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Paciente com queixa de corrimento vaginal há 6 meses

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Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 
 
CASO 11: 
o Paciente 25 anos; 
o Corrimento vaginal há 6 meses; 
o HMA: Paciente relata corrimento vaginal 
amarelado sem odor fétido ou prurido há seis 
meses. Refere ainda dispareunia profunda 
(dor na relação sexual), sinusorragia 
(sangramento durante ou após a relação 
sexual) e sangramento vaginal esporádico em 
pequena quantidade, fora do período 
menstrual; 
o Antecedentes ginecológicos e obstétricos: 
Menarca: 11 anos Coitarca: 19 anos 05 
parceiros até hoje. Nega uso de preservativos. 
Usuária de DIU de cobre há 02 anos. 
G1P1(cesárea)A0, sem intercorrências; 
o Ao exame ginecológico: Exame especular a 
seguir. Dor à mobilização do colo. Útero em 
AVF, móvel, indolor, de tamanho normal. 
Anexos não palpáveis, fundos de sacos livres. 
 
CORRIMENTO VAGINAL: 
O corrimento genital é a manifestação clínica de 
secreção vulvovaginal referida pela mulher. A 
região da vulva e da vagina apresenta 
fisiologicamente quantidade variável de 
secreção, que se origina das glândulas regionais, 
do muco cervical e endometrial, bem como do 
transudato vaginal. 
Existe o corrimento genital fisiológico e o 
patológico: 
O corrimento genital fisiológico é a secreção que, 
em geral, não causa desconforto e não é 
causado por agentes patológicos. O corrimento 
genital patológico é manifestação usual das 
vulvovaginites, e é caracterizado pela 
quantidade excessiva, com alterações das suas 
características fisiológicas, causando desconforto 
e sendo determinado por diferentes agentes 
etiológicos. 
Vaginite é o termo geral para distúrbios da vagina 
causados por infecção, inflamação ou alterações 
na flora vaginal normal. Os sintomas englobam 
corrimento vaginal, odor, prurido e/ou 
desconforto. Os agentes etiológicos mais 
frequentes são os fungos, as bactérias 
anaeróbicas em número significativamente 
aumentado (vaginose bacteriana) e protozoários 
(Trichomonas vaginalis). As etiologias não 
infecciosas incluem atrofia vaginal/vaginite 
atrófica em mulheres na pós-menopausa, corpo 
estranho (por exemplo, absorvente ou 
preservativo), irritantes e alérgenos e várias 
entidades mais raras, incluindo desordens médicas 
sistêmicas, como artrite reumatóide e lupus 
sistêmico. 
FISIOLOGIA: 
O corrimento vaginal é um sintoma proeminente 
da vaginite, mas pode ser difícil de distinguir do 
corrimento vaginal normal. Em mulheres em idade 
reprodutiva, o corrimento vaginal normal consiste 
em 1 a 4 mL de fluido (por 24 horas), branco ou 
transparente, grosso ou fino, na maioria das vezes 
inodoro e com pH entre 3,5 a 4,5. Esta descarga 
fisiológica é formada por secreções endocervicais 
mucoides em combinação com células epiteliais 
descamativas, flora vaginal normal e transudato 
vaginal. 
A secreção pode tornar-se mais perceptível às 
vezes ("leucorreia fisiológica"), como no meio do 
ciclo menstrual próximo ao momento da 
ovulação, durante a gravidez ou com uso de 
anticoncepcionais estrogênicos e progestínicos. 
 
Dieta, atividade sexual, medicação e estresse 
também podem afetar o volume e o caráter do 
corrimento vaginal normal. Embora a secreção 
normal possa ser amarelada, levemente mal-
cheirosa e acompanhada de sintomas irritativos 
leves, não é acompanhada de prurido, dor, 
ardência ou irritação significativa, eritema, 
erosões locais ou friabilidade cervical ou vaginal. 
A ausência desses sinais e sintomas ajuda a 
distinguir o corrimento vaginal normal da alta 
relacionada a um processo patológico, como 
vaginite ou cervicite. 
AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO: 
A avaliação clínica das mulheres com queixa de 
corrimento genital consiste de anamnese, exame 
físico geral e ginecológico. 
Na anamnese, deve-se estudar o início e a 
evolução do quadro, a relação ou não com a 
atividade sexual, particularmente as mais 
recentes; e averiguar os hábitos sexuais e de 
higiene, os antecedentes mórbidos pessoais e 
também dos parceiros, o estilo de vida, o uso de 
drogas e os métodos contraceptivos, etc. 
O exame físico geral deve buscar alterações 
sugestivas de afecções mais sérias, por exemplo, 
sinais de sífilis secundária, condições gerais de 
saúde que podem sugerir a síndrome da 
imunodeficiência adquirida e outras. O exame dos 
genitais externos e internos deve buscar lesões 
vegetantes, úlceras, escoriações, cistos, a 
presença de secreção vaginal e suas 
características por meio do exame especular, o 
 Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 
 
aspecto do colo do útero, das paredes vaginais, 
assim como do muco cervical. O exame dos 
órgãos genitais internos através do toque é da 
maior relevância, pois determinados corrimentos 
genitais têm origem na endocérvice, no útero e 
nas tubas, sendo o diagnóstico firmado nesta 
etapa. 
Os exames mais utilizados para o diagnóstico das 
infecções vaginais são: 
o pH vaginal: normalmente vai de 3,8 - 4,2, 
sendo os Lactobacillus spp. predominantes na 
flora vaginal. Esse método utiliza fita de pH na 
parede lateral vaginal, comparando a cor 
resultante do contato do fluido vaginal com o 
padrão da fita. 
o A partir dessa referência de pH, é possível 
comparar e ver qual infecção é mais provável: 
pH > 4,5: vaginose bacteriana ou tricomoníase 
// pH < 4,5: candidíase vulvovaginal. 
o Teste de Whiff (teste das aminas ou “do 
cheiro”): coloca-se uma gota de KOH 
(hidróxido de potássio) a 10% sobre o 
conteúdo vaginal depositado numa lâmina 
de vidro. Se houver “odor de peixe”, é 
considerado positivo e sugestivo de vaginose 
bacteriana. 
o Exame a fresco: em lâmina de vidro, faz-se um 
esfregaço com amostra de material vaginal e 
uma gota de salina, cobrindo-se a 
preparação com lamínula. O preparado é 
examinado sob objetiva com aumento de 
400x, observando-se a presença de leucócitos 
(presentes na candidíase e na tricomoníase), 
células parabasais, Trichomonas sp. móveis, 
leveduras e/ou pseudo-hifas. 
o Bacterioscopia por coloração de Gram: a 
presença de clue cells, células epiteliais 
escamosas de aspecto granular pontilhado e 
bordas indefinidas cobertas por pequenos e 
numerosos cocobacilos, é típica de vaginose 
bacteriana. 
 
VAGINOSE BACTERIANA: 
A vaginose bacteriana é uma infeção endógena 
e é a causa mais comum de corrimento vaginal e 
mau cheiro. É uma síndrome polimicrobiana 
caracterizada pelo desequilíbrio da microbiota 
vaginal normal, com intensa redução dos 
lactobacilos acidófilos (normais na microbiota 
vaginal) e aumento expressivo de bactérias 
anaeróbias como Prevotella sp., Mobiluncus sp., 
G. vaginalis (mais frequente), Ureaplasma, 
Micoplasma e outros. Emprega-se o termo 
vaginose (em vez de vaginite) devido à discreta 
resposta inflamatória com ausência marcante de 
leucócitos (número pequeno ou inexistente). A 
maior parte das mulheres pode ser assintomática, 
mas a sintomatologia pode ser bastante 
incômoda, devido ao odor desagradável. 
São fatores de risco para a vaginose: 
multiplicidade de parceiros, novo parceiro, ducha 
vaginal, coito sem uso de preservativo, escassez 
de lactobacilos, sexo oral, raça negra, tabagismo, 
sexo durante a menstruação, dispositivo 
intrauterino e relação sexual em idade precoce. 
Métodos de barreira e anticoncepcionais orais são 
fatores protetores. 
Fisiopatologia: 
Observa-se uma redução acentuada dos 
lactobacilos produtores de peróxido de 
hidrogênio nas mulheres com vaginose 
bacteriana. O peróxido de hidrogênio reage com 
o cloro presente no muco cervical, produzindo 
uma defesa antibacteriana inespecífica. Sem 
lactobacilos, o pH de 4-4,5 aumenta a G. vaginalis 
(Gardnerella vaginalis. Conhecida anteriormente 
como Haemophilus vaginalis), que produz ácidos 
orgânicos necessários à proliferação da 
microbiota anaeróbia e, consequentemente,um 
aumento na produção de aminas derivadas do 
metabolismo bacteriano. Quando ocorre 
aumento do pH vaginal, as aminas são 
volatilizadas e produzem um odor fétido 
característico. 
Sinais e sintomas: 
Observamos corrimento branco-acinzentado 
cremoso ou bolhoso, com odor fétido (“cheiro de 
pescado”), principalmente após o coito e pós 
menstrual, aderente às paredes vaginais. Menos 
frequentemente, há dispareunia (dor durante a 
relação sexual). Não se observam alterações no 
colo uterino, nas paredes vaginais ou na genitália 
externa. 
 
 
 Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 
 
Diagnóstico: 
O diagnóstico é realizado pelos “critérios de 
Amsel” ou pela microscopia com a coloração de 
Gram, considerada o padrão ouro. A vaginose 
bacteriana é diagnosticada quando há 3 dos 4 
critérios de Amsel (acurácia > 90%) ou apenas os 2 
últimos. Os critérios são: 
1 – Corrimento: Abundante, homogêneo, branco-
acinzentado, cremoso, pouco bolhoso, aderente 
à vagina. 
2 – Microscopia (Bacterioscopia): Células-chave 
(células indicadoras ou “clue cells”) é o Sinal de 
Gardner. Positivo quando houver “clue-cells” em 
mais de 20% das células epiteliais, e ausência de 
lactobacilos à microscopia. 
3 – pH vaginal: Maior que 4,5. Determinando com 
papel de pH no fluido vaginal. 
4 – Teste das aminas (“Teste do cheiro”): Positivo 
quando houver odor fétido antes ou após a 
adição de KOH (hidróxido de potássio) (“Whiff-
test” positivo). Pela importância, a presença de 
odor fétido e “clue-cells” fecha o diagnóstico. 
Opções terapêuticas: 
 
 
CANDIDÍASE: 
A candidíase vulvovaginal (CVV) é uma infecção 
endógena do trato reprodutivo e é a 2ª causa 
mais frequente de vulvovaginite no menacme. É 
causada principalmente pela Cândida albicans 
(80 a 90% dos casos) e ocasionalmente por outras 
espécies “não albicans”, como a Cândida 
glabrata e a Cândida tropicalis. 
A cândida é um fungo comensal da mucosa 
vaginal e digestiva e estima-se que 75% das 
mulheres têm ao menos 1 episódio de candidíase 
na vida. A incidência aumenta após a menarca, 
com pico entre 30 e 40 anos. Não é considerada 
doença sexualmente transmissível, mas também 
pode ser transmitida por esta via. 
Fatores de risco: 
Dentre os fatores de risco, estão estados 
hiperestrogênicos, diabetes mellitus, 
imunossupressão por medicamentos ou doenças 
de base, gravidez, uso de tamoxifeno, uso de 
antibióticos, assim como hábitos alimentares e de 
vestimentas propícios ao crescimento contínuo 
dos fungos, e várias automedicações prévias 
inapropriadas. A CVV pode ser classificada como 
não complicada e complicada: 
 
Sinais e sintomas: 
As pacientes podem apresentar sinais e sintomas 
leves a intensos, como prurido, ardência, 
corrimento (geralmente grumoso, sem odor), 
dispareunia, disúria externa, edema, eritema, 
fissuras, maceração, escoriações, placas aderidas 
à parede vaginal e colo uterino de cor branca. 
Entretanto, nenhum desses achados é específico. 
Deve-se sempre tentar confirmação 
microbiológica (exame a fresco e/ou citologia), 
no entanto o simples achado microbiológico 
positivo na paciente assintomática (candidose) 
não deve ser tratado. A cultura não é 
recomendada como rotina, apenas em casos 
recorrentes, em que o tratamento empírico tenha 
fracassado ou quando há evidência de infecção, 
mesmo na ausência de leveduras microscópicas. 
o Exame a fresco do conteúdo vaginal com 
hidróxido de potássio a 10%: permite a 
identificação da levedura ou hifa (a C. 
albicans é dimórfica); 
o pH vaginal: valor menor que 4,5 sugere CVV; 
o Citologia vaginal: Gram, Papanicolau, Giemsa 
ou Azul de Cresil; 
o Culturas específicas (Sabouraud, Nickerson): 
Swab do fórnice anterior. 
Opções terapêuticas: 
 
 Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 
 
TRICOMONÍASE: 
A tricomoníase é uma infecção transmitida 
sexualmente, causada pelo protozoário flagelado 
Trichomonas vaginalis que coloniza a vagina, as 
mucosas glandulares e a uretra. É o agente 
etiológico não viral mais prevalente em ISTs no 
mundo. A maioria das infecções (70%-85%) é 
assintomática e pode durar por meses ou anos. Em 
geral, esse parasita é um marcador do 
comportamento sexual de alto risco, e a 
coinfecção com patógenos sexualmente 
transmissíveis é comum, em especial Neisseria 
gonorrhoeae. 
Sinais e sintomas: 
Os sintomas e sinais característicos consistem em 
intensa descarga vaginal amarelo esverdeada, 
bolhosa, espumosa, por vezes acinzentada, 
acompanhada de odor fétido lembrando peixe 
na maioria dos casos e prurido eventual. Quando 
ocorre inflamação intensa, o corrimento aumenta 
e pode haver sinusiorragia (sangramento durante 
ou após a relação sexual) e dispareunia (dor na 
relação sexual). Ao exame clínico, o colo tem 
aspecto de morango ou framboesa, devido à 
acentuada distensão dos capilares e micro-
hemorragias, pelo intenso processo inflamatório. A 
colposcopia (exame que o ginecologista faz para 
avaliar a vulva, a vagina e o colo uterino de forma 
detalhada, buscando sinais que podem indicar 
inflamação, como HPV e câncer) ajuda na 
avaliação clínica dessas alterações, assim como o 
teste de Schiller iodo-negativo ou “onçoide”. *O 
teste de Schiller é um exame diagnóstico que 
consiste na aplicação de uma solução com iodo 
na região interna da vagina e no colo uterino e 
tem como objetivo verificar a integridade das 
células dessa região. Quando a solução reage 
com as células presentas na vagina e no colo 
uterino e ficam marrons, diz-se que o resultado 
está normal, da mesma forma que se não colorir 
alguma região em específico, diz-se que há 
alguma alteração. Esse teste, coletado durante a 
colposcopia, é indicado para mulheres 
sexualmente ativas ou que tiveram alguma 
alteração no exame preventivo – Papanicolau. O 
teste de Schiller é dito positivo quando após a 
colocação do lugol, perceber que que ele não foi 
totalmente absorvido pelo tecido, podendo ser 
visualizada áreas amareladas no colo uterino. Já 
no caso do teste negativo, após a coloração com 
lugol, toda a mucosa vaginal e o colo uterino fica 
corado, não sendo observadas regiões 
amareladas, isso quer dizer que não há alterações 
na região genital, portanto estando normal. 
Diagnóstico: 
O diagnóstico laboratorial microbiológico mais 
comum é o exame a fresco em um preparado 
salino da secreção, observando-se ao 
microscópio o parasita móvel e flagelado e 
grande número de leucócitos. O pH quase sempre 
é maior que 5,0 e geralmente maior que 6,6. Na 
maioria dos casos, o teste das aminas é positivo. A 
bacterioscopia com coloração por Gram observa 
o parasita Gram negativo, de morfologia 
característica. A cultura é o método mais sensível 
e pode ser requisitada nos casos de difícil 
diagnóstico. Além disso, os testes de amplificação 
de ácidos nucleicos (NAATs) são sensíveis e 
específicos, mas não estão amplamente 
disponíveis. Como alternativa, o teste rápido para 
tricomonas (OSOM Genzyme, Cambridge, MA) 
tem 88% de sensibilidade e 99% de especificidade, 
está disponível para uso em consultório, e os 
resultados ficam prontos em 10 minutos. Os 
tricomonas também podem ser observados no 
Papanicolau, e a sensibilidade é de quase 60%. 
Nesse caso, sugere-se que se proceda a exame 
microscópico para confirmação antes de iniciar o 
tratamento. As pacientes devem ser testadas para 
outras doenças sexualmente transmissíveis. Além 
disso, o(s) contato(s) sexual(is) deve(m) ser 
avaliado(s) ou encaminhado(s) para exames. 
Opções terapêuticas: 
 
 
DISPOSITIVOS INTRAUTERINOS (DIUs): 
Os DIUs são considerados métodos contraceptivos 
de longa ação.Constituem o método mais 
comum de contracepção reversível utilizado no 
mundo. Dois dispositivos comumente usados no 
Brasil incluem DIU-Cu T380A (DIU de cobre) e DIU-
LNG (Levonergestrel, mais conhecido 
comercialmente como Mirena) 20 mcg. Ambos se 
apresentam com poucas contraindicações, são 
bem tolerados, possuem um bom custo-benefício 
muitas vezes, possuem baixa taxa de 
descontinuidade e fácil uso e podem ser utilizados 
após o parto. 
 
 Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 
 
Dispositivo intrauterino de cobre: 
O principal mecanismo de ação do DIU-Cu situa-
se no desencadeamento pelos sais de cobre e 
polietileno da reação de corpo estranho pelo 
endométrio. A liberação de uma pequena 
quantidade de metal estimula a produção de 
prostaglandinas e citocinas no útero. Como 
resultado, forma-se uma “espuma” biológica na 
cavidade uterina, que, por sua vez, possui efeito 
tóxico sobre espermatozoides e óvulos, alterando 
a viabilidade, transporte e capacidade de 
fertilização deles, além de dificultar a implantação 
por meio de uma reação inflamatória crônica 
endometrial. A presença de cobre no muco 
cervical também atua na diminuição da 
motilidade e viabilidade dos gametas masculinos. 
A inibição da ovulação não está presente nesse 
método. Além dos efeitos pré-fertilização, pode-se 
observar retardo ou aceleração no transporte dos 
embriões, dano a eles e diminuição da 
implantação. 
É indicado para mulheres que procuram métodos 
reversíveis de longa ação. Deve ser aconselhado 
durante a consulta, quando se observa uso 
inconsistente do método atual que é dependente 
da usuária para ter a sua eficácia garantida. É 
pertinente assinalar que o método pode ser 
indicado para pacientes nulíparas, inclusive 
adolescentes. Nesse último grupo, o DIU-Cu, em 
particular, apresenta taxa de expulsão maior 
quando comparada a outras faixas etárias. 
Contraindicações absolutas: Gravidez; Doença 
inflamatória pélvica (DIP) ou DST atual, recorrente 
ou recente (nos últimos três meses); Sepse 
puerperal; imediatamente pós-aborto séptico; 
Cavidade uterina severamente deturpada; 
Hemorragia vaginal inexplicada; Câncer cervical 
ou endometrial; Doença trofoblástica maligna; 
Alergia ao cobre (para DIUs-Cu). 
Contraindicações relativas: Fator de risco para 
DSTs ou HIV; Imunodeficiência; de 48 horas a 
quatro semanas pós-parto; Câncer ovário; 
Doença trofoblástica benigna. 
Início do uso: 
o Em pacientes eumenorreicas (ciclo menstrual 
normal), pode ser inserido dentro de 12 dias a 
partir do início da menstruação. Deve-se ter 
certeza razoável de que não há gestação. 
o Em pacientes amenorreicas (exceto 
puerpério), a inserção pode ser realizada a 
qualquer momento, desde que se possa 
determinar que não há gravidez. 
o Em puérperas (em amamentação ou não, 
incluindo parto cesáreo), pode ser inserido em 
até 48 horas do parto, inclusive imediatamente 
após a dequitação placentária. Durante o 
parto cesáreo, pode-se colocar o dispositivo 
antes da sutura uterina. Entre 48 horas e quatro 
semanas após o parto, o uso de DIU-Cu não é 
usualmente recomendado, a não ser que 
outro método não seja disponível. Pode ser 
inserido imediatamente após aborto. 
o Contracepção de emergência: pode ser 
inserido até cinco dias do coito desprotegido, 
desde que não haja mais de cinco dias da 
ovulação. 
 
MACROLÍDEOS, METRONIDAZOL E ANTIFÚNGICOS: 
MACROLÍDEOS: 
São um grupo de antimicrobianos quimicamente 
constituídos por um anel macrocíclico de lactona, 
ao qual ligam-se um ou mais açúcares. Pertencem 
a este grupo azitromicina, claritromicina, 
eritromicina, espiramicina, miocamicina, 
roxitromicina, etc. O espectro de ação é 
semelhante, diferindo apenas na potência contra 
alguns microrganismos. 
A eritromicina foi o primeiro desses 
antimicrobianos a encontrar aplicação clínica 
como fármaco de primeira escolha e como 
alternativa às penicilinas em indivíduos que são 
alérgicos aos antimicrobianos β-lactâmicos. 
Isolada em 1952, a partir do 
actinomiceto Streptomyces erythraeus, 
a eritromicina possui amplo espectro de ação que 
inclui bactérias gram-positivas, além de 
treponemas, micoplasma e clamídias. É inativa 
contra enterobacteriaceas e Pseudomonas spp. 
Claritromicina (uma forma metilada da 
eritromicina) e azitromicina (apresentando um 
anel lactona maior), têm algumas caraterísticas 
comuns com a eritromicina e outras que a 
melhoraram. Essas alterações estruturais tornaram 
os macrolídeos mais novos mais estáveis ao ácido 
do que a eritromicina, proporcionando melhor 
absorção oral, tolerância e propriedades 
farmacocinéticas. Os macrolídeos mais novos 
também têm um espectro mais amplo de 
atividade antibacteriana que a eritromicina. A 
claritromicina é altamente ativa contra bactérias 
gram-positivas, sendo 2 a 4 vezes mais ativa do 
que a eritromicina contra a maioria dos 
estreptococos e estafilococos sensíveis à 
oxacilina. A atividade da claritromicina contra as 
bactérias gram-negativas é semelhante a da 
eritromicina, embora um pouco mais ativa contra 
a M. catarrhalis. A atividade contra anaeróbios é 
modesta, semelhante à eritromicina. Enquanto 
 Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 
 
que no caso da azitromicina, sua estrutura difere 
da eritromicina porque no anel de lactona 
contém um átomo de nitrogênio. Alguns autores 
podem classificá-la como um novo grupo de 
antimicrobiano, denominado de azalídeos. Este 
rearranjo aumentou o espectro de atividade da 
droga, garantiu um nível tecidual sustentado, 
superior ao nível sérico e proporcionou uma meia-
vida tecidual prolongada que permite diminuição 
da dose durante o tratamento. 
A azitromicina difere da eritromicina e da 
claritromicina por ter maior atividade contra 
bactérias gram-negativas, em 
particular H. influenzae. Entretanto, a maioria das 
enterobactérias são intrinsecamente resistentes, 
porque não conseguem penetrar na membrana 
externa efetivamente. 
Telitromicina, um derivado semissintético da 
eritromicina, é o primeiro antimicrobiano 
“cetolídeo”. Cetolídeos e macrolídeos têm 
cobertura antimicrobiana similar. Contudo, os 
cetolídeos são ativos contra várias cepas gram-
positivas resistentes a macrolídeos. 
SE LIGA! A claritromicina e a azitromicina são 
derivados semissintéticos da eritromicina e são 
chamados de “novos macrolídeos”. Os cetolídeos 
são derivados semissintéticos da eritromicina com 
atividade contra algumas cepas resistentes aos 
macrolídeos. 
Mecanismo de ação: 
Os antibióticos macrolídeos são agentes 
bacteriostáticos, que inibem a síntese de 
proteínas através de sua ligação às subunidades 
ribossômicas 50S de microrganismos sensíveis, no 
local de ligação do cloranfenicol e da 
clindamicina ou muito próximo dele. 
Os macrolídeos se ligam irreversivelmente a um 
local na subunidade 50S do ribossomo bacteriano, 
inibindo, assim, etapas de translocação na síntese 
de proteínas. Eles também podem interferir em 
outras etapas, como a transpeptização. 
 
Os macrolídeos são ativos contra infecções 
comuns do trato respiratório, 
incluindo Streptococcus pneumoniae suscetível à 
eritromicina, Haemophilus spp, Moraxella 
catarrhalis e patógenos de pneumonia atípica, 
incluindo Legionella pneumophila, Chlamydia 
pneumoniae e Mycoplasma pneumoniae. 
A azitromicina é mais eficaz in vitro contra a 
maioria das cepas de Haemophilus 
influenzae, leva a morte mais rápida do patógeno 
e possui efeito pós-antibiótico mais longo do que 
a claritromicina. A azitromicina é preferível à 
claritromicina em pacientes ambulatoriais com 
pneumonia adquirida na comunidade (PAC) ecom comorbidades, como doença pulmonar 
obstrutiva crônica. A eritromicina não tem 
atividade contra H. influenzae. 
Além de cobrir S. pneumoniae sensível a 
eritromicina, esses antibióticos também costumam 
ser ativos contra outros organismos gram-
positivos, incluindo Staphylococcus 
aureus (exceto o S. aureus resistente à meticilina) 
e os estreptococos do grupo A, B, C e G. 
METRONIDAZOL: 
O metronidazol é um medicamento 
antimicrobiano que funciona contra certas 
doenças causadas por bactérias ou protozoários. 
Metronidazol é indicado para tricomoníase, 
vaginite, uretrite, giardíase, amebíase e outras 
infecções por bactérias, por exemplo. 
O fármaco está disponível como comprimidos 
revestidos, gel, creme, xarope e solução injetável”; 
a escolha ideal depende da condição clínica e 
do paciente. Por exemplo, géis e cremes são 
recomendados para aplicação vaginal; o xarope, 
para uso pediátrico; a fórmula injetável, para 
utilização dentro dos hospitais. 
o Ativos contra uma série de m.o. anaeróbicos; 
o Tricomoníase Amebíase Giardíase. 
o Prófármaco; 
o Requer uma ativação redutora enzimática; 
o Sistemas de transferência de elétrons capaz 
de ativar em m.o. anaeróbicos; 
o O2 diminui a ativação do fármaco e estimula 
a regeneração; 
o Formação de espécies reativas de oxigênio 
o Complexação com tióis não proteicos 
o Radical nocivo ao DNA do m.o.; 
o Totalmente absorvido após administração 
oral; 
o Para tratar amebíase usado em associação 
com furoato de diloxanida (amebicida da luz 
intestinal); 
o Metabolizado pelo fígado; 
 Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 
 
Efeitos adversos: 
Associados ao trato gastro-intestinal: 
1. Náuseas; 
2. Vômitos; 
3. Desconforto epigástrico 
Sensação de gosto metálico na boca; 
Candidíase bucal; 
Sintomas neurotóxicos: 
1. Tontura; 
2. Vertigem; 
3. Parestesias.

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