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Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 CASO 11: o Paciente 25 anos; o Corrimento vaginal há 6 meses; o HMA: Paciente relata corrimento vaginal amarelado sem odor fétido ou prurido há seis meses. Refere ainda dispareunia profunda (dor na relação sexual), sinusorragia (sangramento durante ou após a relação sexual) e sangramento vaginal esporádico em pequena quantidade, fora do período menstrual; o Antecedentes ginecológicos e obstétricos: Menarca: 11 anos Coitarca: 19 anos 05 parceiros até hoje. Nega uso de preservativos. Usuária de DIU de cobre há 02 anos. G1P1(cesárea)A0, sem intercorrências; o Ao exame ginecológico: Exame especular a seguir. Dor à mobilização do colo. Útero em AVF, móvel, indolor, de tamanho normal. Anexos não palpáveis, fundos de sacos livres. CORRIMENTO VAGINAL: O corrimento genital é a manifestação clínica de secreção vulvovaginal referida pela mulher. A região da vulva e da vagina apresenta fisiologicamente quantidade variável de secreção, que se origina das glândulas regionais, do muco cervical e endometrial, bem como do transudato vaginal. Existe o corrimento genital fisiológico e o patológico: O corrimento genital fisiológico é a secreção que, em geral, não causa desconforto e não é causado por agentes patológicos. O corrimento genital patológico é manifestação usual das vulvovaginites, e é caracterizado pela quantidade excessiva, com alterações das suas características fisiológicas, causando desconforto e sendo determinado por diferentes agentes etiológicos. Vaginite é o termo geral para distúrbios da vagina causados por infecção, inflamação ou alterações na flora vaginal normal. Os sintomas englobam corrimento vaginal, odor, prurido e/ou desconforto. Os agentes etiológicos mais frequentes são os fungos, as bactérias anaeróbicas em número significativamente aumentado (vaginose bacteriana) e protozoários (Trichomonas vaginalis). As etiologias não infecciosas incluem atrofia vaginal/vaginite atrófica em mulheres na pós-menopausa, corpo estranho (por exemplo, absorvente ou preservativo), irritantes e alérgenos e várias entidades mais raras, incluindo desordens médicas sistêmicas, como artrite reumatóide e lupus sistêmico. FISIOLOGIA: O corrimento vaginal é um sintoma proeminente da vaginite, mas pode ser difícil de distinguir do corrimento vaginal normal. Em mulheres em idade reprodutiva, o corrimento vaginal normal consiste em 1 a 4 mL de fluido (por 24 horas), branco ou transparente, grosso ou fino, na maioria das vezes inodoro e com pH entre 3,5 a 4,5. Esta descarga fisiológica é formada por secreções endocervicais mucoides em combinação com células epiteliais descamativas, flora vaginal normal e transudato vaginal. A secreção pode tornar-se mais perceptível às vezes ("leucorreia fisiológica"), como no meio do ciclo menstrual próximo ao momento da ovulação, durante a gravidez ou com uso de anticoncepcionais estrogênicos e progestínicos. Dieta, atividade sexual, medicação e estresse também podem afetar o volume e o caráter do corrimento vaginal normal. Embora a secreção normal possa ser amarelada, levemente mal- cheirosa e acompanhada de sintomas irritativos leves, não é acompanhada de prurido, dor, ardência ou irritação significativa, eritema, erosões locais ou friabilidade cervical ou vaginal. A ausência desses sinais e sintomas ajuda a distinguir o corrimento vaginal normal da alta relacionada a um processo patológico, como vaginite ou cervicite. AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO: A avaliação clínica das mulheres com queixa de corrimento genital consiste de anamnese, exame físico geral e ginecológico. Na anamnese, deve-se estudar o início e a evolução do quadro, a relação ou não com a atividade sexual, particularmente as mais recentes; e averiguar os hábitos sexuais e de higiene, os antecedentes mórbidos pessoais e também dos parceiros, o estilo de vida, o uso de drogas e os métodos contraceptivos, etc. O exame físico geral deve buscar alterações sugestivas de afecções mais sérias, por exemplo, sinais de sífilis secundária, condições gerais de saúde que podem sugerir a síndrome da imunodeficiência adquirida e outras. O exame dos genitais externos e internos deve buscar lesões vegetantes, úlceras, escoriações, cistos, a presença de secreção vaginal e suas características por meio do exame especular, o Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 aspecto do colo do útero, das paredes vaginais, assim como do muco cervical. O exame dos órgãos genitais internos através do toque é da maior relevância, pois determinados corrimentos genitais têm origem na endocérvice, no útero e nas tubas, sendo o diagnóstico firmado nesta etapa. Os exames mais utilizados para o diagnóstico das infecções vaginais são: o pH vaginal: normalmente vai de 3,8 - 4,2, sendo os Lactobacillus spp. predominantes na flora vaginal. Esse método utiliza fita de pH na parede lateral vaginal, comparando a cor resultante do contato do fluido vaginal com o padrão da fita. o A partir dessa referência de pH, é possível comparar e ver qual infecção é mais provável: pH > 4,5: vaginose bacteriana ou tricomoníase // pH < 4,5: candidíase vulvovaginal. o Teste de Whiff (teste das aminas ou “do cheiro”): coloca-se uma gota de KOH (hidróxido de potássio) a 10% sobre o conteúdo vaginal depositado numa lâmina de vidro. Se houver “odor de peixe”, é considerado positivo e sugestivo de vaginose bacteriana. o Exame a fresco: em lâmina de vidro, faz-se um esfregaço com amostra de material vaginal e uma gota de salina, cobrindo-se a preparação com lamínula. O preparado é examinado sob objetiva com aumento de 400x, observando-se a presença de leucócitos (presentes na candidíase e na tricomoníase), células parabasais, Trichomonas sp. móveis, leveduras e/ou pseudo-hifas. o Bacterioscopia por coloração de Gram: a presença de clue cells, células epiteliais escamosas de aspecto granular pontilhado e bordas indefinidas cobertas por pequenos e numerosos cocobacilos, é típica de vaginose bacteriana. VAGINOSE BACTERIANA: A vaginose bacteriana é uma infeção endógena e é a causa mais comum de corrimento vaginal e mau cheiro. É uma síndrome polimicrobiana caracterizada pelo desequilíbrio da microbiota vaginal normal, com intensa redução dos lactobacilos acidófilos (normais na microbiota vaginal) e aumento expressivo de bactérias anaeróbias como Prevotella sp., Mobiluncus sp., G. vaginalis (mais frequente), Ureaplasma, Micoplasma e outros. Emprega-se o termo vaginose (em vez de vaginite) devido à discreta resposta inflamatória com ausência marcante de leucócitos (número pequeno ou inexistente). A maior parte das mulheres pode ser assintomática, mas a sintomatologia pode ser bastante incômoda, devido ao odor desagradável. São fatores de risco para a vaginose: multiplicidade de parceiros, novo parceiro, ducha vaginal, coito sem uso de preservativo, escassez de lactobacilos, sexo oral, raça negra, tabagismo, sexo durante a menstruação, dispositivo intrauterino e relação sexual em idade precoce. Métodos de barreira e anticoncepcionais orais são fatores protetores. Fisiopatologia: Observa-se uma redução acentuada dos lactobacilos produtores de peróxido de hidrogênio nas mulheres com vaginose bacteriana. O peróxido de hidrogênio reage com o cloro presente no muco cervical, produzindo uma defesa antibacteriana inespecífica. Sem lactobacilos, o pH de 4-4,5 aumenta a G. vaginalis (Gardnerella vaginalis. Conhecida anteriormente como Haemophilus vaginalis), que produz ácidos orgânicos necessários à proliferação da microbiota anaeróbia e, consequentemente,um aumento na produção de aminas derivadas do metabolismo bacteriano. Quando ocorre aumento do pH vaginal, as aminas são volatilizadas e produzem um odor fétido característico. Sinais e sintomas: Observamos corrimento branco-acinzentado cremoso ou bolhoso, com odor fétido (“cheiro de pescado”), principalmente após o coito e pós menstrual, aderente às paredes vaginais. Menos frequentemente, há dispareunia (dor durante a relação sexual). Não se observam alterações no colo uterino, nas paredes vaginais ou na genitália externa. Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 Diagnóstico: O diagnóstico é realizado pelos “critérios de Amsel” ou pela microscopia com a coloração de Gram, considerada o padrão ouro. A vaginose bacteriana é diagnosticada quando há 3 dos 4 critérios de Amsel (acurácia > 90%) ou apenas os 2 últimos. Os critérios são: 1 – Corrimento: Abundante, homogêneo, branco- acinzentado, cremoso, pouco bolhoso, aderente à vagina. 2 – Microscopia (Bacterioscopia): Células-chave (células indicadoras ou “clue cells”) é o Sinal de Gardner. Positivo quando houver “clue-cells” em mais de 20% das células epiteliais, e ausência de lactobacilos à microscopia. 3 – pH vaginal: Maior que 4,5. Determinando com papel de pH no fluido vaginal. 4 – Teste das aminas (“Teste do cheiro”): Positivo quando houver odor fétido antes ou após a adição de KOH (hidróxido de potássio) (“Whiff- test” positivo). Pela importância, a presença de odor fétido e “clue-cells” fecha o diagnóstico. Opções terapêuticas: CANDIDÍASE: A candidíase vulvovaginal (CVV) é uma infecção endógena do trato reprodutivo e é a 2ª causa mais frequente de vulvovaginite no menacme. É causada principalmente pela Cândida albicans (80 a 90% dos casos) e ocasionalmente por outras espécies “não albicans”, como a Cândida glabrata e a Cândida tropicalis. A cândida é um fungo comensal da mucosa vaginal e digestiva e estima-se que 75% das mulheres têm ao menos 1 episódio de candidíase na vida. A incidência aumenta após a menarca, com pico entre 30 e 40 anos. Não é considerada doença sexualmente transmissível, mas também pode ser transmitida por esta via. Fatores de risco: Dentre os fatores de risco, estão estados hiperestrogênicos, diabetes mellitus, imunossupressão por medicamentos ou doenças de base, gravidez, uso de tamoxifeno, uso de antibióticos, assim como hábitos alimentares e de vestimentas propícios ao crescimento contínuo dos fungos, e várias automedicações prévias inapropriadas. A CVV pode ser classificada como não complicada e complicada: Sinais e sintomas: As pacientes podem apresentar sinais e sintomas leves a intensos, como prurido, ardência, corrimento (geralmente grumoso, sem odor), dispareunia, disúria externa, edema, eritema, fissuras, maceração, escoriações, placas aderidas à parede vaginal e colo uterino de cor branca. Entretanto, nenhum desses achados é específico. Deve-se sempre tentar confirmação microbiológica (exame a fresco e/ou citologia), no entanto o simples achado microbiológico positivo na paciente assintomática (candidose) não deve ser tratado. A cultura não é recomendada como rotina, apenas em casos recorrentes, em que o tratamento empírico tenha fracassado ou quando há evidência de infecção, mesmo na ausência de leveduras microscópicas. o Exame a fresco do conteúdo vaginal com hidróxido de potássio a 10%: permite a identificação da levedura ou hifa (a C. albicans é dimórfica); o pH vaginal: valor menor que 4,5 sugere CVV; o Citologia vaginal: Gram, Papanicolau, Giemsa ou Azul de Cresil; o Culturas específicas (Sabouraud, Nickerson): Swab do fórnice anterior. Opções terapêuticas: Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 TRICOMONÍASE: A tricomoníase é uma infecção transmitida sexualmente, causada pelo protozoário flagelado Trichomonas vaginalis que coloniza a vagina, as mucosas glandulares e a uretra. É o agente etiológico não viral mais prevalente em ISTs no mundo. A maioria das infecções (70%-85%) é assintomática e pode durar por meses ou anos. Em geral, esse parasita é um marcador do comportamento sexual de alto risco, e a coinfecção com patógenos sexualmente transmissíveis é comum, em especial Neisseria gonorrhoeae. Sinais e sintomas: Os sintomas e sinais característicos consistem em intensa descarga vaginal amarelo esverdeada, bolhosa, espumosa, por vezes acinzentada, acompanhada de odor fétido lembrando peixe na maioria dos casos e prurido eventual. Quando ocorre inflamação intensa, o corrimento aumenta e pode haver sinusiorragia (sangramento durante ou após a relação sexual) e dispareunia (dor na relação sexual). Ao exame clínico, o colo tem aspecto de morango ou framboesa, devido à acentuada distensão dos capilares e micro- hemorragias, pelo intenso processo inflamatório. A colposcopia (exame que o ginecologista faz para avaliar a vulva, a vagina e o colo uterino de forma detalhada, buscando sinais que podem indicar inflamação, como HPV e câncer) ajuda na avaliação clínica dessas alterações, assim como o teste de Schiller iodo-negativo ou “onçoide”. *O teste de Schiller é um exame diagnóstico que consiste na aplicação de uma solução com iodo na região interna da vagina e no colo uterino e tem como objetivo verificar a integridade das células dessa região. Quando a solução reage com as células presentas na vagina e no colo uterino e ficam marrons, diz-se que o resultado está normal, da mesma forma que se não colorir alguma região em específico, diz-se que há alguma alteração. Esse teste, coletado durante a colposcopia, é indicado para mulheres sexualmente ativas ou que tiveram alguma alteração no exame preventivo – Papanicolau. O teste de Schiller é dito positivo quando após a colocação do lugol, perceber que que ele não foi totalmente absorvido pelo tecido, podendo ser visualizada áreas amareladas no colo uterino. Já no caso do teste negativo, após a coloração com lugol, toda a mucosa vaginal e o colo uterino fica corado, não sendo observadas regiões amareladas, isso quer dizer que não há alterações na região genital, portanto estando normal. Diagnóstico: O diagnóstico laboratorial microbiológico mais comum é o exame a fresco em um preparado salino da secreção, observando-se ao microscópio o parasita móvel e flagelado e grande número de leucócitos. O pH quase sempre é maior que 5,0 e geralmente maior que 6,6. Na maioria dos casos, o teste das aminas é positivo. A bacterioscopia com coloração por Gram observa o parasita Gram negativo, de morfologia característica. A cultura é o método mais sensível e pode ser requisitada nos casos de difícil diagnóstico. Além disso, os testes de amplificação de ácidos nucleicos (NAATs) são sensíveis e específicos, mas não estão amplamente disponíveis. Como alternativa, o teste rápido para tricomonas (OSOM Genzyme, Cambridge, MA) tem 88% de sensibilidade e 99% de especificidade, está disponível para uso em consultório, e os resultados ficam prontos em 10 minutos. Os tricomonas também podem ser observados no Papanicolau, e a sensibilidade é de quase 60%. Nesse caso, sugere-se que se proceda a exame microscópico para confirmação antes de iniciar o tratamento. As pacientes devem ser testadas para outras doenças sexualmente transmissíveis. Além disso, o(s) contato(s) sexual(is) deve(m) ser avaliado(s) ou encaminhado(s) para exames. Opções terapêuticas: DISPOSITIVOS INTRAUTERINOS (DIUs): Os DIUs são considerados métodos contraceptivos de longa ação.Constituem o método mais comum de contracepção reversível utilizado no mundo. Dois dispositivos comumente usados no Brasil incluem DIU-Cu T380A (DIU de cobre) e DIU- LNG (Levonergestrel, mais conhecido comercialmente como Mirena) 20 mcg. Ambos se apresentam com poucas contraindicações, são bem tolerados, possuem um bom custo-benefício muitas vezes, possuem baixa taxa de descontinuidade e fácil uso e podem ser utilizados após o parto. Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 Dispositivo intrauterino de cobre: O principal mecanismo de ação do DIU-Cu situa- se no desencadeamento pelos sais de cobre e polietileno da reação de corpo estranho pelo endométrio. A liberação de uma pequena quantidade de metal estimula a produção de prostaglandinas e citocinas no útero. Como resultado, forma-se uma “espuma” biológica na cavidade uterina, que, por sua vez, possui efeito tóxico sobre espermatozoides e óvulos, alterando a viabilidade, transporte e capacidade de fertilização deles, além de dificultar a implantação por meio de uma reação inflamatória crônica endometrial. A presença de cobre no muco cervical também atua na diminuição da motilidade e viabilidade dos gametas masculinos. A inibição da ovulação não está presente nesse método. Além dos efeitos pré-fertilização, pode-se observar retardo ou aceleração no transporte dos embriões, dano a eles e diminuição da implantação. É indicado para mulheres que procuram métodos reversíveis de longa ação. Deve ser aconselhado durante a consulta, quando se observa uso inconsistente do método atual que é dependente da usuária para ter a sua eficácia garantida. É pertinente assinalar que o método pode ser indicado para pacientes nulíparas, inclusive adolescentes. Nesse último grupo, o DIU-Cu, em particular, apresenta taxa de expulsão maior quando comparada a outras faixas etárias. Contraindicações absolutas: Gravidez; Doença inflamatória pélvica (DIP) ou DST atual, recorrente ou recente (nos últimos três meses); Sepse puerperal; imediatamente pós-aborto séptico; Cavidade uterina severamente deturpada; Hemorragia vaginal inexplicada; Câncer cervical ou endometrial; Doença trofoblástica maligna; Alergia ao cobre (para DIUs-Cu). Contraindicações relativas: Fator de risco para DSTs ou HIV; Imunodeficiência; de 48 horas a quatro semanas pós-parto; Câncer ovário; Doença trofoblástica benigna. Início do uso: o Em pacientes eumenorreicas (ciclo menstrual normal), pode ser inserido dentro de 12 dias a partir do início da menstruação. Deve-se ter certeza razoável de que não há gestação. o Em pacientes amenorreicas (exceto puerpério), a inserção pode ser realizada a qualquer momento, desde que se possa determinar que não há gravidez. o Em puérperas (em amamentação ou não, incluindo parto cesáreo), pode ser inserido em até 48 horas do parto, inclusive imediatamente após a dequitação placentária. Durante o parto cesáreo, pode-se colocar o dispositivo antes da sutura uterina. Entre 48 horas e quatro semanas após o parto, o uso de DIU-Cu não é usualmente recomendado, a não ser que outro método não seja disponível. Pode ser inserido imediatamente após aborto. o Contracepção de emergência: pode ser inserido até cinco dias do coito desprotegido, desde que não haja mais de cinco dias da ovulação. MACROLÍDEOS, METRONIDAZOL E ANTIFÚNGICOS: MACROLÍDEOS: São um grupo de antimicrobianos quimicamente constituídos por um anel macrocíclico de lactona, ao qual ligam-se um ou mais açúcares. Pertencem a este grupo azitromicina, claritromicina, eritromicina, espiramicina, miocamicina, roxitromicina, etc. O espectro de ação é semelhante, diferindo apenas na potência contra alguns microrganismos. A eritromicina foi o primeiro desses antimicrobianos a encontrar aplicação clínica como fármaco de primeira escolha e como alternativa às penicilinas em indivíduos que são alérgicos aos antimicrobianos β-lactâmicos. Isolada em 1952, a partir do actinomiceto Streptomyces erythraeus, a eritromicina possui amplo espectro de ação que inclui bactérias gram-positivas, além de treponemas, micoplasma e clamídias. É inativa contra enterobacteriaceas e Pseudomonas spp. Claritromicina (uma forma metilada da eritromicina) e azitromicina (apresentando um anel lactona maior), têm algumas caraterísticas comuns com a eritromicina e outras que a melhoraram. Essas alterações estruturais tornaram os macrolídeos mais novos mais estáveis ao ácido do que a eritromicina, proporcionando melhor absorção oral, tolerância e propriedades farmacocinéticas. Os macrolídeos mais novos também têm um espectro mais amplo de atividade antibacteriana que a eritromicina. A claritromicina é altamente ativa contra bactérias gram-positivas, sendo 2 a 4 vezes mais ativa do que a eritromicina contra a maioria dos estreptococos e estafilococos sensíveis à oxacilina. A atividade da claritromicina contra as bactérias gram-negativas é semelhante a da eritromicina, embora um pouco mais ativa contra a M. catarrhalis. A atividade contra anaeróbios é modesta, semelhante à eritromicina. Enquanto Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 que no caso da azitromicina, sua estrutura difere da eritromicina porque no anel de lactona contém um átomo de nitrogênio. Alguns autores podem classificá-la como um novo grupo de antimicrobiano, denominado de azalídeos. Este rearranjo aumentou o espectro de atividade da droga, garantiu um nível tecidual sustentado, superior ao nível sérico e proporcionou uma meia- vida tecidual prolongada que permite diminuição da dose durante o tratamento. A azitromicina difere da eritromicina e da claritromicina por ter maior atividade contra bactérias gram-negativas, em particular H. influenzae. Entretanto, a maioria das enterobactérias são intrinsecamente resistentes, porque não conseguem penetrar na membrana externa efetivamente. Telitromicina, um derivado semissintético da eritromicina, é o primeiro antimicrobiano “cetolídeo”. Cetolídeos e macrolídeos têm cobertura antimicrobiana similar. Contudo, os cetolídeos são ativos contra várias cepas gram- positivas resistentes a macrolídeos. SE LIGA! A claritromicina e a azitromicina são derivados semissintéticos da eritromicina e são chamados de “novos macrolídeos”. Os cetolídeos são derivados semissintéticos da eritromicina com atividade contra algumas cepas resistentes aos macrolídeos. Mecanismo de ação: Os antibióticos macrolídeos são agentes bacteriostáticos, que inibem a síntese de proteínas através de sua ligação às subunidades ribossômicas 50S de microrganismos sensíveis, no local de ligação do cloranfenicol e da clindamicina ou muito próximo dele. Os macrolídeos se ligam irreversivelmente a um local na subunidade 50S do ribossomo bacteriano, inibindo, assim, etapas de translocação na síntese de proteínas. Eles também podem interferir em outras etapas, como a transpeptização. Os macrolídeos são ativos contra infecções comuns do trato respiratório, incluindo Streptococcus pneumoniae suscetível à eritromicina, Haemophilus spp, Moraxella catarrhalis e patógenos de pneumonia atípica, incluindo Legionella pneumophila, Chlamydia pneumoniae e Mycoplasma pneumoniae. A azitromicina é mais eficaz in vitro contra a maioria das cepas de Haemophilus influenzae, leva a morte mais rápida do patógeno e possui efeito pós-antibiótico mais longo do que a claritromicina. A azitromicina é preferível à claritromicina em pacientes ambulatoriais com pneumonia adquirida na comunidade (PAC) ecom comorbidades, como doença pulmonar obstrutiva crônica. A eritromicina não tem atividade contra H. influenzae. Além de cobrir S. pneumoniae sensível a eritromicina, esses antibióticos também costumam ser ativos contra outros organismos gram- positivos, incluindo Staphylococcus aureus (exceto o S. aureus resistente à meticilina) e os estreptococos do grupo A, B, C e G. METRONIDAZOL: O metronidazol é um medicamento antimicrobiano que funciona contra certas doenças causadas por bactérias ou protozoários. Metronidazol é indicado para tricomoníase, vaginite, uretrite, giardíase, amebíase e outras infecções por bactérias, por exemplo. O fármaco está disponível como comprimidos revestidos, gel, creme, xarope e solução injetável”; a escolha ideal depende da condição clínica e do paciente. Por exemplo, géis e cremes são recomendados para aplicação vaginal; o xarope, para uso pediátrico; a fórmula injetável, para utilização dentro dos hospitais. o Ativos contra uma série de m.o. anaeróbicos; o Tricomoníase Amebíase Giardíase. o Prófármaco; o Requer uma ativação redutora enzimática; o Sistemas de transferência de elétrons capaz de ativar em m.o. anaeróbicos; o O2 diminui a ativação do fármaco e estimula a regeneração; o Formação de espécies reativas de oxigênio o Complexação com tióis não proteicos o Radical nocivo ao DNA do m.o.; o Totalmente absorvido após administração oral; o Para tratar amebíase usado em associação com furoato de diloxanida (amebicida da luz intestinal); o Metabolizado pelo fígado; Fernanda Carvalho, 4º semestre – Tutoria 04 Efeitos adversos: Associados ao trato gastro-intestinal: 1. Náuseas; 2. Vômitos; 3. Desconforto epigástrico Sensação de gosto metálico na boca; Candidíase bucal; Sintomas neurotóxicos: 1. Tontura; 2. Vertigem; 3. Parestesias.
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