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Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos – ITPAC/Palmas Sistemas Orgânicos Integrados IV – 4º período MED Sarah Lima Campos Gestação Encaminhe uma resenha contendo as patologias que devem ser rotineiramente consideradas na avaliação de uma gestante a) SÍFILIS - A sífilis presente durante a gestação deve ser tratada logo que identificada, pois existe risco de a doença atravessar a placenta e passar para o bebê e causar complicações como aborto, baixo peso ao nascer, surdez e cegueira. Os principais sintomas indicativos de sífilis são o surgimento de feridas avermelhadas nos genitais, que desaparecem depois de algumas semanas e voltam a surgir nas palmas das mãos e plantas dos pés. É recomendado que seja realizado um exame de sangue para confirmar o diagnóstico de sífilis e, assim, ser iniciado o tratamento mais adequado, que é feito com injeção de Penicilina, sendo importante que o parceiro também realize o tratamento mesmo que não apresente sintomas. b) HIV/AIDS – O HIV é um vírus sexualmente transmissível que pode ser passado para o bebê durante a gestação, no momento do parto ou no aleitamento, especialmente se a mãe não receber o acompanhamento/tratamento adequado durante a gravidez. O diagnóstico do HIV/AIDS é feito durante os exames do primeiro pré-natal e, em casos positivos, o tratamento é feito com medicamentos que diminuem a reprodução do vírus no organismo, como o AZT. c) GONORREIA - A gonorreia pode causar complicações na gravidez como parto prematuro, atraso do desenvolvimento do feto, inflamação nos pulmões, brônquios ou ouvido do bebê após o parto. Na maior parte dos casos, essa doença não causa sintomas e por isso muitas vezes é descoberta apenas durante o pré-natal. No entanto, em algumas mulheres podem surgir sintomas como dor ao urinar ou no baixo ventre e aumento do corrimento vaginal. O tratamento para gonorreia consiste no uso de antibióticos, que devem ser indicados pelo ginecologista ou obstetra e usados conforme a orientação, mesmo que não existam mais sintomas. d) CLAMÍDIA - A infecção por clamídia também está relacionada a complicações como parto prematuro, conjuntivite e pneumonia do recém-nascido, causando dor ao urinar, corrimento vaginal com pus e dor no baixo ventre. O tratamento para clamídia é feito com antibióticos que devem ser indicados pelo médico, podendo ser recomendado o uso de Azitromicina ou Eritromicina. e) HERPES - Durante a gravidez, a herpes aumenta os riscos de aborto, microcefalia, retardo do crescimento do feto e contaminação do bebê pela herpes congênita, especialmente durante o parto. Nesta doença surgem feridas na região genital que são acompanhadas de ardência, formigamento, coceira e dor, e podem evoluir para pequenas úlceras. O tratamento é feito com medicamentos que combatem o vírus e evitam que atinja o bebê, além de aliviar os sintomas, no entanto a herpes não tem cura definitiva. f) HPV - Na mulher grávida ocorre uma imunossupressão fisiológica e uma maior produção de hormônios esteroides, que resultam em uma proliferação celular intensa, principalmente nas camadas intermediárias e superficiais de epitélio escamoso. Estas alterações propiciam um ambiente muito favorável à replicação viral. Nas gestantes, é comum a formação de condilomas gigantes ou a evolução rápida para lesões neoplásicas de grau mais acentuado. No pós-parto ocorre o inverso, há regressão espontânea da maioria das lesões verrucosas. Em geral, opta-se pelo tratamento após revisão nos quatro a seis meses após parto. No tratamento das lesões condilomatosas, usamos o ácido tricloroacético ou a retirada das lesões com eletrocautério ou CAF. O uso de podofilina ou antiblásticos é proscrito, pois são drogas comprovadamente teratogênicas. A cesariana só está indicada nos casos de condilomas gigantes que obstruem o canal de parto, ou por outros problemas obstétricos. A cesárea não protege o recém-nascido da infecção, pois o vírus pode ser encontrado no líquido amniótico, na secreção da nasofaringe ou no lavado gástrico de recém-nascido que nasceram de parto cesáreo com bolsa íntegra. Já foram identificadas partículas de DNA viral em cordão umbilical e placenta. No recém-nascido, pode levar a formações de verrugas na pele. A afecção mais temida é a papilomatose de cordas vocais, que acontece por volta do sexto ano de vida, mas felizmente é uma doença rara. g) TRICOMONÍASE - A tricomoníase é a infecção causada por um protozoário flagelado denominado Trichomonas vaginalis, anaeróbico facultativo, que possui os seres humanos como os únicos hospedeiros conhecidos. Afeta cerca de 180 milhões de mulheres em todo mundo, sendo encontrada em cerca de 30 a 40% dos parceiros sexuais de mulheres infectadas. Na maioria dos casos, a tricomoníase encontra-se associada a outras doenças de transmissão sexual, além de facilitar a transmissão do HIV. As mulheres são em sua maioria sintomáticas, podendo, em algumas circunstâncias, permanecerem assintomáticas, como após a menopausa. Pode cursar de forma assintomática nos homens. O tratamento pode aliviar os sintomas de corrimento vaginal em gestantes, além de prevenir infecção respiratória ou genital em RN. As gestantes com infecção por T. vaginalis deverão ser tratadas independentemente de sua idade gestacional, já que essa IST está associada com rotura prematura de membranas, parto pré- termo e RN de baixo peso ao nascimento. h) CANDIDÍASE - Candidíase Vulvovaginal (CVV) é uma infecção da vulva e vagina causada por um fungo do gênero Candida, Gram-positivo, dimorfo, saprófita do trato genital e gastrointestinal, com virulência limitada. A Cândida é capaz de se proliferar em ambiente ácido, apesar da ação dos lactobacilos. A via sexual não constitui a principal forma de transmissão, pois segundo livros didáticos recentes, este fungo Gram-positivo é encontrado na vagina em 30% das mulheres sadias e assintomáticas. Prurido vulvovaginal: é o principal sintoma. Possui intensidade variável, de leve a insuportável, que piora à noite e é exacerbado pelo calor local. Pode ocorrer queimação vulvovaginal; dor à micção (disúria). Dispareunia; corrimento branco, grumoso, inodoro e com aspecto caseoso (“leite coalhado”); hiperemia e edema vulvar; escoriações de coçadura; fissuras e maceração da vulva; vagina e colo recobertos por placas brancas ou branco acinzentadas, aderidas à mucosa. Durante a gestação, o tratamento deve ser realizado somente por via vaginal. O tratamento oral está contraindicado na gestação e lactação. i) CERVICITE - A infecção gonocócica na gestante poderá estar associada a um maior risco de prematuridade, rotura prematura de membranas, perdas fetais, crescimento intrauterino restrito e febre puerperal. No recém-nascido, a principal manifestação clínica é a conjuntivite, podendo haver septicemia, artrite, abscessos de couro cabeludo, pneumonia, meningite, endocardite e estomatite. A infecção por clamídia durante a gravidez poderá estar relacionada a partos prematuros, amniorrexe prematura, endometrite puerperal, além de conjuntivite e pneumonias do recémnascido. O recém-nascido de mãe com infecção da cérvice por clamídia corre alto risco de adquirir a infecção durante a passagem pelo canal de parto. A transmissão intrauterina não é suficientemente conhecida. Deve-se lembrar que as quinolonas, o estolado de eritromicina e doxiciclina são contraindicados na gravidez. O tratamento da gonorreia na gestação deve utilizar alguma cefalosporina, e em casos de alergia, recomenda-se a dessensibilização da paciente. j) ANEMIA FERROPRIVA – é a redução da concentração de glóbulos vermelhos no sangue, o que, consequentemente, diminui o nível de ferro no organismo. Essa disfunção acontece porque durante a gestação ocorre um crescimento do volume de líquido no corpo e o sangue acaba se misturando a eles. Trata-se de um aumento que desequilibra o volume do plasma em relação a elementos como os glóbulos vermelhos, o que resulta na anemia.Embora preocupante, esta condição é bastante comum e, portanto, as recomendações médicas costumam dar resultados positivos. Já em relação aos sintomas, as mães podem observar o surgimento de tontura, fraqueza, dor de cabeça, queda de cabelo, palidez e falta de apetite. Qualquer prolongamento desses indícios, o médico deverá ser consultado. k) DOENÇAS CARDIOVASCULARES - As doenças cardiovasculares já são consideradas a principal causa de morte não obstétrica em gestantes, de acordo com levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS). Embora atualmente já haja recursos terapêuticos que atendam efetivamente às mães, o surgimento delas ao longo da gestação demanda que a mulher tome cuidados e esteja sempre orientada para evitar o agravamento dos quadros. – Pré-eclâmpsia, hipertensão, descompensação de cardiopatias congênitas; descompensação das doenças orovalvares adquiridas, cardiomiopatia periparto; dissecção aórtica e infarto são as patologias cardiovasculares mais frequentes. Infelizmente, os sintomas são facilmente confundidos com outras manifestações gestacionais, como cansaço, inchaço e palpitações. Logo, os exames de pré-natal possuem um papel importante de resgate do histórico familiar para identificação precoce de possíveis agravos. l) ANOMALIAS FETAIS - A supervisão médica e a realização dos exames são funcionais aos cuidados da saúde da mãe, mas também para os bebês. Anomalias fetais são precocemente identificadas ainda durante a gestação, o que possibilita tanto uma solução corretiva, como uma preparação antecipada de outros cenários. As mais comuns são: Síndrome de Down, Anencefalia; Hidrocefalia; Hérnia Diafragmática; Espinha Bífida; Alterações nos órgãos. Nestes casos, os exames são decisivos e os únicos capazes de detectar e avaliar as anomalias, já que não há nenhuma indicação sintomática para a mãe. Diabete mellitus gestacional (DMG). Diferente do que muitas pessoas acham, a diabetes gestacional não acontece quando a mulher já é diabética, mas, sim, quando a doença se desenvolve no período da gestação. Este quadro é um dos problemas metabólicos mais comuns e atinge 4% das mães, e em geral, surge principalmente em mulheres acima de 25 anos e que tenham histórico familiar. A disfunção é resultado da alta produção de hormônios que prejudicam a ação da insulina nas células. Entre os motivos que desencadeiam essa condição estão a obesidade e o aumento descontrolado do peso ao longo dos nove meses. O alerta vermelho é que não há sintomas específicos que identifiquem o alto nível de açúcar no sangue, dependendo exclusivamente dos resultados dos exames de sangue de rotina para evitar o agravamento do quadro. REFERÊNCIAS: 7 principais IST’s na gestação. Medcurso, GINECOLOGIA E OBSTRETRÍCIA. Livro 6. Disponível em. Acesso em novembro de 2021.
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