresentam essa característica - Purulento: empiema pleural - Hemotórax: aspecto de sangue (hematócrito do liquido >50% do hematócrito do sangue), associado a trauma ou dissecção aórtica - Achocolatado: sugestivo de abscesso amebiano - Enegrecida: melanoma Turbidez - Se diminuir após a centrifugação = empiema - Se persistir após a centrifugação ~ Quilotórax: sugere linfoma, carcinoma ou etiologia traumática ~ Pseudoquilotórax: comum em DP crônico, como artrite reumatoide e TB Odor - Pútrido indica provável infecção por anaeróbios - Odor de urina indica provável urinotórax Citometria Transudatos apresentam celularidade inferior a 1.000/mm3 e os exsudatos, níveis superiores Nº de células superior a 10.000/mm3 é mais frequentemente encontrada no empiema, mas pode ocorrer também na TB, pancreatite, embolia, lúpus Citometria diferencial - Predomínio de neutrófilos (PMN) ~ Parapneumônico ~ Empiema ~ Fases iniciais da TB pleural e das colagenoses ~ Pancreatite ~ Embolia pulmonar - Predomínio de mononucleares ~ TB ~ Neoplasias ~ Colagenoses ~ Embolia pulmonar ~ Acometimentos crônicos da pleura - Predomínio de eosinófilos ~ Neoplasias ~ Derrame induzido por drogas ~ Parasitoses ~ Parasitoses ~ Exposição ao asbesto ~ Quando há sangue ou ar no espaço pleural ~ PNM eosinofílica - Predomínio de linfócitos ~ Se >50% TB (quase 100%) ~ Neoplasias (cerca de 60%) ~ Pós-cirurgia de revascularização do miocárdio - Células mesoteliais ~ Reduzidas na TB - Plasmócitos ~ Mieloma múltiplos 26 Rafaela Pamplona pH do líquido pleural Justificado na suspeita de derrame parapneumônico ou neoplásico pH < 7,20 - Em paciente com DP parapneumônico indica a necessidade de drenagem de fluido - Em paciente com DP neoplásico indica péssimo prognóstico Glicose A presença de baixos níveis de glicose no fluido pleural (<60mg/dL), indica um derrame parapneumônico ou neoplásico Causas menos comuns: hemotórax, TB, pleurite reumática, síndrome de Churg-Strauss, pleurite lúpica DHL O nível de DHL no liquido pleural correlaciona-se com o grau de inflamação pleural e deve ser medido toda vez que uma nova amostra for colhido Aumento progressivo de DHL sugere piora inflamatória, devendo um diagnóstico definitivo ser agressivamente pesquisado Diminuição do nível do DHL, pode ser considerada uma abordagem diagnostica menos agressiva Testes oncológicos no líquido pleural Forma rápida, eficiente e minimamente invasiva para auxiliar no diagnóstico de CA Análise citológica em bloco e em esfregaço aumenta a sensibilidade A análise citológica pode estabelecer diagnóstico em até 70% dos casos de adenocarcinoma metastático para pleura Marcadores de TB Menos de 40% dos pacientes com pleurite tuberculosa tem cultura positiva Meios alternativos são utilizados para estabelecer o diagnóstico - Biopsia de pleura mandatória na suspeita - Adenosina desaminase (ADA > 40U/L) - Interferon-g (> 140pg/L) - Reação em cadeia polimerase (PCR) para DNA de micobactérias Amilase Só solicitar quando há suspeita de pancreatite Níveis elevados são vistos em pacientes com doença pancreática e ruptura esofágica Deve ser medida se houver sintomas clínicos ou história sugestiva DP hemorrágicos Geralmente secundários a acidentes de punção, traumas torácicos, neoplasia, embolia pulmonar, ruptura de aneurisma de aorta, pancreatite e, menos frequentemente, tuberculoseCaracterística Conteúdo de sangue Hemácias/mm3 Ocorrência mais comum Levemente hemorrágico 1 a 2ml/L 5 a 10.000 Acidente de punção Sero- hemorrágico > 2ml/L > 100.000 CA, trauma, embolia Análise do líquido Predominância de leucócitos PMN = pneumonia Linfócitos pequenos e maduros sem ou com algumas células mesoteliais = TB Líquido sanguinolento = infarto pulmonar ou carcinomatose pleural (3 principais causas: trauma, embolia e CA) Linfócito + PMN + numerosas células mesoteliais = infarto pulmonar Papanicolaou = células malignas da carcinomatose pleural Célula LE = LES Amilase elevada = pancreatites / tumor de esôfago com fistula ADA > ou igual a 40UI = TB Recomendações - Se após avaliação não houver diagnóstico evidente é necessário avaliar a possibilidade de embolia pulmonar - Se o diagnóstico permanece incerto, considerar testes invasivos ~ Toracoscopia ~ Biópsia da pleura por agulha ~ Biópsia pleural aberta Derrame pleural de causa indeterminada - Em até ¼ dos casos o DP pode ficar sem diagnóstico etiológico. Rotulados como pleurite inespecífica Biopsia pleural - Vários fragmentos para exames histológicos e bacteriológicos - Combinação de exame microscópico e cultura do tecido pleural fornece o diagnóstico em 90% dos pacientes com derrame pleural por TB - Mesoteliomas = biópsia pleural aberta 27 Rafaela Pamplona Diagnóstico diferencial Tratamento Depende da etiologia - Expectar: quando for parapneumônico de pequeno ou médio volume - Abordar: quando for de grande volume (ICC) - Quanto retirar de líquido? Indicada na vigência de desconforto respiratório, visando rápido alivio do paciente (1.200 a 1.500 ml – prevenir edema agudo de reexpansão) - Antibioticoterapia? Na suspeita de parapneumônico, empiema - Pleurostomia? Indicada para o tratamento de infecções crônicas da cavidade pleural (empiema crônico) - Toracotomia com decorticação? Indicado quando há empiema e após a drenagem o pulmão continua sem expandir - Pleurodese? Procedimento que procura produzir fibrose pleural por meio químicos ou mecânicos, a mais eficaz é a instalação de talco por vídeo toracoscopia, obliterando o espaço pleural e prevenindo as recorrências Toracocentese terapêutica - É a forma menos invasiva de tratamento do DPP - Sucesso em 25% a 94% do empiema - Considerar a toracocentese somente nos derrames menores que a metade do hemitórax, com Gram e cultura negativos e pH > 7,2 Drenagem pleural - Tratamento de escolha para os DPP volumosos (maiores que a metade do hemitórax) ou que se apresentem com Gram ou cultura positivos ou pH < 7,2 e no empiema franco - Deve ser também considerada nos DP com paciente instável Agentes trombolíticos - Para a lise das loculações podem ser utilizados os trombolíticos (estreptoquinase, uroquinase ou o fator ativador de plasminogênio) - Recomenda-se ~ Estreptoquinase por via intrapleural através do dreno torácico, na dose de 250.000 UI, diluída em 50 ou 100 ml de solução fisiológica e administrada uma ou duas vezes ao dia por até três dias (dose total máxima 1500.000UI) - Indicações ~ Estudos atuais têm sugerido a utilização de agente trombolítico na primeira semana após o diagnóstico das septações ~ Devemos também considerar que pacientes de alto risco operatório para o uso de anestesia geral Pleuroscopia - É uma alternativa eficaz nos DPP loculados se indicada precocemente - Tem as vantagens de menor custo e menor agressão quando comparada com a decorticação pulmonar e a drenagem com uso de fibrinolítico - Pode ser uma alternativa na fase crônica do empiema Toracotomia e decorticação - A decorticação por toracotomia aberta está indicada no empiema com inadequada expansão pulmonar - Nos casos de fístula persistente do parênquima - Coleções encistadas residuais pós-tratamento com fibrinolíticos ou pleuroscopia Drenagem aberta e pleuroscopia - Pacientes muito debilitados e com empiemas crônicos (usualmente sem resolução após 30 dias de tratamento) que não suportam procedimentos mais agressivos - Na cavidade residual pós empiema extensa e sem previsão de fechamento em prazo longo Derrame parapneumônico Exsudato pleural que acompanha uma PNM bacteriana, pode ou não ser empiematoso Envolvimento inflamatório da pleura visceral adjacente, levando a pleurisia aguda e derrame pleural sero-exsudativo, devido a processo infeccioso pulmonar - PAC não tratada ou maltratada - Estafilococos é a principal causa de derrame A clínica é de quadro de PNM que evolui com achados de derrame pleural no Rx do tórax 28 Rafaela Pamplona Pode ser dividido em três categorias - Simples ou não complicado: derrame estéril, geralmente de pequeno a moderado volume. Não requer drenagem e sua resolução acompanha resolução da PNM com antibióticos - Complicado: existem alterações inflamatórias sugestivas de invasão bacteriana do espaço pleural, porém pode não ser detectada na bacterioscopia ou cultura. Tratado com antibioticoterapia e drenagem de tórax se ~ Glicose < 60mg/dl ~ pH < 7,2 ou entre 7,2-7,3 ~ DHL pleural > 1.000 U/l - Empiema: infecção grosseira do espaço pleural, sendo francamente purulento (com bacterioscopia e cultura positivos). Além de antibioticoterapia deve ser drenado o mais rápido possível, a fim de evitar a síndrome do encarceramento pulmonar secundaria a fibrose pleural Fluxograma de orientação e terapêutica nos derrames pleurais parapneumônico Empiema Condição pós-pneumonia (comunitária ou hospitalar) Pós-operatório, iatrogênica Secundário a trauma torácico Obstrução brônquica devida à neoplasia central ou por corpo estranho Derrame pleural maligno Exsudato Geralmente é unilateral e volumoso É suspeitado em pacientes com aumentado risco para neoplasias: tabagismo, idade acima dos 60 anos, etc A recidiva é frequente e rápida após a toracocentese terapêutica, Pleurodese, instalação de dreno permanente Os marcadores tumorais no líquido pleural não têm suas interpretações ainda bem estabelecidas, portanto, eles não devem ser solicitados rotineiramente - Antígeno carcinoembrionário (CEA): carcinoma de células escamosas, carcinomas embrionários e adenocarcinomas de diferentes órgãos - CA-125: adenocarcinoma de ovário - CYFRA-21: marcador tumoral de tecido epitelial, incluindo mesotelioma 29 Rafaela Pamplona Derrame pleural tuberculoso Exsudato Geralmente é unilateral e pequeno a moderado Geralmente o paciente é adulto jovem do sexo masculino Apresentação clínica típica é tosse seca, febre vespertina, sudorese noturna, emagrecimento e dispneia No liquido pleural há aumento da adenosina deaminase (ADA), com aumento de linfócitos (até 90%) e sem a presença de células mesoteliais ou com o encontro de pouca, até 5% Insuficiência cardíaca congestiva Transudato Causa mais frequente de derrame pleural transudativo por aumento da pressão sistêmica e capilar pulmonar Geralmente é bilateral e maior à direita Quando unilaterais são geralmente à direita - 20% dos derrames pleurais na embolia pulmonar são transudato - Pode ocorrer na pericardite constrictiva crônica Derrames paracisticos Transudato Movimento de líquido do espaço peritoneal para o espaço pleural 70% à direita, 15% à esquerda e 15% bilateralmente Síndrome de Meigs - É uma condição clínica rara - Tumor ovariano benigno + ascite + derrame pleural - Condição se resolve após a ressecção tumoral Diálise peritoneal Pancreatite aguda Hipoalbuminemia Transudato Geralmente bilaterais e associado a acúmulo de líquido em outros locais do organismo (edema e
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