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@meddeboa – Raquel Fontenele – Clínica Cirúrgica – 6º Período Corpos Estranhos - Ovace Obstrução de vias aéreas é toda situação que impeça total ou parcialmente o trânsito de ar ambiente até os alvéolos pulmonares. Devem ser feitas de maneira rápida e prioritária. O que o médico deve saber para o diagnóstico e a conduta adequados? Resolver o problema nesse nível de cuidado; evitar latrogenias irreparáveis ao paciente; facilicar a atuação posterior do especialista. ➔ Os Corpos estranhos são mais comuns em crianças, principalmente pré escolares e lactentes. Obstruções mais comuns são por: espinhas de peixe, ossos, moedas, peças de brinquedos e contas de colar. Classificação quanto a gravidade 1. Leve: existe passagem de ar e a vítima é capaz de tossir. O reflexo de tosse é mantido na tentativa de expelir o corpo estranho. - Enquanto houver uma troca gasosa satisfatória, o socorrista deve encorajar a vítima a persistir na tosse espontânea e nos esforços respiratórios. - A tosse promove a saída de ar dos pulmões, a expulsão do objeto causador da obstrução. 2. Moderada a Grave: paciente passa a evoluir com hipóxia, diminuição da perfusão e iniciando uma cianose, e posterior apneia e óbito. @meddeboa – Raquel Fontenele – Clínica Cirúrgica – 6º Período Classificação quando à localização Laríngeo Traqueal Bronquial 2 a 12% em adultos ➢ Objetos Grandes: Obstrução completa Dificuldade respiratória, cianose e morte. ➢ Objetos Médios/pequenos: Obstrução parcial Estridor, afonia e tosse Odinofagia e dispneia 7% em adultos Tosse, estridor e sufocamento Maior probabilidade de complicações (porque mesmo havendo reflexo de tosse, não será suficiente para expelir o corpo estranho) 80% (+ acometido é o brônquio principal direito) Sintomas variáveis, dependendo da fase que se encontra o paciente e do grau de obstrução: ➢ Leve: sibilância (vai parecer uma crise asmática) ➢ Moderada: Enfisema (permite a entrada de ar, mas não sua saída) – durante a ausculta parece um arrancar de velcro. ➢ Severa: Atelectasia (não permite nem entrada, nem a saída de ar) – quando os pulmões colabam ocorre hipóxia e/ou morte. Nos casos de objetos orgânicos provavelmente evoluirá com pneumonia (acomete muitos idosos, acamados, pacientes com déficit cognitivos) @meddeboa – Raquel Fontenele – Clínica Cirúrgica – 6º Período Qual a sintomatologia desse paciente? Os sintomas iniciais são intensos, violentos, pois o paciente sente uma sensação de sufocamento iminente. Pode inclusive causar um espasmo laríngeo (sem troca gasosa levando a insuficiência respiratória) e parada respiratória. Levando em consideração que o paciente não evoluiu para óbito O corpo estranho vai sendo mais bem tolerado, entrando em um período de latência com todos os sinais respiratórios, dispneia laríngea com estridor, tosse, disfonia, afonia, voz rouca, dor e tiragem (uso da musculatura acessória). Importante ➔ Os corpos estranhos muito pequenos (ex: broncoaspiração de arroz, espinha de peixe pequeno, ossinho da galinha) podem passar despercebidos nessa fase, podendo desenvolver ou não a sintomatologia. ➔ Os objetos radiopacos (ex: moedas) podem ser visualizados nos Rx ou então em tomografias cervicais. ➔ Em criança com dispneia laríngea, ficar sempre atendo à possibilidade de um corpo estranho despercebido. Como é feita a manobra de Heimlich? Eleva o diafragma e aumenta a pressão na via aérea forçando a saída de ar dos pulmões, suficiente para criar uma tosse artificial e expelir o corpo estranho. Vai permitir uma desobstrução total ou parcial, até porque pode ter um processo inflamatório associado. Quais as complicações da manobra de Heimlich? Danos aos órgãos internos, portanto toda vítima que receber a manobra deve ser encaminhada para o hospital. É possível fazer a manobra sozinho? Sim, com o punho utilizando um anteparo fixo para fazer a compressão de volta. Como é feito em bebês? Barriga em contato com antebraço de forma que a cabeça fique pendente e o movimento será com a mão dominante na região de tórax do bebê. A partir do momento que há a regurgitação do corpo estranho ou a melhora da circulação, coloca-se o bebê de barriga para cima e inicia-se as compressões cardíacas (bi-digital). OBS: dar uma olhada nas crianças maiores e gestantes. @meddeboa – Raquel Fontenele – Clínica Cirúrgica – 6º Período Conduta 1. Vítima Inconsciente 1- Apoiar a vítima cuidadosamente no chão 2- Ativar o serviço médico de emergência (pedir ajuda) 3- Iniciar a RCP 4- Cada vez que o socorrista abrir as vias aéreas para realizar as ventilações, o mesmo deverá olhar para o interior da cavidade oral para visualizar possíveis corpos estranhos. 5- Se o corpo estranho estiver visível? Remover, evitando varredura digital às cegas. Se não for visível? Continue o RCP. → A retirada do corpo estranho NÃO deve retardar as manobras da ressuscitação cardiopulmonar, porque na RCP a massagem cardíaca efetiva é uma das principais manobras de salvamento de vida. 2. Conduta atendimento na UBS/PA 1- Identificar se o paciente se encontra no período crítico, se tem sinais de sufocação, acessos de tosse, angústia, apneia ou no período de tolerância, com dispneia laríngea, estridor, tosse, disfonia, afonia, voz roca, dor, tiragem costal. 2- Quando o corpo estranho está presente na orofaringe (visível), deve ser removido com uma pinça de Hartmann. Entretanto, em uma situação de emergência, poderá ser removido com a mão. 3- Se chegar um paciente que necessita de suporte ou orientações é preciso ligar para o 192. (UBS) → A nível hospitalar: podem ser ministrados analgésicos EV ou IM ao paciente com sintoma de dor local forte. @meddeboa – Raquel Fontenele – Clínica Cirúrgica – 6º Período 3. Conduta no atendimento especializado →Paciente precisa de medidas de emergência: suporte ventilatório (via aérea emergencial – cateter de O2), traqueostomia ou cricotireoidostomia (não pode deixar mais que 72h – ou via cirúrgica ou punção) →Paciente está no período de tolerância ventilatória: investigar com Rx cervicais e iniciar as medidas de urgência com suporte ventilatório (cateter, máscara). →Em qualquer uma das situações acima: paciente será direcional, por meio da regulação de urgência, em unidade de suporte avançado (USA), a um hospital de elevada complexidade. →Identificação do corpo estranho: exame físico direto com iluminação adequada, por meio da laringoscopia indireta ou fibras ópticas, palpação local ou RX. →Tratamento: pode necessitar anestesia geral ou local, com remoção digital ou com o instrumento adequado. 4. Na emergência → Alguns casos são necessários a realização da traqueostomia, porque somente ela é passível da retirada do corpo estranho (quando o corpo estranho for traqueal). → Laringoscopia indireta somente por profissionais capacitados e com suporte hospitalar. Ou seja, um paciente que engoliu um osso de galinha e perfurou a via aérea ou trato digestivo superior, a única pessoa apta para retirada será o especialista. Laringoscopia direta em centro cirúrgico, sob anestesia geral. →Dificilmente é necessária a realização de uma laringotomia via aberta, ou seja, raramente você precisará abrir a laringe do paciente. Corpo Estranho no Organismo O mais comum é em vias aéreas, mas também podemos observar corpos estranhos em: olhos (2ª + comum),pele, ouvidos, nariz e garganta. Sinais e sintomas: desconforto, ferimento ou prejuízo de alguma função. Casos leves: presença de pequenas partículas (corpo estranho) nos olhos. Ex: poeira, carvão, madeira, areia, ossos, grãos, insetos, e espinhos de peixe. Casos graves: presença de um corpo estranho encravado na córnea que pode levar a uma cegueira ou na garganta que pode levar a asfixia. @meddeboa – Raquel Fontenele – Clínica Cirúrgica – 6º Período Corpos estranho nos OLHOS → Olhos quando atingidos por poeira, areia, insetos ou outros pequenos corpos estranhos, podem sofrer irritação, inflamações e ferimento mais sérios e até perda de visão. O que fazer? Deve-se segurar os cílios superiores e puxar a pálpebra superior por cima da pálpebra inferior, para deslocar a partícula ou objeto que estiver incomodando. Pedir para o paciente fechar os olhos, para permitir que as lagrimas lavem e removam o corpo estranho. E se não der certo? Lavar o olho afetado com água limpa, de preferência usando um conta-gotas (colírio, soro fisiológico) ou água corrente. Não deu certo ainda? Virar a pálpebra superior para cima, ou a inferior para baixo, e retirar o corpo estranho com pano limpo ou cotonete umedecido com água. Em ambiente hospitalar: usar pinças. OBS: todo ferimento no olho é considerado perigoso, pois pode causar cegueira. Mesmo cortes pequenos ou arranhões que podem infeccionar e prejudicar a visão. ➔ CE ENCRAVADO NO GLOBO OCULAR, NUNCA DEVE TENTAR RETIRA-LO. Colocar uma compressa ou pano limpo sobre o olho cobrindo também o olho não atingido (para evitar o movimento do olho afetado) e encaminhar o paciente para a emergência. Os olhos podem sofrer queimaduras por irradiação, feixe de luz, bronzeamento artificial, luminosidade intensa ou substancias químicas (ácidos, gasolinas). Manifestações: ardência, sensação de irritação e pode evoluir para perca da função. Qual a primeira conduta nessa situação? Lavagem exaustiva do olho afetado com água corrente o mais rápido possível, com cuidado para não prejudicar o olho não afetado. É importante também que entre o tempo da lesão e o tempo do atendimento sejam o mais curto possível. @meddeboa – Raquel Fontenele – Clínica Cirúrgica – 6º Período Corpo Estranho na PELE →Corpos estranhos ficam encravados na pele, podem causar ferimentos e infecções. → Se estiver de fácil remoção ou não profundo na pele, utilizar uma pinça limpa ou agulha flambada (aquece em chama até ficar em brasa). Não usar canivete ou faca. → Se estiver muito encravado, não tentar retirar, lavar cuidadosamente com água e sabão e pronto socorro. Mesmo em casos leves, se você achar que vai piorar? pronto socorro. → Orientar o paciente a não tocar o local afetado. →No caso de um anzol de pesca: corta a ponta do anzol com um alicate e puxa o anzol pelo mesmo orifício por onde ele entrou. Obs: sempre lavar com água e sabão ou água corrente. → Estruturas profundas podem atingir veias calibrosas, artérias, músculos ou órgãos. Não remover pois o objeto pode estar tamponando o local da lesão. Encaminhar para a emergência. Corpo Estranho no OUVIDO Não é urgência, encaminhar para hospital/atendimento especializado. →O paciente vai sentir o desconforto no ouvido e poderá empurrar com cotonete. Não pode fazer isso, pois corre o risco de empurrar ainda mais e atingir a membrana timpânica, pode perfurar o tímpano e causar até surdez. →Insetos: provocará um ruído, que deixa o paciente irritado e inquieto. Podemos usar um feixe de luz para o canal auditivo, o inseto atraído pela luminosidade, sairá com mais facilidade. Inseto não saiu? Coloca-se óleo de cozinha ou azeite no ouvindo mantendo-o para cima, após um tempo virar a cabeça que ele sai sozinho. → Grãos de cereais ou fragmentos metálicos: inclinar a cabeça para baixo e para o lado do ouvido atingido, fazer leves pancadas na cabeça, no lado do ouvido atingido (tipo quando entra água da piscina). Corpo Estranho no NARIZ →Comprimir a narina contralateral e pedir para o paciente manter a boca fechada e tentar expelir ar pela narina tampada. Orientar a vitima para não assoar o nariz com violência, pode ferir a cavidade nasal. →NUNCA introduzir nenhum instrumento qualquer instrumento na narina atingida. Pode provocar complicações.
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